Psicologia

Confira artigos, dicas de leituras e reflexões sobre Psicologia. Fique à vontade, a Casa é sua!
Depressão tem cura? Conheça os sinais e tratamentos
Carolina Tosetti
Depressão tem cura? Conheça os sinais e tratamentos
Você sabe quais são os tipos de depressão? Entenda esse transtorno psíquico desde o diagnóstico psiquiátrico até as profundezas da psicanálise.

Quando fala-se sobre depressão hoje, a realidade aponta que este é um transtorno complexo e cada vez mais comum, que não faz distinção de idade ou status social.

Explore as estatísticas alarmantes no Brasil, entenda as classificações psiquiátricas, os manejos psicanalíticos e a importância do diagnóstico profissional na identificação e tratamento da depressão.

O contexto da depressão na atualidade

A depressão é um transtorno mental ou psíquico que pode atingir qualquer um, independentemente da idade, gênero, etnia ou classe social. Apesar da sua gravidade, muitas pessoas não dão a atenção necessária para a doença, o que pode dificultar o diagnóstico e, consequentemente, o seu tratamento.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem a maior taxa de prevalência de depressão da América Latina e a segunda maior nas Américas. A previsão é que, em 2030, a depressão seja a primeira causa específica de incapacidade funcional no mundo.

De maneira geral e simplificada, pela visão psiquiátrica, a depressão é um transtorno biológico que se manifesta em forma de tristeza e angústia. A pessoa deprimida perde o interesse ou prazer em realizar atividades que antes gostava, podendo levar a mudanças bruscas de humor e comportamento, afetando diversas áreas de sua vida.

As alterações repentinas do humor são, inclusive, um dos sintomas mais comuns da doença. Por isso, o acompanhamento profissional se faz essencial para diagnosticar a depressão ou episódios de tristeza prolongados.

imagem de divulgação de masteclass sobre psicopatologias na atualidade com alexandre patrício



A visão da psiquiatria sobre a depressão

Em 1952, a Associação Psiquiátrica Americana (American Psychiatric Association, APA) publicou pela primeira vez o Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, DSM-1), a primeira tentativa de abordar o diagnóstico das doenças mentais por meio de definições e critérios padronizados.

A DSM-5-TR, publicada em 2022, fornece um sistema de classificação que tenta separar as doenças mentais em categorias diagnósticas com base na descrição dos sintomas.

A Classificação Internacional de Doenças, décima-primeira revisão (CID-11), e a mais recente versão publicada pela Organização Mundial da Saúde, utiliza categorias diagnósticas semelhantes às encontradas no DSM-5-TR. Essa semelhança indica que o diagnóstico das doenças mentais específicas está sendo feito de forma mais padronizada em todo o mundo.

A coleta da história clínica, a anamnese e o exame devem observar os critérios da décima primeira versão da Classificação Internacional de Doenças e de Problemas Relacionados à Saúde (CID), da Organização Mundial da Saúde.

Nenhum sinal ou sintoma representa propriamente uma patologia. A confecção do diagnóstico da depressão deve levar em conta que os critérios da CID apresentam grau de subjetividade, devendo-se evitar a psicopatologização e a medicalização de sentimentos humanos normais.

Sintomas da depressão: a importância do diagnóstico profissional

O diagnóstico da depressão é feito a partir da avaliação clínica de um profissional com base na persistência, abrangência e interferência que os sintomas apresentam na vida do indivíduo. Segundo o DSM-5-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), os sintomas da depressão incluem:

  • Humor deprimido constante
  • Diminuição do interesse ou prazer em quase todas as atividades
  • Perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta
  • Diminuição ou aumento significativo do apetite
  • Insônia ou sonolência
  • Agitação ou retardo psicomotor
  • Falta de energia, preguiça ou cansaço excessivo
  • Sentimentos de inutilidade, culpa excessiva ou inadequada
  • Diminuição da capacidade de pensar, de se concentrar ou indecisão
  • Pensamentos de morte ou suicídio


Para que os sintomas tenham uma relevância clínica, é preciso que se note uma mudança nos pensamentos, sentimentos, comportamento ou na fisiologia, devendo esta ser vivenciada por um período significativo de tempo.

Há regras específicas que indicam quantos sintomas de cada categoria devem estar presentes para se fazer o diagnóstico. Essa complexidade é apenas uma das razões pelas quais um profissional deve ser consultado para diagnosticar a depressão.

Quais são os tipos de depressão?

Um indivíduo que sofre de depressão também pode apresentar sintomas de ansiedade, distúrbios do sono e de apetite e podem demonstrar sentimentos de culpa ou baixa auto-estima, falta de concentração.

Um episódio depressivo pode ser leve, moderado ou grave, a depender da intensidade dos sintomas. Durante um episódio depressivo grave, é pouco provável que a pessoa afetada possa continuar com atividades sociais, de trabalho ou cotidianas. Também pode-se fazer uma diferenciação da depressão em pessoas que têm ou não histórico de episódios de mania.

Episódios de mania envolvem humor exaltado ou irritado, excesso de atividades, pressão de fala, auto-estima inflada e uma menor necessidade de sono, além da aceleração do pensamento. Os tipos de depressão podem ser crônicos (isto é, acontecem durante um período prolongado de tempo), com recaídas, especialmente se não forem identificados e tratados, ou pontuais.

Conheça alguns dos principais tipos de depressão e a sua classificação na CID-11:

  • Transtorno depressivo recorrente | CID-11 6A71: esse distúrbio envolve repetidos episódios depressivos. Durante esses episódios, a pessoa experimenta um humor deprimido, perda de interesse e prazer e energia reduzida, levando a uma diminuição das atividades em geral. Este tipo de sofrimento pode ser longo, duradouro e mais difícil de ser diagnosticado.
  • Transtorno bipolar | CID-11 6A6Z: esse tipo de depressão consiste tipicamente na alternância entre episódios de mania e depressivos, separados por períodos de humor regular.
  • Transtorno depressivo de episódio único | CID-11 6A70: é caracterizado pela presença de um episódio depressivo quando não há histórico de episódios depressivos anteriores.
  • Transtorno distímico | CID-11 6A72: o transtorno distímico é caracterizado por um estado depressivo persistente (isto é, com duração de 2 anos ou mais), durante a maior parte do dia, na maior parte dos dias. Durante os primeiros 2 anos do distúrbio, nunca houve um período de 2 semanas durante o qual o número e a duração dos sintomas foram suficientes para satisfazer os requisitos de diagnóstico para um Episódio Depressivo.
  • Transtorno misto de ansiedade e depressão| CID-11 6A73: o transtorno misto de ansiedade e depressão é caracterizado por sintomas de ansiedade e depressão na maior parte dos dias por um período de duas semanas ou mais. Nenhum conjunto de sintomas, considerado separadamente, é suficientemente grave, numeroso ou persistente para justificar o diagnóstico de um episódio depressivo, distimia ou um distúrbio relacionado à ansiedade e ao medo.
  • Transtorno disfórico pré-menstrual |CID-11 GA34.4: um padrão de sintomas de humor (humor deprimido, irritabilidade), sintomas somáticos (letargia, dor nas articulações, excessos alimentares) ou sintomas cognitivos (dificuldades de concentração, esquecimento) que comece vários dias antes do início da menstruação, e comece a melhorar dentro de alguns dias após o início da menstruação e, em seguida, torne-se mínima ou ausente dentro de aproximadamente 1 semana após o início da menstruação, estando presente na maioria dos ciclos menstruais no último ano.
  • Depressão psicótica: o indivíduo em sofrimento geralmente convive com episódios de delírio e alucinação, em que se somam os sintomas de depressão a alguma forma de psicose. Pode ser considerado um tipo de depressão grave.


O que é depressão para a psicanálise?

No contexto da psicanálise, a partir da obra Luto e Melancolia, Freud (1917) inicialmente considerava a depressão como um fenômeno que envolvia a "diminuição do sentimento de auto-estima" e "expectativas ilusórias de punição". Sua visão inicial era de que as crianças, devido à falta de capacidade de auto-estima e de prever o futuro, não poderiam experimentar a depressão.

Acreditava-se que na adolescência o desenvolvimento da personalidade permitia a vivência da depressão, embora até a década de 1970 alguns estudiosos considerassem os sintomas depressivos como parte normal do desenvolvimento adolescente.

Ao longo do século 20, a compreensão da relação entre eventos na infância e o funcionamento da personalidade no futuro começou a ganhar destaque. Freud propôs que a personalidade de uma criança era amplamente desenvolvida até os cinco anos de idade, sendo influenciada pela maneira como ela se ajustava a experiências precoces. A depressão, para Freud, surgia da resolução inadequada dos conflitos entre impulsos primitivos (id) e a aceitação de tabus sociais pelo superego.

mão encostando na própria sombra sob fraca luz

Numa leitura mais recente, o mal-estar contemporâneo, para o psiquiatra Joel Birman, manifesta-se no corpo, na ação e na intensidade como uma dor difícil de ser simbolizada.

Nesse cenário, a depressão destaca-se como uma forma de subjetivação, refletindo um aumento significativo nos diagnósticos e previsões de uma sociedade predominantemente depressiva.

A contemporaneidade revela a psicanálise como um discurso relevante para entender questões sociais e culturais. As mudanças na estrutura familiar, a crise da paternidade e a ascensão do individualismo na vida pós-moderna contribuem para a proliferação da cultura do narcisismo.

A falta de consenso sobre o termo "depressão" na sociedade atual reflete a dificuldade em lidar com as transformações sociais, econômicas e culturais que afetam a evolução da subjetividade.

Por uma perspectiva psicanalítica, a depressão pode ser considerada uma posição subjetiva diante das demandas sociais que enfatizam o individualismo e a cultura do espetáculo.

O sujeito contemporâneo, sob pressão para buscar a satisfação constante, muitas vezes se vê paralisado, afastado de seu desejo, resistindo às exigências sociais. Assim, a depressão pode ser uma resposta à sociedade que não tolera a falta, a dor e o sofrimento.

Neste contexto, enquanto dispositivo de "cura pela palavra" a psicanálise concebe a escuta do "singular" como importante possibilidade de abertura para as manifestações subjetivas, que podem estar relacionadas às múltiplas expressões sintomáticas, inclusive as depressivas.

Em todos os casos, torna-se essencial o diagnóstico precoce para que o tratamento seja bem sucedido, evitando novos episódios. É fato que a depressão pode aparecer em diversas fases da vida, a começar pela infância.

Depressão na Era Digital
por Ana Suy e Alexandre Patrício

No curso Depressão na Era Digital, os psicanalistas e escritores Ana Suy e Alexandre Patricio de Almeida apresentam uma discussão sobre saúde mental, cultura e sociedade a partir da psicanálise, oferecendo uma imersão nas complexidades do adoecimento psíquico na era atual, em especial sobre o fenômeno da depressão.

Confira o curso!



Sintomas e diagnóstico da depressão infantil

Em crianças pré-escolares - de idade até sete anos - a manifestação clínica mais comum é representada pelos sintomas físicos, tais como dores, fadiga e tontura. Ainda segundo o autor, seguem-se além das queixas dos sintomas físicos a presença de ansiedade, fobias, agitação psicomotora ou hiperatividade, irritabilidade, diminuição do apetite com falha em alcançar o peso adequado, e alterações do sono.

Alguns estudiosos citam surgimento de choro excessivo e frequente, comunicação falha, tristeza na fisionomia e um comportamento que apresenta agressividade.

Em crianças escolares - entre seis a doze anos -, o humor depressivo já pode ser verbalizado e é frequentemente relatado como tristeza, irritabilidade ou tédio. As crianças podem apresentar apatia, tristeza, fadiga, isolamento, aparência triste, queda do desempenho escolar, ansiedade diante de uma separação, dentre outros.

Os estudos dedicados à depressão infantil, semelhantes aos adultos, revelam a importância do diagnóstico precoce. A peculiaridade do diagnóstico infantil reside na possibilidade de identificação tardia, agravando a situação.

A depressão infantil pode passar despercebida ou ser confundida com características temperamentais, tornando-se desafiador reconhecê-la. Desde a década de 1970, há consenso de que as crianças apresentam sintomas depressivos semelhantes aos dos adultos, com a irritabilidade assumindo o papel do abatimento no diagnóstico infantil.

15 sinais da depressão infantil

  • Angústia.
  • Pessimismo
  • Agressividade
  • Falta de apetite
  • Falta de prazer em executar atividades
  • Isolamento
  • Apatia
  • Insônia ou sono excessivo que não satisfaz
  • Queixas de dores
  • Sentimentos de desesperança
  • Dificuldade de concentração, atenção memória ou raciocínio
  • Baixa auto-estima e sentimento de inferioridade
  • Sensação frequente de cansaço ou perda de energia
  • Sentimentos de culpa
  • Dificuldade de se afastar da mãe


A depressão em crianças: uma visão da psicanálise

A teoria de Sigmund Freud trouxe uma nova perspectiva sobre as angústias infantis, que se assemelham às vivenciadas na idade adulta. Estudos recentes corroboram a ideia de que, contrariamente a concepções antigas, as crianças experimentam emoções, enfrentam perdas, mudanças e traumas, que podem ter repercussões na vida adulta, tornando-se terrenos férteis para o desenvolvimento da depressão.

Para a psicanálise freudiana, a depressão infantil está relacionada a situações de perdas e luto, impactando diretamente na fase narcísica da criança. A infância, caracterizada pela ainda incompleta constituição psíquica, evidencia a singularidade de como cada criança vivencia e elabora suas perdas, considerando que as histórias de vida são distintas.

banner do curso Melanie Klein e a refundação do eu desenvolvimento psiquico e a teoria das posicoes, do professor Alexandre Patricio, para a Casa do Saber



Psicanálise, psicoterapia e psiquiatria no tratamento da depressão

Pesquisas sobre a depressão de difícil tratamento enfatizam a importância da associação do acompanhamento psiquiátrico ao acompanhamento psicanalítico. Nestes casos graves, nota-se a predominância de derivados de impulsos agressivos nos humores depressivos.

Na clínica psicanalítica destacam-se dois tipos de desprazer: a ansiedade e o afeto depressivo, decorrentes de situações como luto, perdas amorosas ou punições.

Uma leitura psiquiátrica associada ao manejo psicanalítico ressalta que o afeto depressivo desempenha papel equivalente à ansiedade na psicopatologia, sendo uma parte inevitável da vida mental, acionando defesas e conflitos, podendo ser ou não consciente em um dado compromisso.

Aqui os transtornos depressivos são definidos como a "sensação de impotência e desesperança diante da realização de um desejo intenso", colorindo toda a auto-representação com sentimentos de inferioridade, incapacidade e ameaça.

Grandes autores da psicanálise, como Melanie Klein, criaram conceitos e formas de compreensão das manifestações do transtorno depressivo. Aprofunde-se no tema da depressão com a Masterclass do professor e psicanalista Alexandre Patricio de Almeida dedicada às psicopatologias atuais.



Como vencer a depressão?

O acolhimento das pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo depressão e as necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, e seus familiares é fundamental para a identificação das necessidades assistenciais, alívio do sofrimento e planejamento de intervenções medicamentosas e terapêuticas, se e quando necessárias.

No Brasil, além de contar com a disponibilidade de consultórios e clínicas particulares, os indivíduos em situações de crise podem ser atendidos em qualquer serviço da rede pública de saúde.

Os casos de pacientes em situação de emergência devem ser atendidos nos serviços de urgência e emergência e nos serviços da RAPS (Rede de Atenção Psicossocial) é composta por equipamentos variados, em sua maioria guiados por princípios de cuidado comunitário e em liberdade, tais como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), os Centros de Convivência e Cultura e as Unidade de Acolhimento (UAs). As diretrizes da política envolvem o governo federal e os estados e municípios.






Referências:

Birman, J. (2012). O sujeito na contemporaneidade: espaço, dor e desalento na atualidade. Brasil: Civilização Brasileira.

Bleichmar HB. Some subtypes of depression and their implications for psychoanalytic treatment. Int J Psychoanal 1996;77:935-61.

Brenner C. A psychoanalytic perspective on depression. JAPA 1991;39:25-43.

de Almeida, A. P., & Neto, A. N. (2022). Perto das trevas: A depressão em seis perspectivas psicanalíticas. Blucher.

Fonagy, P., & Target, M. (2004). Questões desenvolvimentais na adolescência normal e colapso na adolescência. In R. B., Graña, & A. B. S., Piva (Orgs.), A atualidade da psicanálise de adolescentes - formas do mal-estar na juventude contemporânea (p. 91-106) São Paulo: Casa do Psicólogo.

Fundação Oswaldo Cruz (2024). Recuperado em 10 de setembro de 2024, de https://www.fiocruz.br.

Freud, S. (2006). Luto e Melancolia. In Escritos sobre a psicologia do inconsciente. Obras Psicológicas de Sigmund Freud. (Vol. 2, pp. 99-122). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1917[1915])

Freud, S. (1996f). Sobre a transitoriedade. In Edição Standard das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. (Vol. XIV, pp. 315- 319). Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho original publicado em 1916a[1915])

Guerra, R. D. C. L. (2008). DEPRESSÃO NA INFÂNCIA: ASPECTOS GERAIS E ABORDAGEM PSICANALÍTICA. Brasília, DF.

Jeammet, P., & Corcos, M. (2005). Novas problemáticas da adolescência: evolução e manejo da dependência. São Paulo: Casa do Psicólogo.

Kehl, M. R. (2015). O tempo e o cão: a atualidade das depressões. BOITEMPO EDITORIAL.

Klein, Melanie. Inveja e Gratidão e outros trabalhos. 4. ed. Inglesa. Rio de Janeiro, Imago,1991.

Mahler, M. S. (1963). Thoughts about development and individuation. Psychoanal. St. Child, 18, 307-324.

Maximiano, S. I. (2020). Sofrimento e depressão na infância: uma leitura psicanalítica (dissertation). Atibaia.

Mendes, E. D., Viana, T. de, & Bara, O. (2014). Melancolia e Depressão: Um estudo psicanalítico. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 30(4), 423–431. https://doi.org/10.1590/s0102-37722014000400007

Mourão Franco de Sá Barros, C., & Fernandes da Motta, I. (2022). As especificidades da escuta psicanalítica com idosos: esperança em foco: . Natureza Humana - Revista Internacional De Filosofia E Psicanálise, 24(1), 79–92. Recuperado de https://revistas.dwwe.com.br/index.php/NH/article/view/524

Oliveira, L. M., Abrantes, G. G., Ribeiro, G. da, Cunha, N. M., Pontes, M. de, & Vasconcelos, S. C. (2019). Loneliness in senescence and its relationship with depressive symptoms: An integrative review. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 22(6). https://doi.org/10.1590/1981-22562019022.190241

Sobre a depressão pura. Rev. bras. psicanál [online]. 2008, vol.42, n.1, pp. 52-59. ISSN 0486-641X.

OPAS/OMS (2024). Recuperado em 10 de setembro de 2024, de https://www.paho.org/pt/brasil e https://www.who.int/pt/about

Vidal, Manola, & Lowenkron, Theodor. (2008). Sobre a depressão pura. Revista Brasileira de Psicanálise, 42(1), 52-59. Recuperado em 23 de janeiro de 2024, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0486-641X2008000100006&lng=pt&tlng=pt.

Winnicott, D. W. (1967). Los efectos de la enfermedad depresiva en ambos progenitores o en uno de ellos. In W. D. Winnicott, La familia y el desarrollo del individuo(p. 71-83). Buenos Aires: Horm. (Trabalho original publicado em 1958. Titulo original: The family and individual development.)





Tipos de Sexualidade: Entenda Orientação  e Identidade de Gênero
Xavana Celesnah
Tipos de Sexualidade: Entenda Orientação e Identidade de Gênero
Entenda os tipos de sexualidade, o que é orientação sexual e identidade de gênero, além dos significados de cisgênero, transgênero e queer.

A sexualidade humana é um tema profundamente complexo, que precisa ser constantemente debatido, no sentido de promover o autoconhecimento e combater o preconceito associado a questões sexuais. A sexualidade engloba diversas dimensões, como a orientação sexual e a identidade de gênero, que são fundamentais para entender as experiências individuais e coletivas.

A orientação sexual, por exemplo, está diretamente ligada às preferências emocionais e relacionais de cada pessoa, sendo um aspecto dinâmico e, em alguns casos, fluido ao longo da vida. As orientações sexuais podem incluir categorias como heterossexualidade, homossexualidade, bissexualidade, demissexualidade, pansexualidade, entre outras, cada uma com suas particularidades. Neste artigo, abordaremos os diferentes aspectos da sexualidade, explicaremos o conceito de orientação sexual e discutiremos tópicos relevantes, como identidade de gênero, pansexualidade, assexualidade e muito mais. Acompanhe e entenda as nuances que envolvem esse tema.



O Que é Sexualidade?

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a sexualidade é uma energia que nos motiva para encontrar o amor, contato, ternura e intimidade. Nesse sentido, a sexualidade vai muito além do simples ato sexual. Ela é um aspecto profundo da psiquê que engloba nuances como prazer, erotismo, sexo biológico, orientação sexual e identidade de gênero. Ou seja, é através da sexualidade que uma pessoa se identifica em relação ao seu próprio sexo e essa identificação faz com que ela se expresse no contexto social e cultural.

Hoje, a sexualidade é um campo de estudo com notório reconhecimento, que possui marcos históricos como a Revolução Sexual da década de 1970 e a inclusão de disciplinas sobre sexualidade em graduações de psicologia e medicina na década de 1980.

Discutir sexualidade é essencial para acabar com preconceitos e discriminações e para aumentar o nível de consciência das pessoas em relação às inúmeras possibilidades de configurações relacionadas à sexualidade humana.

Além disso, o tema é relevante para promover a saúde integral da população e para defender os direitos da comunidade LGBTQIA+.

Tipos de Sexualidade: Diversidade e Inclusão

Os tipos de sexualidade são definidos a partir das orientações e preferências sexuais. Algumas preferências são mais comumente reconhecidas, mas existem identidades que só estão sendo discutidas e nomeadas há poucos anos. Veja a seguir quais são os principais tipos de orientação sexual:

TIPOS DE SEXUALIDADE CARACTERÍSTICAS
HETEROSSEXUAL Atração amorosa, física ou afetiva por pessoas do sexo/gênero oposto
HOMOSSEXUAL Atração emocional, sexual ou afetiva por pessoas do mesmo sexo/gênero
BISSEXUAL Atração afetiva e sexual por pessoas de ambos os sexos/gêneros
ASSEXUAL Pessoa que não sente nenhuma atração sexual, por nenhum sexo ou gênero
PANSSEXUAL Pessoa que sente atração sexual por todos os gêneros e sexos
POLISSEXUAL Pessoa que sente atração por muitos gêneros, mas não todos
ANDROSSESUAL Pessoa que sente atração sexual por pessoas masculinas, incluindo mulheres héteros e homens gays
GINECOSSEXUAL Pessoa que sente atração sexual por pessoas femininas, incluindo homens héteros e lésbicas
DEMISSEXUAL Só sente atração sexual depois de uma conexão emocional estabelecida


O Que é Orientação Sexual?

A orientação sexual é definida pela atração sexual. Ou seja, refere-se à tendência emocional, romântica ou sexual que uma pessoa tem em relação a outra. Pode ser caracterizada como heterossexual, homossexual, bissexual, pansexual, entre outras, como abordamos acima. A orientação sexual é muitas vezes considerada uma parte fundamental da identidade de uma pessoa, embora as pessoas possam se descobrir e se identificar com mais de uma orientação ao longo da vida.

Identidade de Gênero e Sexualidade

A identidade de gênero é a percepção que uma pessoa tem a respeito de si mesma. Ela pode se enxergar como alguém do sexo masculino, feminino, uma combinação de ambos ou até mesmo nenhum. A identidade reflete a compreensão que a pessoa tem a respeito de si mesma e demonstra como ela deseja ser vista socialmente.

A relação entre gênero e sexualidade é profunda, mas não é simples. Enquanto o gênero diz respeito à identidade interna de uma pessoa, a sexualidade está relacionada ao que a pessoa sente em termos de atração sexual. Alguém pode ser transgênero e heterossexual, bissexual ou pansexual, assim como uma pessoa cisgênero pode ter qualquer orientação sexual. Veja a seguir algumas das possibilidades de identidade de gênero:

1. Pessoas Cisgênero

Pessoas que se identificam com o gênero atribuído ao nascimento são chamadas de cisgêneros. Um homem cis é aquele que foi designado do sexo masculino ao nascer e se identifica como homem. Da mesma forma, uma mulher cis foi designada do sexo feminino ao nascer e se identifica como mulher. O cisgênero é, portanto, o termo oposto a transgênero, referindo-se a quem se identifica com o gênero atribuído ao nascimento.

2. Pessoas Transgênero

Pessoas transgênero são aquelas cuja identidade de gênero não corresponde ao sexo que lhes foi atribuído ao nascimento. Por exemplo, uma pessoa designada como mulher ao nascer, mas que se identifica como homem, seria um homem trans. A transgeneridade abrange uma variedade de experiências e identidades, e muitas vezes as pessoas trans enfrentam desafios significativos relacionados à aceitação e ao preconceito social.

Queer: O Que É?

O termo "queer" é utilizado para descrever pessoas cuja identidade de gênero ou orientação sexual não se alinha às normas tradicionais e socialmente aceitas. Em vez de se conformar às categorias convencionais de gênero e sexualidade, as pessoas que se identificam como queer preferem adotar uma perspectiva mais fluida e aberta, que não exige rótulos fixos ou definições rígidas. Isso inclui indivíduos que não se encaixam nas categorias binárias de "homem" ou "mulher", ou que não se identificam exclusivamente com a heterossexualidade.

Originalmente, a palavra "queer", que em inglês significa "estranho" ou "excêntrico", era usada de forma pejorativa, sendo empregada como um insulto para xingar pessoas cujas sexualidades ou expressões de gênero eram vistas como fora da norma. No entanto, ao longo do tempo, essa palavra passou por um processo de ressignificação. Em vez de ser uma expressão de discriminação, "queer" foi apropriada pela comunidade LGBTQIA+ como uma forma de autoidentificação empoderada. Ao ser reapropriada, ela deixou de ser um termo depreciativo para se tornar um símbolo de resistência e liberdade.

Hoje, queer é um conceito abrangente e flexível, que rejeita a ideia de que a identidade de gênero ou a orientação sexual deve ser limitada a categorias fixas. As pessoas queer podem ter experiências de sexualidade e identidade de gênero que não se enquadram nas convenções tradicionais de homossexual, heterossexual, cisgênero ou transgênero. Esse conceito de fluidez permite que os indivíduos explorem e vivenciem sua identidade de maneira mais autêntica e pessoal, sem a pressão de se encaixar em uma definição pré-estabelecida.

Além de ser uma forma de autoidentificação para aqueles que não se reconhecem nas normas convencionais, o termo queer também serve como uma crítica às construções sociais rígidas de gênero e sexualidade. Ele questiona e desafia as normas heteronormativas que dominam a sociedade, abrindo espaço para uma maior aceitação da diversidade. Ao adotar o termo queer, muitos buscam, não apenas a liberdade pessoal de expressão, mas também uma mudança cultural mais ampla, onde a identidade sexual e de gênero possa ser mais fluida e menos sujeita a estigmas e marginalização.

Portanto, a palavra queer representa muito mais do que uma identidade específica dentro da comunidade LGBTQIA+; ela simboliza um movimento de liberdade e de quebra de barreiras sociais. É um convite à reflexão sobre como as normas de gênero e sexualidade são impostas e como elas podem ser desafiadas, para que cada pessoa possa viver de acordo com sua verdadeira essência, sem medo de ser rotulada ou limitada por convenções externas.

A Psicanálise e Sexualidade

A psicanálise, campo do conhecimento desenvolvido por Sigmund Freud, tem uma relação intrínseca com a sexualidade humana e traz uma abordagem diferenciada para entender os desejos, comportamentos e a formação da identidade sexual. Freud propôs que grande parte do comportamento sexual é influenciado por impulsos inconscientes que emergem da dinâmica interna da psique. De acordo com a teoria psicanalítica, a sexualidade humana está intimamente ligada ao desenvolvimento psíquico, e é formada por experiências passadas junto com fatores inconscientes. Teorias como a do Complexo de Édipo e a dinâmica da libido desempenham papéis fundamentais na constituição da identidade sexual, influenciando os desejos e a forma como o indivíduo se relaciona consigo mesmo e com os outros.

A psicanálise trabalha com a teoria da libido para entender o desenvolvimento da sexualidade. Freud considerava a libido, ou energia sexual, como uma força central na vida psíquica, presente em diferentes estágios do desenvolvimento humano. Segundo ele, a maneira como essa energia é direcionada ao longo da infância e adolescência tem um impacto profundo na forma como a sexualidade se expressa na vida adulta. E a libido não se limitaria ao desejo sexual, ela também estaria envolvida em várias outras áreas da experiência humana, como a atração, o desejo e até as preferências nas relações interpessoais. A dinâmica da libido, portanto, vai além do ato sexual, abrangendo a forma como os indivíduos buscam satisfação emocional e psíquica.

Outra teoria importante que relaciona a psicanálise à sexualidade é o Complexo de Édipo, que se tornou um dos conceitos mais conhecidos da psicanálise. Ele descreve uma fase do desenvolvimento infantil em que os meninos vivenciam sentimentos ambivalentes de desejo e hostilidade em relação à mãe. O correspondente do Complexo de Édipo para as meninas seria o Complexo de Electra.

banner curso complexo de edipo e sexualidade, por Fernanda Samico

Freud sugeriu que, durante essa fase, a criança experimenta um desejo inconsciente pelo genitor do sexo oposto e uma rivalidade com o genitor do mesmo sexo. A resolução bem-sucedida desse complexo é considerada fundamental para o desenvolvimento saudável da identidade sexual e para a capacidade de formar relações afetivas e amorosas na vida adulta. Embora esse conceito tenha gerado debates acalorados, ele permanece um pilar importante da psicanálise e ainda influencia a compreensão de como a sexualidade se desenvolve ao longo da vida.

Para entender melhor a relação entre psicanálise e questões da sexualidade, acesse o curso Psicanálise e Sexualidade, da Casa do Saber+. Nas aulas, a psicanalista Natália Pereira Travassos busca aprofundar a compreensão da sexualidade, fazendo um panorama histórico sobre o tema, desde os primeiros estudos que antecederam as pesquisas freudianas até as contribuições da psicanálise para o discurso contemporâneo sobre sexualidade.



Conclusão

Os tipos de sexualidade são múltiplos e refletem a diversidade da psique humana. Estudar o tema é essencial para entender que cada pessoa tem o direito de explorar sua sexualidade e identidade de gênero da maneira que melhor se alinha com sua vivência e sentimentos. A orientação sexual varia de pessoa para pessoa, e a aceitação dessas diferenças é vital para a construção de uma sociedade inclusiva e respeitosa. Nesse sentido, a educação sobre esses temas, incluindo conceitos como identidade de gênero, cisgênero, assexualidade, contribui para superar os preconceitos e estabelecer a compreensão necessária para o respeito às diversas formas de ser.

Perguntas Frequentes sobre Tipos de Sexualidade

Quais são as principais diferenças entre orientação sexual e identidade de gênero?

A orientação sexual refere-se ao tipo de atração emocional, afetiva ou sexual que uma pessoa sente por outra. Por exemplo, uma pessoa pode se identificar como heterossexual, homossexual, bissexual, pansexual, entre outras. Já a identidade de gênero diz respeito à percepção que uma pessoa tem de si mesma em relação ao gênero, podendo ser masculino, feminino, uma combinação de ambos ou nenhum. A identidade de gênero pode ou não coincidir com o sexo atribuído ao nascimento, enquanto a orientação sexual está relacionada às preferências e atração por pessoas de diferentes sexos ou gêneros.

O que significa ser um homem cis ou uma mulher cis?

Ser um homem cis ou uma mulher cis significa que a identidade de gênero da pessoa está alinhada com o sexo que lhe foi atribuído ao nascer. No caso de um homem cis, ele foi designado do sexo masculino ao nascer e se identifica como homem. Da mesma forma, uma mulher cis foi designada do sexo feminino ao nascer e se identifica como mulher. O termo "cisgênero" é usado para descrever pessoas cuja identidade de gênero corresponde ao sexo biológico atribuído a elas, em contraste com pessoas transgêneras, que não se identificam com o sexo designado ao nascimento.




Referências

https://educapes.capes.gov.br/bitstream/capes/583362/3/Manual%20de%20Orienta%C3%A7%C3%B5es%20sobre%20G%C3%AAnero%20e%20Diversidade%20Sexual.pdf

https://g1.globo.com/pop-arte/diversidade/noticia/2024/06/23/entenda-o-que-e-ser-queer.ghtml

Para Jung, todos estamos imersos no inconsciente coletivo
Ella Barruzzi
Para Jung, todos estamos imersos no inconsciente coletivo
Explore como Jung revelou o inconsciente coletivo, arquétipos e símbolos que nos conectam à experiência humana.

A camada mais profunda da psique humana: o inconsciente coletivo

Jung dedicava-se a um intenso processo de introspecção enquanto enriquecia seus estudos com os relatos e experiências apresentados por seus pacientes. Esse mergulho profundo no inconsciente, realizado sobretudo por meio da análise de sonhos e fantasias, permitiu com que ele explorasse as fontes mais enigmáticas da psique.

Com base nessas investigações, Jung formulou teorias sobre as estruturas gerais da mente humana – aquelas que transcendem a individualidade e pertencem a todos. Assim, denominou a camada mais profunda da psique como inconsciente coletivo, identificando seu conteúdo como uma combinação de forças universais e padrões recorrentes, os quais chamou de arquétipos.

Dessa forma, de acordo com o que a psicologia junguiana chama de inconsciente coletivo, já teríamos uma estrutura psíquica prévia, ou seja, antes mesmo de desenvolvermos nossa psique ela já estaria ali, pronta para se manifestar seus conteúdos, que seriam idênticos em todos os seres humanos.

Em seu livro “Os arquétipos e o inconsciente coletivo”, podemos encontrar um parágrafo que descreve de forma genuína o que Jung nos traz acerca de tal conceito: “É o mundo da água, onde todo vivente flutua em suspenso, onde começa o reino do "simpático" da alma de todo ser vivo, onde sou inseparavelmente isto e aquilo, onde vivencio o outro em mim, e o outro que não sou, me vivência.



Descubra seu Arquétipo Junguiano

Embarque em uma jornada de autoconhecimento através deste quiz baseado na Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung.

O Sábio

O Inocente

O Explorador

O Governante

O Criador

O Cuidador

O Amante

O Herói

O Comediante

O Homem Comum

O Mago

O Rebelde

Insira a palavra-passe no formulário abaixo para liberar o seu resultado!


Palavra-passe




Obrigado por participar!

O resultado chegou no seu e-mail, confira a caixa de entrada!

Continue sua jornada de autoconhecimento!

Explore mais sobre a fascinante psicologia analítica de Jung e aprofunde seu autoconhecimento.




O inconsciente coletivo é tudo, menos algo individual e fechado em si mesmo, é amplo e conectado a tudo que se encontra ao nosso redor, ele é formado por conteúdos que não adquirimos individualmente e que nunca fizeram parte da nossa consciência – eles existem por causa da herança psicológica que recebemos, algo transmitido através das gerações. Uma maneira de entender isso é imaginar o inconsciente coletivo como um vasto oceano, com uma pequena ilha que representa a nossa consciência.

Jung vai além ao afirmar que nossa psique não é uma "tabula rasa", ou seja, não nascemos sem nenhum conteúdo mental. Em vez disso, temos essa herança psicológica que se soma à nossa herança biológica, influenciando quem somos e como vemos o mundo.

Portanto, ao entender o inconsciente coletivo, Jung nos oferece uma visão mais abrangente da psique humana, desafiando a ideia de que não somos apenas produtos das nossas experiências individuais. Dessa forma, podemos considerar a existência de um depósito de saberes e imagens universais que transcendem o tempo e o espaço, conectando todos os seres humanos.

Imagem feita em Inteligência Artificial de uma cabeça humana e vários componentes saindo dela. Ao fundo, céi azul com nuvens e algumas montanhas.

O inconsciente pessoal e a forte carga emocional

Carl Jung não teria alcançado as profundezas da psique sem antes explorar sua camada mais superficial, conhecida como inconsciente pessoal, distinguindo-a do inconsciente coletivo.
Para melhor compreensão, podemos recorrer a uma reflexão de Nise da Silveira, que descreve o inconsciente pessoal como uma camada onde se manifestam percepções, impressões subliminares e representações carregadas de intenso potencial afetivo, sendo assim incompatíveis com a postura consciente – para Jung, eram os complexos afetivos ou apenas complexos, derivados de nossas vivências pessoais marcadas por forte carga emocional:

  • Complexos são padrões emocionais e comportamentais inconscientes.
  • Surgem de experiências emocionais intensas ou traumas.
  • Influenciam o comportamento de maneira inconsciente.
  • Podem gerar reações irracionais.
  • São projetados em outras pessoas, afetando relações.
  • O objetivo da individuação é integrar esses complexos ao consciente.
  • A análise dos sonhos ajuda a entender e integrar os complexos.

Sabe aquele pensamento ou emoção que um dia você sentiu e “nunca mais” se recordou dele? De acordo com a psicologia analítica e seus conceitos, qualquer coisa que saia da nossa consciência por algum motivo não se perde ou desaparece, mas sim fica armazenado no que se chama de inconsciente pessoal, como uma espécie de arquivo temporário da mente.

Em algum outro momento existe a capacidade de que possamos lembrar ou, até mesmo perceber, tais pensamentos ou emoções, mesmo que estejam bloqueados, esquecidos ou escondidos na nossa psique. Mesmo assim, tudo isso pode continuar influenciando ações, sentimentos e escolhas na vida cotidiana, pois, de fato, estiveram sempre ali.

Dessa maneira, Jung nos traz a ideia de que a mente humana é uma vasta rede de camadas interconectadas, onde o inconsciente pessoal, com suas impressões e complexos emocionais, serve de ponte para o inconsciente coletivo, que guarda os arquétipos universais da experiência humana.

Para que possamos entender de forma mais didática, separamos uma tabela comparativa com as principais características de cada um dos “inconscientes”:

INCONSCIENTE PESSOAL INCONSCIENTE COLETIVO
Imagens arquetípicas: Não são universais, mas refletem a experiência e os aspectos culturais de cada pessoa. Arquétipos: Padrões universais de comportamento, imagens e símbolos compartilhados por toda a humanidade.
Possui aspectos culturais: As vivências pessoais de uma pessoa estão frequentemente moldadas pelas normas, valores e tradições da sociedade em que ela vive. Comuns a toda a humanidade: Independentemente de sua cultura ou histórico pessoal. Contém padrões que são compartilhados.
Tem relação com complexos e cargas afetivas: Padrões de emoções, pensamentos e comportamentos inconscientes originados de experiências de vida com forte carga emocional, como traumas, conflitos ou situações não resolvidas. Extrapola as experiências vividas de cada indivíduo: Abarca experiências universais e atemporais, como arquétipos que representam a herança coletiva da humanidade.
Seus conteúdos já estiveram na consciência: Pensamentos ou sentimentos que, por alguma razão, foram afastados da consciência e guardados nesse "arquivo mental". Seus conteúdos nunca passaram pela consciência: Não é algo que tenha sido conscientemente experimentado ou adquirido, mas é transmitido através da herança psicológica.


Dessa forma, a psicologia junguiana procura, principalmente em sua clínica, dar prioridade ao inconsciente individual, porém sem deixar de lado os conteúdos presentes também no inconsciente coletivo.

Pintura de uma mulher cujo rosto é retirado como máscara e ela o segura em uma das mãos. Do buraco criado em seu rosto, sai uma pomba branca.

Os arquétipos, o inconsciente coletivo e uma das suas aplicações na contemporaneidade

A partir da leitura deste e de outros textos da Casa do Saber, mesmo que você não tenha percebido, várias manifestações de arquétipos do inconsciente coletivo podem ter se manifestado. É assim que as teorias de Jung podem ser também analisadas e descritas, afinal, as redes sociais e o universo on-line são uma das ferramentas para acesso aos conteúdos universais.

Trends, memes, emojis e hashtags, criam símbolos diariamente, fazendo com que exista uma manifestação que ressoa com diferentes culturas, independente da localidade.

Dentro desse ambiente digital, essas imagens arquetípicas se mostram de formas simbólicas, refletindo tanto os conteúdos universais do inconsciente coletivo quanto as experiências pessoais do inconsciente individual.

Nas redes sociais, o inconsciente pessoal de cada indivíduo se mistura com o inconsciente coletivo da sociedade digital, criando um espaço onde as imagens arquetípicas podem ser projetadas, distorcidas ou até mesmo amplificadas.

Jung acreditava que o processo de individuação – o desenvolvimento do indivíduo em direção à totalidade e à integração da psique – pode ser facilitado pelo reconhecimento e confronto com esses arquétipos.

Esse processo de individuação, quando aplicado ao ambiente digital, pode ser visto como uma jornada de autodescoberta e integração, onde as pessoas têm a oportunidade de confrontar, expressar e transformar seus conteúdos internos – podendo isso ser benéfico ou não.







Referências bibliográficas

JUNG, C. G. A dinâmica do inconsciente. Petrópolis: Vozes, 1984.

JUNG, C. G. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.

JUNG, Carl Gustav. Sobre sonhos e transformações. Petrópolis: Vozes, 2014.

BONFATTI, Paulo; NOGUEIRA Cátia; BLANCO Manuela; COSTA Marina. Breves considerações acerca do conceito de inconsciente coletivo na psicologia analítica de Carl Gustav Jung. Juiz de Fora: Uniacademia, 2019.




Jung, o processo de individuação e a busca pelo sentido da vida
Ella Barruzzi
Jung, o processo de individuação e a busca pelo sentido da vida
Descubra como Jung conecta o processo de individuação à busca pelo sentido da vida e transforme autoconhecimento em propósito.

Quantas vezes ao longo do ano refletimos sobre o verdadeiro sentido da vida, os motivos de estarmos trilhando o caminho que escolhemos, nossas relações ou a forma como enxergamos a nós mesmos e ao mundo?

É como dar uma pausa em tudo aquilo que nos move diante das tantas demandas atuais, do imediatismo e da correria do dia a dia – e nos agarrarmos à atenção plena, a fim de, como seres humanos pensantes, reconhecermos a nossa verdadeira natureza e encontrarmos o significado de propósito.

Muitos chamam isso de autoconhecimento, mas Jung, com as teorias que construiu na psicologia analítica, chamou de processo de individuação.

Imagem representando uma estrada com várias opções de caminho no horizonte, com uma silhueta de pessoa no meio. Ao redor, muitas árvores, plantas e jardins multicoloridos.

O sentido da vida alinhado ao processo de individuação

A vida acontece de forma natural, como se fosse algo básico explicado pela famosa frase dos ciclos: “nascemos, crescemos, nos reproduzimos e morremos.” Mas será que é só isso mesmo?

Primeiro, porque no meio de cada uma dessas etapas passamos por transformações que englobam não só a nossa vida externa, mas também a interna – onde a expansão da consciência se torna necessária para acessarmos conteúdos guardados, esquecidos ou reprimidos, além dos símbolos, arquétipos e demais representações que nos oferecem insumos para que o processo aconteça.

Para Carl Jung, existe um caminho a ser percorrido, no qual a pessoa se torna, a grosso modo, uma versão mais plena e integrada de si mesma. A esse caminho, ele deu o nome de processo de individuação, que busca uma harmonia entre os diferentes aspectos da psique – sejam eles conscientes ou inconscientes.

Dessa forma, é possível levar uma vida mais autêntica e tornar-se quem sempre foi. Parece bem simples ao ler essas palavras, mas a realidade é que a consciência torna tudo mais difícil, já que se desvia da base arquetípica instintual – interconexão entre os arquétipos (estruturas inatas do inconsciente coletivo) e os instintos (impulsos biológicos naturais que orientam nosso comportamento) –, mantendo oposição a ela.

O sentido da vida, nesse caso, vai para um lugar de integração, visto que a psique é constituída de duas metades incongruentes que, juntas, deveriam formar um todo. Muitas vezes, inclusive, pensamos que a consciência é capaz de assimilar o inconsciente, porém ele é algo que não conhecemos – e que se apresenta através de símbolos e arquétipos, conforme citado.

Mesmo que tenhamos acesso a esses materiais – muitas vezes através dos sonhos e seus conteúdos oníricos –, não quer dizer que somos capazes de penetrar nos recônditos do inconsciente.

Por isso, segundo Jung, a individuação é um processo dinâmico e permanente, além de possuir dois movimentos principais:

  1. Decompor o inconsciente por meio da análise o separatio na alquimia: a separação analítica envolve se desprender das identidades que a pessoa criou com base em outras, de coisas externas e daquilo que está enraizado dentro de si mesmo. Esse processo de desapego ajuda a desenvolver uma consciência mais clara e reflexiva, como um espelho cristalino.
  2. Observar e ter atenção às imagens simbólicas que surgem do inconsciente coletivo: essas imagens aparecem em sonhos, na imaginação ativa – técnica desenvolvida por Jung – e em eventos que parecem coincidir de forma significativa – sincronicidades. Isso envolve a integração dos novos conteúdos do inconsciente à vida cotidiana e ao modo como a mente consciente funciona.




O processo de individuação engloba a necessidade de que sejamos capazes de desvendar os aspectos mais confusos e entrelaçados da nossa psique, fazendo com que se tornem mais claros.

É necessário uma espécie de confronto, além do distanciamento de certos traços do nosso caráter, permitindo que novos componentes da psique venham à tona, para que exista uma integração em um todo mais completo.

Falando assim, parece algo muito complexo para o entendimento consciente – e é mesmo –, por isso a psicologia junguiana nos apresenta um caminho para lidar com tais paradoxos, mantendo-os na consciência e compreendendo suas complexidades – não à toa, a abordagem teórica e clínica de Carl Jung é denominada de psicologia complexa ou psicologia profunda.



Principais etapas do processo de individuação

O princípio da individuação revela algo essencial sobre o ser humano: o impulso básico e natural de nos distinguirmos do que nos cerca. Esse movimento não é algo opcional, muito menos condicional e, para Jung, existem duas fases principais, a primeira e a segunda metade da vida – que começa por volta dos quarenta anos.

Sabe aquela famosa crise de meia-idade? Popularmente chamada assim, essa transição para um retorno de quem se é, ou seja, um retorno a si mesmo, é considerada como uma oportunidade para o “crescimento” psicológico. Dessa forma, antigos padrões podem ser deixados de lado, restabelecendo uma nova ordem, que cria espaço para um novo tipo de consciência.

Jung divide tal processo em duas etapas, com características distintas que podem ser vistas no esquema abaixo:

PRIMEIRA METADE DA VIDA SEGUNDA METADE DA VIDA
Foco no desenvolvimento do ego e na construção de uma identidade sólida. Foco do mundo externo para o interno, com integração de partes esquecidas ou reprimidas da psique.
Consolidação dos papéis sociais e formação de família, além do estabelecimento de carreira. Existe um questionamento sobre o propósito da vida, além de uma revisitação ao significado de escolhas e valores – pode gerar uma crise existencial.
Adaptação ao mundo exterior, com um esforço gerado para atender demandas e expectativas sociais, familiares e culturais. Pode haver uma manifestação de elementos como sombras, arquétipos e aspectos inconscientes para que sejam reconhecidos e incorporados.
Pode haver repressão de aspectos inconscientes, gerando um afastamento das partes mais profundas do Self. Passa a existir um movimento em direção à harmonia entre o Self e o ego, permitindo assim uma vida mais autêntica.
Desenvolvimento de uma personalidade consciente, que garante autonomia e independência. O foco se desloca de conquistas externas para a realização interna e espiritual, redefinindo as prioridades.


Embora grande parte das pessoas ignore esse processo, reprimindo e não admitindo a transição, ele acontece durante toda a vida dos seres humanos, sendo uma obra contínua que nunca chega ao fim – ou seja, não existe uma conclusão.

Uma das palestras de Jung, de 1916, traz a seguinte afirmação sobre a individuação: “é um princípio que possibilita, e se necessário determina, a diferenciação progressiva com relação à psique coletiva”.

Mas é óbvio que para entendermos tal conceito – bem como todos os outros conceitos, teorias e terminologias utilizadas por Jung – é necessário um aprofundamento em sua obra e a Casa do Saber disponibiliza cursos que auxiliam o público nesta missão.

Descubra seu Arquétipo Junguiano

Embarque em uma jornada de autoconhecimento através deste quiz baseado na Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung.

O Sábio

O Inocente

O Explorador

O Governante

O Criador

O Cuidador

O Amante

O Herói

O Comediante

O Homem Comum

O Mago

O Rebelde

Insira a palavra-passe no formulário abaixo para liberar o seu resultado!


Palavra-passe




Obrigado por participar!

O resultado chegou no seu e-mail, confira a caixa de entrada!

Continue sua jornada de autoconhecimento!

Explore mais sobre a fascinante psicologia analítica de Jung e aprofunde seu autoconhecimento.



Conteúdos que podem auxiliar na busca do sentido da vida

Para começar, vale reforçar que a psicologia – não só a analítica – nos exige constante pesquisa, estudo, esforço e atualização. Isso pode se dar através de cursos livres, formações, leitura de livros, artigos etc.

Dentro do tema abordado neste texto, podemos apresentar algumas obras de Jung, como:

  • Septem Sermones ad Mortuos [Sete Sermões aos Mortos]: onde aparece uma das primeiras ocorrências do termo individuação.
  • Memórias, Sonhos, Reflexões: em que descreve os anos de “confronto com o inconsciente”.
  • O Livro Vermelho – uma leitura mais avançada (não que as anteriores não sejam): onde se encontram os resultados do período do livro anterior.


Também podemos citar autores como Murray Stein, e seu livro “Jung e o caminho da individuação”; mesmo autor de “Jung, o mapa da alma”; bem como “Alquimia e a imaginação ativa”, escrito pela famosa Marie-Louise Von Franz.

Complementando, Tatiana Paranaguá, professora da Casa do Saber, nos oferece uma excelente explanação a respeito de quatro livros para compreender aspectos dos pensamentos de Carl Jung, sua personalidade e a construção de uma psicologia profunda que atua de forma ampla e complexa. As obras possuem estilos distintos, tendo sido escritas pelo próprio Jung, servindo como um importante ponto de partida para a compreensão de tudo o que dissemos até aqui, como também para o que você ainda irá estudar e consultar ao longo do seu desenvolvimento profissional e pessoal.



Como aprender com os cursos da Casa do Saber

A Casa do Saber possui uma curadoria que tem como objetivo oferecer conteúdos que agreguem valor não só às pesquisas, como também na formação dos seres humanos como um todo. Por isso, opta não só pelos clássicos, mas engloba pensadores contemporâneos e temas acessíveis e aplicáveis ao cotidiano individual e coletivo.

Se você já é assinante e busca por conteúdos que tenham a ver com a sua área de atuação, basta clicar em “explorar cursos” para ter uma visão geral do que é apresentado na plataforma – onde cada um deles é dividido em setores autoexplicativos.

Dica:

Caso queira realizar uma pesquisa específica, basta clicar no símbolo da lupa e digitar seu interesse, sendo assim, a plataforma irá apresentar todos os cursos que estejam alinhados à palavra-chave em questão – são mais de seiscentas horas em aulas sobre diversas áreas do conhecimento!

Você também pode buscar pelos professores, seguindo o mesmo padrão – clicando em “nossos professores” ou pesquisando pela lupa que se encontra no canto superior direito.

Para os não assinantes, a chance é agora, pois a Casa do Saber oferece sete dias de acesso gratuito para que seja possível navegar pela plataforma a fim de conhecer cursos, professores e todas as aulas disponíveis.

Os cursos, inclusive, são divididos em aulas com títulos específicos, organizados de acordo com o tema abordado. Isso facilita para o aluno que deseja assistir a módulos separados para complementar algum estudo. Quer uma dica de ouro? Faça anotações separando cursos e aulas; assim, quando precisar pesquisar novamente, escrever um artigo acadêmico ou preparar um trabalho para a faculdade, saberá exatamente onde encontrar o conteúdo para citá-lo.

Agora que já falamos sobre como realizar suas pesquisas dentro da plataforma, que tal explorar o tema da individuação e do sentido da vida com novas perspectivas e olhares?



Filosofia e pensamento contemporâneo, como encontrar significado aqui agora

Agora que você já sabe como explorar os conteúdos da Casa do Saber, é essencial incorporar também perspectivas de pensadores contemporâneos, enriquecendo o olhar singular de Jung.

Um excelente exemplo é Contardo Calligaris, que em seu curso O Sentido da Vida, nos convida a refletir sobre respostas automáticas, como à habitual pergunta “está tudo bem?”. Ele destaca como essa interação frequentemente revela um comportamento inconsciente, já que, na maioria das vezes, respondemos “sim” – mesmo quando não estamos bem.

Isso porque o desejo de evitar desconfortos e a incapacidade de lidar com respostas sinceras podem revelar uma espécie de desconexão entre o eu consciente e os conteúdos mais profundos da psique – podendo ser considerado como um reflexo do hábito de reprimir emoções e pensamentos que não se alinham com a expectativa social de otimismo que nos cerca atualmente – a famosa positividade tóxica –, prejudicando, muitas vezes, a autenticidade das relações humanas.

A conexão entre o inconsciente e o consciente está diretamente ligada à busca por propósito e significado, aspectos fundamentais da jornada humana – que, como vimos anteriormente, Jung denomina de processo de individuação.

Dessa forma, também podemos citar algumas falas de Kaká Werá, que nos traz o poder criador – muito ligado ao exercício da liberdade criadora – como um reflexo de uma possível integração: ao transformar experiências passadas em novas possibilidades, o indivíduo se torna agente de sua própria existência. Essa transformação ocorre no presente, onde o mundo do alto (transcendência), o mundo do meio (vida organizada) e o mundo de baixo (tempo e matéria) convergem, segundo a tradição Tupi.



É necessário que possamos ampliar a forma como estudamos a psicologia – não só a analítica –, uma vez que a atualidade nos demanda olhares variados. Por isso, aqui citamos também Renato Nogueira, que apresenta um olhar sensível sobre como o amor e a infância desempenham papéis essenciais nessa jornada da individuação.

Em seu curso “Qual é o sentido da vida”, ele traz o amor, descrito por Fromm e Reich, como sendo uma força que equilibra e conecta o indivíduo ao mundo, promovendo autoconhecimento e vínculo. A infância, com sua confiança inata e potência criadora, é o estado em que a relação com a vida é mais pura e autêntica. Resgatar essa energia vital, mesmo na vida adulta – e na velhice –, é um exercício de resistência ao esvaziamento do sentido.

Jung também afirma que o envelhecimento não deve ser temido, mas sim encarado como uma oportunidade de refinar e expandir a consciência. E Renato traz o pensamento de Marco Túlio Cícero, que reforça essa ideia ao destacar que a experiência acumulada ao longo da vida nos permite encontrar propósito e gratidão. Esse processo não significa apenas olhar para o passado, mas reconfigurar nossa relação com o tempo, reconhecendo que o futuro é moldado pela qualidade de nossa vivência no presente.

Para finalizar todo esse apanhado, vale dizer que a integração da consciência e do inconsciente nos dá a capacidade de acessar o nosso potencial criador e explorar o desconhecido. Como Jung sugere, essa integração nos conduz ao máximo desenvolvimento da consciência humana, permitindo que transcendamos as limitações impostas pelo tempo e pelo espaço. E, ao abordarmos este tema, é indispensável mencionar Viktor Frankl, criador da Logoterapia, que fundamentou toda a sua abordagem na busca pelo sentido da vida. Para Frankl, a vida nos apresenta constantemente uma pergunta: "O que faremos dela?"





Referências bibliográficas

JUNG, Carl Gustav. Sobre sonhos e transformações. Petrópolis: Vozes, 2014.

JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos e reflexões. Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 2017.

STEIN, Murray. Jung e o caminho da individuação. São Paulo: Cultrix, 20015.

STEIN, Murray. Jung, o mapa da alma. São Paulo: Cultrix, 2006.

VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia e a imaginação ativa. São Paulo: Cultrix, 2022.

A alquimia no desenvolvimento da psicologia analítica de Carl Jung
Ella Barruzzi
A alquimia no desenvolvimento da psicologia analítica de Carl Jung
Saiba mais sobre a ligação entre psicologia e alquimia, uma das bases para a terapia junguiana de Carl Jung.

No senso comum, quando falamos em alquimia, geralmente, a primeira coisa que nos vem à cabeça é o famoso livro de Paulo Coelho: “O alquimista”, que conta a história de um jovem pastor que parte em busca de seu "tesouro pessoal" após ter um sonho recorrente – o que não se afasta tanto assim do que Carl Jung nos fala sobre o tema.

A alquimia é um processo comentado há muitos séculos pela sua capacidade de transformar metais comuns em ouro, além de alcançar a pedra filosofal. E, para que possamos entender as metáforas e histórias por trás dos símbolos da alquimia e seus significados, a psicologia analítica nos fornece conceitos e elementos estudados e interpretados por Jung, que nos levam ao caminho da transformação interior, ou seja, rumo à individuação.

Imagem estilo chinês, toda em tons de amarelo, que apresenta à esquerda um senhor ajoelhado, oferecendo um cadinho alquímico. Ao centro um cadinho alquímico em tamanho grande, saindo fumaça. À direita, um senhor mostra a figura central para um nobre, com vestimentas elegantes em tons de preto e dourado.

Como Carl Jung alinhou psicologia e alquimia

Em 1928, a alquimia passou a fazer parte da vida de Jung. Isso aconteceu por meio de um texto da alquimia chinesa, que chegou até ele por intermédio de Richard Wilhelm, conhecedor da psicologia analítica e consciente de que o conteúdo estava alinhado às pesquisas de Jung naquela época.

Sem dúvidas, esse foi um dos marcos mais importantes, pois a psicologia junguiana toma a própria alquimia como base para o seu desenvolvimento. Carl Jung recorreu a experiências pessoais e sonhos nesse processo, incluindo também a análise de pacientes que relataram episódios complementares.

Todos os textos eram trabalhados através de linguagem simbólica, em que os símbolos reuniam aspectos da consciência e do inconsciente. Foi então que Jung passou a usá-los não apenas como analogias, mas como forma de compreender e se aprofundar nos processos psíquicos.

As práticas alquímicas, em sua busca pela pedra filosofal – símbolo da iluminação –, refletem o processo pelo qual uma pessoa deve passar para expandir a consciência. Esse processo envolve o desenvolvimento psíquico em direção à individuação, que consiste na integração dos aspectos conscientes e inconscientes da psique.



Também podemos citar que ele enxergava diversos arquétipos nas imagens alquímicas, expressando polaridades como, por exemplo: o sol e a lua, a prima matéria e o ouro, o claro e o escuro. Na psicologia analítica, os arquétipos também estão conectados ao inconsciente coletivo, ou seja, à camada mais profunda da mente humana, compartilhada por todos, sem distinção.

Esse processo alquímico, considerado como uma purificação para a transformação, se refletia no próprio processo de individuação, onde é necessário confrontar a sombra – aspectos reprimidos da psique, os quais não queremos acessar –, para que todos os elementos sejam integrados a fim de alcançar um estado de equilíbrio.

De forma mais simples: no processo de individuação, precisamos ser os próprios alquimistas trabalhando a matéria-prima bruta – sombra –, com o objetivo de transformá-la em ouro – autoconhecimento. Mas nem tudo é tão fácil como parece.

Pintura onde um  senhor de barba branca e vestimentas marrons, segura um frasco de vidro de laboratório, contendo um líquido dourado. Em sua frante, se encontra um segundo recipiente, que brilha como se fosse uma luz solar. Ao fundo, um forno à lenha.

O processo de transmutação para alcançar a pedra filosofal

O Opus Alquímico, também conhecido como a Grande Obra, é o termo utilizado para se referir ao processo de transformação que o alquimista busca alcançar – a transmutação de um estado inferior para um estado superior –, criando assim a pedra filosofal.

Ele é dividido em duas partes: operações – atividades realizadas em laboratório – e teoria – aquilo que pode ser observado, meditado e especulado. Sua fundamentação se dá na filosofia hermética, de Hermes Trismegisto e, ao longo do processo histórico, acabou sendo acrescido de ideias dogmáticas cristãs.

Como dito anteriormente, Jung utiliza desse processo como uma metáfora para a individuação, ou seja, a busca pelo autoconhecimento e a integração das diversas partes da psique, tanto conscientes quanto inconscientes. O Opus Alquímico seria então, um caminho simbólico que reflete as etapas da transformação psicológica, tendo alguns elementos principais e etapas específicas:

FASES DA ALQUIMIA DO QUE SE TRATA O PROCESSO
Prima matéria Ponto de partida para a transformação. Na psicologia analítica, é considerada como o estado inicial da psique – aspectos não reconhecidos, reprimidos ou que estão na sombra.
Nigredo Simboliza o enfrentamento da sombra, das partes mais negligenciadas da psique, daquilo que não se quer acessar e que está reprimido no inconsciente. Na análise, pode ser considerada como o momento de confronto, difícil e doloroso, onde medos e traumas tendem a aparecer para serem transformados.
Albedo É onde há a clareza, a fase em que os aspectos sombrios da psique já foram transformados, equilibrados e trazidos à consciência. Nesta fase, é onde acontece a integração dos opostos, além de uma profunda compreensão de si mesmo.
Rubedo Fase final onde ocorre a unificação de todas as partes da psique. Ela representa a conclusão da transformação e a integração total do inconsciente com a consciência – a criação da pedra filosofal, ou seja, o self integrado. Podemos considerar como exemplos para esta fase Buda e Jesus, pois é aqui que ocorre a iluminação.


Mas não podemos nos ater apenas às fases do Opus Alquímico, visto que para que a prima matéria comece seu processo, precisamos pensar também na ideia de Kairós, que nos traz a necessidade de um tempo – momento – adequado para que o trabalho alquímico seja iniciado.

Na clínica, por exemplo, durante o processo terapêutico, o paciente só conseguirá acessar um trauma – um aspecto de sua sombra – quando já tiver passado, previamente, por outras etapas da análise, ou seja, “é chegado o seu Kairós”.

Também é necessário que exista um processo de introspecção e reflexão profunda, denominado meditatio, onde é preciso manter um diálogo com aspectos internos da psique que, muitas vezes, podem ser representados por imagens arquetípicas de anjos da guarda, guias, mentores, gurus ou outras facetas do si mesmo – permitindo assim um contato com a subjetividade, proporcionando uma maior compreensão de elementos do inconsciente.

A partir disso, pode-se concretizar aspectos psíquicos através da imaginatio, que se expressa de símbolos – linguagem de expressão do inconsciente. Isso faz com que tais aspectos se tornem visíveis, pois foram trazidos à consciência. Para que sejam compreendidos, é necessário que esses símbolos estejam conectados a algo já conhecido, para que possam ser revelados.

O Opus Alquímico também necessita de um local apropriado para a operação, como se o “vaso” onde a alquimia é feita servisse como um útero para a própria gestação da pedra filosofal. Muitas vezes, esse lugar, no caso da terapia junguiana, será o próprio setting terapêutico.

Essa é uma atividade considerada sagrada, pois lida com o sublime, se tratando de uma atuação quase secreta ao próprio alquimista, pois ele conhece apenas uma parte do trabalho, enquanto parte dessa busca é ocultada por ela mesma e jogada no inconsciente.

Pintura com um homem vestido de azul, com cabelos e barbas grisalhos, sentado em uma cadeira, utilizando um fole para aumentar o pequeno fogo que se encontra abaixo de um recipiente. Ao seu lado, no chão, encontram-se alguns livros abertos, além de vidros de laboratório.

O que é alquimia e seu desenvolvimento

Assim como a natureza oferece os metais como matéria prima para que o alquimista a transforme em ouro, o inconsciente – ou a vida em geral – nos oferece potencialidades a serem trabalhadas para a integração dos opostos no processo de individuação, a partir da tomada de consciência.

É importante dizer que um dos conceitos fundamentais da alquimia é de que nada é criado do zero, mas sim existe a transformação de tudo. Como na famosa frase: “Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, do químico francês Antoine-Laurent Lavoisier (1743-1794), que corresponde à Lei da Conservação das Massas.

De certa forma, essa é uma frase alquímica, pois todas as potencialidades existentes se encontram em nossa psique desde o momento do nascimento. Até porque, quando falamos que é necessário um “vaso” que se assemelha ao útero para que o processo ocorra, muitas vezes, esse retorno ao útero se faz necessário em terapia, com o objetivo de que certos conteúdos do inconsciente sejam acessados para que haja sua integração.

Nesse contexto, a prima matéria é tudo aquilo que é intrínseco ao ser humano – pensamentos, ações, comportamentos, emoções – e, do ponto de vista psicológico, são esses elementos que irão passar pelas transformações do processo alquímico.



Na psicologia analítica, os primeiros aspectos com necessidade de transmutação e aperfeiçoamento são provenientes da sombra, ou seja, tudo aquilo que é rejeitado e ignorado acaba sendo recalcado ou esquecido no inconsciente. E, para além desse conteúdo, também existe o macro, denominado de inconsciente coletivo, que nos influencia através dos arquétipos, conforme já mencionado.

Pintura com um homem de barbas e cabelos grisalhos, misturando um conteúdo em um mini pote, segurando na mão esquerda um livro. Na mesa, alguns potes e uma ampulheta. Ao chão, perto da mesa, alguns livros abertos, enquanto do lado esquerdo, ao fundo da pintura, uma pessoa de joelhos acende uma espécie de forno, onde encontram-se vários frascos de laboratório.

Descubra seu Arquétipo Junguiano

Embarque em uma jornada de autoconhecimento através deste quiz baseado na Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung.

O Sábio

O Inocente

O Explorador

O Governante

O Criador

O Cuidador

O Amante

O Herói

O Comediante

O Homem Comum

O Mago

O Rebelde

Insira a palavra-passe no formulário abaixo para liberar o seu resultado!


Palavra-passe




Obrigado por participar!

O resultado chegou no seu e-mail, confira a caixa de entrada!

Continue sua jornada de autoconhecimento!

Explore mais sobre a fascinante psicologia analítica de Jung e aprofunde seu autoconhecimento.



Psicologia e alquimia, do que fala o elemento

Muitos dos processos alquímicos estão intimamente relacionados aos elementos água, fogo, terra e ar, principalmente devido ao paralelo que é feito com os metais. Por exemplo, uma espada é forjada através do refinamento de um metal específico, exposto ao fogo, seguido de seu resfriamento na água. Da mesma forma, ocorre com o material psíquico, que Jung divide da seguinte forma:

  • Calcinatio: elemento fogo. Tem relação com a Rubedo e representa a purificação das chamas. Também é tido como representação das paixões fulminantes e da raiva. Ou seja, se não for um aspecto devidamente trabalhado, tende a ser destrutivo – para o próprio indivíduo ou pessoas ao redor.
  • Solutio: elemento água. Representa a dissolução de aspectos enrijecidos da psique, comportamentos que acabaram sendo consolidados. Pode ser relacionado com a fragilidade, pois para o líquido não existe certo contorno. Ao se quebrar em partes, a quantidade de energia psíquica liberada pode ampliar outros aspectos, afrouxando o sofrimento da consciência. Muitas vezes, no processo de transferência, o paciente identificado com tal reação alquímica tende a se dissolver no terapeuta em busca desse contorno.
  • Sublimatio: elemento ar. Representa a elevação e a transcendência de conteúdos psíquicos. Esse processo busca libertar o indivíduo de padrões mais densos ou materiais, permitindo que sua consciência alcance níveis mais elevados. A Sublimatio está ligada à capacidade de abstração, insight e compreensão de significados mais profundos.
  • Coagulatio: elemento terra. Simboliza a concretização, a materialização de conteúdos psíquicos antes dispersos ou abstratos. Esse processo corresponde à integração dos aspectos inconscientes na consciência, permitindo que ideias e potencialidades se tornem tangíveis e úteis na vida prática. A Coagulatio é essencial para que o trabalho psíquico realizado encontre um equilíbrio sólido e funcional no dia a dia.

Essas quatro operações nos oferecem uma metáfora para a compreensão da jornada alquímica, pois, eventualmente, elas chegarão para todos. Não podemos considerar um passo a passo ou uma jornada linear, mas um caminho com avanços e regressões, idas e voltas, por muitas vezes longo e sinuoso.

À esquerda, um desenho com a figura de um ouroboros, com um pentagrama ao centro, com símbolos e signos, além de uma escrita em hebreu. Do lado esquerdo um sol, do lado direito uma lua, ao centro um olho. Abaixo, um diabo com asas e um rei. À direita, um homem prepara um líquido em um grande frasco enquanto segura uma ampulheta. Abaixo ainda temos a representação de vários símbolos alquímicos como se fosse uma tabela periódica.

Alquimia e terapia, o paralelo da expansão da consciência

A psicologia junguiana, assim como o processo alquímico, envolve uma interação constante entre o mundo interno e externo, onde a matéria – as experiências vividas – refletem os conteúdos psíquicos.
O analista e o paciente trabalham em conjunto para decifrar esses reflexos, projetados nas situações rotineiras ou em eventos que parecem unicamente externos. Trata-se de um processo sutil, pois lida com feridas psíquicas – a sombra.

Portanto, é necessário que o indivíduo respeite seu próprio tempo – Kairós –, para que o seu Opus Alquímico aconteça. Mas mesmo em momentos de pausa (da terapia), o desenvolvimento psicológico não cessa; ele ocorre de forma orgânica, sendo impulsionado pela força natural de evolução da psique.

Acessar tais elementos, por mais doloroso que possa parecer o confronto com a sombra, gera potencial para a transformação da psique e o processo de individuação. Então, assim como o alquimista transforma metais brutos em ouro, o paciente é capaz de transmutar dores e dificuldades em autoconhecimento, integrando seus opostos e ampliando assim sua consciência.

Para tal, o analista tende a ser visto como um elemento fundamental, também como sendo alquimista que, como descrito na citação abaixo, convoca o paciente a tomar posse de sua própria psique:

“Geber requer do artifex as seguintes qualidades psicológicas e caracterológicas: ele deve ter o espírito extremamente sutil e dispor de conhecimentos suficientes acerca dos metais e dos minerais. Assim pois não pode ser grosseiro de espírito ou rígido, nem pode ser voraz ou cobiçoso, indeciso e inconstante. Não deve ser apressado ou presunçoso. Pelo contrário, deve ter firme propósito, longanimidade, perseverança, paciência, docilidade e moderação.”

(Apud Carl Gustav JUNG, Psicologia e Alquimia, p. 282-3).


Quer saber mais sobre este e outros temas relacionados à psicologia analítica? A Casa do Saber possui uma curadoria que oferece os melhores conteúdos por um valor acessível.

Conheça todos os cursos






Referências bibliográficas:

JUNG, Carl Gustav. Psicologia e alquimia. Petrópolis: Vozes, 2016.

STEIN, Murray. O mapa da alma. São Paulo: Cultrix, 2006.

VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia e imaginação ativa. São Paulo: Cultrix, 2022.

Jung, arquétipo e o inconsciente coletivo na psicologia analítica
Ella Barruzzi
Jung, arquétipo e o inconsciente coletivo na psicologia analítica
Descubra os conceitos primordiais da psicologia junguiana: arquétipos e inconsciente coletivo, a partir de uma linguagem acessível. Leia agora!

É provável que você tenha ouvido algum conto de fadas quando era criança, conhecido histórias antigas de mitos ou se deparado com figuras religiosas estampadas em quadros expressivos. Dentro desse contexto, na época, não tinha conhecimento suficiente – uma consciência expandida – que ajudasse na interpretação das principais características dos arquétipos ali inseridos.

Neste texto, à luz da psicologia analítica, os símbolos dos signos serão decifrados a partir de uma pincelada no inconsciente coletivo, conceito amplamente discutido por Jung a fim de que a psique humana possa ser compreendida em sua totalidade e complexidade.

Jung, o conceito de arquétipo e o inconsciente coletivo

O processo histórico é essencial para que possamos entender a atualidade e, quando falamos de arquétipos – um dos principais conceitos da psicologia junguiana –, existe uma necessidade ainda maior de ampliarmos nossos olhares, com o objetivo de construirmos uma base bem estruturada para analisarmos algo que não se pode medir em palavras, que é inefável.

Jung era um psiquiatra que se denominava psicólogo; seus longos anos de estudo foram baseados nos fenômenos, não deixando que as teorias viessem antes. Toda essa experiência pregressa à teorização lhe proporcionava um rico saber, visto que, para ele, poderiam valer mais do que milhares de escritos. Dessa forma, em sua clínica, era primordial que a fala do paciente fosse colocada à frente de qualquer tipo de conceito ou teoria, o que é aplicado até os dias atuais.

No caso da análise, o psicólogo busca explorar e compreender todas as dinâmicas existentes internamente compondo a psique, ou seja, trabalha-se tanto o consciente como o inconsciente – que se apresenta das mais diversas formas, como nos sonhos, símbolos ou arquétipos.



Acessar o consciente é uma tarefa quase palpável, mas, no caso do inconsciente, é como descascar uma cebola, são tantas camadas que, na maioria das vezes, nos perdemos antes de chegarmos ao seu miolo.

Por isso, Carl Jung trazia como forte argumento que não se podia reduzir todos os aspectos da experiência humana a explicações psicológicas – o que denominava de psicologismo –, pois, dessa forma, estaríamos limitando toda a compreensão da psique e do próprio mundo através de uma visão reducionista.

Para a psicologia junguiana, o inconsciente não é um depósito de conteúdos reprimidos. Mas de onde vem esses conteúdos que não passam pela consciência? Como eles podem se expressar de forma tão influente sem que estejam necessariamente relacionados com a vida pessoal?

foto de Carl G. Jung

O inconsciente coletivo como uma das suas mais originais contribuições

A partir de seus questionamentos e estudos, Jung ia cada vez mais fundo nos materiais do inconsciente, explorando sonhos e fantasias dos seus pacientes, bem como materiais oriundos do seu trabalho pessoal de introspecção. Isso o levou a criar teorias e desmembrar as estruturas da psique, onde descobriu que algumas delas eram inerentes a todos os seres humanos, como no caso do inconsciente coletivo – sua camada mais profunda.

Um dos pontos marcantes para que chegasse a tal entendimento, foi um sonho tido por ele, onde uma casa de vários andares se mostrava como uma descida ao recôndito da psique. Nesse sonho, Jung explorou os diversos níveis, como sendo camadas do inconsciente, onde os mais altos eram organizados – representando a atualidade –, enquanto os mais profundos se encontravam abandonados – com a presença de crânios que remontavam ao primitivo. Só então, Carl Jung fez sua primeira menção ao inconsciente coletivo.

Não à toa, na mesma época, havia toda uma dedicação de sua parte ao estudo da mitologia, seus simbolismos e povos antigos, aprofundando-se nas teorias de Friedrich Creuzer.

De acordo com o que ia observando, ouvindo e experienciando, elaborou a ideia de que o conteúdo contido no sonho – e nessas partes mais profundas do inconsciente – era uma combinação de forças e padrões universalmente predominantes, que denominou de arquétipos e instintos. Nesse nível, nada seria individual ou único, o inconsciente coletivo não seria fruto da nossa vivência, mas sim um local onde todos nós estaríamos imersos.

A noção de Jung de arquétipos começou quando ainda colaborava com Freud, tendo sua origem localizada nas obras que escreveu no período entre 1909 e 1912. A exploração e a descrição do que Jung denominou inconsciente coletivo foram os elementos que conferiram à sua obra o caráter mais marcante e singular.

imagem de simbolos, olhos, mariposas e uma pessoa pensando representando inconsciente coletivo

O que é arquétipo

Ao contrário do que muitos acreditam, o arquétipo não é uma construção cultural, pois não foi criado por nós. Na realidade, é ele quem nos molda, e é a partir do seu impulso que também desenvolvemos a nossa consciência.

Para além, as construções culturais são responsáveis pelos símbolos arquetípicos, que facilitam o acesso à energia arquetípica, moldando a totalidade da experiência humana. Esses símbolos funcionam como dons que a natureza oferece, sem distinção de classe, credo, cor ou gênero.

Existem alguns arquétipos básicos, que estão presentes em todas as pessoas e acessíveis a elas – são a base para a construção de experiências. Porém, vale ressaltar, que nem sempre serão constelados de uma forma consciente por todos, a manifestação dos arquétipos de Jung dependerá da sintonia de cada um no contexto dessa linguagem simbólica do inconsciente. Confira alguns deles:

ARQUÉTIPOS JUNGUIANOS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Self É a parte central da psicologia analítica, sendo identificado como quem realmente somos, uma busca pela totalidade e pela individuação.
Ego Também com muita relevância para as teorias apresentadas por Jung, o ego é a nossa identidade consciente, como nos percebemos e como queremos ser percebidos pelo outro. Ego e Self equilibrados acabam sendo fundamentais para a jornada de individuação.
Sombra A maioria das pessoas não deseja ter acesso a esse arquétipo, por se tratar da parte reprimida ou considerada como obscura da personalidade. Compreender a própria sombra também faz parte do processo.
Anima e Animus Representando o feminino e o masculino, respectivamente, estão em todos nós, independente do sexo biológico, auxiliando assim a dinâmica de integração dos opostos.
Herói Coordena uma série de símbolos de forma característica para expressar a realização de grandes feitos, muito bem representados quando analisamos a vida de profetas. Ele exige o abandono do pensamento fantasioso infantil, para que a realidade seja aceita de um modo ativo.
Mãe e Pai Não se restringem a figuras parentais literais; eles se manifestam em papéis e comportamentos que podem ser assumidos ao longo da vida, como por exemplo: nutrição, amor, cuidado e o útero, no caso da mãe; e autoridade, lei, racionalidade e disciplina, no caso do pai.
Criança Este arquétipo aparece em muitos mitos, contos de fadas e sonhos como a criança divina, o bebê milagroso ou o herói infantil. Pode ser associado a momentos de transformação e novos começos. Simboliza a pureza, o lado instintivo e espontâneo do ser humano.
Velho sábio Simbolizando sabedoria, orientação e conhecimento profundo, o arquétipo do velho sábio representa a conexão com o inconsciente coletivo e a capacidade de oferecer soluções ou conselhos. Dessa forma, muitas vezes, é associado à figura do mentor, guia ou ancião, em mitos, contos de fadas e narrativas culturais.


Os arquétipos, como fonte primordial de energia e padronização psíquica, constituem a base essencial dos símbolos psíquicos, são como matrizes do funcionamento dos símbolos que expressam a normalidade e a patologia. No entanto, as imagens arquetípicas frequentemente correm o risco de serem confundidas com uma psicologia espiritualizada, desprovida de um embasamento sistematizado.

Dessa forma, é fundamental que saibamos fundamentar tais discussões na vida e em tudo aquilo que é vivido no corpo humano, entrelaçando as histórias pessoais, a exploração da psique, o corpo e a mente.



A partir disso, Jung traz a ideia de que o homem não nasceu da tábula rasa, mas sim inconsciente, possuindo muitas informações que não adquiriu por si, mas que herdou dos seus antepassados, mesmo das mais remotas origens. Ou seja, se compõe de um sistema organizado, advindo de milhões de anos de desenvolvimento, assim como os pássaros que constroem seus ninhos ou tartarugas que colocam seus ovos na mesma praia onde nasceram – o plano básico da sua natureza coletiva, um plus forts que vous (mais fortes do que a gente).

pintura de narciso

As manifestações dos arquétipos na contemporaneidade

Com todos esses conceitos e teorias da psicologia junguiana, às vezes, paira no ar o questionamento de como os arquétipos e suas principais características podem influenciar no desenvolvimento de uma personalidade, então, para clarificarmos o que trouxemos até aqui, vamos entender como eles moldam não apenas nossas histórias, mas também nossas identidades.

Ao nos relacionarmos com essas figuras arquetípicas, através dos mitos, filmes ou até mesmo em nossa própria vida, começamos a reconhecer partes de nós mesmos, acessando camadas mais profundas da psique, como falado anteriormente, sendo assim, a compreensão permite que possamos integrar esses aspectos de forma mais consciente. Cada arquétipo, com seus padrões e símbolos, tem o poder de influenciar decisões, medos, motivações e desejos que guiam nossas ações no mundo.

Descubra seu Arquétipo Junguiano

Embarque em uma jornada de autoconhecimento através deste quiz baseado na Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung.

O Sábio

O Inocente

O Explorador

O Governante

O Criador

O Cuidador

O Amante

O Herói

O Comediante

O Homem Comum

O Mago

O Rebelde

Insira a palavra-passe no formulário abaixo para liberar o seu resultado!


Palavra-passe




Obrigado por participar!

O resultado chegou no seu e-mail, confira a caixa de entrada!

Continue sua jornada de autoconhecimento!

Explore mais sobre a fascinante psicologia analítica de Jung e aprofunde seu autoconhecimento.



Nos contos de fadas, como em “Branca de Neve e os Sete Anões”, o arquétipo do herói é personificado pelo príncipe, enquanto o arquétipo da criança divina é simbolizado por Branca de Neve, que embarca em uma jornada de transformação e confronta sua sombra. Já em “A Bela e a Fera”, Bela representa o feminino consciente – Anima –, enquanto a Fera vivencia o processo de integrar sua sombra masculina em busca de aceitação e transformação.

Os mitos também são fonte de consulta quando o assunto é arquétipo, como no caso de Thor, na mitologia nórdica, onde Thor é o próprio herói, defendendo o mundo contra forças malignas, enquanto seu martelo, Mjöllnir, simboliza poder e proteção, enquanto também reflete o processo de confronto com a sombra, representada pelas forças do caos e da destruição. A mitologia grega nos traz o mito de Narciso, que nada mais é do que o arquétipo do ego, que se encontra inflado, com uma grande obsessão consigo mesmo – essa representação nos traz também a sombra, pois esse ego não está “saudável”.

Filmes são amplamente trabalhados com base em personalidades relacionadas aos arquétipos, em que a psique humana se depara com o que há de mais óbvio; por serem tão evidentes, muitas vezes, tais contextos acabam passando despercebidos. Alguns dos mais famosos são:

  • "O Senhor dos Anéis" – de Tolkien –, onde a jornada de Frodo é um exemplo clássico de individuação.
    • Arquétipo do velho sábio (Gandalf).
    • Arquétipo do herói (Frodo).
    • Arquétipo da sombra (Smigol).


  • "Star Wars" – de George Lucas –, que consiste em um processo de transformação psíquica ao longo da saga.
    • Arquétipo do herói (Luke Skywalker).
    • Arquétipo do velho sábio (Yoda).
    • Arquétipo da sombra (Darth Vader).


  • "O Rei Leão" – da Disney –, onde o personagem principal precisa confrontar sua sombra para alcançar a individuação.
    • Arquétipo do herói (Simba).
    • Arquétipo da sombra (o passado e Scar).
    • Arquétipo do velho sábio (Rafiki).


E, claro, ícones da cultura pop também devem ser mencionados, como:

  • "Game of Thrones" – de George R.R. Martin.
    • Arquétipo do herói (Jon Snow).
    • Arquétipo da sombra (Cersei Lannister).


  • "Vingadores: Ultimato" – da Marvel Studios.
    • Arquétipos de heróis (Capitão América e Homem de Ferro).
    • Arquétipo da sombra (Thanos).


  • "Stranger Things" – de Matt e Ross Duffer.
    • Arquétipo do herói (Eleven).
    • Arquétipo da sombra (Demogorgon).
    • Arquétipo do velho sábio (Jim Hopper).


Ao considerar temas e cenários arquetípicos, como os citados acima, as pessoas, muitas vezes, se veem caindo em uma armadilha. É como estar em um labirinto sem saída, onde o ego, que sempre tenta evitar enfrentar seus desafios internos e responsabilidades, se vê sem alternativas.

Esse é o ponto onde a jornada interior, segundo os conceitos de Jung aqui apresentados, exige que se encare suas questões, pois, até que essas questões sejam resolvidas, a liberdade não será alcançada.

imagem do filme 'o rei leão' da Disney

Como se aprofundar nos símbolos dos signos e nos arquétipos

Todos nós nascemos integrados ao inconsciente coletivo, repleto de arquétipos que, ao longo da vida, vão sendo atualizados, manifestados – constelados – ou não. Esses padrões originais têm uma base profunda e única, que vai além do que podemos compreender de forma cognitiva. Para isso, Jung utiliza o termo alemão Selbst o si-mesmo ou arquétipo central, aquele que é da ordem e da totalidade do homem.

Dessa forma, inicialmente, esses “pacotes de informação” transitam pelo inconsciente coletivo, onde são, de certa forma, influenciados por outros conteúdos já presentes nesse nível da psique. Posteriormente, eles emergem para a consciência, podendo se manifestar sob a forma de intuições, visões, sonhos, percepções de impulsos instintivos, imagens, emoções e ideias.

Quer saber mais sobre este e outros temas relacionados à psicologia analítica? A Casa do Saber possui uma curadoria que oferece os melhores conteúdos por um valor acessível.

Experimente grátis por 7 dias





Referências bibliográficas

JUNG, Carl Gustav. Sobre sentimentos e a sombra. Petrópolis: Vozes, 2015.

JUNG, Carl Gustav. Sobre sonhos e transformações. Petrópolis: Vozes, 2014.

JUNG, Carl Gustav. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.

STEIN, Murray. Jung, o mapa da alma. São Paulo: Cultrix, 2006.

VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia e a imaginação ativa. São Paulo: Cultrix, 2022.

Interpretação dos sonhos, Jung e o processo de análise
Ella Barruzzi
Interpretação dos sonhos, Jung e o processo de análise
Os sonhos não são meras atividades aleatórias do inconsciente, funcionam como ferramenta de autocompreensão e desenvolvimento psíquico.

Com o que você sonhou hoje? Escrever um diário com os episódios desse “streaming noturno” tem se tornado rotina de muitas pessoas, especialmente aquelas que estão em processo de análise, em busca da interpretação dos sonhos.

Geralmente, o objetivo é que a psicologia junguiana auxilie no entendimento não apenas dos elementos presentes, mas também do simbólico e dos arquétipos que compõem a longa jornada entre as diversas atividades cerebrais e psíquicas do sono. Para Jung, isso sempre era um mistério e, para nós, também costuma ser.




Como a análise dos sonhos se torna possível com a psicologia analítica

Segundo Sidarta Ribeiro, no curso "A arte de sonhar: história, ciência e futuro dos sonhos", a capacidade de sonhar é um reflexo da evolução da espécie. Ao longo desse processo, o cérebro se desenvolve em camadas, passando por modificações que se tornam adaptativas, estabelecendo a base para futuros avanços.

Nesse contexto, os animais mamíferos apresentam uma característica marcante: a necessidade de aprendizado cerebral e o amadurecimento por meio de um repertório de memórias. Assim, o sonho e a brincadeira desempenham papéis importantes, auxiliando nessa dinâmica – em um ambiente seguro e afastado da supervisão parental.

Como sendo expressões do inconsciente, para Jung, os sonhos se dão a partir de uma lógica própria, que está para além da consciência. Dessa forma, o inconsciente se comunica através de conteúdos oníricos, que podem ser compostos por cenários, situações, imagens, sentimentos, memórias e até mesmo emoções.

É importante ressaltar que eles não são fenômenos que se delimitam em interpretações únicas – sem sentidos ambíguos –, mas sim com inúmeras possibilidades de análise e significados. Algumas definições foram trazidas por Carl Jung ao apresentar um método de interpretação dos sonhos, em um dos seminários sobre sonhos de crianças, proferido por ele entre 1936 e 1941. São elas:

  • O sonho reflete a resposta do inconsciente a uma experiência ou situação vivida na consciência, ou seja, o sonho traz conteúdos que, de maneira complementar ou compensatória, refletem a impressão deixada pelas experiências do dia. Ele só acontece porque alguma coisa específica foi vivida no dia anterior e precisa ser trabalhada enquanto dormimos.
  • Ele pode ser visto como uma mistura de duas realidades: a que vivemos acordados – consciência –, e a que vem do nosso inconsciente. Na maioria das vezes, não conseguimos apontar um motivo claro do nosso dia para determinada manifestação, sendo assim, o inconsciente cria algo novo e totalmente diferente, entrando em conflito com o que sabemos e vivemos, dando origem ao sonho.
  • Também é uma forma do nosso inconsciente tentar dar um toque peculiar na maneira como vemos e percebemos as coisas de forma consciente. Às vezes, o que sonhamos é tão forte e estranho que acaba influenciando atitudes e, até mesmo, a forma de pensar – um empurrãozinho para sair da estagnação, de vez em quando, vai bem.
  • Alguns deles são bem diferentes e difíceis de entender, já que se apresentam sem relações diretas com o que está sendo vivenciado durante o dia. Sem pé nem cabeça e com surpresas épicas – ou não –, também oferecem significados profundos e importantes. Podem, inclusive, surgir como revelações ou avisos, deixando uma sensação de clareza e ensinamento adquirido.


Muitas pessoas acabam acreditando que os sonhos se limitam ao mundo interno, porém é importante salientar que, na verdade, eles podem refletir percepções sutis do inconsciente, capazes de influenciar aspectos psicossomáticos da saúde e também da doença. No entanto, diagnósticos e prognósticos baseados em sonhos dificilmente seguem uma lógica categórica como no modelo médico atual, o que os torna inadequados para um tratamento sistemático com rigor técnico-científico.

Pintura surrealista em cores vivas, com uma mesa ao centro e elementos dispostos: árvores em miniatura, moldura de quadro e coreto. Ao fundo, um céu multicolorido, com nuvens cinzas e duas janelas.

Sonhos complexos e seu conteúdo onírico

No mesmo seminário, Jung traz uma estrutura que auxilia no desmembrar de sonhos complexos, facilitando a visualização dos conteúdos oníricos, que podem ser classificados de duas formas: manifestos – como o sonho é lembrado pelo sonhador, através dos elementos que aparecem na consciência ao acordar –; e latentes – associados aos significados ocultos ou inconscientes por trás do sonho (desejos, medos, memórias reprimidas e conflitos internos, por exemplo).

Para a interpretação dos sonhos, pode-se considerar os aspectos apresentados no esquema geral trazido abaixo, pois é uma estrutura típica e, segundo ele, dramática:

PARTES DO SONHO PRINCIPAIS DETALHES
Local ou lugar Espaço onde o sonho ocorre, bem como sua época e “Dramatis Personae” – pessoas que sejam protagonistas, antagonistas e personagens secundários, bem como suas relações, características e papéis desempenhados.
Exposição Como o problema se apresenta.
Peripécia (reviravolta ou mudança súbita) Introdução a uma mudança que, no entanto, também pode resultar em um desfecho catastrófico.
Lýsis (solução ou desfecho) Momento em que os conflitos do sonho são resolvidos, conduzindo ao seu possível término. Desfecho que faz sentido para o sonhador, apresentando a natureza compensatória do enredo do sonho.


Com tal esquema, Jung nos oferece um direcionamento capaz de auxiliar no processo de interpretação dos tipos de sonhos e seus significados, onde direciona para uma espécie de desmembramento de características e elementos, atribuindo funções, símbolos e formas a esse conteúdo onírico, como citado anteriormente.

Para isso, é essencial concentrar-se na imagem inicial, utilizando-a como uma espécie de núcleo central. A observação deve ser direcionada e focada, abandonando a ideia de associação livre – que permite aos pensamentos fluírem sem restrições, muitas vezes distanciando a mente do sonho e de sua imagem principal.

A partir dessa abordagem, as camadas do sonho podem ser exploradas de maneira estruturada, garantindo que a imagem central permaneça como base sólida para as associações que se desenvolvem ao seu redor.

Jung também compartilha algumas perguntas que foram utilizadas em casos de análise de sonhos com seus pacientes, tendo "x" como a imagem central:

  • O que vem à mente em relação a x, o que pensa sobre isso?
  • O que mais vem à mente em relação a x?


Quem está à frente de um sonho analisado é sempre o sonhador, um fator que se alinha com a ideia da psicologia analítica de que a fala do paciente vem antes de qualquer teoria.

Pintura surrealista em cores vivas. Chão de areia, como um deserto, onde, ao fundo, observa-se lagoas que se misturam à areia. Céu em tons de azul e laranja com balões voando. Árvore ao fundo e destaque para um relógio vertical antigo, com maquinário exposto, que marca 11h10.

Sabemos interpretar todos os sonhos?

O psicólogo ou analista não sabe do que se trata o sonho e seu significado, não faz ideia ou tem a mínima noção do modo como a imagem onírica se encontra na mente de cada uma das pessoas; é preciso que os símbolos e arquétipos façam sentido para aquele que traz a mensagem, para que possa ser interpretada à luz dos conceitos junguianos.

Descubra seu Arquétipo Junguiano

Embarque em uma jornada de autoconhecimento através deste quiz baseado na Psicologia Analítica de Carl Gustav Jung.

O Sábio

O Inocente

O Explorador

O Governante

O Criador

O Cuidador

O Amante

O Herói

O Comediante

O Homem Comum

O Mago

O Rebelde

Insira a palavra-passe no formulário abaixo para liberar o seu resultado!


Palavra-passe




Obrigado por participar!

O resultado chegou no seu e-mail, confira a caixa de entrada!

Continue sua jornada de autoconhecimento!

Explore mais sobre a fascinante psicologia analítica de Jung e aprofunde seu autoconhecimento.



Amplificar cada um dos elementos do sonho faz com que eles tomem forma – no sentido de se tornarem visíveis. Sendo assim, anotar todas as ideias e expressões que surgem individualmente, irão auxiliar na compreensão do significado como um todo, chegando ao real sentido do fenômeno.

As imagens precisam ser acompanhadas de um contexto, para que possam ser interpretadas por inteiro, sem contar que essa “estratégia” se dá a partir de uma amplificação pessoal e, claro, não podemos nos esquecer daquilo que é coletivo, das imagens universais. Ou até mesmo da cultura onde estamos inseridos, uma vez que as nossas figuras de linguagem já estão envoltas em diferentes tipos de símbolos. De maneira geral, um brasileiro sonhando com um elefante pode associar a imagem a um zoológico, enquanto, para um indiano, ela pode estar ligada a um festival sagrado.

Para esses sonhos onde imagens coletivas – que temos pouca ou nenhuma associação – se encontram em primeiro plano, acabamos não sabendo qual o contexto daquele conteúdo onírico, demandando muito esforço para que os sentidos sejam revelados e entendidos.

Os estudiosos da psicologia analítica sabem o quanto mitologias são importantes para a construção de um embasamento amplo, onde se possa acessar e coletar informações sobre diferentes símbolos, além dos motivos mitológicos. Não à toa, um dos principais sonhos de Jung o levaram a desenvolver um dos seus principais conceitos: os arquétipos.

Pintura surrealista com um homem com vestes orientais ao cenro, parado em um pequeno monte de pedra e grama, que se estende para um lago que se mistura com o céu. Tons de verde, laranja, rosa e azul compõem o chão; enquanto o céu é laranja degradê para o mais escuro do azul. Ao fundo nuvens e um imenso sol, enquanto, ao lado esquerdo, se apresenta, ao longe, um castelo com uma lua.

Para quê você está sonhando?

A psicologia analítica considera os sonhos como um fenômeno natural, não sendo intencional e contendo um modo muito específico de funcionamento, que não é proveniente de vontades, desejos, intenções ou objetivos da consciência.

Por ser algo tão intangível, tem como característica o esquecimento do sonhador, pois sua qualidade efêmera o desconecta do estado desperto, ou seja, quando acordamos, na maioria das vezes, nossa “memória sonhadora” se apaga.

Para Freud, os sonhos funcionam como uma janela para o inconsciente, desempenhando duas funções principais: realizar desejos reprimidos e proteger o sono.

Quando esses desejos são inaceitáveis ou difíceis de lidar, eles se manifestam de forma camuflada nos sonhos, permitindo que sejam explorados de maneira mais aceitável – mesmo conteúdos perturbadores encontram uma forma simbólica de expressão. Ao mesmo tempo, os sonhos têm um papel protetor, garantindo que o descanso não seja interrompido.

Podemos oferecer a Freud um grande mérito, pois foi ele quem abriu o caminho para que possamos interpretar os sonhos, tendo reconhecido, antes de tudo, que a interpretação de nenhum dos conteúdos oníricos pode se dar sem a colaboração do próprio sonhador – o que também é colocado por Jung.

As palavras que formam o relato de um sonho não possuem um único significado, mas múltiplos. Por exemplo, todos sabem o significado da palavra “elefante”, mas o que compõe o sonho como um todo, é muito mais amplo do que uma simples consulta a um dicionário.

Para a interpretação, é necessário contar com a colaboração do sonhador para restringir a variedade de significados das palavras, guiando a análise até o ponto central, onde não restem mais dúvidas.

Do ponto de vista da psicologia analítica, devemos nos questionar sobre o "para quê" – qual é o propósito – de ter tido um sonho específico, em vez de perguntar "por que" se teve. Essa abordagem, buscando entender o objetivo final, deve guiar a análise dos sonhos, pois, frequentemente, não encontraremos uma explicação imediata para um determinado conteúdo.



Durante o processo de interpretação, diversas hipóteses irão aparecer, isso porque o sonho pode ser tão confuso e denso, que demore a fazer sentido – inclusive, existem pacientes que entendem determinados episódios muitos anos depois.

Segundo Von Franz, é algo que acarreta um grande esforço físico, não apenas mental e ela diz: “O inconsciente, entre outras coisas, é um grande brincalhão, e às vezes ele fala direto – bang! Ao anotar o sonho, você dá uma gargalhada e sabe o que significa. Entretanto, muitos dos nossos sonhos não são assim tão óbvios.”

Ela ainda traz a ideia de que não devemos interpretar nossos próprios sonhos, uma vez que eles tendem a tocar em nosso ponto cego, ou seja, nos mostram aquilo que não sabemos – e que, muitas vezes, não queremos acessar. Nesse caso, a projeção acaba sendo inevitável e se mostrarmos a outra pessoa – um analista – ela poderá encontrar o que não podemos ver.

Entre as manifestações psíquicas, os sonhos talvez sejam aqueles que mais nos apresentam elementos "irracionais". Eles parecem ter pouca ou nenhuma coerência lógica e precisam da hierarquia de valores que definem outros conteúdos da consciência, tornando-os assim mais difíceis de entender – sonhos que possuem uma estrutura lógica, moral e estética são exceções.

Imagem psicodélica de um rosto andrógino, de olhos fechados, virado para cima, em tom de azul claro, com cores e luzes saindo dela.

A investigação dos sonhos é tarefa para uma vida inteira

Há pessoas que, de tempos em tempos, têm os mesmos sonhos repetidamente. Isso é mais comum na juventude, mas esse fenômeno pode continuar ocorrendo por muitos anos.

Isso acontece devido ao fato de precisarem elaborar alguns – ou vários – dos conteúdos oníricos ou até mesmo o contexto geral do sonho. Essas repetições acabam sendo as mais importantes para análise, uma vez que novas percepções podem ser atribuídas em cada sessão, facilitando assim o aprofundamento do entendimento do analisado. Geralmente, quando elaborados, esse tipo de sonho para de acontecer, dando lugar a outras formas do inconsciente se revelar.

Durante o sono, ocorre uma interação entre o mundo consciente, representado pelo ego ou "eu sonhador", e o inconsciente, expresso pelos conteúdos que surgem de maneira aparentemente aleatória no sonho. Para Jung, esse processo é tão significativo que ele o vê como uma tentativa de restaurar o equilíbrio psíquico.

Sidarta ainda nos traz a informação de que a nossa capacidade de sonhar dormindo, provavelmente, explica a nossa capacidade de sonhar despertos, ou seja, se relaciona com a nossa capacidade de imaginar. Mas como o processo acontece?

O sono é composto por diferentes fases que envolvem ondas cerebrais – elas não seguem uma única frequência ou um único padrão, mas sim uma sequência complexa e variada de atividade cerebral:

  • Vigília: quando estamos acordados, nosso cérebro está em atividade alfa, com ondas cerebrais na faixa de 10 Hz e olhos fechados – conscientes e alertas.
  • Teta: é a fase inicial do sono, onde as ondas cerebrais caem para uma faixa entre 5 a 7 Hz – começamos a relaxar e a transitar de um estado de vigília para o sono profundo.
  • Fusos corticais: onde ocorrem oscilações rápidas nas ondas cerebrais, com frequências de 10 a 12 Hz, durando de 1 a 3 segundos – são associados à consolidação da memória e ao descanso físico.
  • Complexos K: surgem ondas isoladas que atuam como um tipo de "apagão" no cérebro, interrompendo a atividade neuronal e promovendo uma desconexão temporária da consciência externa.
  • Ondas lentas: caracterizadas por grandes amplitudes e frequências baixas, geralmente abaixo de 4 Hz – aumentam de intensidade à medida que o sono avança, sinalizando um sono mais profundo e restaurador.
  • Sono REM (Rapid Eye Movement): marcado por uma aceleração das ondas cerebrais e uma dessincronização das mesmas – sono paradoxal, onde o cérebro está ativo, mas o corpo está imobilizado. Durante o REM, os sonhos intensos geralmente acontecem.




A cada noite, o ciclo de sono se repete várias vezes, passando por essas diferentes fases de forma contínua, proporcionando descanso e reparação do corpo e da mente.

Jung, tendo se dedicado às investigações dos encontros com entidades oníricas, tanto dormindo quanto desperto – imaginação ativa, imagos –, diz que o sonho prepara o sonhador para o dia seguinte. Essa porta de entrada para o inconsciente nos permite acessar conteúdos, submergindo em seus significados, com o objetivo de que se tornem presentes na consciência, proporcionando insights sobre nós mesmos.

Os sonhos têm uma função significativa, não são meras atividades aleatórias do inconsciente, desempenham um papel tanto retrospectivo – processando o passado –, bem como prospectivo – influenciando o futuro. A capacidade dos sonhos de moldar o estado emocional e mental consciente demonstra sua importância como ferramenta de autocompreensão e desenvolvimento psíquico.

Quer saber mais sobre este e outros temas relacionados à psicologia analítica? A Casa do Saber possui uma curadoria que oferece os melhores conteúdos por um valor acessível.

Experimente a plataforma gratuitamente por 7 dias






Referências bibliográficas

HALL, James A. Jung e a interpretação dos sonhos: um guia prático e abrangente para a compreensão dos estados oníricos à luz da psicologia analítica. São Paulo: Cultrix, 2021.

JUNG, Carl Gustav. Seminário sobre sonhos de crianças: sobre o método de interpretação dos sonhos – Interpretação psicológica de sonhos de crianças. Petrópolis: Vozes, 2011.

JUNG, Carl Gustav. Sobre sonhos e transformações. Petrópolis: Vozes, 2014.

VON FRANZ, Marie-Louise. O

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): o que é e como funciona
Xavana Celesnah
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): o que é e como funciona
Descubra o que é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), como funciona, quais principais técnicas e benefícios para a saúde mental e o bem-estar.

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das abordagens mais eficazes e estudadas no campo da psicologia. Criada na década de 1960 pelo psiquiatra britânico Aaron Beck, ela é baseada na ideia de que nossos pensamentos influenciam diretamente nossos comportamentos e sentimentos. Aaron Beck descreveu essa abordagem em seu livro Terapia Cognitiva da Depressão (1982), no qual explicou como a modificação de padrões de pensamento negativos pode levar a mudanças significativas no comportamento e na forma como lidamos com o mundo ao nosso redor.

A TCC busca ajudar o paciente a identificar e reestruturar esses pensamentos disfuncionais, promovendo um melhor equilíbrio emocional e uma melhor adaptação às mais diversas situações cotidianas. A TCC é indicada para tratar uma ampla gama de condições psicológicas, como ansiedade, depressão, burnout, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtornos alimentares, fobias, transtorno bipolar, ataques de pânico, entre outras. Além disso, pode ser uma excelente ferramenta no auxílio de questões como o cansaço mental, a busca pela superação da ansiedade, e também para promover o autocuidado e o bem-estar geral. Este artigo explora os objetivos, as técnicas e os efeitos da terapia cognitivo-comportamental.



O que é a Terapia Cognitivo-Comportamental?

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem psicoterapêutica de tratamento que se baseia na ideia de que os pensamentos, sentimentos e comportamentos estão interligados. Por meio da identificação e modificação de padrões de pensamento distorcidos ou negativos, a TCC busca melhorar a forma como os indivíduos se sentem e agem, oferecendo mais controle sobre as emoções e comportamentos. Isso torna a TCC um dos tratamentos mais eficazes para uma variedade de transtornos mentais.

Esse tipo de terapia considera a forma como o paciente interpreta o mundo ao seu redor e como reage a ele. O terapeuta auxilia o paciente a entender seus sistemas de crenças, que muitas vezes geram emoções negativas e destrutivas. A partir dessa compreensão, o paciente aprende a lidar de maneira mais saudável com suas emoções, desenvolvendo habilidades para autorregular seu humor e suas reações diante dos acontecimentos.

A TCC pode ser usada para tratar condições como transtorno de ansiedade, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtornos alimentares, distúrbios de sono, burnout, fobias, transtornos de personalidade, e até mesmo distúrbios psicossomáticos. Seu foco é ajudar o paciente a entender como seus pensamentos influenciam suas emoções e comportamentos, para que possa fazer mudanças positivas em sua vida.

A TCC também é eficaz para ajudar as pessoas a lidar com situações desafiadoras da vida, como mudanças significativas (por exemplo, separações ou mudanças de carreira) ou para quem simplesmente busca por uma vida mais feliz. Ela oferece ferramentas práticas que capacitam os indivíduos a resolverem problemas de forma eficaz e emocionalmente saudável.

Banner ebook 'Ansiedade e redes sociais', da Casa do Saber

Como funciona a Terapia Cognitivo-Comportamental?

Na prática, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) envolve a aplicação de uma combinação de técnicas cognitivas, comportamentais, emocionais e interpessoais, com o objetivo de promover mudanças duradouras nas crenças, atitudes e reações do paciente.

  • Técnicas Cognitivas

    As técnicas cognitivas são aplicadas para modificar crenças distorcidas e pensamentos automáticos negativos. O foco está em desafiar interpretações errôneas que o paciente tem sobre si mesmo e o mundo ao seu redor. Ao questionar e ajustar essas crenças, o paciente pode passar a adotar uma visão mais realista e equilibrada da vida, o que diminui a ansiedade e aumenta o bem-estar geral. Por exemplo, um paciente que teme ser chamado pelo chefe para uma conversa, por acreditar ter feito algo errado, pode ser orientado a reavaliar essa crença e reconhecer que não há evidências para esse medo.
  • Técnicas Comportamentais

    As técnicas comportamentais visam alterar comportamentos disfuncionais que contribuem para o sofrimento emocional. Isso pode ser feito através de exercícios práticos, como relaxamento, por exemplo. Essas técnicas ajudam o paciente a agir de maneira mais adaptativa, superando padrões negativos e criando alternativas mais saudáveis para lidar com as dificuldades do dia a dia.
  • Técnicas Emocionais

    As técnicas emocionais têm como objetivo ajudar o paciente a lidar melhor com suas emoções, desenvolvendo a inteligência emocional e a autocompaixão. Isso é alcançado ao incentivar o paciente a aceitar suas emoções, sem se julgar negativamente por senti-las, e a aprimorar suas habilidades para se relacionar de maneira mais saudável com os outros. Ao cultivar uma visão mais positiva de si mesmo, o paciente consegue melhorar suas interações sociais e reduzir sentimentos de inadequação ou frustração.
  • Técnicas Interpessoais

    As Técnicas Interpessoais são voltadas para a melhoria das habilidades de comunicação e relacionamento social. A TCC ensina o paciente a ouvir ativamente, a se expressar de maneira assertiva e a interpretar corretamente as respostas não verbais dos outros. Isso facilita a criação de relações interpessoais mais saudáveis, ajudando o paciente a desenvolver maior confiança em suas interações e a lidar melhor com situações sociais, tanto no âmbito pessoal quanto profissional.


O processo terapêutico começa com a identificação dos pensamentos automáticos e das crenças disfuncionais que o paciente possui, permitindo que o terapeuta e o paciente trabalhem juntos para avaliar a validade dessas crenças e, quando necessário, substituí-las por pensamentos mais realistas e adaptativos. Além disso, durante a terapia, o paciente aprende sobre os processos cognitivos que influenciam seus sentimentos e comportamentos, e é incentivado a registrar suas atividades diárias para observar padrões e planejar mudanças futuras.

Em momentos de ansiedade ou estresse, a TCC também oferece ferramentas práticas como técnicas de relaxamento, ensaios comportamentais e treinamento de assertividade, que ajudam o paciente a lidar com essas emoções de forma mais eficaz. A exposição gradual a situações que geram medo ou desconforto, seja de forma real ou imaginária, permite que o paciente enfrente suas preocupações de forma controlada, reduzindo gradualmente a ansiedade e melhorando sua resposta emocional.

Em suma, a Terapia Cognitivo-Comportamental trabalha de forma estruturada e prática para modificar pensamentos, sentimentos e comportamentos disfuncionais, permitindo que o paciente desenvolva habilidades para lidar com as dificuldades de maneira mais adaptativa. Ao longo do processo, o paciente aprende a se tornar mais consciente de seus padrões de pensamento e comportamento, possibilitando-lhe enfrentar desafios de forma mais resiliente e equilibrada.

Como a Terapia Cognitivo-Comportamental impacta o comportamento e as emoções

A TCC atua principalmente na alteração de padrões de pensamento que contribuem para emoções negativas ou desajustadas. Por exemplo, pessoas que lutam para superar a ansiedade ou depressão tendem a ter pensamentos automáticos negativos, como "Eu nunca vou conseguir", ou "Nada vai melhorar". Esses pensamentos distorcidos podem levar a reações emocionais e comportamentais desproporcionais ao contexto.

A TCC ensina os pacientes a identificarem esses padrões de pensamento e a questioná-los, proporcionando novas formas de pensar e agir. O objetivo é desenvolver uma forma mais realista de enxergar o mundo, ajudando a controlar a ansiedade e a lidar melhor com as pressões do dia a dia. A terapia cognitivo-comportamental também é uma abordagem eficaz para o tratamento de casos de burnout e cansaço mental.

No contexto profissional, indivíduos com diferentes perfis de personalidade e carreira podem usar a TCC para desenvolver estratégias que minimizem a pressão interna e externa que enfrentam. A TCC oferece um caminho estruturado e objetivo para lidar com medo e para ajudar a superá-lo, equilibrando as reações emocionais frente a desafios pessoais ou profissionais.




Como a Terapia Cognitivo-Comportamental pode ajudar na busca por uma vida mais feliz

O principal objetivo da TCC é melhorar o bem-estar emocional e psicológico, ajudando os indivíduos a reagirem de forma mais saudável aos desafios da vida. A terapia oferece ferramentas práticas que permitem às pessoas desenvolverem uma melhor compreensão de seus pensamentos e comportamentos, contribuindo para uma vida mais plena.

Muitas vezes, as pessoas experimentam mudanças na vida, como mudanças no trabalho, relacionamentos ou a busca por novos objetivos pessoais, e essas transformações podem ser fontes de estresse ou ansiedade. A TCC permite que os indivíduos encontrem maneiras eficazes de lidar com essas transições, mantendo o equilíbrio emocional e a perspectiva positiva. Além disso, a TCC ajuda no desenvolvimento de habilidades de autocuidado, fundamentais para preservar a saúde mental.

Por exemplo, uma pessoa que sofre de burnout pode se beneficiar da TCC, aprendendo a gerenciar melhor o estresse e as demandas da vida profissional, ao mesmo tempo em que encontra equilíbrio na vida pessoal.

Técnicas e métodos da Terapia Cognitivo-Comportamental

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) utiliza uma abordagem de psicoterapia contemporânea, baseada em uma variedade de técnicas que ajudam os pacientes a identificar e modificar padrões de pensamento negativos. Esses métodos são aplicados de forma prática e contínua, com foco em promover mudanças duradouras no comportamento dos pacientes. Algumas das principais técnicas utilizadas na TCC incluem:

  • Reestruturação cognitiva: envolve identificar e modificar pensamentos distorcidos, substituindo-os por interpretações mais realistas e equilibradas.
  • Treinamento de habilidades sociais: ensina como interagir de forma mais eficaz e assertiva em diferentes situações sociais.
  • Exposição gradual: usada no tratamento de fobias ou transtornos de ansiedade, envolve a exposição controlada ao objeto ou situação que causa medo, ajudando a reduzir a ansiedade ao longo do tempo.
  • Relaxamento e respiração profunda: ajudam a reduzir o estresse e a ansiedade, proporcionando calma física e mental.



Efeitos da Terapia Cognitivo-Comportamental: como ela pode melhorar sua qualidade de vida

A TCC tem mostrado resultados extremamente positivos para aqueles que a praticam. Entre os benefícios mais notáveis estão a redução de sintomas de ansiedade, depressão, e burnout, o que leva a uma melhora significativa na qualidade de vida. Além disso, a terapia promove um aumento da autoestima, o que pode ajudar a melhorar relacionamentos pessoais e a felicidade conjugal.

Outro efeito importante da TCC é o aumento da resiliência emocional, ajudando as pessoas a se recuperarem mais rapidamente de mudanças na vida e a lidarem melhor com situações estressantes. Os pacientes aprendem a se concentrar no que pode ser controlado, melhorando a percepção de controle sobre a própria vida.

O que é Psicoterapia Contemporânea e sua relação com a TCC

A psicoterapia contemporânea engloba abordagens que visam tratar problemas emocionais de forma mais integrada e prática, levando em consideração os avanços da psicologia moderna. A TCC é uma das principais correntes da psicoterapia contemporânea, proporcionando resultados rápidos e eficazes. Ela combina técnicas da psicologia cognitiva com estratégias comportamentais para fornecer aos pacientes ferramentas que os ajudem a enfrentar desafios psicológicos e emocionais de maneira mais eficaz.




Conclusão

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma abordagem terapêutica altamente eficaz que pode ser usada para tratar uma variedade de transtornos psicológicos e emocionais, como ansiedade, depressão, burnout, e transtornos alimentares. Seus benefícios vão além do tratamento de doenças mentais, sendo também uma ferramenta valiosa na busca por uma vida mais equilibrada, saudável e feliz.

Se você está enfrentando dificuldades emocionais, a TCC pode ser uma das melhores opções de terapia para te ajudar a mudar padrões de pensamento negativos e alcançar uma vida mais gratificante.

Perguntas Frequentes sobre Terapia Cognitivo-Comportamental

  1. Como a Terapia Cognitivo-Comportamental pode me ajudar a superar o burnout?

    A TCC é especialmente eficaz no tratamento de burnout, pois ela ajuda a identificar e mudar os pensamentos e comportamentos que contribuem para o esgotamento emocional. Ao ensinar estratégias para gerenciar o estresse, estabelecer limites saudáveis e modificar padrões de pensamento excessivamente perfeccionistas, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) ajuda a aliviar os sintomas de burnout e facilita uma recuperação mais rápida e sustentável.


  2. A Terapia Cognitivo-Comportamental é eficaz no tratamento de distúrbios alimentares?

    Sim, a TCC é uma abordagem altamente eficaz no tratamento de transtornos alimentares, como anorexia e bulimia. A terapia ajuda os pacientes a identificarem padrões de pensamento negativos e distorcidos sobre imagem corporal e comida, promovendo uma relação mais saudável com a alimentação e o corpo.





Referências

https://www.correiobraziliense.com.br/ciencia-e-saude/2023/06/5103116-terapia-cognitivo-comportamental-alternativa-eficaz-para-depressao.html

https://www.metropoles.com/sao-paulo/psicoterapia-insonia-estudo-usp

https://vidasaudavel.einstein.br/o-que-e-a-terapia-cognitiva-comportamental-tcc-e-como-ela-funciona/#:~:text=Atlas%20Mental-,O%20que%20%C3%A9%20a%20Terapia%20Cognitiva%2DComportamental,TCC

https://artmed.com.br/artigos/terapia-cognitivo-comportamental-como-funciona-evidencias-e-como-aplicar






TDAH: Sintomas, O que é, Características no Adulto e Tratamento
Xavana Celesnah
TDAH: Sintomas, O que é, Características no Adulto e Tratamento
O que é o TDAH? Sintomas e características do déficit no adulto e na criança, diagnóstico pelo comportamento e tratamento para o transtorno CIDF90.

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma disfunção neuropsiquiátrica muito frequente. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 3% da população mundial convive com esse distúrbio que afeta a saúde mental, caracterizado pela dificuldade de concentração e pela inquietação constante. Esses sintomas são típicos do TDAH, que se manifesta também por uma impulsividade excessiva e, em alguns casos, uma hiperatividade difícil de controlar.

Quando não tratado adequadamente, o transtorno pode prejudicar o desempenho acadêmico, profissional e até mesmo as relações sociais, afetando a qualidade de vida do indivíduo. Embora muitos associem o TDAH à infância, a verdade é que ele pode se estender à vida adulta. Neste artigo, vamos esclarecer o que é TDAH, mostrar quais são seus sintomas, como é feito o diagnóstico e quais são os tratamentos mais indicados.



O que é o TDAH?

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno caracterizado pela dificuldade em manter o foco, impulsividade excessiva e, em muitos casos, hiperatividade. O TDAH impacta profundamente a vida cotidiana de seus portadores e não se restringe à infância, já que muitos adultos também convivem com seus sintomas.

Muitas vezes, o TDAH é reduzido a uma simples dificuldade de concentração, mas é importante destacar que suas implicações vão muito além disso. Quem tem o transtorno pode conviver com um constante sofrimento psíquico, já que não se trata apenas de “não conseguir prestar atenção”, mas de uma dinâmica cerebral que dificulta o controle das ações e pensamentos, resultando em comportamentos que são frequentemente mal interpretados pela sociedade.

De perto ninguém é normal – o que é considerado uma característica de "anormalidade" no TDAH, muitas vezes reflete uma forma de ser e de estar no mundo, que não se encaixa nas expectativas da sociedade sobre como devemos nos comportar. Essa dificuldade em seguir normas pode levar a frustrações, principalmente porque a pessoa com TDAH é constantemente desafiada a corresponder a expectativas que não são naturais para ela.

Como o TDAH afeta o corpo e a mente?

Sabe aquela pessoa que parece viver no “mundo da Lua”? Ou aquela que é uma “espoleta” e não consegue ficar parada de jeito nenhum? Provavelmente você já conheceu alguém assim e é possível que essas pessoas tenham TDAH. A mente da pessoa com TDAH parece estar em constante movimento, saltando de um pensamento para outro, o que dificulta a concentração em uma única tarefa. Esse ciclo de desatenção afeta a autoestima, alimentando sentimentos de inadequação e fracasso.

Além disso, a impulsividade, um dos principais sintomas do TDAH, adiciona outra camada de complexidade à condição. As decisões tomadas com pressa e sem a devida reflexão muitas vezes resultam em comportamentos inadequados ou prejudiciais, tanto no âmbito social quanto profissional. No contexto interpessoal, a falta de autocontrole pode gerar mal-entendidos e desentendimentos, uma vez que a pessoa com TDAH pode agir de forma impetuosa, sem considerar as consequências de suas atitudes. No trabalho, isso se traduz em dificuldades para lidar com tarefas que exigem paciência, atenção aos detalhes e pensamento estratégico, prejudicando o trabalho em equipe. A impaciência pode levar a erros evitáveis e à incapacidade de concluir projetos de maneira satisfatória.

O TDAH também afeta o corpo. A inquietude física é uma característica comum, fazendo com que muitos indivíduos sintam necessidade constante de se movimentar. Essa agitação pode resultar em dificuldades para permanecer sentado por longos períodos, como em salas de aula ou em ambientes de trabalho. Além disso, essa inquietação pode gerar tensão muscular e fadiga, já que o corpo está em constante estado de alerta. A dificuldade em se concentrar e em manter o controle sobre os impulsos também pode afetar a capacidade de realizar tarefas motoras finas, como escrever ou coordenar ações mais complexas.

Banner ebook 'Ansiedade e redes sociais', da Casa do Saber

Quais são as causas do TDAH?

As causas do TDAH incluem fatores genéticos, neurológicos e ambientais. Entre os principais fatores que contribuem para o transtorno, destacam-se:

  1. Genética: O TDAH é frequentemente observado em famílias, o que sugere uma forte base hereditária. Se um dos pais tem TDAH, as chances de o filho também ser diagnosticado aumentam significativamente.
  2. Anormalidades Neurológicas: O TDAH está relacionado a desequilíbrios nos neurotransmissores cerebrais, principalmente a dopamina. Esse desequilíbrio afeta os circuitos cerebrais responsáveis pela atenção e pelo controle do comportamento, dificultando a regulação dessas funções.
  3. Fatores Ambientais: A exposição a substâncias tóxicas durante a gestação, como nicotina e álcool, ou complicações no parto, podem ser fatores que aumentam o risco de desenvolvimento do transtorno.
  4. Pressões e Estresse Social: Vivemos em uma sociedade cada vez mais acelerada, o que coloca enormes demandas sobre os indivíduos, principalmente sobre as crianças, que são as mais afetadas por esse contexto. O impacto de uma educação excessivamente pressionada, sem espaço para a individualidade e a criatividade, pode desencadear ou agravar os sintomas de TDAH.


Quais são os tipos de TDAH?

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é classificado em três tipos principais, de acordo com a literatura médica:

  • predominantemente desatento

  • predominantemente hiperativo e impulsivo

  • combinado (que mistura características dos dois anteriores)


O tipo predominantemente desatento é caracterizado pela dificuldade persistente de manter a atenção, focar em uma tarefa ou seguir instruções, resultando em um desempenho abaixo do esperado, tanto na escola quanto no ambiente de trabalho. Indivíduos com esse tipo de TDAH frequentemente são vistos como "sonhadores", distraídos e esquecidos. Eles podem ter dificuldades em concluir tarefas e manter a organização, o que afeta sua produtividade e autoestima. Na infância, esse tipo é mais comumente diagnosticado em meninas, que tendem a exibir um comportamento mais internalizado, ao contrário dos meninos que, frequentemente, apresentam sinais mais evidentes de hiperatividade.

O segundo tipo, o predominantemente hiperativo e impulsivo, é marcado pela impulsividade excessiva e pela hiperatividade, o que torna difícil para o indivíduo controlar seus impulsos ou manter-se calmo em situações que exigem paciência ou quietude. Pessoas com esse perfil frequentemente têm dificuldade em permanecer sentadas por longos períodos, interrompem os outros enquanto falam, tomam decisões apressadas e se envolvem em comportamentos arriscados sem considerar as consequências. Na infância, esse tipo é mais comumente identificado em meninos, já que os sinais de hiperatividade são mais visíveis e frequentemente associados a comportamentos que causam incômodos em ambientes como escolas e outros locais sociais. A impulsividade pode afetar a interação com os outros, dificultando o estabelecimento de relacionamentos saudáveis.

Finalmente, o TDAH combinado é o tipo mais comum, caracterizado pela presença de sintomas tanto de desatenção quanto de hiperatividade/impulsividade. Indivíduos com esse tipo de TDAH apresentam uma combinação de dificuldades em manter o foco e uma constante necessidade de se movimentar, o que pode interferir em várias áreas da vida, como desempenho acadêmico, habilidades sociais e relacionamentos.

TIPOS DE TDAH SINTOMAS
Predominantemente desatento Dificuldade em manter o foco, organização e seguir instruções.
Predominantemente hiperativo e impulsivo Impulsividade excessiva, hiperatividade e dificuldades em controlar comportamentos.
Combinado Combinação de desatenção, impulsividade e hiperatividade.


Como é feito o Diagnóstico do TDAH?

O diagnóstico do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um processo que exige uma análise clínica minuciosa, dada a sobreposição de sintomas com outras condições psicológicas e neuropsiquiátricas. Sintomas como desatenção, impulsividade e hiperatividade podem ser confundidos com outras condições, como depressão, distúrbios de aprendizagem e até mesmo transtornos de personalidade. Por essa razão, é essencial que o diagnóstico seja realizado por profissionais qualificados, como psicólogos, psiquiatras ou neurologistas, que tenham experiência no reconhecimento dos sinais e na diferenciação do TDAH em relação a outras condições.

O diagnóstico adequado do TDAH requer várias etapas. Inicialmente, o profissional realiza uma entrevista clínica detalhada com o paciente, além de conversar com familiares, professores ou outras pessoas que convivem com o indivíduo, a fim de entender melhor o histórico e o comportamento ao longo do tempo. Também são aplicadas escalas de avaliação específicas, que medem a intensidade dos sintomas de desatenção e impulsividade, além de verificar como esses sintomas impactam a vida cotidiana do paciente. Em alguns casos, exames neurológicos e testes psicológicos mais profundos podem ser indicados para descartar outras condições que possam gerar sintomas semelhantes, como dislexia ou transtornos de humor.

Adicionalmente, o Código CIDF90, presente na Classificação Internacional de Doenças, pode ser utilizado para facilitar a identificação do TDAH, promovendo a padronização do diagnóstico e auxiliando na escolha do tratamento mais adequado. Ao considerar todos esses fatores, o diagnóstico do TDAH não se resume à simples observação de sintomas, mas envolve um olhar atento para o histórico clínico e a avaliação cuidadosa das variáveis psicológicas e neurológicas, garantindo um caminho eficaz para o manejo do transtorno.



Existe tratamento para TDAH?

O tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) exige uma abordagem profissional personalizada, que leve em consideração as diversas características do indivíduo, incluindo aspectos neurológicos, emocionais e comportamentais. Uma combinação de intervenções médicas, terapêuticas e complementares é frequentemente utilizada para lidar com os principais sintomas do transtorno, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida e o bem-estar geral do paciente.

Além do uso de medicamentos, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem se mostrado uma das abordagens mais eficazes para o tratamento do TDAH. Por meio da TCC, o paciente aprende estratégias para organizar suas tarefas, controlar suas emoções e melhorar suas habilidades de resolução de problemas. Essa terapia também é eficaz para lidar com as questões de impulsividade e baixa autoestima que frequentemente acompanham o transtorno. Outras terapias complementares, como o treinamento de habilidades sociais, programas de reabilitação cognitiva e práticas de mindfulness, podem ser incluídas no tratamento para oferecer recursos adicionais e promover uma vida mais equilibrada.

Saúde Mental e TDAH

Para quem deseja se aprofundar no conhecimento acerca dos maiores transtornos e sofrimentos psíquicos da humanidade, a Casa do Saber + possui diversos cursos na área, incluindo o curso do psicanalista, psiquiatra e professor titular de psicopatologia clínica pela Aix-Marseille Université (França), Mario Eduardo Costa Pereira. O curso sobre Transtornos e Sofrimentos Psíquicos aborda questões como depressão, esquizofrenia, transtorno bipolar e dependência química.

A plataforma Casa do Saber + possui uma série de opções de estudo que tratam das principais questões de saúde mental contemporâneas, incluindo a hiperatividade, abordada no curso Excitados, Desatentos e Cansados, da Doutora em teoria psicanalítica pela UFRJ, Nina Saroldi.



Conclusão

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma condição que vai além das limitações cognitivas, influenciando o comportamento do indivíduo e a maneira como interage com o mundo e com as pessoas ao seu redor. Através de um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adaptado às necessidades de cada pessoa, aqueles com TDAH têm a oportunidade de gerenciar seus sintomas e alcançar uma vida plena e produtiva, superando as dificuldades impostas pelo transtorno. É essencial que o apoio familiar, escolar e social esteja presente ao longo desse percurso, criando um ambiente de acolhimento e compreensão.

Perguntas frequentes sobre TDAH

  1. Quais são os principais sintomas do TDAH e como identificá-los?


    Os principais sintomas de TDAH incluem dificuldades em manter a atenção em tarefas ou conversas por períodos prolongados, impulsividade (agir sem pensar nas consequências), hiperatividade (excesso de movimento ou inquietação), e uma tendência a ser facilmente distraído. Além disso, pessoas com TDAH podem apresentar desorganização, dificuldade em seguir instruções e esquecimento frequente. Esses sintomas podem variar de acordo com a idade, sendo mais evidentes em crianças, mas também presentes em adultos. Caso esses sintomas persistam por mais de seis meses e impactem a vida diária, pode ser um indicativo de TDAH.

  2. O TDAH é um transtorno que afeta apenas crianças?


    Não. O TDAH não é exclusivo da infância e pode persistir na vida adulta. Muitas pessoas com TDAH são diagnosticadas quando crianças, mas seus sintomas podem continuar ou até ser reconhecidos tardiamente na fase adulta. Nos adultos, o transtorno pode se manifestar de formas diferentes, como dificuldades de concentração no trabalho, desorganização nas tarefas cotidianas, impulsividade em decisões financeiras ou sociais, e até mesmo desafios nas relações interpessoais. O tratamento do TDAH em adultos pode incluir Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), acompanhamento psicológico e, em alguns casos, medicação, dependendo da gravidade dos sintomas.





Referências

https://drauziovarella.uol.com.br/psiquiatria/o-que-esta-por-tras-da-explosao-de-casos-de-tdah-no-brasil-e-no-mundo/


https://bvsms.saude.gov.br/transtorno-do-deficit-de-atencao-com-hiperatividade-tdah/




Psicologia: O que é, Áreas, Abordagens e Como Estudar Online
Rodrigo Gomes
Psicologia: O que é, Áreas, Abordagens e Como Estudar Online
Psicologia: O que é, graduação, áreas de atuação e abordagens teóricas. Veja cursos para estudar online com certificado e aprofundar-se na profissão.

Entenda as possibilidades de se estudar psicologia através de cursos online, os famosos EAD (educação à distância). A seguir, exploraremos as áreas de atuação e abordagens da psicologia, além de apresentar opções e custos para quem deseja aprofundar os conhecimentos na área de forma remota.



Como estudar Psicologia online?

Se você está procurando opções para cursar a faculdade de psicologia à distância, infelizmente temos uma má notícia para te dar. Até o momento, de acordo com a determinação do Ministério de Educação (MEC), a graduação de psicologia não pode ser oferecida na modalidade EAD. Por outro lado, há muitas possibilidades de se estudar psicologia online por meio de cursos livres, pós-graduação e especializações.

A opção pelo ensino à distância atende tanto a estudantes quanto profissionais da área, onde o aluno pode explorar diferentes abordagens da psicologia com liberdade, seja para aprender sobre conteúdo introdutório ou especializar-se em algum tema de sua preferência. É possível estudar a psicologia analítica, de Carl Jung, a psicanálise, de Freud, e, ao mesmo tempo assistir a cursos sobre a logoterapia para investigar as ideias de Viktor Frankl.

Existe faculdade de Psicologia EaD?

Como já mencionado acima, não existe a possibilidade de realizar a graduação em psicologia EaD . Em julho de 2022, o Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU) chegou a conseguir a autorização do MEC para oferecer o curso à distância, através da portaria MEC 749. Porém, no dia seguinte, o próprio Ministério da Educação a anulou, sob alegação de erro material.

À época, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e mais de 20 entidades publicaram uma nota de repúdio à Portaria MEC 749, afirmando que a presencialidade é indispensável para a formação de qualidade em Psicologia.

Posteriormente, em setembro de 2023, pela Portaria Nº 1.838, o Ministério da Educação abriu consulta pública para elaboração de proposta de regulamentação de oferta do curso de Psicologia - entre outras graduações - na modalidade de educação à distância.

Desde então, a discussão vem sendo constantemente adiada, sem uma previsão de desfecho à vista. Desta forma, não é possível definir ainda se, no futuro, a modalidade de graduação à distância será ou não viabilizada para o curso de psicologia. Mas, se depender da opinião do conselho dos profissionais de psicologia, a decisão permanecerá em mantê-lo somente no modelo presencial.

Atenção para não confundir:

Embora a graduação em psicologia seja recomendada, algumas abordagens da psicoterapia, como a psicanálise, não exigem formação superior específica no curso de psicologia para o exercício da atividade profissional. Por isso, é possível encontrar algumas instituições oferecendo o curso de formação para psicanalista 100% ead - o que é permitido.

O que é Psicologia e qual o papel do profissional da área?

A psicologia é uma ciência que se dedica a tratar, estudar e analisar o comportamentos dos indivíduos e os processos mentais, como sentimentos, pensamentos e razão. Embora a área de estudo tenha sido elaborada há alguns séculos no campo da filosofia, a psicologia estruturou-se como uma ciência independente somente em meados do século 19. Desde então, surgiram diversas teorias sobre o comportamento humano e novas descobertas científicas - como a chegada das neurociências..

O cenário dinâmico exige estudo constante do profissional da área. O psicólogo deve atuar na promoção da saúde mental, tratamento, intervenção em crises e em desenvolvimento pessoal e profissional. Seu trabalho tem grande importância social e demanda certa sofisticação, pois deve desenvolver habilidades como empatia e comunicação, mas também conhecimento técnico para diagnosticar e tratar problemas de saúde mental de forma eficaz.

Como em diversas outras profissões, há muitas áreas de atuação. No caso da psicologia, além desta segmentação, também encontramos diferentes teorias, técnicas e abordagens para analisar o comportamento humano, como veremos mais adiante.

Sobre o curso de graduação em Psicologia

O curso de psicologia prepara o profissional para atuar em diferentes contextos sociais e profissionais de forma ética, desenvolver o conhecimento científico, analisar criticamente os fenômenos sociais e biológicos e atuar na promoção da saúde. Dados do Sisu 2024 mostram que psicologia foi o 4° curso com maior número de inscrições, no topo da lista das graduações mais procuradas pelos estudantes.

POSIÇÃO CURSO QTDE. INSCRITOS
MEDICINA 298.316
DIREITO 157.364
ADMINISTRAÇÃO 118.883
PSICOLOGIA 103.336
ENFERMAGEM 99.768
PEDAGOGIA 89.702
MEDICINA VETERINÁRIA 65.271
CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO 57.385
EDUCAÇÃO FÍSICA 55.437
10° CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 52.822


Dados extraídos do relatório do Sisu 2024

Qual a duração da faculdade de Psicologia?

A graduação em psicologia tem duração de 5 anos. Segundo as diretrizes curriculares para o curso de psicologia estipuladas pelo MEC, o estágio supervisionado é atividade obrigatória.

“Art. 11. A carga horária referencial dos cursos de Psicologia é de 4.000 (quatro mil) horas com, no mínimo, 20% (vinte por cento) da carga efetiva global para estágios supervisionados básicos e específicos, e duração mínima de 5 (cinco) anos.


Todas as instituições devem oferecer acesso ao núcleo comum do curso de Psicologia ao estudante. No entanto, as instituições podem possuir estruturas curriculares diferentes de acordo com as ênfases curriculares oferecidas. As ênfases curriculares são caminhos possíveis de estudo para aprofundamento de determinadas competências e habilidades necessárias para o exercício da profissão.

Em determinado momento da graduação, o aluno deverá optar pela ênfase que reflita o seu interesse para seguir as disciplinas e estágios correspondentes à sua escolha. Respeitando o projeto pedagógico, cada instituição deve disponibilizar ao menos duas opções de ênfases aos alunos, considerando as demandas sociais contemporâneas ou potenciais, assim como as características da instituição e da região em que se situa.

Isso significa que cada faculdade formulará os próprios eixos que são peculiares aos objetos de estudo e história do curso desenvolvido na instituição. Tenha isto em mente no momento de pesquisar as opções de faculdade de psicologia que deseja ingressar.

Para atuar profissionalmente como psicólogo, é necessário possuir o diploma de bacharelado em Psicologia por uma instituição reconhecida pelo MEC, além de estar inscrito no Conselho Regional de Psicologia (CRP) de sua região.

Quais as áreas da Psicologia?

Apesar de a imagem do psicólogo clínico atendendo o paciente frente a frente em seu consultório ser uma das primeiras a vir à mente, a psicologia tem diferentes áreas de atuação. Cabe ao estudante em formação ou ao profissional identificar qual delas se adequa mais ao seu perfil.

Uma vez com o diploma na mão, o psicólogo está apto a exercer a profissão em qualquer área de atuação da psicologia. A partir da resolução CFP 23/2022, foram reconhecidas 13 especialidades para o exercício da psicologia . Confira as áreas da psicologia na lista abaixo:

  • Psicologia Clínica
  • Psicólogo Organizacional e do Trabalho
  • Psicologia Jurídica
  • Psicologia do Esporte
  • Psicologia Social
  • Psicologia Escolar ou Educacional
  • Psicologia de Tráfego
  • Neuropsicologia
  • Psicomotricidade
  • Psicopedagogia
  • Psicologia Hospitalar
  • Psicologia em Saúde
  • Avaliação Psicológica


Conheça as principais abordagens da Psicologia

Há diversas abordagens da psicologia sendo praticadas na atualidade. Mas por que precisam existir tantas ramificações teóricas? É importante compreender que não há uma definição sobre qual abordagem é a melhor. O que vamos descobrir - e veremos detalhadamente neste tópico - é que elas apresentam diferenças importantes entre si, como objetos de estudo distintos.

A Psicanálise, fundada por Sigmund Freud, por exemplo, dedica-se ao estudo do inconsciente e os processos mentais internos para entender o comportamento humano. Já o Behavorismo, desenvolvido por Skinner, se concentra na observação do comportamento, pautado pela análise e estudo do comportamento a partir de estímulos externos.

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana” - Carl Jung
foto de Carl Gustav Jung
Carl G. Jung, fundador da Psicologia Analítica


Veja algumas das abordagens teóricas:

  • Psicanálise
  • Psicologia Analítica
  • Behaviorismo ou Analítico Comportamental
  • Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC)
  • Gestalt


Psicanálise:

Fundada por Sigmund Freud, a psicanálise surgiu no final do séc. 19, quando o médico austríaco revelou ao mundo uma grande descoberta: o inconsciente. Segundo sua teoria, a origem dos sintomas, transtornos mentais e emocionais está guardada neste campo oculto, que só pode ser acessado através da fala. Desta forma, o processo terapêutico para tratamento e cura dos fenômenos de ordem mental se dariam a partir do método de livre associação, onde o paciente pode falar livremente sobre qualquer assunto que lhe vier à mente (por isso, comumente conhecida como “terapia da fala”).

Fundamentada na investigação do inconsciente, o analista pode conduzir o paciente através da interpretação dos sonhos, análise de padrões de comportamento e repetições originadas ainda na infância. A partir da teoria criada pelo “pai da psicanálise”, começaram a ser trabalhados conceitos que hoje são bastante conhecidos, como complexo de édipo , ato falho e recalque.

Além disso, é bem comum que a psicanálise seja associada ao uso do divã, aquele sofá sem encosto em que o paciente se deita, embora ele nem sempre seja utilizado. Inspirados pela obra do médico austríaco, outros pensadores fundaram novas linhas da psicanálise, como a linha lacaniana, do francês Jacques Lacan, a linha kleiniana, da austríaca Melanie Klein e a linha winnicottiana, criada pelo inglês Donald Winnicott.

foto do divã utilizado por Freud  coberto pelo tapete de lã Qashqa'i shekarlu exposto no museu de Freud em Londres
Divã original de Freud, utilizado nas sessões com os seus pacientes (Reprodução: Freud Museum London)


A origem do divã de Freud

O icônico divã utilizado por Freud foi, na verdade, um presente recebido de sua paciente Madame Benvenisti , em 1890. Estima-se que mais de 500 pacientes tenham se deitado neste divã, que está exposto no Museu de Freud em Londres.

Psicologia Analítica Junguiana:

Fundada pelo psiquiatra Carl G. Jung no início do séc. 20, a psicologia analítica foi criada após o médico suíço se deparar com divergências teóricas em relação às ideias de Freud, com quem colaborou por algum tempo. Jung elaborou uma teoria totalmente nova, fundamentada em conceitos importantes como o inconsciente coletivo, individuação e os arquétipos.

Jung coloca que o inconsciente coletivo compõe uma camada universal, herdada pelos indivíduos através de seus ancestrais. Segundo sua teoria, as pessoas nascem com predisposição na forma de pensar e agir, que refletem imagens presentes em todas as culturas, representados pela noção dos arquétipos.

A partir da análise de símbolos, da interpretação de sonhos e mitos, o tratamento proporcionado pela psicologia analítica consegue auxiliar o paciente a encontrar novos caminhos de simbolização, que o conduzem ao autoconhecimento e a uma vida mais equilibrada.

Behaviorismo ou Analítico Comportamental:

O termo behaviorismo foi cunhado pelo psicólogo estadunidense John B. Watson, em 1913. A origem do nome remete ao termo “behavior”, da língua inglesa, que traduzido para o português significa “comportamento”. Na década de 1940, o psicólogo B. F. Skinner deu continuidade às ideias propostas por Watson e formulou novas contribuições à teoria, no que ficou conhecido como “behaviorismo radical”.

O behaviorismo surge em oposição às abordagens focadas nos processos mentais internos e passa a se dedicar ao estudo do comportamento observável, trabalhando observação, influência do ambiente e coleta de dados mensuráveis.

Esta proposta terapêutica propõe-se a compreender padrões comportamentais para tratamento de diversos transtornos, como depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, entre outros. A concepção é de que a partir da análise do comportamento, é possível treinar habilidades e modificar padrões comportamentais através de técnicas específicas como reforço e punição, de forma a melhorar o bem-estar do paciente.

Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC):

A Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC) foi criada pelo psiquiatra norte-americano Aaron Beck na década de 1960. Com alguns elementos em comum ao behaviorismo radical, a TCC incorpora elementos cognitivos ao tratamento. Isto significa que este modelo de terapia além de incluir a análise do comportamento influenciado por estímulos do ambiente, leva também em consideração os pensamentos e emoções do paciente como forma de identificar, questionar, modificar e tratar os sintomas.

A partir do tratamento, o psicólogo auxilia o paciente na busca pela identificação de padrões de pensamento distorcidos., bem como a modificação de crenças e hábitos disfuncionais.. Amparada por pesquisas e publicações científicas, a TCC se propõe a utilizar técnicas de intervenção de eficácia comprovada, atendendo às especificidades de cada transtorno mental.

Gestalt-terapia:

A Gestalt-terapia, conhecida como “terapia da forma”, foi criada no início do séc. 20 pelo médico alemão Fritz Perls, inspirada pelas ideias da Psicologia da Gestalt, de Wertheimer, Köhler e Koffka. Este modelo de terapia valoriza a subjetividade e o momento presente ( “aqui e agora”) , onde o paciente é estimulado a se concentrar em seus sentimentos, pensamentos e ações a partir de técnicas específicas utilizadas pelo profissional.

São diversas abordagens utilizadas, como a da cadeira vazia, onde o paciente senta-se de frente para uma cadeira vazia e simula uma conversa consigo mesmo ou com uma pessoa que tenha tido papel relevante em algum evento que tenha impactado a sua vida.

Outra técnica é a dramatização, onde a pessoa pode ser encorajada a interpretar papéis, expressar algum sentimento verbalmente ou em forma de movimento. Estas técnicas tem o objetivo de promover o autoconhecimento. e, consequentemente, a identificação de padrões de pensamentos negativos que podem prejudicar a sua vida.

Psicoterapia Contemporânea: Por uma Integração Transteórica de Diversas Práticas e Teorias
por Luiz Hanns

Em sua história, a psicoterapia ficou marcada pela divisão entre abordagens, cada uma com suas próprias concepções, métodos e indicações clínicas, com diferenças, à primeira vista, irreconciliáveis e muitas vezes dogmáticas.

Neste curso, Luiz Hanns aborda o integracionismo metodológico, que difere do ecletismo selvagem, e que permite uma clínica transteórica em busca da integração das melhores práticas e teorias.

Confira o curso!

Conhecemos agora algumas das abordagens da psicologia. Embora todos os profissionais da área passem, de certa forma, por este processo de definição teórica, a linha seguida por cada um é notada de forma mais perceptível nos tratamentos de psicoterapia, onde o paciente costuma ser acompanhado por períodos mais longos.

Não existe regulação ou exigência formal que obrigue o psicólogo a escolher uma das abordagens disponíveis. Assim como nas áreas de atuação, o psicólogo graduado está apto a praticar qualquer abordagem teórica.

Esta escolha representa um direcionamento pessoal do psicólogo, que não exclui a possibilidade de estudo ou aplicação de técnicas de diferentes linhas teóricas. No fundo, o que todos querem - tanto o psicólogo quanto o paciente - é conseguir encontrar um caminho comum para a melhora da saúde mental. Por isso, a aliança terapêutica - relação entre terapeuta e paciente - tem uma importância muito grande e é fundamental para qualquer modelo psicoterapêutico.

O que é “Aliança Terapêutica”?

É um conceito universal que caracteriza a relação de trabalho e de confiança entre terapeuta e paciente, comum a todas as abordagens teóricas. Tem grande importância para o bom desenvolvimento do processo psicoterapêutico, pois influencia na formação e manutenção do vínculo, permanência, desfecho e encerramento da psicoterapia.

Agora que já conhecemos as áreas e abordagens da psicologia, é provável que você já tenha se interessado por algum tema que gostaria de estudar. A seguir, apresentaremos algumas opções de curso para você começar a sua trajetória na área!

Onde Encontrar Cursos de Psicologia Online? Veja as Melhores Opções

Uma boa alternativa tanto para estudantes como para profissionais já em atuação são os cursos livres de psicologia à distância. A grande vantagem deste modelo é que costumam ter um valor mais acessível, sendo possível encontrar conteúdo de muita qualidade e em constante atualização.

Confira 5 cursos para você dar os primeiros passos na área:

  • A Tal da Felicidade, por Luiz Hanns

    Entenda os argumentos da psicologia para definir felicidade como um sentimento de realização pessoal e individual, mais próximo do bem estar mental pleno do que da prosperidade material.

  • Freud Fundamental: As Ideias e as Obras, por Pedro de Santi

    O curso oferece uma introdução acessível aos principais conceitos de Sigmund Freud e suas obras, transformando a compreensão dos desejos e dilemas humanos. Ideal tanto para iniciantes quanto para aqueles que já possuem contato com a psicanálise, proporcionando novas reflexões.

  • Uma Introdução Guiada e Descomplicada ao Pensamento de Jung, por Lilian Wurzba:

    O curso oferece uma introdução acessível ao pensamento de Carl Gustav Jung, focando no autoconhecimento e na busca por uma vida mais íntegra. Ele esclarece equívocos comuns sobre suas ideias e acompanha o desenvolvimento de sua psicologia.

  • Quatro Livros para Entender Jung, por Tatiana Paranaguá

    O curso explora quatro obras fundamentais de Carl G. Jung, oferecendo uma introdução aos principais aspectos de seu pensamento e à Psicologia Analítica. As aulas funcionam como um guia para iniciar a jornada pelo vasto trabalho do autor

  • O Sentido da Vida, por Contardo Calligaris.

    Ser plenamente feliz é um objetivo muito buscado pela humanidade, e nos tempos atuais este estado parece ser ainda mais desejado. Neste encontro, o psicanalista Contardo Calligaris discute a obrigação da felicidade, o “morrer bem” e o sentido da vida.

Na plataforma de streaming Casa do Saber +, por uma única assinatura, você tem acesso a diversos cursos livres da área de psicologia , ministrados grandes referências da área, como Christian Dunker, Luiz Hanns, Lilian Wurzba, Ana Suy, Alexandre Patrício, Tatiana Paranaguá, entre tantos outros.

A boa notícia é que com apenas uma assinatura você consegue assistir a mais de 300 cursos de diversas áreas do saber e ainda garantir um certificado de conclusão após finalizá-los . Além de conteúdos sobre psicologia e psicanálise, a plataforma oferece cursos de Filosofia, Artes, Literatura, História, entre tantas outras áreas que ajudam a complementar o conhecimento necessário para a prática da psicologia.

Quanto custa:

R$478,80 (Plano anual) , podendo ser dividido em 12x de R$39,90 ou a R$430,92 à vista (desconto de 10%). Também existe a opção de pagamento à vista via pix ou boleto bancário.

Vantagens:

  • Novos cursos lançados periodicamente
  • Acesso a diversos cursos com professores de referêcia por uma única assinatura
  • Cursos de diferentes abordagens teóricas da psicologia, do introdutório ao especializado
  • Certificado de conclusão


Conheça todos os cursos da Casa do Saber



Perguntas Frequentes

  1. É possível estudar Psicologia online?

    Sim, existem diversas opções de cursos livres, pós-graduações e especializações disponíveis 100% online.
  2. A graduação em Psicologia tem duração de quantos anos?

    A duração é de 5 anos, com no mínimo, 20% (vinte por cento) da carga efetiva global para estágios supervisionados básicos e específicos.
  3. Existe graduação em Psicologia EaD?

    Atualmente, não há graduação em Psicologia totalmente online aprovada pelo MEC, mas há opções semipresenciais.


Agora você já entendeu sobre a impossibilidade de realizar a graduação em psicologia no modelo EAD, conheceu as áreas de atuação da psicologia e abordagens teóricas da área.

Na atualidade, informação é o que não falta… E para facilitar o percurso de aprendizagem , nada como uma boa curadoria de conteúdo.

Por isso, se sentir vontade de explorar mais sobre psicologia e tantas outras áreas do saber a partir de uma proposta criteriosa, cuidadosa e de qualidade, conte com a plataforma da Casa do Saber+!

Esperamos que este conteúdo tenha facilitado a sua caminhada em direção ao conhecimento.






Terapia de Casal: Como Funciona, Tipos e Quando Procurar Ajuda
Xavana Celesnah
Terapia de Casal: Como Funciona, Tipos e Quando Procurar Ajuda
O que é terapia de casal: as linhas da psicologia, qual o tratamento para o bem estar, quando procurar ajuda do psicólogo, duração e perguntas.

A terapia de casal é uma abordagem da psicologia clínica especializada em resolver problemas conjugais, oferecendo um espaço seguro para que os casais possam explorar suas questões. Psicólogos capacitados recebem casais das mais diversas idades e crenças, para ajudá-los a superar impasses que, muitas vezes, parecem impossíveis de serem resolvidos na dinâmica cotidiana do casal.

Durante as sessões, os casais têm a oportunidade de identificar soluções saudáveis para seus desafios, encontrar o bem-estar individual de cada membro e, assim, ter uma vida mais plena. Esse tipo de terapia fortalece os laços afetivos e promove uma melhora significativa na comunicação e compreensão mútua. Neste artigo, vamos explorar como a terapia de casal funciona, os benefícios que ela oferece e como pode transformar a qualidade do relacionamento. Também discutiremos os sinais de quando é o momento ideal para buscar ajuda e iniciar o processo terapêutico.



O que é terapia de casal?

A terapia de casal é um tratamento psicológico especializado, dentro da psicoterapia contemporânea, voltado para ajudar os casais, independentemente da configuração de gênero, a superarem dificuldades e desafios que surgem ao longo da convivência. Esses desafios podem se manifestar de diversas formas, como conflitos frequentes, comunicação falha, problemas de intimidade, infidelidade ou distanciamento emocional, entre outras questões que afetam diretamente o bem-estar e a harmonia da relação.

O principal objetivo da terapia de casal é restaurar o equilíbrio emocional do relacionamento, promovendo uma compreensão mútua e fortalecendo o vínculo afetivo. Durante o processo, o terapeuta facilita o diálogo entre os parceiros, ajudando-os a identificar as causas profundas dos problemas e, mais importante, encontrar soluções adequadas e eficazes para a resolução dos conflitos. A terapia não tem a intenção de apontar culpados, mas de promover a empatia e a colaboração entre os dois, ajudando a reconstruir uma convivência mais saudável, essencial para a arte de amar.

Cada casal tem uma história diferente, com experiências e necessidades distintas. Daí, a necessidade de uma terapia personalizada, sempre levando em consideração a dinâmica específica de cada relacionamento. No contexto da procura da felicidade conjugal, o objetivo da terapia é proporcionar aos parceiros as ferramentas necessárias para melhorar a qualidade do relacionamento, fortalecer o vínculo afetivo e alcançar um equilíbrio emocional que favoreça a convivência e o bem-estar de ambos.



Como funciona a terapia de casal?

Durante as sessões de terapia de casal, um profissional especializado, geralmente um psicólogo com experiência em relações interpessoais, tem o papel de facilitar a comunicação entre os parceiros, criando um ambiente seguro e acolhedor. Portanto, o casal participa das sessões de forma conjunta. Este espaço deve permitir que ambos se sintam à vontade para expressar seus sentimentos, necessidades e preocupações, sem o medo de serem julgados ou de que haja hostilidade. O terapeuta atua com empatia e cuidado, com o foco em promover uma compreensão mútua, sem a intenção de apontar culpados, mas com o intuito de auxiliar o casal a entender os padrões de comportamento que podem estar gerando tensões ou distúrbios na relação.

A terapia de casal não busca uma solução rápida ou superficial. É uma linha de cuidado pautada na reflexão, onde o terapeuta orienta os parceiros a reconhecerem suas atitudes prejudiciais e tóxicas, muitas vezes baseadas em comunicação violenta, falta de empatia ou dificuldades relacionadas ao apego emocional.

A duração da terapia pode variar conforme a complexidade dos desafios enfrentados pelo casal. Embora as sessões ocorram geralmente de forma semanal ou quinzenal, cada encontro é uma oportunidade para analisar e praticar novas formas de comunicação e resolução de conflitos. O objetivo é que o casal saia de cada sessão mais preparado para lidar com os desafios de forma saudável, usando ferramentas e habilidades adquiridas no processo terapêutico.

A terapia de casal é estruturada em várias etapas fundamentais, que visam promover uma compreensão mais profunda para a resolução dos conflitos. Essas etapas incluem:

  • Acolhimento: O psicoterapeuta apresenta-se e explica a abordagem que será utilizada durante o processo terapêutico. O casal tem a oportunidade de se apresentar e fornecer informações pessoais, estabelecendo uma base de confiança e abertura. O ambiente é preparado para que ambos os parceiros possam expressar suas preocupações de maneira confortável..
  • Avaliação inicial: O terapeuta investiga as razões que levaram o casal a procurar ajuda, ouvindo cada parceiro de forma individual. Isso permite entender as questões que estão afetando o relacionamento, identificando as áreas que necessitam de mais atenção.
  • Diagnóstico: Com base nas informações coletadas, o terapeuta elabora um diagnóstico sistêmico conjugal, que leva em consideração a dinâmica do relacionamento e os padrões de comportamento dos parceiros.
  • Exploração emocional: Os parceiros são incentivados a compartilhar abertamente suas emoções, com foco na escuta ativa. A ênfase está em compreender a perspectiva de cada um, favorecendo uma comunicação mais eficaz e empática.
  • Identificação de padrões: O terapeuta ajuda o casal a identificar padrões de interação ou comportamentos repetitivos que perpetuam os conflitos, como falta de comunicação, críticas constantes ou a evitação de discussões importantes.
  • Desenvolvimento de estratégias: O terapeuta, junto com o casal, desenvolve estratégias para resolver os conflitos e melhorar a convivência. Técnicas de comunicação eficaz, resolução de conflitos e regulação emocional são ensinadas e praticadas. O casal também pode sugerir comportamentos que acredita que podem ajudar a resolver o problema. Cada ideia é avaliada e escolhida a mais adequada para ser experimentada, com a definição de um prazo para avaliação dos resultados.
  • Plano de ação: Ao final de cada sessão, o terapeuta sugere atividades ou tarefas para serem realizadas fora do consultório, de forma que os parceiros possam consolidar as mudanças e aplicar os novos comportamentos no cotidiano.


Essa estrutura proporciona um caminho claro para restaurar a harmonia no relacionamento e promover o crescimento individual de cada parceiro, com foco na construção de uma convivência mais saudável e equilibrada.

Objetivos da terapia de casal

O objetivo central da terapia de casal é proporcionar a regulação emocional no relacionamento, ajudando os parceiros a superar os obstáculos que prejudicam a convivência. A terapia é especialmente eficaz quando há desentendimentos constantes, comunicação deficiente ou quando os parceiros se sentem emocionalmente distantes. Problemas sexuais podem ser um reflexo de tensões subjacentes, muitas vezes relacionadas a questões emocionais não resolvidas, expectativas não atendidas ou até mesmo traumas do passado. Durante as sessões, o casal tem a oportunidade de explorar e compreender as causas profundas dessas dificuldades, que podem envolver experiências da infância, diferenças de personalidade ou conflitos não abordados.

Muitas vezes, os casais se sentem sozinhos mesmo estando em um relacionamento, o que pode ser uma das principais causas de insatisfação emocional. A sensação de solidão no relacionamento ocorre quando as necessidades emocionais de um ou ambos os parceiros não estão sendo atendidas. Esse distanciamento pode fazer com que um ou ambos sintam que estão "sozinhos juntos", o que agrava o sentimento de desconexão e isolamento. A terapia de casal oferece um espaço seguro para que esses sentimentos sejam discutidos abertamente e para que o casal trabalhe em conjunto para restaurar a intimidade e a conexão emocional.

Nesse sentido, a terapia de casal visa fortalecer o vínculo entre os parceiros, promovendo o desenvolvimento de habilidades emocionais e comportamentais que permitirão ao casal lidar de forma mais madura com os desafios que surgirem no futuro.



Benefícios da terapia de casal

A terapia de casal oferece uma série de benefícios profundos e significativos, proporcionando aos parceiros ferramentas valiosas para restaurar e fortalecer sua relação. A seguir, destacamos os principais benefícios dessa abordagem terapêutica:

BENEFÍCIOS DA TERAPIA DE CASAL GANHOS
Melhora na comunicação A terapia de casal ensina aos parceiros como se comunicar de forma mais eficaz, com foco em uma comunicação respeitosa. Os casais aprendem a expressar suas emoções e necessidades sem recorrer a críticas ou acusações. Esse aprimoramento do diálogo favorece a escuta ativa, o que contribui para a criação de um ambiente mais harmonioso e empático no relacionamento.
Fortalecimento da intimidade A terapia ajuda os casais a restabelecerem sua conexão afetiva, promovendo a abertura e a vulnerabilidade.
Resolução de conflitos A terapia de casal oferece ferramentas para lidar com desacordos de forma construtiva e não conflituosa. Ao invés de ceder a impulsos de brigas ou acusações, os casais aprendem a resolver os problemas de maneira colaborativa. Isso diminui o risco de ressentimentos e evita que desentendimentos pequenos se transformem em grandes confrontos.
Recuperação após traições ou violações da confiança Quando ocorre uma infidelidade ou qualquer outra violação de confiança, a terapia oferece um espaço seguro para lidar com a dor emocional causada. O terapeuta facilita o processo de reconstrução da confiança, ajudando os parceiros a decidirem, juntos, se querem continuar o relacionamento ou seguir caminhos separados. A terapia pode ser um ponto de renovação e crescimento após um momento difícil, ajudando o casal a restaurar a confiança mútua.
Aumento do bem-estar emocional Ao enfrentar e resolver questões importantes no relacionamento, os casais conseguem atingir um equilíbrio emocional mais estável. Isso reduz o estresse emocional proveniente de conflitos não resolvidos e ajuda a promover uma vida conjugal saudável.


Terapia de casal online: como funciona?

A terapia de casal online se tornou uma alternativa viável para muitos casais que têm dificuldades de encontrar tempo para as consultas presenciais. Funciona de forma similar à terapia tradicional, com a diferença de que as sessões são realizadas por meio de plataformas digitais, como videochamadas. Isso oferece maior conveniência e flexibilidade para os casais que moram em locais distantes ou têm uma rotina apertada.

A principal vantagem da terapia de casal online é a acessibilidade, além de permitir que os casais se sintam mais confortáveis ao conversar sobre assuntos delicados no ambiente familiar ou no conforto de sua casa.

Quando procurar ajuda psicológica para o casal?

Muitas vezes, os casais evitam procurar ajuda devido ao estigma ou à ideia de que devem resolver seus problemas sozinhos. No entanto, existem vários sinais que indicam que é o momento de buscar a terapia de casal, tais como:

  • Comunicação que se tornou agressiva ou inexistente.
  • Falta de intimidade ou conexão emocional
  • Perda de confiança após uma traição ou outra quebra significativa de vínculo
  • Conflitos frequentes sem resolução
  • Sentimento de insatisfação constante no relacionamento
  • Sensação de solidão, mesmo estando no relacionamento


Quais são as linhas de tratamento para terapia de casal?

As principais linhas da terapia de casal incluem a terapia sistêmica, a cognitivo-comportamental e a abordagem psicanalítica. Elas oferecem abordagens distintas e focadas em aspectos específicos da dinâmica conjugal, permitindo que cada casal encontre a solução mais adequada para suas necessidades.

  • Terapia sistêmica: trabalha com o casal dentro de um contexto mais amplo, considerando a influência de fatores externos, como a família, os amigos e o ambiente social. O objetivo é compreender os padrões de interação entre os parceiros e como essas influências externas afetam a dinâmica do relacionamento. Essa abordagem enfoca as interações e a forma como as relações fora do casal impactam o comportamento de ambos.
  • Terapia cognitivo-comportamental: foca nas atitudes e comportamentos do casal. Ela ajuda a identificar e modificar pensamentos disfuncionais que geram conflitos e tensões, buscando transformar padrões de comunicação e interação negativa. Além disso, propõe tarefas práticas que os parceiros podem realizar para reforçar as mudanças e ajustes no relacionamento, promovendo uma nova forma de se comunicar e lidar com as dificuldades cotidianas.
  • Abordagem psicanalítica: mergulha nas questões inconscientes que podem estar influenciando o comportamento e os sentimentos do casal. Essa abordagem explora as influências das famílias de origem de cada parceiro, investigando como os padrões aprendidos no passado influenciam as reações, expectativas e comportamentos no relacionamento atual. O objetivo é compreender e resolver conflitos mais profundos, muitas vezes ligados a questões não resolvidas de ambos.


Banner do curso Amor e Solidão: uma psicanálise das conexoes humanas, de Ana Suy, disponível na Casa do Saber

Perguntas para terapia de casal: como começar?

Para muitos casais, o primeiro desafio é reconhecer a necessidade de ajuda. Isso geralmente acontece quando os problemas no relacionamento se tornam recorrentes e difíceis de resolver por conta própria. Quando a comunicação se torna difícil, a intimidade começa a desaparecer ou os conflitos se intensificam, pode ser hora de procurar apoio profissional. Reconhecer esses sinais e entender que a ajuda de um terapeuta pode ser fundamental para melhorar a relação é o primeiro passo importante.

Após perceber que a terapia pode ser a solução, o próximo passo é buscar um terapeuta especializado. É importante encontrar um profissional com experiência em terapia de casal, que tenha um bom entendimento dos desafios comuns que os casais enfrentam. Hoje, muitos terapeutas oferecem consultas tanto presenciais quanto online, o que aumenta ainda mais a acessibilidade para aqueles com uma rotina apertada ou que moram em lugares distantes.

Ao marcar a primeira consulta, o casal deve estar preparado para falar sobre suas preocupações e expectativas em relação à terapia. Muitas vezes, essa primeira sessão é um momento de esclarecimento, onde o terapeuta explica como funciona o processo terapêutico, quais são os objetivos e o que se espera de cada parceiro durante o tratamento. Para alguns casais, o simples fato de ter um espaço seguro para expressar sentimentos pode ser o início de uma mudança significativa. É importante estar disposto a ser transparente e honesto, já que isso cria a base para um processo terapêutico eficaz.

Nesse sentido, é essencial que ambos os parceiros estejam comprometidos com o processo, entendendo que as mudanças podem levar tempo. Não há um tempo exato para ver os resultados, mas, com dedicação, a terapia pode ajudar a reconstruir a confiança, restaurar a intimidade e melhorar o vínculo afetivo.

Para que a terapia seja eficaz, é fundamental que o casal mantenha a mente aberta e esteja disposto a ouvir e refletir sobre suas próprias atitudes. Isso exige paciência, especialmente quando se enfrentam temas sensíveis ou questões que podem ter sido ignoradas por um longo tempo.

Conclusão

A terapia de casal é uma ferramenta importante para restaurar o bem-estar no relacionamento, promovendo mudanças significativas na comunicação, na resolução de conflitos e no fortalecimento dos laços afetivos entre os parceiros. Quando enfrentam dificuldades constantes, como desentendimentos frequentes, distanciamento emocional ou falta de intimidade e de admiração mútua, a terapia pode ser a melhor alternativa para revitalizar a relação. As mudanças que surgem nesse processo são essenciais para quebrar padrões disfuncionais e abrir espaço para a evolução do relacionamento.

Ao se comprometer com a terapia de casal, vocês estarão investindo no futuro do relacionamento. O processo pode trazer transformações importantes, como o desenvolvimento de um novo repertório de comunicação, negociação e alinhamento de objetivos, além de contribuir para a melhoria da vida sexual e emocional. Essas mudanças são fundamentais para a superação de velhos hábitos.

Perguntas Frequentes sobre Terapia de Casal

O que é terapia de casal e como ela pode ajudar?

A terapia de casal é uma abordagem psicoterapêutica focada em melhorar a dinâmica do relacionamento, ajudando o casal a resolver conflitos, melhorar a comunicação e fortalecer os laços afetivos.

Como funciona a terapia de casal online?

A terapia de casal online funciona de maneira similar à presencial, mas as sessões são realizadas por meio de videochamadas, oferecendo maior conveniência e flexibilidade.





Referências

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/09/12/terapia-de-casal-salva-o-relacionamento-entenda-quando-ela-pode-ajudar.htm

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2024/03/09/terapeutas-contam-o-que-os-casais-mais-levam-para-terapia-de-casal.htm

https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/terapia-de-casal-saiba-quando-ela-e-indicada,4c9e2021095c2a84618aefcc3debd6e8ssgzjxo9.html




As abordagens da psicologia e os tipos de terapia
Ella Barruzzi
As abordagens da psicologia e os tipos de terapia
Quer conhecer os principais tipos de terapia, suas abordagens, conceitos e as linhas da psicologia em que estão inseridos? Este conteúdo é para você!

Depois daqueles dois anos que ficamos trancados dentro de nossas casas, impossibilitados de sair, interagir e exercer nossos papéis sociais – você deve se lembrar do que estamos falando –, a psicologia começou a ser vista com outros olhos, ganhando maior importância na vida da maioria das pessoas, abrindo assim a oportunidade de acesso a diversos tipos de terapia.

Mas suas tantas vertentes não tiveram início nesse tempo sombrio que tentamos – a duras penas – apagar de nossas mentes, elas vem se desenvolvendo e evoluindo à medida que as necessidades humanas surgem e se modificam. É o famoso Zeitgeist – termo alemão que significa "espírito do tempo".

Dentro desse contexto, você já deve ter ouvido a famosa frase: “todo mundo precisa de terapia”, mas será que estamos conseguindo acessar o que, de fato, nos coloca nesse lugar?

Não à toa, a psicoterapia contemporânea bebe de diversas fontes, sendo um conglomerado de teorias e conceitos que compartilham de ideias, muitas vezes, semelhantes – ou que se complementam.

Imagem computadorizada. Fundo bege, meio cinza, com uma estrutura redonda que possui três degraus no canto direito. No meio da estrutura, um busto humano andrógino. De seu peito se abre uma porta, de onde saem nuvens, com uma escada. Na beirada da escada, um homem está parado olhando para a porta.

Conseguimos explicar o que é psicologia?

Quando nos deparamos com as tantas nomenclaturas que as linhas da psicologia abrangem, acabamos gerando certa confusão de qual direção tomar, qual curso fazer ou qual caminho se deve seguir.

E é exatamente isso que Luiz Hanns aborda em seu curso “Psicoterapia contemporânea: por uma integração transteórica de diversas práticas e teorias”, em que nos convoca a pensar nas tantas psicologias existentes como sendo conectadas umas com as outras, ampliando olhares e conhecimentos a fim de extrair bases fundamentais para o atendimento clínico.

Vale ressaltar que um psicólogo generalista tende a não se aprofundar em transtornos complexos, como borderline e anorexia, pois esses quadros exigem um alto grau de especialização, além de longas horas de estudo, supervisão e prática clínica específica. Nesses casos, é essencial que o paciente receba não apenas acolhimento e orientação adequados, mas também um direcionamento claro para profissionais ou abordagens com maior experiência na área.

Existem diversas teorias psicológicas que frequentemente divergem entre si, muitas vezes gerando rivalidades e debates contínuos. Além disso, algumas abordagens são tão distintas em seus princípios e métodos que não deveriam ser enquadradas no mesmo sistema de comparação ou avaliação, pois operam a partir de fundamentos epistemológicos completamente diferentes.

Quer saber como funciona na prática? Aprenda com o curso “Psicoterapia contemporânea: por uma integração transteórica de diversas práticas e teorias

thumb do curso 'Psicoterapia contemporânea', por Luiz Hanns


Assistir ao curso



Os debates entre as linhas da psicologia

Podemos citar algumas “comparações” como Sigmund Freud e Carl Jung, uma vez que se fala muito sobre a separação de ambos. No debate, a psicanálise é considerada por vários países como sendo uma modalidade de psicoterapia, que analisa os sintomas e tem como uma das bases a teoria da libido.

Enquanto outros dizem que a psicologia analítica consegue ir mais profundo, através do inconsciente coletivo e dos arquétipos – claro que estamos trazendo aqui uma mínima pincelada.

Ao longo de sua trajetória, o psicólogo pode ou não se identificar com uma abordagem específica. É igualmente importante considerar como, no meio acadêmico e profissional, se estabelece quais abordagens prevalecem, quais podem coexistir e quais acabam sendo gradualmente rejeitadas ou caindo em desuso.

Segundo Hanns, para que uma ou mais teorias avancem e alcancem maior aceitação acadêmica e social, é necessário compreender a dinâmica da retórica científica e acadêmica.

Esse processo não se baseia em quem grita mais alto, em disputas agressivas ou em ataques pessoais, mas sim em um conjunto de parâmetros que, embora não garantam que uma teoria seja intrinsecamente mais científica do que outra, fornecem argumentos mais sólidos dentro do debate.

Esses argumentos podem aumentar a aceitação de uma teoria sobre outra ou, em alguns casos, permitir que duas teorias dominem o campo, mesmo que sejam antagônicas entre si – por isso, é essencial reconhecer a evolução das abordagens dentro da psicoterapia.

Imagem computadorizada. Fundo azul claro, meio esverdeado, com busto humano andrógino ao centro. O topo da sua cabeça está cortado e o cérebro é exposto como se fosse um labirinto. Seu rosto também está projetado para fora, como uma máscara. Em seu peito consta uma porta, de onde sai uma escada.

Conhecendo algumas linhas da psicologia

É fundamental manter a coerência de uma teoria não apenas internamente, mas também em diálogo com áreas afins. As diferentes disciplinas – quando em formação – estão em constante interação, e a psicoterapia não pode se isolar como um campo independente que ignora outros saberes – mesmo que algumas abordagens tentem sustentar essa ideia. O ideal é que apresentem congruência com outras áreas do conhecimento, garantindo um embasamento sólido e interdisciplinar.

A psicologia é uma área bastante ampla e diversa, oferecendo cuidado à saúde mental, bem como proporcionando bem-estar àqueles que se dedicam ao seu processo como clientes, analisados ou pacientes – cada abordagem trata de uma maneira distinta.

Neste texto, focamos na psicologia clínica, um dos principais ramos da psicologia, voltado para a avaliação, diagnóstico, tratamento e prevenção de transtornos mentais, emocionais e comportamentais. Seu objetivo é promover o bem-estar psicológico e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, ajudando-os a lidar com desafios internos e externos de maneira mais saudável.

O psicólogo clínico trabalha diretamente com indivíduos, casais, famílias ou grupos, utilizando diferentes abordagens para compreender e tratar problemas emocionais e comportamentais.

Esse processo, muitas vezes, começa com uma avaliação psicológica, que pode envolver entrevistas, testes e a análise do histórico do paciente para compreender melhor quais são as suas dificuldades e necessidades.

A psicologia clínica não se limita a uma única linha teórica. Existem diversas abordagens, cada uma com sua visão sobre a psique humana, o desenvolvimento dos transtornos e os métodos de intervenção. Algumas das principais são:

LINHA TEÓRICA ABORDAGEM
Psicanálise e Psicodinâmica Tem como base as teorias de Freud, Winnicott, Lacan, dentre outros – costumam ser mais longas e consideradas profundas, investigando processos inconscientes e sintomas que afetam a vida do paciente.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) Enfatiza a relação entre pensamentos, emoções e comportamentos, ajudando o paciente a identificar e modificar padrões disfuncionais. Baseada em evidências e amplamente utilizada no tratamento de transtornos como ansiedade, depressão, TOC e fobias.
Humanista e Existencial Foca na experiência subjetiva do paciente, na busca por significado e na autorrealização. Abordagens como a Terapia Centrada na Pessoa (Carl Rogers) e a Logoterapia (Viktor Frankl) valorizam o crescimento pessoal e a autodeterminação.
Gestalt-terapia Trabalha a consciência do momento presente e a responsabilidade do indivíduo sobre suas emoções e comportamentos. Incentiva a integração de diferentes aspectos da experiência do paciente para promover o autoconhecimento.
Terapias de Terceira Onda São abordagens mais recentes dentro da TCC, incorporando elementos de aceitação, mindfulness e valores pessoais. Exemplos incluem a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) e a Terapia Comportamental Dialética (DBT) – eficaz para transtorno de personalidade borderline.
Psicologia Analítica (Junguiana) Criada por Carl Jung, enfatiza o inconsciente coletivo, os arquétipos e o processo de individuação como chave para o desenvolvimento pessoal. Utiliza a análise de sonhos, mitos e símbolos para auxiliar na compreensão dos conflitos internos.


Atualmente, a psicologia clínica tem se expandido e integrado novas tecnologias, incluindo terapias online e abordagens interdisciplinares envolvendo neurociência e psiquiatria. O campo continua a evoluir, buscando sempre formas mais eficazes e acessíveis de promover a saúde mental e o bem-estar.

Assista agora aos cursos de “Psicologia e psicanálise”



Afinal, qual a diferença entre analista, terapeuta e psicólogo?

Fazer comparações não é o nosso objetivo aqui, mas sim esclarecer os papéis e as formas de atuação dos profissionais ligados à saúde mental de milhares de pessoas.

A diferença principal entre analista, terapeuta e psicólogo está no nível de formação, no tipo de atuação e na abordagem utilizada no atendimento clínico.

  • Psicólogo: graduação em psicologia + CRP – Atua com psicoterapia, avaliação psicológica e intervenções terapêuticas. Pode diagnosticar pacientes.
  • Terapeuta: formação variada (pode ou não ser psicólogo) – Trabalha com diferentes formas de terapia (psicológicas ou holísticas). A possibilidade de poder ou não diagnosticar irá depender da formação.
  • Analista: formação em psicanálise (pode ou não ser psicólogo) ou psicologia analítica – Atua com psicanálise (Freud, Lacan) ou análise junguiana (Jung).


O psicólogo é um profissional formado em psicologia, com curso superior de quatro a cinco anos, podendo atuar em diversas áreas, como clínica, organizacional, educacional, esportiva, hospitalar e social.

Para atuar, é necessário ter registro no Conselho Regional de Psicologia (CRP) e escolher uma abordagem para conduzir seus atendimentos, podendo realizar avaliações psicológicas, testes, diagnósticos e intervenções terapêuticas.

O terapeuta, por outro lado, é um termo mais amplo e não exige necessariamente formação em psicologia. Ele pode atuar no campo da saúde mental, emocional e comportamental sem precisar ser psicólogo ou possuir CRP.

Um terapeuta pode ser um psicoterapeuta, caso tenha formação em uma abordagem psicológica específica ou atuar em áreas complementares – sua atuação depende das regulamentações locais e do campo de especialização. Vale ressaltar – e colocar em letras garrafais – que para escolher um terapeuta os pacientes devem se aprofundar em suas pesquisas, visto que existem muitas abordagens sendo trabalhadas sem bases científicas ou comprovações teóricas.

O analista pode seguir diferentes formações dependendo da abordagem adotada. No caso da psicanálise Freud, Lacan –, a formação pode ser realizada em instituições psicanalíticas sem a necessidade de um diploma em psicologia, mas necessitando de uma formação acadêmica e de bases sólidas no estudo de psicanálise, permitindo até mesmo que profissionais de outras áreas da saúde atuem como psicanalistas. Alguns psicanalistas contemporâneos de renome, como Ana Suy, reforçam que a formação em psicologia atrelada à atuação em psicanálise é extremamente proveitosa ao profissional.

Já a psicologia analíticaJung – exige formação superior em psicologia para que o profissional possa atuar como analista junguiano. Esse requisito se deve ao fato de que essa abordagem faz parte do campo da psicologia e exige uma base acadêmica formal para aplicação clínica.

Na prática, o analista trabalha com métodos específicos de sua abordagem, como associação livre, interpretação de sonhos, inconsciente coletivo e arquétipos, dependendo da linha teórica adotada.

Quer saber mais sobre este e outros temas? A Casa do Saber possui uma curadoria que oferece os melhores conteúdos por um valor acessível.

Conheça todos os cursos






Referências bibliográficas

HANNS, Luiz. Psicoterapia contemporânea: por uma integração transteórica de diversas práticas e teorias. Casa do Saber.

SANTI, Pedro Luiz Ribeiro; FIGUEIREDO, Luís Cláudio. Psicologia: uma (nova) introdução. São Paulo: Educ, 2008.