Psicologia

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Jung, o processo de individuação e a busca pelo sentido da vida
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Jung, o processo de individuação e a busca pelo sentido da vida
Descubra como Jung conecta o processo de individuação à busca pelo sentido da vida e transforme autoconhecimento em propósito.

Quantas vezes ao longo do ano refletimos sobre o verdadeiro sentido da vida, os motivos de estarmos trilhando o caminho que escolhemos, nossas relações ou a forma como enxergamos a nós mesmos e ao mundo?

É como dar uma pausa em tudo aquilo que nos move diante das tantas demandas atuais, do imediatismo e da correria do dia a dia – e nos agarrarmos à atenção plena, a fim de, como seres humanos pensantes, reconhecermos a nossa verdadeira natureza e encontrarmos o significado de propósito.

Muitos chamam isso de autoconhecimento, mas Jung, com as teorias que construiu na psicologia analítica, chamou de processo de individuação.

Imagem representando uma estrada com várias opções de caminho no horizonte, com uma silhueta de pessoa no meio. Ao redor, muitas árvores, plantas e jardins multicoloridos.

O sentido da vida alinhado ao processo de individuação

A vida acontece de forma natural, como se fosse algo básico explicado pela famosa frase dos ciclos: “nascemos, crescemos, nos reproduzimos e morremos.” Mas será que é só isso mesmo?

Primeiro, porque no meio de cada uma dessas etapas passamos por transformações que englobam não só a nossa vida externa, mas também a interna – onde a expansão da consciência se torna necessária para acessarmos conteúdos guardados, esquecidos ou reprimidos, além dos símbolos, arquétipos e demais representações que nos oferecem insumos para que o processo aconteça.

Para Carl Jung, existe um caminho a ser percorrido, no qual a pessoa se torna, a grosso modo, uma versão mais plena e integrada de si mesma. A esse caminho, ele deu o nome de processo de individuação, que busca uma harmonia entre os diferentes aspectos da psique – sejam eles conscientes ou inconscientes.

Dessa forma, é possível levar uma vida mais autêntica e tornar-se quem sempre foi. Parece bem simples ao ler essas palavras, mas a realidade é que a consciência torna tudo mais difícil, já que se desvia da base arquetípica instintual – interconexão entre os arquétipos (estruturas inatas do inconsciente coletivo) e os instintos (impulsos biológicos naturais que orientam nosso comportamento) –, mantendo oposição a ela.

O sentido da vida, nesse caso, vai para um lugar de integração, visto que a psique é constituída de duas metades incongruentes que, juntas, deveriam formar um todo. Muitas vezes, inclusive, pensamos que a consciência é capaz de assimilar o inconsciente, porém ele é algo que não conhecemos – e que se apresenta através de símbolos e arquétipos, conforme citado.

Mesmo que tenhamos acesso a esses materiais – muitas vezes através dos sonhos e seus conteúdos oníricos –, não quer dizer que somos capazes de penetrar nos recônditos do inconsciente.

Por isso, segundo Jung, a individuação é um processo dinâmico e permanente, além de possuir dois movimentos principais:

  1. Decompor o inconsciente por meio da análise o separatio na alquimia: a separação analítica envolve se desprender das identidades que a pessoa criou com base em outras, de coisas externas e daquilo que está enraizado dentro de si mesmo. Esse processo de desapego ajuda a desenvolver uma consciência mais clara e reflexiva, como um espelho cristalino.
  2. Observar e ter atenção às imagens simbólicas que surgem do inconsciente coletivo: essas imagens aparecem em sonhos, na imaginação ativa – técnica desenvolvida por Jung – e em eventos que parecem coincidir de forma significativa – sincronicidades. Isso envolve a integração dos novos conteúdos do inconsciente à vida cotidiana e ao modo como a mente consciente funciona.




O processo de individuação engloba a necessidade de que sejamos capazes de desvendar os aspectos mais confusos e entrelaçados da nossa psique, fazendo com que se tornem mais claros.

É necessário uma espécie de confronto, além do distanciamento de certos traços do nosso caráter, permitindo que novos componentes da psique venham à tona, para que exista uma integração em um todo mais completo.

Falando assim, parece algo muito complexo para o entendimento consciente – e é mesmo –, por isso a psicologia junguiana nos apresenta um caminho para lidar com tais paradoxos, mantendo-os na consciência e compreendendo suas complexidades – não à toa, a abordagem teórica e clínica de Carl Jung é denominada de psicologia complexa ou psicologia profunda.



Principais etapas do processo de individuação

O princípio da individuação revela algo essencial sobre o ser humano: o impulso básico e natural de nos distinguirmos do que nos cerca. Esse movimento não é algo opcional, muito menos condicional e, para Jung, existem duas fases principais, a primeira e a segunda metade da vida – que começa por volta dos quarenta anos.

Sabe aquela famosa crise de meia-idade? Popularmente chamada assim, essa transição para um retorno de quem se é, ou seja, um retorno a si mesmo, é considerada como uma oportunidade para o “crescimento” psicológico. Dessa forma, antigos padrões podem ser deixados de lado, restabelecendo uma nova ordem, que cria espaço para um novo tipo de consciência.

Jung divide tal processo em duas etapas, com características distintas que podem ser vistas no esquema abaixo:

PRIMEIRA METADE DA VIDA SEGUNDA METADE DA VIDA
Foco no desenvolvimento do ego e na construção de uma identidade sólida. Foco do mundo externo para o interno, com integração de partes esquecidas ou reprimidas da psique.
Consolidação dos papéis sociais e formação de família, além do estabelecimento de carreira. Existe um questionamento sobre o propósito da vida, além de uma revisitação ao significado de escolhas e valores – pode gerar uma crise existencial.
Adaptação ao mundo exterior, com um esforço gerado para atender demandas e expectativas sociais, familiares e culturais. Pode haver uma manifestação de elementos como sombras, arquétipos e aspectos inconscientes para que sejam reconhecidos e incorporados.
Pode haver repressão de aspectos inconscientes, gerando um afastamento das partes mais profundas do Self. Passa a existir um movimento em direção à harmonia entre o Self e o ego, permitindo assim uma vida mais autêntica.
Desenvolvimento de uma personalidade consciente, que garante autonomia e independência. O foco se desloca de conquistas externas para a realização interna e espiritual, redefinindo as prioridades.


Embora grande parte das pessoas ignore esse processo, reprimindo e não admitindo a transição, ele acontece durante toda a vida dos seres humanos, sendo uma obra contínua que nunca chega ao fim – ou seja, não existe uma conclusão.

Uma das palestras de Jung, de 1916, traz a seguinte afirmação sobre a individuação: “é um princípio que possibilita, e se necessário determina, a diferenciação progressiva com relação à psique coletiva”.

Mas é óbvio que para entendermos tal conceito – bem como todos os outros conceitos, teorias e terminologias utilizadas por Jung – é necessário um aprofundamento em sua obra e a Casa do Saber disponibiliza cursos que auxiliam o público nesta missão.

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Conteúdos que podem auxiliar na busca do sentido da vida

Para começar, vale reforçar que a psicologia – não só a analítica – nos exige constante pesquisa, estudo, esforço e atualização. Isso pode se dar através de cursos livres, formações, leitura de livros, artigos etc.

Dentro do tema abordado neste texto, podemos apresentar algumas obras de Jung, como:

  • Septem Sermones ad Mortuos [Sete Sermões aos Mortos]: onde aparece uma das primeiras ocorrências do termo individuação.
  • Memórias, Sonhos, Reflexões: em que descreve os anos de “confronto com o inconsciente”.
  • O Livro Vermelho – uma leitura mais avançada (não que as anteriores não sejam): onde se encontram os resultados do período do livro anterior.


Também podemos citar autores como Murray Stein, e seu livro “Jung e o caminho da individuação”; mesmo autor de “Jung, o mapa da alma”; bem como “Alquimia e a imaginação ativa”, escrito pela famosa Marie-Louise Von Franz.

Complementando, Tatiana Paranaguá, professora da Casa do Saber, nos oferece uma excelente explanação a respeito de quatro livros para compreender aspectos dos pensamentos de Carl Jung, sua personalidade e a construção de uma psicologia profunda que atua de forma ampla e complexa. As obras possuem estilos distintos, tendo sido escritas pelo próprio Jung, servindo como um importante ponto de partida para a compreensão de tudo o que dissemos até aqui, como também para o que você ainda irá estudar e consultar ao longo do seu desenvolvimento profissional e pessoal.



Como aprender com os cursos da Casa do Saber

A Casa do Saber possui uma curadoria que tem como objetivo oferecer conteúdos que agreguem valor não só às pesquisas, como também na formação dos seres humanos como um todo. Por isso, opta não só pelos clássicos, mas engloba pensadores contemporâneos e temas acessíveis e aplicáveis ao cotidiano individual e coletivo.

Se você já é assinante e busca por conteúdos que tenham a ver com a sua área de atuação, basta clicar em “explorar cursos” para ter uma visão geral do que é apresentado na plataforma – onde cada um deles é dividido em setores autoexplicativos.

Dica:

Caso queira realizar uma pesquisa específica, basta clicar no símbolo da lupa e digitar seu interesse, sendo assim, a plataforma irá apresentar todos os cursos que estejam alinhados à palavra-chave em questão – são mais de seiscentas horas em aulas sobre diversas áreas do conhecimento!

Você também pode buscar pelos professores, seguindo o mesmo padrão – clicando em “nossos professores” ou pesquisando pela lupa que se encontra no canto superior direito.

Para os não assinantes, a chance é agora, pois a Casa do Saber oferece sete dias de acesso gratuito para que seja possível navegar pela plataforma a fim de conhecer cursos, professores e todas as aulas disponíveis.

Os cursos, inclusive, são divididos em aulas com títulos específicos, organizados de acordo com o tema abordado. Isso facilita para o aluno que deseja assistir a módulos separados para complementar algum estudo. Quer uma dica de ouro? Faça anotações separando cursos e aulas; assim, quando precisar pesquisar novamente, escrever um artigo acadêmico ou preparar um trabalho para a faculdade, saberá exatamente onde encontrar o conteúdo para citá-lo.

Agora que já falamos sobre como realizar suas pesquisas dentro da plataforma, que tal explorar o tema da individuação e do sentido da vida com novas perspectivas e olhares?



Filosofia e pensamento contemporâneo, como encontrar significado aqui agora

Agora que você já sabe como explorar os conteúdos da Casa do Saber, é essencial incorporar também perspectivas de pensadores contemporâneos, enriquecendo o olhar singular de Jung.

Um excelente exemplo é Contardo Calligaris, que em seu curso O Sentido da Vida, nos convida a refletir sobre respostas automáticas, como à habitual pergunta “está tudo bem?”. Ele destaca como essa interação frequentemente revela um comportamento inconsciente, já que, na maioria das vezes, respondemos “sim” – mesmo quando não estamos bem.

Isso porque o desejo de evitar desconfortos e a incapacidade de lidar com respostas sinceras podem revelar uma espécie de desconexão entre o eu consciente e os conteúdos mais profundos da psique – podendo ser considerado como um reflexo do hábito de reprimir emoções e pensamentos que não se alinham com a expectativa social de otimismo que nos cerca atualmente – a famosa positividade tóxica –, prejudicando, muitas vezes, a autenticidade das relações humanas.

A conexão entre o inconsciente e o consciente está diretamente ligada à busca por propósito e significado, aspectos fundamentais da jornada humana – que, como vimos anteriormente, Jung denomina de processo de individuação.

Dessa forma, também podemos citar algumas falas de Kaká Werá, que nos traz o poder criador – muito ligado ao exercício da liberdade criadora – como um reflexo de uma possível integração: ao transformar experiências passadas em novas possibilidades, o indivíduo se torna agente de sua própria existência. Essa transformação ocorre no presente, onde o mundo do alto (transcendência), o mundo do meio (vida organizada) e o mundo de baixo (tempo e matéria) convergem, segundo a tradição Tupi.



É necessário que possamos ampliar a forma como estudamos a psicologia – não só a analítica –, uma vez que a atualidade nos demanda olhares variados. Por isso, aqui citamos também Renato Nogueira, que apresenta um olhar sensível sobre como o amor e a infância desempenham papéis essenciais nessa jornada da individuação.

Em seu curso “Qual é o sentido da vida”, ele traz o amor, descrito por Fromm e Reich, como sendo uma força que equilibra e conecta o indivíduo ao mundo, promovendo autoconhecimento e vínculo. A infância, com sua confiança inata e potência criadora, é o estado em que a relação com a vida é mais pura e autêntica. Resgatar essa energia vital, mesmo na vida adulta – e na velhice –, é um exercício de resistência ao esvaziamento do sentido.

Jung também afirma que o envelhecimento não deve ser temido, mas sim encarado como uma oportunidade de refinar e expandir a consciência. E Renato traz o pensamento de Marco Túlio Cícero, que reforça essa ideia ao destacar que a experiência acumulada ao longo da vida nos permite encontrar propósito e gratidão. Esse processo não significa apenas olhar para o passado, mas reconfigurar nossa relação com o tempo, reconhecendo que o futuro é moldado pela qualidade de nossa vivência no presente.

Para finalizar todo esse apanhado, vale dizer que a integração da consciência e do inconsciente nos dá a capacidade de acessar o nosso potencial criador e explorar o desconhecido. Como Jung sugere, essa integração nos conduz ao máximo desenvolvimento da consciência humana, permitindo que transcendamos as limitações impostas pelo tempo e pelo espaço. E, ao abordarmos este tema, é indispensável mencionar Viktor Frankl, criador da Logoterapia, que fundamentou toda a sua abordagem na busca pelo sentido da vida. Para Frankl, a vida nos apresenta constantemente uma pergunta: "O que faremos dela?"





Referências bibliográficas

JUNG, Carl Gustav. Sobre sonhos e transformações. Petrópolis: Vozes, 2014.

JUNG, Carl Gustav. Memórias, sonhos e reflexões. Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 2017.

STEIN, Murray. Jung e o caminho da individuação. São Paulo: Cultrix, 20015.

STEIN, Murray. Jung, o mapa da alma. São Paulo: Cultrix, 2006.

VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia e a imaginação ativa. São Paulo: Cultrix, 2022.

Para Jung, todos estamos imersos no inconsciente coletivo
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Para Jung, todos estamos imersos no inconsciente coletivo
Explore como Jung revelou o inconsciente coletivo, arquétipos e símbolos que nos conectam à experiência humana.

A camada mais profunda da psique humana: o inconsciente coletivo

Jung dedicava-se a um intenso processo de introspecção enquanto enriquecia seus estudos com os relatos e experiências apresentados por seus pacientes. Esse mergulho profundo no inconsciente, realizado sobretudo por meio da análise de sonhos e fantasias, permitiu com que ele explorasse as fontes mais enigmáticas da psique.

Com base nessas investigações, Jung formulou teorias sobre as estruturas gerais da mente humana – aquelas que transcendem a individualidade e pertencem a todos. Assim, denominou a camada mais profunda da psique como inconsciente coletivo, identificando seu conteúdo como uma combinação de forças universais e padrões recorrentes, os quais chamou de arquétipos.

Dessa forma, de acordo com o que a psicologia junguiana chama de inconsciente coletivo, já teríamos uma estrutura psíquica prévia, ou seja, antes mesmo de desenvolvermos nossa psique ela já estaria ali, pronta para se manifestar seus conteúdos, que seriam idênticos em todos os seres humanos.

Em seu livro “Os arquétipos e o inconsciente coletivo”, podemos encontrar um parágrafo que descreve de forma genuína o que Jung nos traz acerca de tal conceito: “É o mundo da água, onde todo vivente flutua em suspenso, onde começa o reino do "simpático" da alma de todo ser vivo, onde sou inseparavelmente isto e aquilo, onde vivencio o outro em mim, e o outro que não sou, me vivência.



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O inconsciente coletivo é tudo, menos algo individual e fechado em si mesmo, é amplo e conectado a tudo que se encontra ao nosso redor, ele é formado por conteúdos que não adquirimos individualmente e que nunca fizeram parte da nossa consciência – eles existem por causa da herança psicológica que recebemos, algo transmitido através das gerações. Uma maneira de entender isso é imaginar o inconsciente coletivo como um vasto oceano, com uma pequena ilha que representa a nossa consciência.

Jung vai além ao afirmar que nossa psique não é uma "tabula rasa", ou seja, não nascemos sem nenhum conteúdo mental. Em vez disso, temos essa herança psicológica que se soma à nossa herança biológica, influenciando quem somos e como vemos o mundo.

Portanto, ao entender o inconsciente coletivo, Jung nos oferece uma visão mais abrangente da psique humana, desafiando a ideia de que não somos apenas produtos das nossas experiências individuais. Dessa forma, podemos considerar a existência de um depósito de saberes e imagens universais que transcendem o tempo e o espaço, conectando todos os seres humanos.

Imagem feita em Inteligência Artificial de uma cabeça humana e vários componentes saindo dela. Ao fundo, céi azul com nuvens e algumas montanhas.

O inconsciente pessoal e a forte carga emocional

Carl Jung não teria alcançado as profundezas da psique sem antes explorar sua camada mais superficial, conhecida como inconsciente pessoal, distinguindo-a do inconsciente coletivo.
Para melhor compreensão, podemos recorrer a uma reflexão de Nise da Silveira, que descreve o inconsciente pessoal como uma camada onde se manifestam percepções, impressões subliminares e representações carregadas de intenso potencial afetivo, sendo assim incompatíveis com a postura consciente – para Jung, eram os complexos afetivos ou apenas complexos, derivados de nossas vivências pessoais marcadas por forte carga emocional:

  • Complexos são padrões emocionais e comportamentais inconscientes.
  • Surgem de experiências emocionais intensas ou traumas.
  • Influenciam o comportamento de maneira inconsciente.
  • Podem gerar reações irracionais.
  • São projetados em outras pessoas, afetando relações.
  • O objetivo da individuação é integrar esses complexos ao consciente.
  • A análise dos sonhos ajuda a entender e integrar os complexos.

Sabe aquele pensamento ou emoção que um dia você sentiu e “nunca mais” se recordou dele? De acordo com a psicologia analítica e seus conceitos, qualquer coisa que saia da nossa consciência por algum motivo não se perde ou desaparece, mas sim fica armazenado no que se chama de inconsciente pessoal, como uma espécie de arquivo temporário da mente.

Em algum outro momento existe a capacidade de que possamos lembrar ou, até mesmo perceber, tais pensamentos ou emoções, mesmo que estejam bloqueados, esquecidos ou escondidos na nossa psique. Mesmo assim, tudo isso pode continuar influenciando ações, sentimentos e escolhas na vida cotidiana, pois, de fato, estiveram sempre ali.

Dessa maneira, Jung nos traz a ideia de que a mente humana é uma vasta rede de camadas interconectadas, onde o inconsciente pessoal, com suas impressões e complexos emocionais, serve de ponte para o inconsciente coletivo, que guarda os arquétipos universais da experiência humana.

Para que possamos entender de forma mais didática, separamos uma tabela comparativa com as principais características de cada um dos “inconscientes”:

INCONSCIENTE PESSOAL INCONSCIENTE COLETIVO
Imagens arquetípicas: Não são universais, mas refletem a experiência e os aspectos culturais de cada pessoa. Arquétipos: Padrões universais de comportamento, imagens e símbolos compartilhados por toda a humanidade.
Possui aspectos culturais: As vivências pessoais de uma pessoa estão frequentemente moldadas pelas normas, valores e tradições da sociedade em que ela vive. Comuns a toda a humanidade: Independentemente de sua cultura ou histórico pessoal. Contém padrões que são compartilhados.
Tem relação com complexos e cargas afetivas: Padrões de emoções, pensamentos e comportamentos inconscientes originados de experiências de vida com forte carga emocional, como traumas, conflitos ou situações não resolvidas. Extrapola as experiências vividas de cada indivíduo: Abarca experiências universais e atemporais, como arquétipos que representam a herança coletiva da humanidade.
Seus conteúdos já estiveram na consciência: Pensamentos ou sentimentos que, por alguma razão, foram afastados da consciência e guardados nesse "arquivo mental". Seus conteúdos nunca passaram pela consciência: Não é algo que tenha sido conscientemente experimentado ou adquirido, mas é transmitido através da herança psicológica.


Dessa forma, a psicologia junguiana procura, principalmente em sua clínica, dar prioridade ao inconsciente individual, porém sem deixar de lado os conteúdos presentes também no inconsciente coletivo.

Pintura de uma mulher cujo rosto é retirado como máscara e ela o segura em uma das mãos. Do buraco criado em seu rosto, sai uma pomba branca.

Os arquétipos, o inconsciente coletivo e uma das suas aplicações na contemporaneidade

A partir da leitura deste e de outros textos da Casa do Saber, mesmo que você não tenha percebido, várias manifestações de arquétipos do inconsciente coletivo podem ter se manifestado. É assim que as teorias de Jung podem ser também analisadas e descritas, afinal, as redes sociais e o universo on-line são uma das ferramentas para acesso aos conteúdos universais.

Trends, memes, emojis e hashtags, criam símbolos diariamente, fazendo com que exista uma manifestação que ressoa com diferentes culturas, independente da localidade.

Dentro desse ambiente digital, essas imagens arquetípicas se mostram de formas simbólicas, refletindo tanto os conteúdos universais do inconsciente coletivo quanto as experiências pessoais do inconsciente individual.

Nas redes sociais, o inconsciente pessoal de cada indivíduo se mistura com o inconsciente coletivo da sociedade digital, criando um espaço onde as imagens arquetípicas podem ser projetadas, distorcidas ou até mesmo amplificadas.

Jung acreditava que o processo de individuação – o desenvolvimento do indivíduo em direção à totalidade e à integração da psique – pode ser facilitado pelo reconhecimento e confronto com esses arquétipos.

Esse processo de individuação, quando aplicado ao ambiente digital, pode ser visto como uma jornada de autodescoberta e integração, onde as pessoas têm a oportunidade de confrontar, expressar e transformar seus conteúdos internos – podendo isso ser benéfico ou não.







Referências bibliográficas

JUNG, C. G. A dinâmica do inconsciente. Petrópolis: Vozes, 1984.

JUNG, C. G. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.

JUNG, Carl Gustav. Sobre sonhos e transformações. Petrópolis: Vozes, 2014.

BONFATTI, Paulo; NOGUEIRA Cátia; BLANCO Manuela; COSTA Marina. Breves considerações acerca do conceito de inconsciente coletivo na psicologia analítica de Carl Gustav Jung. Juiz de Fora: Uniacademia, 2019.




A alquimia no desenvolvimento da psicologia analítica de Carl Jung
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A alquimia no desenvolvimento da psicologia analítica de Carl Jung
Saiba mais sobre a ligação entre psicologia e alquimia, uma das bases para a terapia junguiana de Carl Jung.

No senso comum, quando falamos em alquimia, geralmente, a primeira coisa que nos vem à cabeça é o famoso livro de Paulo Coelho: “O alquimista”, que conta a história de um jovem pastor que parte em busca de seu "tesouro pessoal" após ter um sonho recorrente – o que não se afasta tanto assim do que Carl Jung nos fala sobre o tema.

A alquimia é um processo comentado há muitos séculos pela sua capacidade de transformar metais comuns em ouro, além de alcançar a pedra filosofal. E, para que possamos entender as metáforas e histórias por trás dos símbolos da alquimia e seus significados, a psicologia analítica nos fornece conceitos e elementos estudados e interpretados por Jung, que nos levam ao caminho da transformação interior, ou seja, rumo à individuação.

Imagem estilo chinês, toda em tons de amarelo, que apresenta à esquerda um senhor ajoelhado, oferecendo um cadinho alquímico. Ao centro um cadinho alquímico em tamanho grande, saindo fumaça. À direita, um senhor mostra a figura central para um nobre, com vestimentas elegantes em tons de preto e dourado.

Como Carl Jung alinhou psicologia e alquimia

Em 1928, a alquimia passou a fazer parte da vida de Jung. Isso aconteceu por meio de um texto da alquimia chinesa, que chegou até ele por intermédio de Richard Wilhelm, conhecedor da psicologia analítica e consciente de que o conteúdo estava alinhado às pesquisas de Jung naquela época.

Sem dúvidas, esse foi um dos marcos mais importantes, pois a psicologia junguiana toma a própria alquimia como base para o seu desenvolvimento. Carl Jung recorreu a experiências pessoais e sonhos nesse processo, incluindo também a análise de pacientes que relataram episódios complementares.

Todos os textos eram trabalhados através de linguagem simbólica, em que os símbolos reuniam aspectos da consciência e do inconsciente. Foi então que Jung passou a usá-los não apenas como analogias, mas como forma de compreender e se aprofundar nos processos psíquicos.

As práticas alquímicas, em sua busca pela pedra filosofal – símbolo da iluminação –, refletem o processo pelo qual uma pessoa deve passar para expandir a consciência. Esse processo envolve o desenvolvimento psíquico em direção à individuação, que consiste na integração dos aspectos conscientes e inconscientes da psique.



Também podemos citar que ele enxergava diversos arquétipos nas imagens alquímicas, expressando polaridades como, por exemplo: o sol e a lua, a prima matéria e o ouro, o claro e o escuro. Na psicologia analítica, os arquétipos também estão conectados ao inconsciente coletivo, ou seja, à camada mais profunda da mente humana, compartilhada por todos, sem distinção.

Esse processo alquímico, considerado como uma purificação para a transformação, se refletia no próprio processo de individuação, onde é necessário confrontar a sombra – aspectos reprimidos da psique, os quais não queremos acessar –, para que todos os elementos sejam integrados a fim de alcançar um estado de equilíbrio.

De forma mais simples: no processo de individuação, precisamos ser os próprios alquimistas trabalhando a matéria-prima bruta – sombra –, com o objetivo de transformá-la em ouro – autoconhecimento. Mas nem tudo é tão fácil como parece.

Pintura onde um  senhor de barba branca e vestimentas marrons, segura um frasco de vidro de laboratório, contendo um líquido dourado. Em sua frante, se encontra um segundo recipiente, que brilha como se fosse uma luz solar. Ao fundo, um forno à lenha.

O processo de transmutação para alcançar a pedra filosofal

O Opus Alquímico, também conhecido como a Grande Obra, é o termo utilizado para se referir ao processo de transformação que o alquimista busca alcançar – a transmutação de um estado inferior para um estado superior –, criando assim a pedra filosofal.

Ele é dividido em duas partes: operações – atividades realizadas em laboratório – e teoria – aquilo que pode ser observado, meditado e especulado. Sua fundamentação se dá na filosofia hermética, de Hermes Trismegisto e, ao longo do processo histórico, acabou sendo acrescido de ideias dogmáticas cristãs.

Como dito anteriormente, Jung utiliza desse processo como uma metáfora para a individuação, ou seja, a busca pelo autoconhecimento e a integração das diversas partes da psique, tanto conscientes quanto inconscientes. O Opus Alquímico seria então, um caminho simbólico que reflete as etapas da transformação psicológica, tendo alguns elementos principais e etapas específicas:

FASES DA ALQUIMIA DO QUE SE TRATA O PROCESSO
Prima matéria Ponto de partida para a transformação. Na psicologia analítica, é considerada como o estado inicial da psique – aspectos não reconhecidos, reprimidos ou que estão na sombra.
Nigredo Simboliza o enfrentamento da sombra, das partes mais negligenciadas da psique, daquilo que não se quer acessar e que está reprimido no inconsciente. Na análise, pode ser considerada como o momento de confronto, difícil e doloroso, onde medos e traumas tendem a aparecer para serem transformados.
Albedo É onde há a clareza, a fase em que os aspectos sombrios da psique já foram transformados, equilibrados e trazidos à consciência. Nesta fase, é onde acontece a integração dos opostos, além de uma profunda compreensão de si mesmo.
Rubedo Fase final onde ocorre a unificação de todas as partes da psique. Ela representa a conclusão da transformação e a integração total do inconsciente com a consciência – a criação da pedra filosofal, ou seja, o self integrado. Podemos considerar como exemplos para esta fase Buda e Jesus, pois é aqui que ocorre a iluminação.


Mas não podemos nos ater apenas às fases do Opus Alquímico, visto que para que a prima matéria comece seu processo, precisamos pensar também na ideia de Kairós, que nos traz a necessidade de um tempo – momento – adequado para que o trabalho alquímico seja iniciado.

Na clínica, por exemplo, durante o processo terapêutico, o paciente só conseguirá acessar um trauma – um aspecto de sua sombra – quando já tiver passado, previamente, por outras etapas da análise, ou seja, “é chegado o seu Kairós”.

Também é necessário que exista um processo de introspecção e reflexão profunda, denominado meditatio, onde é preciso manter um diálogo com aspectos internos da psique que, muitas vezes, podem ser representados por imagens arquetípicas de anjos da guarda, guias, mentores, gurus ou outras facetas do si mesmo – permitindo assim um contato com a subjetividade, proporcionando uma maior compreensão de elementos do inconsciente.

A partir disso, pode-se concretizar aspectos psíquicos através da imaginatio, que se expressa de símbolos – linguagem de expressão do inconsciente. Isso faz com que tais aspectos se tornem visíveis, pois foram trazidos à consciência. Para que sejam compreendidos, é necessário que esses símbolos estejam conectados a algo já conhecido, para que possam ser revelados.

O Opus Alquímico também necessita de um local apropriado para a operação, como se o “vaso” onde a alquimia é feita servisse como um útero para a própria gestação da pedra filosofal. Muitas vezes, esse lugar, no caso da terapia junguiana, será o próprio setting terapêutico.

Essa é uma atividade considerada sagrada, pois lida com o sublime, se tratando de uma atuação quase secreta ao próprio alquimista, pois ele conhece apenas uma parte do trabalho, enquanto parte dessa busca é ocultada por ela mesma e jogada no inconsciente.

Pintura com um homem vestido de azul, com cabelos e barbas grisalhos, sentado em uma cadeira, utilizando um fole para aumentar o pequeno fogo que se encontra abaixo de um recipiente. Ao seu lado, no chão, encontram-se alguns livros abertos, além de vidros de laboratório.

O que é alquimia e seu desenvolvimento

Assim como a natureza oferece os metais como matéria prima para que o alquimista a transforme em ouro, o inconsciente – ou a vida em geral – nos oferece potencialidades a serem trabalhadas para a integração dos opostos no processo de individuação, a partir da tomada de consciência.

É importante dizer que um dos conceitos fundamentais da alquimia é de que nada é criado do zero, mas sim existe a transformação de tudo. Como na famosa frase: “Na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”, do químico francês Antoine-Laurent Lavoisier (1743-1794), que corresponde à Lei da Conservação das Massas.

De certa forma, essa é uma frase alquímica, pois todas as potencialidades existentes se encontram em nossa psique desde o momento do nascimento. Até porque, quando falamos que é necessário um “vaso” que se assemelha ao útero para que o processo ocorra, muitas vezes, esse retorno ao útero se faz necessário em terapia, com o objetivo de que certos conteúdos do inconsciente sejam acessados para que haja sua integração.

Nesse contexto, a prima matéria é tudo aquilo que é intrínseco ao ser humano – pensamentos, ações, comportamentos, emoções – e, do ponto de vista psicológico, são esses elementos que irão passar pelas transformações do processo alquímico.



Na psicologia analítica, os primeiros aspectos com necessidade de transmutação e aperfeiçoamento são provenientes da sombra, ou seja, tudo aquilo que é rejeitado e ignorado acaba sendo recalcado ou esquecido no inconsciente. E, para além desse conteúdo, também existe o macro, denominado de inconsciente coletivo, que nos influencia através dos arquétipos, conforme já mencionado.

Pintura com um homem de barbas e cabelos grisalhos, misturando um conteúdo em um mini pote, segurando na mão esquerda um livro. Na mesa, alguns potes e uma ampulheta. Ao chão, perto da mesa, alguns livros abertos, enquanto do lado esquerdo, ao fundo da pintura, uma pessoa de joelhos acende uma espécie de forno, onde encontram-se vários frascos de laboratório.

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Psicologia e alquimia, do que fala o elemento

Muitos dos processos alquímicos estão intimamente relacionados aos elementos água, fogo, terra e ar, principalmente devido ao paralelo que é feito com os metais. Por exemplo, uma espada é forjada através do refinamento de um metal específico, exposto ao fogo, seguido de seu resfriamento na água. Da mesma forma, ocorre com o material psíquico, que Jung divide da seguinte forma:

  • Calcinatio: elemento fogo. Tem relação com a Rubedo e representa a purificação das chamas. Também é tido como representação das paixões fulminantes e da raiva. Ou seja, se não for um aspecto devidamente trabalhado, tende a ser destrutivo – para o próprio indivíduo ou pessoas ao redor.
  • Solutio: elemento água. Representa a dissolução de aspectos enrijecidos da psique, comportamentos que acabaram sendo consolidados. Pode ser relacionado com a fragilidade, pois para o líquido não existe certo contorno. Ao se quebrar em partes, a quantidade de energia psíquica liberada pode ampliar outros aspectos, afrouxando o sofrimento da consciência. Muitas vezes, no processo de transferência, o paciente identificado com tal reação alquímica tende a se dissolver no terapeuta em busca desse contorno.
  • Sublimatio: elemento ar. Representa a elevação e a transcendência de conteúdos psíquicos. Esse processo busca libertar o indivíduo de padrões mais densos ou materiais, permitindo que sua consciência alcance níveis mais elevados. A Sublimatio está ligada à capacidade de abstração, insight e compreensão de significados mais profundos.
  • Coagulatio: elemento terra. Simboliza a concretização, a materialização de conteúdos psíquicos antes dispersos ou abstratos. Esse processo corresponde à integração dos aspectos inconscientes na consciência, permitindo que ideias e potencialidades se tornem tangíveis e úteis na vida prática. A Coagulatio é essencial para que o trabalho psíquico realizado encontre um equilíbrio sólido e funcional no dia a dia.

Essas quatro operações nos oferecem uma metáfora para a compreensão da jornada alquímica, pois, eventualmente, elas chegarão para todos. Não podemos considerar um passo a passo ou uma jornada linear, mas um caminho com avanços e regressões, idas e voltas, por muitas vezes longo e sinuoso.

À esquerda, um desenho com a figura de um ouroboros, com um pentagrama ao centro, com símbolos e signos, além de uma escrita em hebreu. Do lado esquerdo um sol, do lado direito uma lua, ao centro um olho. Abaixo, um diabo com asas e um rei. À direita, um homem prepara um líquido em um grande frasco enquanto segura uma ampulheta. Abaixo ainda temos a representação de vários símbolos alquímicos como se fosse uma tabela periódica.

Alquimia e terapia, o paralelo da expansão da consciência

A psicologia junguiana, assim como o processo alquímico, envolve uma interação constante entre o mundo interno e externo, onde a matéria – as experiências vividas – refletem os conteúdos psíquicos.
O analista e o paciente trabalham em conjunto para decifrar esses reflexos, projetados nas situações rotineiras ou em eventos que parecem unicamente externos. Trata-se de um processo sutil, pois lida com feridas psíquicas – a sombra.

Portanto, é necessário que o indivíduo respeite seu próprio tempo – Kairós –, para que o seu Opus Alquímico aconteça. Mas mesmo em momentos de pausa (da terapia), o desenvolvimento psicológico não cessa; ele ocorre de forma orgânica, sendo impulsionado pela força natural de evolução da psique.

Acessar tais elementos, por mais doloroso que possa parecer o confronto com a sombra, gera potencial para a transformação da psique e o processo de individuação. Então, assim como o alquimista transforma metais brutos em ouro, o paciente é capaz de transmutar dores e dificuldades em autoconhecimento, integrando seus opostos e ampliando assim sua consciência.

Para tal, o analista tende a ser visto como um elemento fundamental, também como sendo alquimista que, como descrito na citação abaixo, convoca o paciente a tomar posse de sua própria psique:

“Geber requer do artifex as seguintes qualidades psicológicas e caracterológicas: ele deve ter o espírito extremamente sutil e dispor de conhecimentos suficientes acerca dos metais e dos minerais. Assim pois não pode ser grosseiro de espírito ou rígido, nem pode ser voraz ou cobiçoso, indeciso e inconstante. Não deve ser apressado ou presunçoso. Pelo contrário, deve ter firme propósito, longanimidade, perseverança, paciência, docilidade e moderação.”

(Apud Carl Gustav JUNG, Psicologia e Alquimia, p. 282-3).


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Referências bibliográficas:

JUNG, Carl Gustav. Psicologia e alquimia. Petrópolis: Vozes, 2016.

STEIN, Murray. O mapa da alma. São Paulo: Cultrix, 2006.

VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia e imaginação ativa. São Paulo: Cultrix, 2022.

Jung, arquétipo e o inconsciente coletivo na psicologia analítica
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Jung, arquétipo e o inconsciente coletivo na psicologia analítica
Descubra os conceitos primordiais da psicologia junguiana: arquétipos e inconsciente coletivo, a partir de uma linguagem acessível. Leia agora!

É provável que você tenha ouvido algum conto de fadas quando era criança, conhecido histórias antigas de mitos ou se deparado com figuras religiosas estampadas em quadros expressivos. Dentro desse contexto, na época, não tinha conhecimento suficiente – uma consciência expandida – que ajudasse na interpretação das principais características dos arquétipos ali inseridos.

Neste texto, à luz da psicologia analítica, os símbolos dos signos serão decifrados a partir de uma pincelada no inconsciente coletivo, conceito amplamente discutido por Jung a fim de que a psique humana possa ser compreendida em sua totalidade e complexidade.

Jung, o conceito de arquétipo e o inconsciente coletivo

O processo histórico é essencial para que possamos entender a atualidade e, quando falamos de arquétipos – um dos principais conceitos da psicologia junguiana –, existe uma necessidade ainda maior de ampliarmos nossos olhares, com o objetivo de construirmos uma base bem estruturada para analisarmos algo que não se pode medir em palavras, que é inefável.

Jung era um psiquiatra que se denominava psicólogo; seus longos anos de estudo foram baseados nos fenômenos, não deixando que as teorias viessem antes. Toda essa experiência pregressa à teorização lhe proporcionava um rico saber, visto que, para ele, poderiam valer mais do que milhares de escritos. Dessa forma, em sua clínica, era primordial que a fala do paciente fosse colocada à frente de qualquer tipo de conceito ou teoria, o que é aplicado até os dias atuais.

No caso da análise, o psicólogo busca explorar e compreender todas as dinâmicas existentes internamente compondo a psique, ou seja, trabalha-se tanto o consciente como o inconsciente – que se apresenta das mais diversas formas, como nos sonhos, símbolos ou arquétipos.



Acessar o consciente é uma tarefa quase palpável, mas, no caso do inconsciente, é como descascar uma cebola, são tantas camadas que, na maioria das vezes, nos perdemos antes de chegarmos ao seu miolo.

Por isso, Carl Jung trazia como forte argumento que não se podia reduzir todos os aspectos da experiência humana a explicações psicológicas – o que denominava de psicologismo –, pois, dessa forma, estaríamos limitando toda a compreensão da psique e do próprio mundo através de uma visão reducionista.

Para a psicologia junguiana, o inconsciente não é um depósito de conteúdos reprimidos. Mas de onde vem esses conteúdos que não passam pela consciência? Como eles podem se expressar de forma tão influente sem que estejam necessariamente relacionados com a vida pessoal?

foto de Carl G. Jung

O inconsciente coletivo como uma das suas mais originais contribuições

A partir de seus questionamentos e estudos, Jung ia cada vez mais fundo nos materiais do inconsciente, explorando sonhos e fantasias dos seus pacientes, bem como materiais oriundos do seu trabalho pessoal de introspecção. Isso o levou a criar teorias e desmembrar as estruturas da psique, onde descobriu que algumas delas eram inerentes a todos os seres humanos, como no caso do inconsciente coletivo – sua camada mais profunda.

Um dos pontos marcantes para que chegasse a tal entendimento, foi um sonho tido por ele, onde uma casa de vários andares se mostrava como uma descida ao recôndito da psique. Nesse sonho, Jung explorou os diversos níveis, como sendo camadas do inconsciente, onde os mais altos eram organizados – representando a atualidade –, enquanto os mais profundos se encontravam abandonados – com a presença de crânios que remontavam ao primitivo. Só então, Carl Jung fez sua primeira menção ao inconsciente coletivo.

Não à toa, na mesma época, havia toda uma dedicação de sua parte ao estudo da mitologia, seus simbolismos e povos antigos, aprofundando-se nas teorias de Friedrich Creuzer.

De acordo com o que ia observando, ouvindo e experienciando, elaborou a ideia de que o conteúdo contido no sonho – e nessas partes mais profundas do inconsciente – era uma combinação de forças e padrões universalmente predominantes, que denominou de arquétipos e instintos. Nesse nível, nada seria individual ou único, o inconsciente coletivo não seria fruto da nossa vivência, mas sim um local onde todos nós estaríamos imersos.

A noção de Jung de arquétipos começou quando ainda colaborava com Freud, tendo sua origem localizada nas obras que escreveu no período entre 1909 e 1912. A exploração e a descrição do que Jung denominou inconsciente coletivo foram os elementos que conferiram à sua obra o caráter mais marcante e singular.

imagem de simbolos, olhos, mariposas e uma pessoa pensando representando inconsciente coletivo

O que é arquétipo

Ao contrário do que muitos acreditam, o arquétipo não é uma construção cultural, pois não foi criado por nós. Na realidade, é ele quem nos molda, e é a partir do seu impulso que também desenvolvemos a nossa consciência.

Para além, as construções culturais são responsáveis pelos símbolos arquetípicos, que facilitam o acesso à energia arquetípica, moldando a totalidade da experiência humana. Esses símbolos funcionam como dons que a natureza oferece, sem distinção de classe, credo, cor ou gênero.

Existem alguns arquétipos básicos, que estão presentes em todas as pessoas e acessíveis a elas – são a base para a construção de experiências. Porém, vale ressaltar, que nem sempre serão constelados de uma forma consciente por todos, a manifestação dos arquétipos de Jung dependerá da sintonia de cada um no contexto dessa linguagem simbólica do inconsciente. Confira alguns deles:

ARQUÉTIPOS JUNGUIANOS PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
Self É a parte central da psicologia analítica, sendo identificado como quem realmente somos, uma busca pela totalidade e pela individuação.
Ego Também com muita relevância para as teorias apresentadas por Jung, o ego é a nossa identidade consciente, como nos percebemos e como queremos ser percebidos pelo outro. Ego e Self equilibrados acabam sendo fundamentais para a jornada de individuação.
Sombra A maioria das pessoas não deseja ter acesso a esse arquétipo, por se tratar da parte reprimida ou considerada como obscura da personalidade. Compreender a própria sombra também faz parte do processo.
Anima e Animus Representando o feminino e o masculino, respectivamente, estão em todos nós, independente do sexo biológico, auxiliando assim a dinâmica de integração dos opostos.
Herói Coordena uma série de símbolos de forma característica para expressar a realização de grandes feitos, muito bem representados quando analisamos a vida de profetas. Ele exige o abandono do pensamento fantasioso infantil, para que a realidade seja aceita de um modo ativo.
Mãe e Pai Não se restringem a figuras parentais literais; eles se manifestam em papéis e comportamentos que podem ser assumidos ao longo da vida, como por exemplo: nutrição, amor, cuidado e o útero, no caso da mãe; e autoridade, lei, racionalidade e disciplina, no caso do pai.
Criança Este arquétipo aparece em muitos mitos, contos de fadas e sonhos como a criança divina, o bebê milagroso ou o herói infantil. Pode ser associado a momentos de transformação e novos começos. Simboliza a pureza, o lado instintivo e espontâneo do ser humano.
Velho sábio Simbolizando sabedoria, orientação e conhecimento profundo, o arquétipo do velho sábio representa a conexão com o inconsciente coletivo e a capacidade de oferecer soluções ou conselhos. Dessa forma, muitas vezes, é associado à figura do mentor, guia ou ancião, em mitos, contos de fadas e narrativas culturais.


Os arquétipos, como fonte primordial de energia e padronização psíquica, constituem a base essencial dos símbolos psíquicos, são como matrizes do funcionamento dos símbolos que expressam a normalidade e a patologia. No entanto, as imagens arquetípicas frequentemente correm o risco de serem confundidas com uma psicologia espiritualizada, desprovida de um embasamento sistematizado.

Dessa forma, é fundamental que saibamos fundamentar tais discussões na vida e em tudo aquilo que é vivido no corpo humano, entrelaçando as histórias pessoais, a exploração da psique, o corpo e a mente.



A partir disso, Jung traz a ideia de que o homem não nasceu da tábula rasa, mas sim inconsciente, possuindo muitas informações que não adquiriu por si, mas que herdou dos seus antepassados, mesmo das mais remotas origens. Ou seja, se compõe de um sistema organizado, advindo de milhões de anos de desenvolvimento, assim como os pássaros que constroem seus ninhos ou tartarugas que colocam seus ovos na mesma praia onde nasceram – o plano básico da sua natureza coletiva, um plus forts que vous (mais fortes do que a gente).

pintura de narciso

As manifestações dos arquétipos na contemporaneidade

Com todos esses conceitos e teorias da psicologia junguiana, às vezes, paira no ar o questionamento de como os arquétipos e suas principais características podem influenciar no desenvolvimento de uma personalidade, então, para clarificarmos o que trouxemos até aqui, vamos entender como eles moldam não apenas nossas histórias, mas também nossas identidades.

Ao nos relacionarmos com essas figuras arquetípicas, através dos mitos, filmes ou até mesmo em nossa própria vida, começamos a reconhecer partes de nós mesmos, acessando camadas mais profundas da psique, como falado anteriormente, sendo assim, a compreensão permite que possamos integrar esses aspectos de forma mais consciente. Cada arquétipo, com seus padrões e símbolos, tem o poder de influenciar decisões, medos, motivações e desejos que guiam nossas ações no mundo.

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Nos contos de fadas, como em “Branca de Neve e os Sete Anões”, o arquétipo do herói é personificado pelo príncipe, enquanto o arquétipo da criança divina é simbolizado por Branca de Neve, que embarca em uma jornada de transformação e confronta sua sombra. Já em “A Bela e a Fera”, Bela representa o feminino consciente – Anima –, enquanto a Fera vivencia o processo de integrar sua sombra masculina em busca de aceitação e transformação.

Os mitos também são fonte de consulta quando o assunto é arquétipo, como no caso de Thor, na mitologia nórdica, onde Thor é o próprio herói, defendendo o mundo contra forças malignas, enquanto seu martelo, Mjöllnir, simboliza poder e proteção, enquanto também reflete o processo de confronto com a sombra, representada pelas forças do caos e da destruição. A mitologia grega nos traz o mito de Narciso, que nada mais é do que o arquétipo do ego, que se encontra inflado, com uma grande obsessão consigo mesmo – essa representação nos traz também a sombra, pois esse ego não está “saudável”.

Filmes são amplamente trabalhados com base em personalidades relacionadas aos arquétipos, em que a psique humana se depara com o que há de mais óbvio; por serem tão evidentes, muitas vezes, tais contextos acabam passando despercebidos. Alguns dos mais famosos são:

  • "O Senhor dos Anéis" – de Tolkien –, onde a jornada de Frodo é um exemplo clássico de individuação.
    • Arquétipo do velho sábio (Gandalf).
    • Arquétipo do herói (Frodo).
    • Arquétipo da sombra (Smigol).


  • "Star Wars" – de George Lucas –, que consiste em um processo de transformação psíquica ao longo da saga.
    • Arquétipo do herói (Luke Skywalker).
    • Arquétipo do velho sábio (Yoda).
    • Arquétipo da sombra (Darth Vader).


  • "O Rei Leão" – da Disney –, onde o personagem principal precisa confrontar sua sombra para alcançar a individuação.
    • Arquétipo do herói (Simba).
    • Arquétipo da sombra (o passado e Scar).
    • Arquétipo do velho sábio (Rafiki).


E, claro, ícones da cultura pop também devem ser mencionados, como:

  • "Game of Thrones" – de George R.R. Martin.
    • Arquétipo do herói (Jon Snow).
    • Arquétipo da sombra (Cersei Lannister).


  • "Vingadores: Ultimato" – da Marvel Studios.
    • Arquétipos de heróis (Capitão América e Homem de Ferro).
    • Arquétipo da sombra (Thanos).


  • "Stranger Things" – de Matt e Ross Duffer.
    • Arquétipo do herói (Eleven).
    • Arquétipo da sombra (Demogorgon).
    • Arquétipo do velho sábio (Jim Hopper).


Ao considerar temas e cenários arquetípicos, como os citados acima, as pessoas, muitas vezes, se veem caindo em uma armadilha. É como estar em um labirinto sem saída, onde o ego, que sempre tenta evitar enfrentar seus desafios internos e responsabilidades, se vê sem alternativas.

Esse é o ponto onde a jornada interior, segundo os conceitos de Jung aqui apresentados, exige que se encare suas questões, pois, até que essas questões sejam resolvidas, a liberdade não será alcançada.

imagem do filme 'o rei leão' da Disney

Como se aprofundar nos símbolos dos signos e nos arquétipos

Todos nós nascemos integrados ao inconsciente coletivo, repleto de arquétipos que, ao longo da vida, vão sendo atualizados, manifestados – constelados – ou não. Esses padrões originais têm uma base profunda e única, que vai além do que podemos compreender de forma cognitiva. Para isso, Jung utiliza o termo alemão Selbst o si-mesmo ou arquétipo central, aquele que é da ordem e da totalidade do homem.

Dessa forma, inicialmente, esses “pacotes de informação” transitam pelo inconsciente coletivo, onde são, de certa forma, influenciados por outros conteúdos já presentes nesse nível da psique. Posteriormente, eles emergem para a consciência, podendo se manifestar sob a forma de intuições, visões, sonhos, percepções de impulsos instintivos, imagens, emoções e ideias.

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Referências bibliográficas

JUNG, Carl Gustav. Sobre sentimentos e a sombra. Petrópolis: Vozes, 2015.

JUNG, Carl Gustav. Sobre sonhos e transformações. Petrópolis: Vozes, 2014.

JUNG, Carl Gustav. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1995.

STEIN, Murray. Jung, o mapa da alma. São Paulo: Cultrix, 2006.

VON FRANZ, Marie-Louise. Alquimia e a imaginação ativa. São Paulo: Cultrix, 2022.

Interpretação dos sonhos, Jung e o processo de análise
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Interpretação dos sonhos, Jung e o processo de análise
Os sonhos não são meras atividades aleatórias do inconsciente, funcionam como ferramenta de autocompreensão e desenvolvimento psíquico.

Com o que você sonhou hoje? Escrever um diário com os episódios desse “streaming noturno” tem se tornado rotina de muitas pessoas, especialmente aquelas que estão em processo de análise, em busca da interpretação dos sonhos.

Geralmente, o objetivo é que a psicologia junguiana auxilie no entendimento não apenas dos elementos presentes, mas também do simbólico e dos arquétipos que compõem a longa jornada entre as diversas atividades cerebrais e psíquicas do sono. Para Jung, isso sempre era um mistério e, para nós, também costuma ser.




Como a análise dos sonhos se torna possível com a psicologia analítica

Segundo Sidarta Ribeiro, no curso "A arte de sonhar: história, ciência e futuro dos sonhos", a capacidade de sonhar é um reflexo da evolução da espécie. Ao longo desse processo, o cérebro se desenvolve em camadas, passando por modificações que se tornam adaptativas, estabelecendo a base para futuros avanços.

Nesse contexto, os animais mamíferos apresentam uma característica marcante: a necessidade de aprendizado cerebral e o amadurecimento por meio de um repertório de memórias. Assim, o sonho e a brincadeira desempenham papéis importantes, auxiliando nessa dinâmica – em um ambiente seguro e afastado da supervisão parental.

Como sendo expressões do inconsciente, para Jung, os sonhos se dão a partir de uma lógica própria, que está para além da consciência. Dessa forma, o inconsciente se comunica através de conteúdos oníricos, que podem ser compostos por cenários, situações, imagens, sentimentos, memórias e até mesmo emoções.

É importante ressaltar que eles não são fenômenos que se delimitam em interpretações únicas – sem sentidos ambíguos –, mas sim com inúmeras possibilidades de análise e significados. Algumas definições foram trazidas por Carl Jung ao apresentar um método de interpretação dos sonhos, em um dos seminários sobre sonhos de crianças, proferido por ele entre 1936 e 1941. São elas:

  • O sonho reflete a resposta do inconsciente a uma experiência ou situação vivida na consciência, ou seja, o sonho traz conteúdos que, de maneira complementar ou compensatória, refletem a impressão deixada pelas experiências do dia. Ele só acontece porque alguma coisa específica foi vivida no dia anterior e precisa ser trabalhada enquanto dormimos.
  • Ele pode ser visto como uma mistura de duas realidades: a que vivemos acordados – consciência –, e a que vem do nosso inconsciente. Na maioria das vezes, não conseguimos apontar um motivo claro do nosso dia para determinada manifestação, sendo assim, o inconsciente cria algo novo e totalmente diferente, entrando em conflito com o que sabemos e vivemos, dando origem ao sonho.
  • Também é uma forma do nosso inconsciente tentar dar um toque peculiar na maneira como vemos e percebemos as coisas de forma consciente. Às vezes, o que sonhamos é tão forte e estranho que acaba influenciando atitudes e, até mesmo, a forma de pensar – um empurrãozinho para sair da estagnação, de vez em quando, vai bem.
  • Alguns deles são bem diferentes e difíceis de entender, já que se apresentam sem relações diretas com o que está sendo vivenciado durante o dia. Sem pé nem cabeça e com surpresas épicas – ou não –, também oferecem significados profundos e importantes. Podem, inclusive, surgir como revelações ou avisos, deixando uma sensação de clareza e ensinamento adquirido.


Muitas pessoas acabam acreditando que os sonhos se limitam ao mundo interno, porém é importante salientar que, na verdade, eles podem refletir percepções sutis do inconsciente, capazes de influenciar aspectos psicossomáticos da saúde e também da doença. No entanto, diagnósticos e prognósticos baseados em sonhos dificilmente seguem uma lógica categórica como no modelo médico atual, o que os torna inadequados para um tratamento sistemático com rigor técnico-científico.

Pintura surrealista em cores vivas, com uma mesa ao centro e elementos dispostos: árvores em miniatura, moldura de quadro e coreto. Ao fundo, um céu multicolorido, com nuvens cinzas e duas janelas.

Sonhos complexos e seu conteúdo onírico

No mesmo seminário, Jung traz uma estrutura que auxilia no desmembrar de sonhos complexos, facilitando a visualização dos conteúdos oníricos, que podem ser classificados de duas formas: manifestos – como o sonho é lembrado pelo sonhador, através dos elementos que aparecem na consciência ao acordar –; e latentes – associados aos significados ocultos ou inconscientes por trás do sonho (desejos, medos, memórias reprimidas e conflitos internos, por exemplo).

Para a interpretação dos sonhos, pode-se considerar os aspectos apresentados no esquema geral trazido abaixo, pois é uma estrutura típica e, segundo ele, dramática:

PARTES DO SONHO PRINCIPAIS DETALHES
Local ou lugar Espaço onde o sonho ocorre, bem como sua época e “Dramatis Personae” – pessoas que sejam protagonistas, antagonistas e personagens secundários, bem como suas relações, características e papéis desempenhados.
Exposição Como o problema se apresenta.
Peripécia (reviravolta ou mudança súbita) Introdução a uma mudança que, no entanto, também pode resultar em um desfecho catastrófico.
Lýsis (solução ou desfecho) Momento em que os conflitos do sonho são resolvidos, conduzindo ao seu possível término. Desfecho que faz sentido para o sonhador, apresentando a natureza compensatória do enredo do sonho.


Com tal esquema, Jung nos oferece um direcionamento capaz de auxiliar no processo de interpretação dos tipos de sonhos e seus significados, onde direciona para uma espécie de desmembramento de características e elementos, atribuindo funções, símbolos e formas a esse conteúdo onírico, como citado anteriormente.

Para isso, é essencial concentrar-se na imagem inicial, utilizando-a como uma espécie de núcleo central. A observação deve ser direcionada e focada, abandonando a ideia de associação livre – que permite aos pensamentos fluírem sem restrições, muitas vezes distanciando a mente do sonho e de sua imagem principal.

A partir dessa abordagem, as camadas do sonho podem ser exploradas de maneira estruturada, garantindo que a imagem central permaneça como base sólida para as associações que se desenvolvem ao seu redor.

Jung também compartilha algumas perguntas que foram utilizadas em casos de análise de sonhos com seus pacientes, tendo "x" como a imagem central:

  • O que vem à mente em relação a x, o que pensa sobre isso?
  • O que mais vem à mente em relação a x?


Quem está à frente de um sonho analisado é sempre o sonhador, um fator que se alinha com a ideia da psicologia analítica de que a fala do paciente vem antes de qualquer teoria.

Pintura surrealista em cores vivas. Chão de areia, como um deserto, onde, ao fundo, observa-se lagoas que se misturam à areia. Céu em tons de azul e laranja com balões voando. Árvore ao fundo e destaque para um relógio vertical antigo, com maquinário exposto, que marca 11h10.

Sabemos interpretar todos os sonhos?

O psicólogo ou analista não sabe do que se trata o sonho e seu significado, não faz ideia ou tem a mínima noção do modo como a imagem onírica se encontra na mente de cada uma das pessoas; é preciso que os símbolos e arquétipos façam sentido para aquele que traz a mensagem, para que possa ser interpretada à luz dos conceitos junguianos.

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Amplificar cada um dos elementos do sonho faz com que eles tomem forma – no sentido de se tornarem visíveis. Sendo assim, anotar todas as ideias e expressões que surgem individualmente, irão auxiliar na compreensão do significado como um todo, chegando ao real sentido do fenômeno.

As imagens precisam ser acompanhadas de um contexto, para que possam ser interpretadas por inteiro, sem contar que essa “estratégia” se dá a partir de uma amplificação pessoal e, claro, não podemos nos esquecer daquilo que é coletivo, das imagens universais. Ou até mesmo da cultura onde estamos inseridos, uma vez que as nossas figuras de linguagem já estão envoltas em diferentes tipos de símbolos. De maneira geral, um brasileiro sonhando com um elefante pode associar a imagem a um zoológico, enquanto, para um indiano, ela pode estar ligada a um festival sagrado.

Para esses sonhos onde imagens coletivas – que temos pouca ou nenhuma associação – se encontram em primeiro plano, acabamos não sabendo qual o contexto daquele conteúdo onírico, demandando muito esforço para que os sentidos sejam revelados e entendidos.

Os estudiosos da psicologia analítica sabem o quanto mitologias são importantes para a construção de um embasamento amplo, onde se possa acessar e coletar informações sobre diferentes símbolos, além dos motivos mitológicos. Não à toa, um dos principais sonhos de Jung o levaram a desenvolver um dos seus principais conceitos: os arquétipos.

Pintura surrealista com um homem com vestes orientais ao cenro, parado em um pequeno monte de pedra e grama, que se estende para um lago que se mistura com o céu. Tons de verde, laranja, rosa e azul compõem o chão; enquanto o céu é laranja degradê para o mais escuro do azul. Ao fundo nuvens e um imenso sol, enquanto, ao lado esquerdo, se apresenta, ao longe, um castelo com uma lua.

Para quê você está sonhando?

A psicologia analítica considera os sonhos como um fenômeno natural, não sendo intencional e contendo um modo muito específico de funcionamento, que não é proveniente de vontades, desejos, intenções ou objetivos da consciência.

Por ser algo tão intangível, tem como característica o esquecimento do sonhador, pois sua qualidade efêmera o desconecta do estado desperto, ou seja, quando acordamos, na maioria das vezes, nossa “memória sonhadora” se apaga.

Para Freud, os sonhos funcionam como uma janela para o inconsciente, desempenhando duas funções principais: realizar desejos reprimidos e proteger o sono.

Quando esses desejos são inaceitáveis ou difíceis de lidar, eles se manifestam de forma camuflada nos sonhos, permitindo que sejam explorados de maneira mais aceitável – mesmo conteúdos perturbadores encontram uma forma simbólica de expressão. Ao mesmo tempo, os sonhos têm um papel protetor, garantindo que o descanso não seja interrompido.

Podemos oferecer a Freud um grande mérito, pois foi ele quem abriu o caminho para que possamos interpretar os sonhos, tendo reconhecido, antes de tudo, que a interpretação de nenhum dos conteúdos oníricos pode se dar sem a colaboração do próprio sonhador – o que também é colocado por Jung.

As palavras que formam o relato de um sonho não possuem um único significado, mas múltiplos. Por exemplo, todos sabem o significado da palavra “elefante”, mas o que compõe o sonho como um todo, é muito mais amplo do que uma simples consulta a um dicionário.

Para a interpretação, é necessário contar com a colaboração do sonhador para restringir a variedade de significados das palavras, guiando a análise até o ponto central, onde não restem mais dúvidas.

Do ponto de vista da psicologia analítica, devemos nos questionar sobre o "para quê" – qual é o propósito – de ter tido um sonho específico, em vez de perguntar "por que" se teve. Essa abordagem, buscando entender o objetivo final, deve guiar a análise dos sonhos, pois, frequentemente, não encontraremos uma explicação imediata para um determinado conteúdo.



Durante o processo de interpretação, diversas hipóteses irão aparecer, isso porque o sonho pode ser tão confuso e denso, que demore a fazer sentido – inclusive, existem pacientes que entendem determinados episódios muitos anos depois.

Segundo Von Franz, é algo que acarreta um grande esforço físico, não apenas mental e ela diz: “O inconsciente, entre outras coisas, é um grande brincalhão, e às vezes ele fala direto – bang! Ao anotar o sonho, você dá uma gargalhada e sabe o que significa. Entretanto, muitos dos nossos sonhos não são assim tão óbvios.”

Ela ainda traz a ideia de que não devemos interpretar nossos próprios sonhos, uma vez que eles tendem a tocar em nosso ponto cego, ou seja, nos mostram aquilo que não sabemos – e que, muitas vezes, não queremos acessar. Nesse caso, a projeção acaba sendo inevitável e se mostrarmos a outra pessoa – um analista – ela poderá encontrar o que não podemos ver.

Entre as manifestações psíquicas, os sonhos talvez sejam aqueles que mais nos apresentam elementos "irracionais". Eles parecem ter pouca ou nenhuma coerência lógica e precisam da hierarquia de valores que definem outros conteúdos da consciência, tornando-os assim mais difíceis de entender – sonhos que possuem uma estrutura lógica, moral e estética são exceções.

Imagem psicodélica de um rosto andrógino, de olhos fechados, virado para cima, em tom de azul claro, com cores e luzes saindo dela.

A investigação dos sonhos é tarefa para uma vida inteira

Há pessoas que, de tempos em tempos, têm os mesmos sonhos repetidamente. Isso é mais comum na juventude, mas esse fenômeno pode continuar ocorrendo por muitos anos.

Isso acontece devido ao fato de precisarem elaborar alguns – ou vários – dos conteúdos oníricos ou até mesmo o contexto geral do sonho. Essas repetições acabam sendo as mais importantes para análise, uma vez que novas percepções podem ser atribuídas em cada sessão, facilitando assim o aprofundamento do entendimento do analisado. Geralmente, quando elaborados, esse tipo de sonho para de acontecer, dando lugar a outras formas do inconsciente se revelar.

Durante o sono, ocorre uma interação entre o mundo consciente, representado pelo ego ou "eu sonhador", e o inconsciente, expresso pelos conteúdos que surgem de maneira aparentemente aleatória no sonho. Para Jung, esse processo é tão significativo que ele o vê como uma tentativa de restaurar o equilíbrio psíquico.

Sidarta ainda nos traz a informação de que a nossa capacidade de sonhar dormindo, provavelmente, explica a nossa capacidade de sonhar despertos, ou seja, se relaciona com a nossa capacidade de imaginar. Mas como o processo acontece?

O sono é composto por diferentes fases que envolvem ondas cerebrais – elas não seguem uma única frequência ou um único padrão, mas sim uma sequência complexa e variada de atividade cerebral:

  • Vigília: quando estamos acordados, nosso cérebro está em atividade alfa, com ondas cerebrais na faixa de 10 Hz e olhos fechados – conscientes e alertas.
  • Teta: é a fase inicial do sono, onde as ondas cerebrais caem para uma faixa entre 5 a 7 Hz – começamos a relaxar e a transitar de um estado de vigília para o sono profundo.
  • Fusos corticais: onde ocorrem oscilações rápidas nas ondas cerebrais, com frequências de 10 a 12 Hz, durando de 1 a 3 segundos – são associados à consolidação da memória e ao descanso físico.
  • Complexos K: surgem ondas isoladas que atuam como um tipo de "apagão" no cérebro, interrompendo a atividade neuronal e promovendo uma desconexão temporária da consciência externa.
  • Ondas lentas: caracterizadas por grandes amplitudes e frequências baixas, geralmente abaixo de 4 Hz – aumentam de intensidade à medida que o sono avança, sinalizando um sono mais profundo e restaurador.
  • Sono REM (Rapid Eye Movement): marcado por uma aceleração das ondas cerebrais e uma dessincronização das mesmas – sono paradoxal, onde o cérebro está ativo, mas o corpo está imobilizado. Durante o REM, os sonhos intensos geralmente acontecem.




A cada noite, o ciclo de sono se repete várias vezes, passando por essas diferentes fases de forma contínua, proporcionando descanso e reparação do corpo e da mente.

Jung, tendo se dedicado às investigações dos encontros com entidades oníricas, tanto dormindo quanto desperto – imaginação ativa, imagos –, diz que o sonho prepara o sonhador para o dia seguinte. Essa porta de entrada para o inconsciente nos permite acessar conteúdos, submergindo em seus significados, com o objetivo de que se tornem presentes na consciência, proporcionando insights sobre nós mesmos.

Os sonhos têm uma função significativa, não são meras atividades aleatórias do inconsciente, desempenham um papel tanto retrospectivo – processando o passado –, bem como prospectivo – influenciando o futuro. A capacidade dos sonhos de moldar o estado emocional e mental consciente demonstra sua importância como ferramenta de autocompreensão e desenvolvimento psíquico.

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Referências bibliográficas

HALL, James A. Jung e a interpretação dos sonhos: um guia prático e abrangente para a compreensão dos estados oníricos à luz da psicologia analítica. São Paulo: Cultrix, 2021.

JUNG, Carl Gustav. Seminário sobre sonhos de crianças: sobre o método de interpretação dos sonhos – Interpretação psicológica de sonhos de crianças. Petrópolis: Vozes, 2011.

JUNG, Carl Gustav. Sobre sonhos e transformações. Petrópolis: Vozes, 2014.

VON FRANZ, Marie-Louise. O

Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): o que é e como funciona
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Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): o que é e como funciona
Descubra o que é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), como funciona, quais principais técnicas e benefícios para a saúde mental e o bem-estar.

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma das abordagens mais eficazes e estudadas no campo da psicologia. Criada na década de 1960 pelo psiquiatra britânico Aaron Beck, ela é baseada na ideia de que nossos pensamentos influenciam diretamente nossos comportamentos e sentimentos. Aaron Beck descreveu essa abordagem em seu livro Terapia Cognitiva da Depressão (1982), no qual explicou como a modificação de padrões de pensamento negativos pode levar a mudanças significativas no comportamento e na forma como lidamos com o mundo ao nosso redor.

A TCC busca ajudar o paciente a identificar e reestruturar esses pensamentos disfuncionais, promovendo um melhor equilíbrio emocional e uma melhor adaptação às mais diversas situações cotidianas. A TCC é indicada para tratar uma ampla gama de condições psicológicas, como ansiedade, depressão, burnout, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtornos alimentares, fobias, transtorno bipolar, ataques de pânico, entre outras. Além disso, pode ser uma excelente ferramenta no auxílio de questões como o cansaço mental, a busca pela superação da ansiedade, e também para promover o autocuidado e o bem-estar geral. Este artigo explora os objetivos, as técnicas e os efeitos da terapia cognitivo-comportamental.



O que é a Terapia Cognitivo-Comportamental?

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem psicoterapêutica de tratamento que se baseia na ideia de que os pensamentos, sentimentos e comportamentos estão interligados. Por meio da identificação e modificação de padrões de pensamento distorcidos ou negativos, a TCC busca melhorar a forma como os indivíduos se sentem e agem, oferecendo mais controle sobre as emoções e comportamentos. Isso torna a TCC um dos tratamentos mais eficazes para uma variedade de transtornos mentais.

Esse tipo de terapia considera a forma como o paciente interpreta o mundo ao seu redor e como reage a ele. O terapeuta auxilia o paciente a entender seus sistemas de crenças, que muitas vezes geram emoções negativas e destrutivas. A partir dessa compreensão, o paciente aprende a lidar de maneira mais saudável com suas emoções, desenvolvendo habilidades para autorregular seu humor e suas reações diante dos acontecimentos.

A TCC pode ser usada para tratar condições como transtorno de ansiedade, depressão, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtornos alimentares, distúrbios de sono, burnout, fobias, transtornos de personalidade, e até mesmo distúrbios psicossomáticos. Seu foco é ajudar o paciente a entender como seus pensamentos influenciam suas emoções e comportamentos, para que possa fazer mudanças positivas em sua vida.

A TCC também é eficaz para ajudar as pessoas a lidar com situações desafiadoras da vida, como mudanças significativas (por exemplo, separações ou mudanças de carreira) ou para quem simplesmente busca por uma vida mais feliz. Ela oferece ferramentas práticas que capacitam os indivíduos a resolverem problemas de forma eficaz e emocionalmente saudável.

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Como funciona a Terapia Cognitivo-Comportamental?

Na prática, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) envolve a aplicação de uma combinação de técnicas cognitivas, comportamentais, emocionais e interpessoais, com o objetivo de promover mudanças duradouras nas crenças, atitudes e reações do paciente.

  • Técnicas Cognitivas

    As técnicas cognitivas são aplicadas para modificar crenças distorcidas e pensamentos automáticos negativos. O foco está em desafiar interpretações errôneas que o paciente tem sobre si mesmo e o mundo ao seu redor. Ao questionar e ajustar essas crenças, o paciente pode passar a adotar uma visão mais realista e equilibrada da vida, o que diminui a ansiedade e aumenta o bem-estar geral. Por exemplo, um paciente que teme ser chamado pelo chefe para uma conversa, por acreditar ter feito algo errado, pode ser orientado a reavaliar essa crença e reconhecer que não há evidências para esse medo.
  • Técnicas Comportamentais

    As técnicas comportamentais visam alterar comportamentos disfuncionais que contribuem para o sofrimento emocional. Isso pode ser feito através de exercícios práticos, como relaxamento, por exemplo. Essas técnicas ajudam o paciente a agir de maneira mais adaptativa, superando padrões negativos e criando alternativas mais saudáveis para lidar com as dificuldades do dia a dia.
  • Técnicas Emocionais

    As técnicas emocionais têm como objetivo ajudar o paciente a lidar melhor com suas emoções, desenvolvendo a inteligência emocional e a autocompaixão. Isso é alcançado ao incentivar o paciente a aceitar suas emoções, sem se julgar negativamente por senti-las, e a aprimorar suas habilidades para se relacionar de maneira mais saudável com os outros. Ao cultivar uma visão mais positiva de si mesmo, o paciente consegue melhorar suas interações sociais e reduzir sentimentos de inadequação ou frustração.
  • Técnicas Interpessoais

    As Técnicas Interpessoais são voltadas para a melhoria das habilidades de comunicação e relacionamento social. A TCC ensina o paciente a ouvir ativamente, a se expressar de maneira assertiva e a interpretar corretamente as respostas não verbais dos outros. Isso facilita a criação de relações interpessoais mais saudáveis, ajudando o paciente a desenvolver maior confiança em suas interações e a lidar melhor com situações sociais, tanto no âmbito pessoal quanto profissional.


O processo terapêutico começa com a identificação dos pensamentos automáticos e das crenças disfuncionais que o paciente possui, permitindo que o terapeuta e o paciente trabalhem juntos para avaliar a validade dessas crenças e, quando necessário, substituí-las por pensamentos mais realistas e adaptativos. Além disso, durante a terapia, o paciente aprende sobre os processos cognitivos que influenciam seus sentimentos e comportamentos, e é incentivado a registrar suas atividades diárias para observar padrões e planejar mudanças futuras.

Em momentos de ansiedade ou estresse, a TCC também oferece ferramentas práticas como técnicas de relaxamento, ensaios comportamentais e treinamento de assertividade, que ajudam o paciente a lidar com essas emoções de forma mais eficaz. A exposição gradual a situações que geram medo ou desconforto, seja de forma real ou imaginária, permite que o paciente enfrente suas preocupações de forma controlada, reduzindo gradualmente a ansiedade e melhorando sua resposta emocional.

Em suma, a Terapia Cognitivo-Comportamental trabalha de forma estruturada e prática para modificar pensamentos, sentimentos e comportamentos disfuncionais, permitindo que o paciente desenvolva habilidades para lidar com as dificuldades de maneira mais adaptativa. Ao longo do processo, o paciente aprende a se tornar mais consciente de seus padrões de pensamento e comportamento, possibilitando-lhe enfrentar desafios de forma mais resiliente e equilibrada.

Como a Terapia Cognitivo-Comportamental impacta o comportamento e as emoções

A TCC atua principalmente na alteração de padrões de pensamento que contribuem para emoções negativas ou desajustadas. Por exemplo, pessoas que lutam para superar a ansiedade ou depressão tendem a ter pensamentos automáticos negativos, como "Eu nunca vou conseguir", ou "Nada vai melhorar". Esses pensamentos distorcidos podem levar a reações emocionais e comportamentais desproporcionais ao contexto.

A TCC ensina os pacientes a identificarem esses padrões de pensamento e a questioná-los, proporcionando novas formas de pensar e agir. O objetivo é desenvolver uma forma mais realista de enxergar o mundo, ajudando a controlar a ansiedade e a lidar melhor com as pressões do dia a dia. A terapia cognitivo-comportamental também é uma abordagem eficaz para o tratamento de casos de burnout e cansaço mental.

No contexto profissional, indivíduos com diferentes perfis de personalidade e carreira podem usar a TCC para desenvolver estratégias que minimizem a pressão interna e externa que enfrentam. A TCC oferece um caminho estruturado e objetivo para lidar com medo e para ajudar a superá-lo, equilibrando as reações emocionais frente a desafios pessoais ou profissionais.




Como a Terapia Cognitivo-Comportamental pode ajudar na busca por uma vida mais feliz

O principal objetivo da TCC é melhorar o bem-estar emocional e psicológico, ajudando os indivíduos a reagirem de forma mais saudável aos desafios da vida. A terapia oferece ferramentas práticas que permitem às pessoas desenvolverem uma melhor compreensão de seus pensamentos e comportamentos, contribuindo para uma vida mais plena.

Muitas vezes, as pessoas experimentam mudanças na vida, como mudanças no trabalho, relacionamentos ou a busca por novos objetivos pessoais, e essas transformações podem ser fontes de estresse ou ansiedade. A TCC permite que os indivíduos encontrem maneiras eficazes de lidar com essas transições, mantendo o equilíbrio emocional e a perspectiva positiva. Além disso, a TCC ajuda no desenvolvimento de habilidades de autocuidado, fundamentais para preservar a saúde mental.

Por exemplo, uma pessoa que sofre de burnout pode se beneficiar da TCC, aprendendo a gerenciar melhor o estresse e as demandas da vida profissional, ao mesmo tempo em que encontra equilíbrio na vida pessoal.

Técnicas e métodos da Terapia Cognitivo-Comportamental

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) utiliza uma abordagem de psicoterapia contemporânea, baseada em uma variedade de técnicas que ajudam os pacientes a identificar e modificar padrões de pensamento negativos. Esses métodos são aplicados de forma prática e contínua, com foco em promover mudanças duradouras no comportamento dos pacientes. Algumas das principais técnicas utilizadas na TCC incluem:

  • Reestruturação cognitiva: envolve identificar e modificar pensamentos distorcidos, substituindo-os por interpretações mais realistas e equilibradas.
  • Treinamento de habilidades sociais: ensina como interagir de forma mais eficaz e assertiva em diferentes situações sociais.
  • Exposição gradual: usada no tratamento de fobias ou transtornos de ansiedade, envolve a exposição controlada ao objeto ou situação que causa medo, ajudando a reduzir a ansiedade ao longo do tempo.
  • Relaxamento e respiração profunda: ajudam a reduzir o estresse e a ansiedade, proporcionando calma física e mental.



Efeitos da Terapia Cognitivo-Comportamental: como ela pode melhorar sua qualidade de vida

A TCC tem mostrado resultados extremamente positivos para aqueles que a praticam. Entre os benefícios mais notáveis estão a redução de sintomas de ansiedade, depressão, e burnout, o que leva a uma melhora significativa na qualidade de vida. Além disso, a terapia promove um aumento da autoestima, o que pode ajudar a melhorar relacionamentos pessoais e a felicidade conjugal.

Outro efeito importante da TCC é o aumento da resiliência emocional, ajudando as pessoas a se recuperarem mais rapidamente de mudanças na vida e a lidarem melhor com situações estressantes. Os pacientes aprendem a se concentrar no que pode ser controlado, melhorando a percepção de controle sobre a própria vida.

O que é Psicoterapia Contemporânea e sua relação com a TCC

A psicoterapia contemporânea engloba abordagens que visam tratar problemas emocionais de forma mais integrada e prática, levando em consideração os avanços da psicologia moderna. A TCC é uma das principais correntes da psicoterapia contemporânea, proporcionando resultados rápidos e eficazes. Ela combina técnicas da psicologia cognitiva com estratégias comportamentais para fornecer aos pacientes ferramentas que os ajudem a enfrentar desafios psicológicos e emocionais de maneira mais eficaz.




Conclusão

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma abordagem terapêutica altamente eficaz que pode ser usada para tratar uma variedade de transtornos psicológicos e emocionais, como ansiedade, depressão, burnout, e transtornos alimentares. Seus benefícios vão além do tratamento de doenças mentais, sendo também uma ferramenta valiosa na busca por uma vida mais equilibrada, saudável e feliz.

Se você está enfrentando dificuldades emocionais, a TCC pode ser uma das melhores opções de terapia para te ajudar a mudar padrões de pensamento negativos e alcançar uma vida mais gratificante.

Perguntas Frequentes sobre Terapia Cognitivo-Comportamental

  1. Como a Terapia Cognitivo-Comportamental pode me ajudar a superar o burnout?

    A TCC é especialmente eficaz no tratamento de burnout, pois ela ajuda a identificar e mudar os pensamentos e comportamentos que contribuem para o esgotamento emocional. Ao ensinar estratégias para gerenciar o estresse, estabelecer limites saudáveis e modificar padrões de pensamento excessivamente perfeccionistas, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) ajuda a aliviar os sintomas de burnout e facilita uma recuperação mais rápida e sustentável.


  2. A Terapia Cognitivo-Comportamental é eficaz no tratamento de distúrbios alimentares?

    Sim, a TCC é uma abordagem altamente eficaz no tratamento de transtornos alimentares, como anorexia e bulimia. A terapia ajuda os pacientes a identificarem padrões de pensamento negativos e distorcidos sobre imagem corporal e comida, promovendo uma relação mais saudável com a alimentação e o corpo.





Referências

https://www.correiobraziliense.com.br/ciencia-e-saude/2023/06/5103116-terapia-cognitivo-comportamental-alternativa-eficaz-para-depressao.html

https://www.metropoles.com/sao-paulo/psicoterapia-insonia-estudo-usp

https://vidasaudavel.einstein.br/o-que-e-a-terapia-cognitiva-comportamental-tcc-e-como-ela-funciona/#:~:text=Atlas%20Mental-,O%20que%20%C3%A9%20a%20Terapia%20Cognitiva%2DComportamental,TCC

https://artmed.com.br/artigos/terapia-cognitivo-comportamental-como-funciona-evidencias-e-como-aplicar






TDAH: Sintomas, O que é, Características no Adulto e Tratamento
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TDAH: Sintomas, O que é, Características no Adulto e Tratamento
O que é o TDAH? Sintomas e características do déficit no adulto e na criança, diagnóstico pelo comportamento e tratamento para o transtorno CIDF90.

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma disfunção neuropsiquiátrica muito frequente. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 3% da população mundial convive com esse distúrbio que afeta a saúde mental, caracterizado pela dificuldade de concentração e pela inquietação constante. Esses sintomas são típicos do TDAH, que se manifesta também por uma impulsividade excessiva e, em alguns casos, uma hiperatividade difícil de controlar.

Quando não tratado adequadamente, o transtorno pode prejudicar o desempenho acadêmico, profissional e até mesmo as relações sociais, afetando a qualidade de vida do indivíduo. Embora muitos associem o TDAH à infância, a verdade é que ele pode se estender à vida adulta. Neste artigo, vamos esclarecer o que é TDAH, mostrar quais são seus sintomas, como é feito o diagnóstico e quais são os tratamentos mais indicados.



O que é o TDAH?

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno caracterizado pela dificuldade em manter o foco, impulsividade excessiva e, em muitos casos, hiperatividade. O TDAH impacta profundamente a vida cotidiana de seus portadores e não se restringe à infância, já que muitos adultos também convivem com seus sintomas.

Muitas vezes, o TDAH é reduzido a uma simples dificuldade de concentração, mas é importante destacar que suas implicações vão muito além disso. Quem tem o transtorno pode conviver com um constante sofrimento psíquico, já que não se trata apenas de “não conseguir prestar atenção”, mas de uma dinâmica cerebral que dificulta o controle das ações e pensamentos, resultando em comportamentos que são frequentemente mal interpretados pela sociedade.

De perto ninguém é normal – o que é considerado uma característica de "anormalidade" no TDAH, muitas vezes reflete uma forma de ser e de estar no mundo, que não se encaixa nas expectativas da sociedade sobre como devemos nos comportar. Essa dificuldade em seguir normas pode levar a frustrações, principalmente porque a pessoa com TDAH é constantemente desafiada a corresponder a expectativas que não são naturais para ela.

Como o TDAH afeta o corpo e a mente?

Sabe aquela pessoa que parece viver no “mundo da Lua”? Ou aquela que é uma “espoleta” e não consegue ficar parada de jeito nenhum? Provavelmente você já conheceu alguém assim e é possível que essas pessoas tenham TDAH. A mente da pessoa com TDAH parece estar em constante movimento, saltando de um pensamento para outro, o que dificulta a concentração em uma única tarefa. Esse ciclo de desatenção afeta a autoestima, alimentando sentimentos de inadequação e fracasso.

Além disso, a impulsividade, um dos principais sintomas do TDAH, adiciona outra camada de complexidade à condição. As decisões tomadas com pressa e sem a devida reflexão muitas vezes resultam em comportamentos inadequados ou prejudiciais, tanto no âmbito social quanto profissional. No contexto interpessoal, a falta de autocontrole pode gerar mal-entendidos e desentendimentos, uma vez que a pessoa com TDAH pode agir de forma impetuosa, sem considerar as consequências de suas atitudes. No trabalho, isso se traduz em dificuldades para lidar com tarefas que exigem paciência, atenção aos detalhes e pensamento estratégico, prejudicando o trabalho em equipe. A impaciência pode levar a erros evitáveis e à incapacidade de concluir projetos de maneira satisfatória.

O TDAH também afeta o corpo. A inquietude física é uma característica comum, fazendo com que muitos indivíduos sintam necessidade constante de se movimentar. Essa agitação pode resultar em dificuldades para permanecer sentado por longos períodos, como em salas de aula ou em ambientes de trabalho. Além disso, essa inquietação pode gerar tensão muscular e fadiga, já que o corpo está em constante estado de alerta. A dificuldade em se concentrar e em manter o controle sobre os impulsos também pode afetar a capacidade de realizar tarefas motoras finas, como escrever ou coordenar ações mais complexas.

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Quais são as causas do TDAH?

As causas do TDAH incluem fatores genéticos, neurológicos e ambientais. Entre os principais fatores que contribuem para o transtorno, destacam-se:

  1. Genética: O TDAH é frequentemente observado em famílias, o que sugere uma forte base hereditária. Se um dos pais tem TDAH, as chances de o filho também ser diagnosticado aumentam significativamente.
  2. Anormalidades Neurológicas: O TDAH está relacionado a desequilíbrios nos neurotransmissores cerebrais, principalmente a dopamina. Esse desequilíbrio afeta os circuitos cerebrais responsáveis pela atenção e pelo controle do comportamento, dificultando a regulação dessas funções.
  3. Fatores Ambientais: A exposição a substâncias tóxicas durante a gestação, como nicotina e álcool, ou complicações no parto, podem ser fatores que aumentam o risco de desenvolvimento do transtorno.
  4. Pressões e Estresse Social: Vivemos em uma sociedade cada vez mais acelerada, o que coloca enormes demandas sobre os indivíduos, principalmente sobre as crianças, que são as mais afetadas por esse contexto. O impacto de uma educação excessivamente pressionada, sem espaço para a individualidade e a criatividade, pode desencadear ou agravar os sintomas de TDAH.


Quais são os tipos de TDAH?

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é classificado em três tipos principais, de acordo com a literatura médica:

  • predominantemente desatento

  • predominantemente hiperativo e impulsivo

  • combinado (que mistura características dos dois anteriores)


O tipo predominantemente desatento é caracterizado pela dificuldade persistente de manter a atenção, focar em uma tarefa ou seguir instruções, resultando em um desempenho abaixo do esperado, tanto na escola quanto no ambiente de trabalho. Indivíduos com esse tipo de TDAH frequentemente são vistos como "sonhadores", distraídos e esquecidos. Eles podem ter dificuldades em concluir tarefas e manter a organização, o que afeta sua produtividade e autoestima. Na infância, esse tipo é mais comumente diagnosticado em meninas, que tendem a exibir um comportamento mais internalizado, ao contrário dos meninos que, frequentemente, apresentam sinais mais evidentes de hiperatividade.

O segundo tipo, o predominantemente hiperativo e impulsivo, é marcado pela impulsividade excessiva e pela hiperatividade, o que torna difícil para o indivíduo controlar seus impulsos ou manter-se calmo em situações que exigem paciência ou quietude. Pessoas com esse perfil frequentemente têm dificuldade em permanecer sentadas por longos períodos, interrompem os outros enquanto falam, tomam decisões apressadas e se envolvem em comportamentos arriscados sem considerar as consequências. Na infância, esse tipo é mais comumente identificado em meninos, já que os sinais de hiperatividade são mais visíveis e frequentemente associados a comportamentos que causam incômodos em ambientes como escolas e outros locais sociais. A impulsividade pode afetar a interação com os outros, dificultando o estabelecimento de relacionamentos saudáveis.

Finalmente, o TDAH combinado é o tipo mais comum, caracterizado pela presença de sintomas tanto de desatenção quanto de hiperatividade/impulsividade. Indivíduos com esse tipo de TDAH apresentam uma combinação de dificuldades em manter o foco e uma constante necessidade de se movimentar, o que pode interferir em várias áreas da vida, como desempenho acadêmico, habilidades sociais e relacionamentos.

TIPOS DE TDAH SINTOMAS
Predominantemente desatento Dificuldade em manter o foco, organização e seguir instruções.
Predominantemente hiperativo e impulsivo Impulsividade excessiva, hiperatividade e dificuldades em controlar comportamentos.
Combinado Combinação de desatenção, impulsividade e hiperatividade.


Como é feito o Diagnóstico do TDAH?

O diagnóstico do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um processo que exige uma análise clínica minuciosa, dada a sobreposição de sintomas com outras condições psicológicas e neuropsiquiátricas. Sintomas como desatenção, impulsividade e hiperatividade podem ser confundidos com outras condições, como depressão, distúrbios de aprendizagem e até mesmo transtornos de personalidade. Por essa razão, é essencial que o diagnóstico seja realizado por profissionais qualificados, como psicólogos, psiquiatras ou neurologistas, que tenham experiência no reconhecimento dos sinais e na diferenciação do TDAH em relação a outras condições.

O diagnóstico adequado do TDAH requer várias etapas. Inicialmente, o profissional realiza uma entrevista clínica detalhada com o paciente, além de conversar com familiares, professores ou outras pessoas que convivem com o indivíduo, a fim de entender melhor o histórico e o comportamento ao longo do tempo. Também são aplicadas escalas de avaliação específicas, que medem a intensidade dos sintomas de desatenção e impulsividade, além de verificar como esses sintomas impactam a vida cotidiana do paciente. Em alguns casos, exames neurológicos e testes psicológicos mais profundos podem ser indicados para descartar outras condições que possam gerar sintomas semelhantes, como dislexia ou transtornos de humor.

Adicionalmente, o Código CIDF90, presente na Classificação Internacional de Doenças, pode ser utilizado para facilitar a identificação do TDAH, promovendo a padronização do diagnóstico e auxiliando na escolha do tratamento mais adequado. Ao considerar todos esses fatores, o diagnóstico do TDAH não se resume à simples observação de sintomas, mas envolve um olhar atento para o histórico clínico e a avaliação cuidadosa das variáveis psicológicas e neurológicas, garantindo um caminho eficaz para o manejo do transtorno.



Existe tratamento para TDAH?

O tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) exige uma abordagem profissional personalizada, que leve em consideração as diversas características do indivíduo, incluindo aspectos neurológicos, emocionais e comportamentais. Uma combinação de intervenções médicas, terapêuticas e complementares é frequentemente utilizada para lidar com os principais sintomas do transtorno, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida e o bem-estar geral do paciente.

Além do uso de medicamentos, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem se mostrado uma das abordagens mais eficazes para o tratamento do TDAH. Por meio da TCC, o paciente aprende estratégias para organizar suas tarefas, controlar suas emoções e melhorar suas habilidades de resolução de problemas. Essa terapia também é eficaz para lidar com as questões de impulsividade e baixa autoestima que frequentemente acompanham o transtorno. Outras terapias complementares, como o treinamento de habilidades sociais, programas de reabilitação cognitiva e práticas de mindfulness, podem ser incluídas no tratamento para oferecer recursos adicionais e promover uma vida mais equilibrada.

Saúde Mental e TDAH

Para quem deseja se aprofundar no conhecimento acerca dos maiores transtornos e sofrimentos psíquicos da humanidade, a Casa do Saber + possui diversos cursos na área, incluindo o curso do psicanalista, psiquiatra e professor titular de psicopatologia clínica pela Aix-Marseille Université (França), Mario Eduardo Costa Pereira. O curso sobre Transtornos e Sofrimentos Psíquicos aborda questões como depressão, esquizofrenia, transtorno bipolar e dependência química.

A plataforma Casa do Saber + possui uma série de opções de estudo que tratam das principais questões de saúde mental contemporâneas, incluindo a hiperatividade, abordada no curso Excitados, Desatentos e Cansados, da Doutora em teoria psicanalítica pela UFRJ, Nina Saroldi.



Conclusão

O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é uma condição que vai além das limitações cognitivas, influenciando o comportamento do indivíduo e a maneira como interage com o mundo e com as pessoas ao seu redor. Através de um diagnóstico preciso e um plano de tratamento adaptado às necessidades de cada pessoa, aqueles com TDAH têm a oportunidade de gerenciar seus sintomas e alcançar uma vida plena e produtiva, superando as dificuldades impostas pelo transtorno. É essencial que o apoio familiar, escolar e social esteja presente ao longo desse percurso, criando um ambiente de acolhimento e compreensão.

Perguntas frequentes sobre TDAH

  1. Quais são os principais sintomas do TDAH e como identificá-los?


    Os principais sintomas de TDAH incluem dificuldades em manter a atenção em tarefas ou conversas por períodos prolongados, impulsividade (agir sem pensar nas consequências), hiperatividade (excesso de movimento ou inquietação), e uma tendência a ser facilmente distraído. Além disso, pessoas com TDAH podem apresentar desorganização, dificuldade em seguir instruções e esquecimento frequente. Esses sintomas podem variar de acordo com a idade, sendo mais evidentes em crianças, mas também presentes em adultos. Caso esses sintomas persistam por mais de seis meses e impactem a vida diária, pode ser um indicativo de TDAH.

  2. O TDAH é um transtorno que afeta apenas crianças?


    Não. O TDAH não é exclusivo da infância e pode persistir na vida adulta. Muitas pessoas com TDAH são diagnosticadas quando crianças, mas seus sintomas podem continuar ou até ser reconhecidos tardiamente na fase adulta. Nos adultos, o transtorno pode se manifestar de formas diferentes, como dificuldades de concentração no trabalho, desorganização nas tarefas cotidianas, impulsividade em decisões financeiras ou sociais, e até mesmo desafios nas relações interpessoais. O tratamento do TDAH em adultos pode incluir Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), acompanhamento psicológico e, em alguns casos, medicação, dependendo da gravidade dos sintomas.





Referências

https://drauziovarella.uol.com.br/psiquiatria/o-que-esta-por-tras-da-explosao-de-casos-de-tdah-no-brasil-e-no-mundo/


https://bvsms.saude.gov.br/transtorno-do-deficit-de-atencao-com-hiperatividade-tdah/




Psicologia: O que é, Áreas, Abordagens e Como Estudar Online
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Psicologia: O que é, Áreas, Abordagens e Como Estudar Online
Psicologia: O que é, graduação, áreas de atuação e abordagens teóricas. Veja cursos para estudar online com certificado e aprofundar-se na profissão.

Entenda as possibilidades de se estudar psicologia através de cursos online, os famosos EAD (educação à distância). A seguir, exploraremos as áreas de atuação e abordagens da psicologia, além de apresentar opções e custos para quem deseja aprofundar os conhecimentos na área de forma remota.



Como estudar Psicologia online?

Se você está procurando opções para cursar a faculdade de psicologia à distância, infelizmente temos uma má notícia para te dar. Até o momento, de acordo com a determinação do Ministério de Educação (MEC), a graduação de psicologia não pode ser oferecida na modalidade EAD. Por outro lado, há muitas possibilidades de se estudar psicologia online por meio de cursos livres, pós-graduação e especializações.

A opção pelo ensino à distância atende tanto a estudantes quanto profissionais da área, onde o aluno pode explorar diferentes abordagens da psicologia com liberdade, seja para aprender sobre conteúdo introdutório ou especializar-se em algum tema de sua preferência. É possível estudar a psicologia analítica, de Carl Jung, a psicanálise, de Freud, e, ao mesmo tempo assistir a cursos sobre a logoterapia para investigar as ideias de Viktor Frankl.

Existe faculdade de Psicologia EaD?

Como já mencionado acima, não existe a possibilidade de realizar a graduação em psicologia EaD . Em julho de 2022, o Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU) chegou a conseguir a autorização do MEC para oferecer o curso à distância, através da portaria MEC 749. Porém, no dia seguinte, o próprio Ministério da Educação a anulou, sob alegação de erro material.

À época, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e mais de 20 entidades publicaram uma nota de repúdio à Portaria MEC 749, afirmando que a presencialidade é indispensável para a formação de qualidade em Psicologia.

Posteriormente, em setembro de 2023, pela Portaria Nº 1.838, o Ministério da Educação abriu consulta pública para elaboração de proposta de regulamentação de oferta do curso de Psicologia - entre outras graduações - na modalidade de educação à distância.

Desde então, a discussão vem sendo constantemente adiada, sem uma previsão de desfecho à vista. Desta forma, não é possível definir ainda se, no futuro, a modalidade de graduação à distância será ou não viabilizada para o curso de psicologia. Mas, se depender da opinião do conselho dos profissionais de psicologia, a decisão permanecerá em mantê-lo somente no modelo presencial.

Atenção para não confundir:

Embora a graduação em psicologia seja recomendada, algumas abordagens da psicoterapia, como a psicanálise, não exigem formação superior específica no curso de psicologia para o exercício da atividade profissional. Por isso, é possível encontrar algumas instituições oferecendo o curso de formação para psicanalista 100% ead - o que é permitido.

O que é Psicologia e qual o papel do profissional da área?

A psicologia é uma ciência que se dedica a tratar, estudar e analisar o comportamentos dos indivíduos e os processos mentais, como sentimentos, pensamentos e razão. Embora a área de estudo tenha sido elaborada há alguns séculos no campo da filosofia, a psicologia estruturou-se como uma ciência independente somente em meados do século 19. Desde então, surgiram diversas teorias sobre o comportamento humano e novas descobertas científicas - como a chegada das neurociências..

O cenário dinâmico exige estudo constante do profissional da área. O psicólogo deve atuar na promoção da saúde mental, tratamento, intervenção em crises e em desenvolvimento pessoal e profissional. Seu trabalho tem grande importância social e demanda certa sofisticação, pois deve desenvolver habilidades como empatia e comunicação, mas também conhecimento técnico para diagnosticar e tratar problemas de saúde mental de forma eficaz.

Como em diversas outras profissões, há muitas áreas de atuação. No caso da psicologia, além desta segmentação, também encontramos diferentes teorias, técnicas e abordagens para analisar o comportamento humano, como veremos mais adiante.

Sobre o curso de graduação em Psicologia

O curso de psicologia prepara o profissional para atuar em diferentes contextos sociais e profissionais de forma ética, desenvolver o conhecimento científico, analisar criticamente os fenômenos sociais e biológicos e atuar na promoção da saúde. Dados do Sisu 2024 mostram que psicologia foi o 4° curso com maior número de inscrições, no topo da lista das graduações mais procuradas pelos estudantes.

POSIÇÃO CURSO QTDE. INSCRITOS
MEDICINA 298.316
DIREITO 157.364
ADMINISTRAÇÃO 118.883
PSICOLOGIA 103.336
ENFERMAGEM 99.768
PEDAGOGIA 89.702
MEDICINA VETERINÁRIA 65.271
CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO 57.385
EDUCAÇÃO FÍSICA 55.437
10° CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 52.822


Dados extraídos do relatório do Sisu 2024

Qual a duração da faculdade de Psicologia?

A graduação em psicologia tem duração de 5 anos. Segundo as diretrizes curriculares para o curso de psicologia estipuladas pelo MEC, o estágio supervisionado é atividade obrigatória.

“Art. 11. A carga horária referencial dos cursos de Psicologia é de 4.000 (quatro mil) horas com, no mínimo, 20% (vinte por cento) da carga efetiva global para estágios supervisionados básicos e específicos, e duração mínima de 5 (cinco) anos.


Todas as instituições devem oferecer acesso ao núcleo comum do curso de Psicologia ao estudante. No entanto, as instituições podem possuir estruturas curriculares diferentes de acordo com as ênfases curriculares oferecidas. As ênfases curriculares são caminhos possíveis de estudo para aprofundamento de determinadas competências e habilidades necessárias para o exercício da profissão.

Em determinado momento da graduação, o aluno deverá optar pela ênfase que reflita o seu interesse para seguir as disciplinas e estágios correspondentes à sua escolha. Respeitando o projeto pedagógico, cada instituição deve disponibilizar ao menos duas opções de ênfases aos alunos, considerando as demandas sociais contemporâneas ou potenciais, assim como as características da instituição e da região em que se situa.

Isso significa que cada faculdade formulará os próprios eixos que são peculiares aos objetos de estudo e história do curso desenvolvido na instituição. Tenha isto em mente no momento de pesquisar as opções de faculdade de psicologia que deseja ingressar.

Para atuar profissionalmente como psicólogo, é necessário possuir o diploma de bacharelado em Psicologia por uma instituição reconhecida pelo MEC, além de estar inscrito no Conselho Regional de Psicologia (CRP) de sua região.

Quais as áreas da Psicologia?

Apesar de a imagem do psicólogo clínico atendendo o paciente frente a frente em seu consultório ser uma das primeiras a vir à mente, a psicologia tem diferentes áreas de atuação. Cabe ao estudante em formação ou ao profissional identificar qual delas se adequa mais ao seu perfil.

Uma vez com o diploma na mão, o psicólogo está apto a exercer a profissão em qualquer área de atuação da psicologia. A partir da resolução CFP 23/2022, foram reconhecidas 13 especialidades para o exercício da psicologia . Confira as áreas da psicologia na lista abaixo:

  • Psicologia Clínica
  • Psicólogo Organizacional e do Trabalho
  • Psicologia Jurídica
  • Psicologia do Esporte
  • Psicologia Social
  • Psicologia Escolar ou Educacional
  • Psicologia de Tráfego
  • Neuropsicologia
  • Psicomotricidade
  • Psicopedagogia
  • Psicologia Hospitalar
  • Psicologia em Saúde
  • Avaliação Psicológica


Conheça as principais abordagens da Psicologia

Há diversas abordagens da psicologia sendo praticadas na atualidade. Mas por que precisam existir tantas ramificações teóricas? É importante compreender que não há uma definição sobre qual abordagem é a melhor. O que vamos descobrir - e veremos detalhadamente neste tópico - é que elas apresentam diferenças importantes entre si, como objetos de estudo distintos.

A Psicanálise, fundada por Sigmund Freud, por exemplo, dedica-se ao estudo do inconsciente e os processos mentais internos para entender o comportamento humano. Já o Behavorismo, desenvolvido por Skinner, se concentra na observação do comportamento, pautado pela análise e estudo do comportamento a partir de estímulos externos.

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana” - Carl Jung
foto de Carl Gustav Jung
Carl G. Jung, fundador da Psicologia Analítica


Veja algumas das abordagens teóricas:

  • Psicanálise
  • Psicologia Analítica
  • Behaviorismo ou Analítico Comportamental
  • Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC)
  • Gestalt


Psicanálise:

Fundada por Sigmund Freud, a psicanálise surgiu no final do séc. 19, quando o médico austríaco revelou ao mundo uma grande descoberta: o inconsciente. Segundo sua teoria, a origem dos sintomas, transtornos mentais e emocionais está guardada neste campo oculto, que só pode ser acessado através da fala. Desta forma, o processo terapêutico para tratamento e cura dos fenômenos de ordem mental se dariam a partir do método de livre associação, onde o paciente pode falar livremente sobre qualquer assunto que lhe vier à mente (por isso, comumente conhecida como “terapia da fala”).

Fundamentada na investigação do inconsciente, o analista pode conduzir o paciente através da interpretação dos sonhos, análise de padrões de comportamento e repetições originadas ainda na infância. A partir da teoria criada pelo “pai da psicanálise”, começaram a ser trabalhados conceitos que hoje são bastante conhecidos, como complexo de édipo , ato falho e recalque.

Além disso, é bem comum que a psicanálise seja associada ao uso do divã, aquele sofá sem encosto em que o paciente se deita, embora ele nem sempre seja utilizado. Inspirados pela obra do médico austríaco, outros pensadores fundaram novas linhas da psicanálise, como a linha lacaniana, do francês Jacques Lacan, a linha kleiniana, da austríaca Melanie Klein e a linha winnicottiana, criada pelo inglês Donald Winnicott.

foto do divã utilizado por Freud  coberto pelo tapete de lã Qashqa'i shekarlu exposto no museu de Freud em Londres
Divã original de Freud, utilizado nas sessões com os seus pacientes (Reprodução: Freud Museum London)


A origem do divã de Freud

O icônico divã utilizado por Freud foi, na verdade, um presente recebido de sua paciente Madame Benvenisti , em 1890. Estima-se que mais de 500 pacientes tenham se deitado neste divã, que está exposto no Museu de Freud em Londres.

Psicologia Analítica Junguiana:

Fundada pelo psiquiatra Carl G. Jung no início do séc. 20, a psicologia analítica foi criada após o médico suíço se deparar com divergências teóricas em relação às ideias de Freud, com quem colaborou por algum tempo. Jung elaborou uma teoria totalmente nova, fundamentada em conceitos importantes como o inconsciente coletivo, individuação e os arquétipos.

Jung coloca que o inconsciente coletivo compõe uma camada universal, herdada pelos indivíduos através de seus ancestrais. Segundo sua teoria, as pessoas nascem com predisposição na forma de pensar e agir, que refletem imagens presentes em todas as culturas, representados pela noção dos arquétipos.

A partir da análise de símbolos, da interpretação de sonhos e mitos, o tratamento proporcionado pela psicologia analítica consegue auxiliar o paciente a encontrar novos caminhos de simbolização, que o conduzem ao autoconhecimento e a uma vida mais equilibrada.

Behaviorismo ou Analítico Comportamental:

O termo behaviorismo foi cunhado pelo psicólogo estadunidense John B. Watson, em 1913. A origem do nome remete ao termo “behavior”, da língua inglesa, que traduzido para o português significa “comportamento”. Na década de 1940, o psicólogo B. F. Skinner deu continuidade às ideias propostas por Watson e formulou novas contribuições à teoria, no que ficou conhecido como “behaviorismo radical”.

O behaviorismo surge em oposição às abordagens focadas nos processos mentais internos e passa a se dedicar ao estudo do comportamento observável, trabalhando observação, influência do ambiente e coleta de dados mensuráveis.

Esta proposta terapêutica propõe-se a compreender padrões comportamentais para tratamento de diversos transtornos, como depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, entre outros. A concepção é de que a partir da análise do comportamento, é possível treinar habilidades e modificar padrões comportamentais através de técnicas específicas como reforço e punição, de forma a melhorar o bem-estar do paciente.

Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC):

A Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC) foi criada pelo psiquiatra norte-americano Aaron Beck na década de 1960. Com alguns elementos em comum ao behaviorismo radical, a TCC incorpora elementos cognitivos ao tratamento. Isto significa que este modelo de terapia além de incluir a análise do comportamento influenciado por estímulos do ambiente, leva também em consideração os pensamentos e emoções do paciente como forma de identificar, questionar, modificar e tratar os sintomas.

A partir do tratamento, o psicólogo auxilia o paciente na busca pela identificação de padrões de pensamento distorcidos., bem como a modificação de crenças e hábitos disfuncionais.. Amparada por pesquisas e publicações científicas, a TCC se propõe a utilizar técnicas de intervenção de eficácia comprovada, atendendo às especificidades de cada transtorno mental.

Gestalt-terapia:

A Gestalt-terapia, conhecida como “terapia da forma”, foi criada no início do séc. 20 pelo médico alemão Fritz Perls, inspirada pelas ideias da Psicologia da Gestalt, de Wertheimer, Köhler e Koffka. Este modelo de terapia valoriza a subjetividade e o momento presente ( “aqui e agora”) , onde o paciente é estimulado a se concentrar em seus sentimentos, pensamentos e ações a partir de técnicas específicas utilizadas pelo profissional.

São diversas abordagens utilizadas, como a da cadeira vazia, onde o paciente senta-se de frente para uma cadeira vazia e simula uma conversa consigo mesmo ou com uma pessoa que tenha tido papel relevante em algum evento que tenha impactado a sua vida.

Outra técnica é a dramatização, onde a pessoa pode ser encorajada a interpretar papéis, expressar algum sentimento verbalmente ou em forma de movimento. Estas técnicas tem o objetivo de promover o autoconhecimento. e, consequentemente, a identificação de padrões de pensamentos negativos que podem prejudicar a sua vida.

Psicoterapia Contemporânea: Por uma Integração Transteórica de Diversas Práticas e Teorias
por Luiz Hanns

Em sua história, a psicoterapia ficou marcada pela divisão entre abordagens, cada uma com suas próprias concepções, métodos e indicações clínicas, com diferenças, à primeira vista, irreconciliáveis e muitas vezes dogmáticas.

Neste curso, Luiz Hanns aborda o integracionismo metodológico, que difere do ecletismo selvagem, e que permite uma clínica transteórica em busca da integração das melhores práticas e teorias.

Confira o curso!

Conhecemos agora algumas das abordagens da psicologia. Embora todos os profissionais da área passem, de certa forma, por este processo de definição teórica, a linha seguida por cada um é notada de forma mais perceptível nos tratamentos de psicoterapia, onde o paciente costuma ser acompanhado por períodos mais longos.

Não existe regulação ou exigência formal que obrigue o psicólogo a escolher uma das abordagens disponíveis. Assim como nas áreas de atuação, o psicólogo graduado está apto a praticar qualquer abordagem teórica.

Esta escolha representa um direcionamento pessoal do psicólogo, que não exclui a possibilidade de estudo ou aplicação de técnicas de diferentes linhas teóricas. No fundo, o que todos querem - tanto o psicólogo quanto o paciente - é conseguir encontrar um caminho comum para a melhora da saúde mental. Por isso, a aliança terapêutica - relação entre terapeuta e paciente - tem uma importância muito grande e é fundamental para qualquer modelo psicoterapêutico.

O que é “Aliança Terapêutica”?

É um conceito universal que caracteriza a relação de trabalho e de confiança entre terapeuta e paciente, comum a todas as abordagens teóricas. Tem grande importância para o bom desenvolvimento do processo psicoterapêutico, pois influencia na formação e manutenção do vínculo, permanência, desfecho e encerramento da psicoterapia.

Agora que já conhecemos as áreas e abordagens da psicologia, é provável que você já tenha se interessado por algum tema que gostaria de estudar. A seguir, apresentaremos algumas opções de curso para você começar a sua trajetória na área!

Onde Encontrar Cursos de Psicologia Online? Veja as Melhores Opções

Uma boa alternativa tanto para estudantes como para profissionais já em atuação são os cursos livres de psicologia à distância. A grande vantagem deste modelo é que costumam ter um valor mais acessível, sendo possível encontrar conteúdo de muita qualidade e em constante atualização.

Confira 5 cursos para você dar os primeiros passos na área:

  • A Tal da Felicidade, por Luiz Hanns

    Entenda os argumentos da psicologia para definir felicidade como um sentimento de realização pessoal e individual, mais próximo do bem estar mental pleno do que da prosperidade material.

  • Freud Fundamental: As Ideias e as Obras, por Pedro de Santi

    O curso oferece uma introdução acessível aos principais conceitos de Sigmund Freud e suas obras, transformando a compreensão dos desejos e dilemas humanos. Ideal tanto para iniciantes quanto para aqueles que já possuem contato com a psicanálise, proporcionando novas reflexões.

  • Uma Introdução Guiada e Descomplicada ao Pensamento de Jung, por Lilian Wurzba:

    O curso oferece uma introdução acessível ao pensamento de Carl Gustav Jung, focando no autoconhecimento e na busca por uma vida mais íntegra. Ele esclarece equívocos comuns sobre suas ideias e acompanha o desenvolvimento de sua psicologia.

  • Quatro Livros para Entender Jung, por Tatiana Paranaguá

    O curso explora quatro obras fundamentais de Carl G. Jung, oferecendo uma introdução aos principais aspectos de seu pensamento e à Psicologia Analítica. As aulas funcionam como um guia para iniciar a jornada pelo vasto trabalho do autor

  • O Sentido da Vida, por Contardo Calligaris.

    Ser plenamente feliz é um objetivo muito buscado pela humanidade, e nos tempos atuais este estado parece ser ainda mais desejado. Neste encontro, o psicanalista Contardo Calligaris discute a obrigação da felicidade, o “morrer bem” e o sentido da vida.

Na plataforma de streaming Casa do Saber +, por uma única assinatura, você tem acesso a diversos cursos livres da área de psicologia , ministrados grandes referências da área, como Christian Dunker, Luiz Hanns, Lilian Wurzba, Ana Suy, Alexandre Patrício, Tatiana Paranaguá, entre tantos outros.

A boa notícia é que com apenas uma assinatura você consegue assistir a mais de 300 cursos de diversas áreas do saber e ainda garantir um certificado de conclusão após finalizá-los . Além de conteúdos sobre psicologia e psicanálise, a plataforma oferece cursos de Filosofia, Artes, Literatura, História, entre tantas outras áreas que ajudam a complementar o conhecimento necessário para a prática da psicologia.

Quanto custa:

R$478,80 (Plano anual) , podendo ser dividido em 12x de R$39,90 ou a R$430,92 à vista (desconto de 10%). Também existe a opção de pagamento à vista via pix ou boleto bancário.

Vantagens:

  • Novos cursos lançados periodicamente
  • Acesso a diversos cursos com professores de referêcia por uma única assinatura
  • Cursos de diferentes abordagens teóricas da psicologia, do introdutório ao especializado
  • Certificado de conclusão


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Perguntas Frequentes

  1. É possível estudar Psicologia online?

    Sim, existem diversas opções de cursos livres, pós-graduações e especializações disponíveis 100% online.
  2. A graduação em Psicologia tem duração de quantos anos?

    A duração é de 5 anos, com no mínimo, 20% (vinte por cento) da carga efetiva global para estágios supervisionados básicos e específicos.
  3. Existe graduação em Psicologia EaD?

    Atualmente, não há graduação em Psicologia totalmente online aprovada pelo MEC, mas há opções semipresenciais.


Agora você já entendeu sobre a impossibilidade de realizar a graduação em psicologia no modelo EAD, conheceu as áreas de atuação da psicologia e abordagens teóricas da área.

Na atualidade, informação é o que não falta… E para facilitar o percurso de aprendizagem , nada como uma boa curadoria de conteúdo.

Por isso, se sentir vontade de explorar mais sobre psicologia e tantas outras áreas do saber a partir de uma proposta criteriosa, cuidadosa e de qualidade, conte com a plataforma da Casa do Saber+!

Esperamos que este conteúdo tenha facilitado a sua caminhada em direção ao conhecimento.






Terapia de Casal: Como Funciona, Tipos e Quando Procurar Ajuda
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Terapia de Casal: Como Funciona, Tipos e Quando Procurar Ajuda
O que é terapia de casal: as linhas da psicologia, qual o tratamento para o bem estar, quando procurar ajuda do psicólogo, duração e perguntas.

A terapia de casal é uma abordagem da psicologia clínica especializada em resolver problemas conjugais, oferecendo um espaço seguro para que os casais possam explorar suas questões. Psicólogos capacitados recebem casais das mais diversas idades e crenças, para ajudá-los a superar impasses que, muitas vezes, parecem impossíveis de serem resolvidos na dinâmica cotidiana do casal.

Durante as sessões, os casais têm a oportunidade de identificar soluções saudáveis para seus desafios, encontrar o bem-estar individual de cada membro e, assim, ter uma vida mais plena. Esse tipo de terapia fortalece os laços afetivos e promove uma melhora significativa na comunicação e compreensão mútua. Neste artigo, vamos explorar como a terapia de casal funciona, os benefícios que ela oferece e como pode transformar a qualidade do relacionamento. Também discutiremos os sinais de quando é o momento ideal para buscar ajuda e iniciar o processo terapêutico.



O que é terapia de casal?

A terapia de casal é um tratamento psicológico especializado, dentro da psicoterapia contemporânea, voltado para ajudar os casais, independentemente da configuração de gênero, a superarem dificuldades e desafios que surgem ao longo da convivência. Esses desafios podem se manifestar de diversas formas, como conflitos frequentes, comunicação falha, problemas de intimidade, infidelidade ou distanciamento emocional, entre outras questões que afetam diretamente o bem-estar e a harmonia da relação.

O principal objetivo da terapia de casal é restaurar o equilíbrio emocional do relacionamento, promovendo uma compreensão mútua e fortalecendo o vínculo afetivo. Durante o processo, o terapeuta facilita o diálogo entre os parceiros, ajudando-os a identificar as causas profundas dos problemas e, mais importante, encontrar soluções adequadas e eficazes para a resolução dos conflitos. A terapia não tem a intenção de apontar culpados, mas de promover a empatia e a colaboração entre os dois, ajudando a reconstruir uma convivência mais saudável, essencial para a arte de amar.

Cada casal tem uma história diferente, com experiências e necessidades distintas. Daí, a necessidade de uma terapia personalizada, sempre levando em consideração a dinâmica específica de cada relacionamento. No contexto da procura da felicidade conjugal, o objetivo da terapia é proporcionar aos parceiros as ferramentas necessárias para melhorar a qualidade do relacionamento, fortalecer o vínculo afetivo e alcançar um equilíbrio emocional que favoreça a convivência e o bem-estar de ambos.



Como funciona a terapia de casal?

Durante as sessões de terapia de casal, um profissional especializado, geralmente um psicólogo com experiência em relações interpessoais, tem o papel de facilitar a comunicação entre os parceiros, criando um ambiente seguro e acolhedor. Portanto, o casal participa das sessões de forma conjunta. Este espaço deve permitir que ambos se sintam à vontade para expressar seus sentimentos, necessidades e preocupações, sem o medo de serem julgados ou de que haja hostilidade. O terapeuta atua com empatia e cuidado, com o foco em promover uma compreensão mútua, sem a intenção de apontar culpados, mas com o intuito de auxiliar o casal a entender os padrões de comportamento que podem estar gerando tensões ou distúrbios na relação.

A terapia de casal não busca uma solução rápida ou superficial. É uma linha de cuidado pautada na reflexão, onde o terapeuta orienta os parceiros a reconhecerem suas atitudes prejudiciais e tóxicas, muitas vezes baseadas em comunicação violenta, falta de empatia ou dificuldades relacionadas ao apego emocional.

A duração da terapia pode variar conforme a complexidade dos desafios enfrentados pelo casal. Embora as sessões ocorram geralmente de forma semanal ou quinzenal, cada encontro é uma oportunidade para analisar e praticar novas formas de comunicação e resolução de conflitos. O objetivo é que o casal saia de cada sessão mais preparado para lidar com os desafios de forma saudável, usando ferramentas e habilidades adquiridas no processo terapêutico.

A terapia de casal é estruturada em várias etapas fundamentais, que visam promover uma compreensão mais profunda para a resolução dos conflitos. Essas etapas incluem:

  • Acolhimento: O psicoterapeuta apresenta-se e explica a abordagem que será utilizada durante o processo terapêutico. O casal tem a oportunidade de se apresentar e fornecer informações pessoais, estabelecendo uma base de confiança e abertura. O ambiente é preparado para que ambos os parceiros possam expressar suas preocupações de maneira confortável..
  • Avaliação inicial: O terapeuta investiga as razões que levaram o casal a procurar ajuda, ouvindo cada parceiro de forma individual. Isso permite entender as questões que estão afetando o relacionamento, identificando as áreas que necessitam de mais atenção.
  • Diagnóstico: Com base nas informações coletadas, o terapeuta elabora um diagnóstico sistêmico conjugal, que leva em consideração a dinâmica do relacionamento e os padrões de comportamento dos parceiros.
  • Exploração emocional: Os parceiros são incentivados a compartilhar abertamente suas emoções, com foco na escuta ativa. A ênfase está em compreender a perspectiva de cada um, favorecendo uma comunicação mais eficaz e empática.
  • Identificação de padrões: O terapeuta ajuda o casal a identificar padrões de interação ou comportamentos repetitivos que perpetuam os conflitos, como falta de comunicação, críticas constantes ou a evitação de discussões importantes.
  • Desenvolvimento de estratégias: O terapeuta, junto com o casal, desenvolve estratégias para resolver os conflitos e melhorar a convivência. Técnicas de comunicação eficaz, resolução de conflitos e regulação emocional são ensinadas e praticadas. O casal também pode sugerir comportamentos que acredita que podem ajudar a resolver o problema. Cada ideia é avaliada e escolhida a mais adequada para ser experimentada, com a definição de um prazo para avaliação dos resultados.
  • Plano de ação: Ao final de cada sessão, o terapeuta sugere atividades ou tarefas para serem realizadas fora do consultório, de forma que os parceiros possam consolidar as mudanças e aplicar os novos comportamentos no cotidiano.


Essa estrutura proporciona um caminho claro para restaurar a harmonia no relacionamento e promover o crescimento individual de cada parceiro, com foco na construção de uma convivência mais saudável e equilibrada.

Objetivos da terapia de casal

O objetivo central da terapia de casal é proporcionar a regulação emocional no relacionamento, ajudando os parceiros a superar os obstáculos que prejudicam a convivência. A terapia é especialmente eficaz quando há desentendimentos constantes, comunicação deficiente ou quando os parceiros se sentem emocionalmente distantes. Problemas sexuais podem ser um reflexo de tensões subjacentes, muitas vezes relacionadas a questões emocionais não resolvidas, expectativas não atendidas ou até mesmo traumas do passado. Durante as sessões, o casal tem a oportunidade de explorar e compreender as causas profundas dessas dificuldades, que podem envolver experiências da infância, diferenças de personalidade ou conflitos não abordados.

Muitas vezes, os casais se sentem sozinhos mesmo estando em um relacionamento, o que pode ser uma das principais causas de insatisfação emocional. A sensação de solidão no relacionamento ocorre quando as necessidades emocionais de um ou ambos os parceiros não estão sendo atendidas. Esse distanciamento pode fazer com que um ou ambos sintam que estão "sozinhos juntos", o que agrava o sentimento de desconexão e isolamento. A terapia de casal oferece um espaço seguro para que esses sentimentos sejam discutidos abertamente e para que o casal trabalhe em conjunto para restaurar a intimidade e a conexão emocional.

Nesse sentido, a terapia de casal visa fortalecer o vínculo entre os parceiros, promovendo o desenvolvimento de habilidades emocionais e comportamentais que permitirão ao casal lidar de forma mais madura com os desafios que surgirem no futuro.



Benefícios da terapia de casal

A terapia de casal oferece uma série de benefícios profundos e significativos, proporcionando aos parceiros ferramentas valiosas para restaurar e fortalecer sua relação. A seguir, destacamos os principais benefícios dessa abordagem terapêutica:

BENEFÍCIOS DA TERAPIA DE CASAL GANHOS
Melhora na comunicação A terapia de casal ensina aos parceiros como se comunicar de forma mais eficaz, com foco em uma comunicação respeitosa. Os casais aprendem a expressar suas emoções e necessidades sem recorrer a críticas ou acusações. Esse aprimoramento do diálogo favorece a escuta ativa, o que contribui para a criação de um ambiente mais harmonioso e empático no relacionamento.
Fortalecimento da intimidade A terapia ajuda os casais a restabelecerem sua conexão afetiva, promovendo a abertura e a vulnerabilidade.
Resolução de conflitos A terapia de casal oferece ferramentas para lidar com desacordos de forma construtiva e não conflituosa. Ao invés de ceder a impulsos de brigas ou acusações, os casais aprendem a resolver os problemas de maneira colaborativa. Isso diminui o risco de ressentimentos e evita que desentendimentos pequenos se transformem em grandes confrontos.
Recuperação após traições ou violações da confiança Quando ocorre uma infidelidade ou qualquer outra violação de confiança, a terapia oferece um espaço seguro para lidar com a dor emocional causada. O terapeuta facilita o processo de reconstrução da confiança, ajudando os parceiros a decidirem, juntos, se querem continuar o relacionamento ou seguir caminhos separados. A terapia pode ser um ponto de renovação e crescimento após um momento difícil, ajudando o casal a restaurar a confiança mútua.
Aumento do bem-estar emocional Ao enfrentar e resolver questões importantes no relacionamento, os casais conseguem atingir um equilíbrio emocional mais estável. Isso reduz o estresse emocional proveniente de conflitos não resolvidos e ajuda a promover uma vida conjugal saudável.


Terapia de casal online: como funciona?

A terapia de casal online se tornou uma alternativa viável para muitos casais que têm dificuldades de encontrar tempo para as consultas presenciais. Funciona de forma similar à terapia tradicional, com a diferença de que as sessões são realizadas por meio de plataformas digitais, como videochamadas. Isso oferece maior conveniência e flexibilidade para os casais que moram em locais distantes ou têm uma rotina apertada.

A principal vantagem da terapia de casal online é a acessibilidade, além de permitir que os casais se sintam mais confortáveis ao conversar sobre assuntos delicados no ambiente familiar ou no conforto de sua casa.

Quando procurar ajuda psicológica para o casal?

Muitas vezes, os casais evitam procurar ajuda devido ao estigma ou à ideia de que devem resolver seus problemas sozinhos. No entanto, existem vários sinais que indicam que é o momento de buscar a terapia de casal, tais como:

  • Comunicação que se tornou agressiva ou inexistente.
  • Falta de intimidade ou conexão emocional
  • Perda de confiança após uma traição ou outra quebra significativa de vínculo
  • Conflitos frequentes sem resolução
  • Sentimento de insatisfação constante no relacionamento
  • Sensação de solidão, mesmo estando no relacionamento


Quais são as linhas de tratamento para terapia de casal?

As principais linhas da terapia de casal incluem a terapia sistêmica, a cognitivo-comportamental e a abordagem psicanalítica. Elas oferecem abordagens distintas e focadas em aspectos específicos da dinâmica conjugal, permitindo que cada casal encontre a solução mais adequada para suas necessidades.

  • Terapia sistêmica: trabalha com o casal dentro de um contexto mais amplo, considerando a influência de fatores externos, como a família, os amigos e o ambiente social. O objetivo é compreender os padrões de interação entre os parceiros e como essas influências externas afetam a dinâmica do relacionamento. Essa abordagem enfoca as interações e a forma como as relações fora do casal impactam o comportamento de ambos.
  • Terapia cognitivo-comportamental: foca nas atitudes e comportamentos do casal. Ela ajuda a identificar e modificar pensamentos disfuncionais que geram conflitos e tensões, buscando transformar padrões de comunicação e interação negativa. Além disso, propõe tarefas práticas que os parceiros podem realizar para reforçar as mudanças e ajustes no relacionamento, promovendo uma nova forma de se comunicar e lidar com as dificuldades cotidianas.
  • Abordagem psicanalítica: mergulha nas questões inconscientes que podem estar influenciando o comportamento e os sentimentos do casal. Essa abordagem explora as influências das famílias de origem de cada parceiro, investigando como os padrões aprendidos no passado influenciam as reações, expectativas e comportamentos no relacionamento atual. O objetivo é compreender e resolver conflitos mais profundos, muitas vezes ligados a questões não resolvidas de ambos.


Banner do curso Amor e Solidão: uma psicanálise das conexoes humanas, de Ana Suy, disponível na Casa do Saber

Perguntas para terapia de casal: como começar?

Para muitos casais, o primeiro desafio é reconhecer a necessidade de ajuda. Isso geralmente acontece quando os problemas no relacionamento se tornam recorrentes e difíceis de resolver por conta própria. Quando a comunicação se torna difícil, a intimidade começa a desaparecer ou os conflitos se intensificam, pode ser hora de procurar apoio profissional. Reconhecer esses sinais e entender que a ajuda de um terapeuta pode ser fundamental para melhorar a relação é o primeiro passo importante.

Após perceber que a terapia pode ser a solução, o próximo passo é buscar um terapeuta especializado. É importante encontrar um profissional com experiência em terapia de casal, que tenha um bom entendimento dos desafios comuns que os casais enfrentam. Hoje, muitos terapeutas oferecem consultas tanto presenciais quanto online, o que aumenta ainda mais a acessibilidade para aqueles com uma rotina apertada ou que moram em lugares distantes.

Ao marcar a primeira consulta, o casal deve estar preparado para falar sobre suas preocupações e expectativas em relação à terapia. Muitas vezes, essa primeira sessão é um momento de esclarecimento, onde o terapeuta explica como funciona o processo terapêutico, quais são os objetivos e o que se espera de cada parceiro durante o tratamento. Para alguns casais, o simples fato de ter um espaço seguro para expressar sentimentos pode ser o início de uma mudança significativa. É importante estar disposto a ser transparente e honesto, já que isso cria a base para um processo terapêutico eficaz.

Nesse sentido, é essencial que ambos os parceiros estejam comprometidos com o processo, entendendo que as mudanças podem levar tempo. Não há um tempo exato para ver os resultados, mas, com dedicação, a terapia pode ajudar a reconstruir a confiança, restaurar a intimidade e melhorar o vínculo afetivo.

Para que a terapia seja eficaz, é fundamental que o casal mantenha a mente aberta e esteja disposto a ouvir e refletir sobre suas próprias atitudes. Isso exige paciência, especialmente quando se enfrentam temas sensíveis ou questões que podem ter sido ignoradas por um longo tempo.

Conclusão

A terapia de casal é uma ferramenta importante para restaurar o bem-estar no relacionamento, promovendo mudanças significativas na comunicação, na resolução de conflitos e no fortalecimento dos laços afetivos entre os parceiros. Quando enfrentam dificuldades constantes, como desentendimentos frequentes, distanciamento emocional ou falta de intimidade e de admiração mútua, a terapia pode ser a melhor alternativa para revitalizar a relação. As mudanças que surgem nesse processo são essenciais para quebrar padrões disfuncionais e abrir espaço para a evolução do relacionamento.

Ao se comprometer com a terapia de casal, vocês estarão investindo no futuro do relacionamento. O processo pode trazer transformações importantes, como o desenvolvimento de um novo repertório de comunicação, negociação e alinhamento de objetivos, além de contribuir para a melhoria da vida sexual e emocional. Essas mudanças são fundamentais para a superação de velhos hábitos.

Perguntas Frequentes sobre Terapia de Casal

O que é terapia de casal e como ela pode ajudar?

A terapia de casal é uma abordagem psicoterapêutica focada em melhorar a dinâmica do relacionamento, ajudando o casal a resolver conflitos, melhorar a comunicação e fortalecer os laços afetivos.

Como funciona a terapia de casal online?

A terapia de casal online funciona de maneira similar à presencial, mas as sessões são realizadas por meio de videochamadas, oferecendo maior conveniência e flexibilidade.





Referências

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2020/09/12/terapia-de-casal-salva-o-relacionamento-entenda-quando-ela-pode-ajudar.htm

https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2024/03/09/terapeutas-contam-o-que-os-casais-mais-levam-para-terapia-de-casal.htm

https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/terapia-de-casal-saiba-quando-ela-e-indicada,4c9e2021095c2a84618aefcc3debd6e8ssgzjxo9.html




As abordagens da psicologia e os tipos de terapia
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As abordagens da psicologia e os tipos de terapia
Quer conhecer os principais tipos de terapia, suas abordagens, conceitos e as linhas da psicologia em que estão inseridos? Este conteúdo é para você!

Depois daqueles dois anos que ficamos trancados dentro de nossas casas, impossibilitados de sair, interagir e exercer nossos papéis sociais – você deve se lembrar do que estamos falando –, a psicologia começou a ser vista com outros olhos, ganhando maior importância na vida da maioria das pessoas, abrindo assim a oportunidade de acesso a diversos tipos de terapia.

Mas suas tantas vertentes não tiveram início nesse tempo sombrio que tentamos – a duras penas – apagar de nossas mentes, elas vem se desenvolvendo e evoluindo à medida que as necessidades humanas surgem e se modificam. É o famoso Zeitgeist – termo alemão que significa "espírito do tempo".

Dentro desse contexto, você já deve ter ouvido a famosa frase: “todo mundo precisa de terapia”, mas será que estamos conseguindo acessar o que, de fato, nos coloca nesse lugar?

Não à toa, a psicoterapia contemporânea bebe de diversas fontes, sendo um conglomerado de teorias e conceitos que compartilham de ideias, muitas vezes, semelhantes – ou que se complementam.

Imagem computadorizada. Fundo bege, meio cinza, com uma estrutura redonda que possui três degraus no canto direito. No meio da estrutura, um busto humano andrógino. De seu peito se abre uma porta, de onde saem nuvens, com uma escada. Na beirada da escada, um homem está parado olhando para a porta.

Conseguimos explicar o que é psicologia?

Quando nos deparamos com as tantas nomenclaturas que as linhas da psicologia abrangem, acabamos gerando certa confusão de qual direção tomar, qual curso fazer ou qual caminho se deve seguir.

E é exatamente isso que Luiz Hanns aborda em seu curso “Psicoterapia contemporânea: por uma integração transteórica de diversas práticas e teorias”, em que nos convoca a pensar nas tantas psicologias existentes como sendo conectadas umas com as outras, ampliando olhares e conhecimentos a fim de extrair bases fundamentais para o atendimento clínico.

Vale ressaltar que um psicólogo generalista tende a não se aprofundar em transtornos complexos, como borderline e anorexia, pois esses quadros exigem um alto grau de especialização, além de longas horas de estudo, supervisão e prática clínica específica. Nesses casos, é essencial que o paciente receba não apenas acolhimento e orientação adequados, mas também um direcionamento claro para profissionais ou abordagens com maior experiência na área.

Existem diversas teorias psicológicas que frequentemente divergem entre si, muitas vezes gerando rivalidades e debates contínuos. Além disso, algumas abordagens são tão distintas em seus princípios e métodos que não deveriam ser enquadradas no mesmo sistema de comparação ou avaliação, pois operam a partir de fundamentos epistemológicos completamente diferentes.

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thumb do curso 'Psicoterapia contemporânea', por Luiz Hanns


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Os debates entre as linhas da psicologia

Podemos citar algumas “comparações” como Sigmund Freud e Carl Jung, uma vez que se fala muito sobre a separação de ambos. No debate, a psicanálise é considerada por vários países como sendo uma modalidade de psicoterapia, que analisa os sintomas e tem como uma das bases a teoria da libido.

Enquanto outros dizem que a psicologia analítica consegue ir mais profundo, através do inconsciente coletivo e dos arquétipos – claro que estamos trazendo aqui uma mínima pincelada.

Ao longo de sua trajetória, o psicólogo pode ou não se identificar com uma abordagem específica. É igualmente importante considerar como, no meio acadêmico e profissional, se estabelece quais abordagens prevalecem, quais podem coexistir e quais acabam sendo gradualmente rejeitadas ou caindo em desuso.

Segundo Hanns, para que uma ou mais teorias avancem e alcancem maior aceitação acadêmica e social, é necessário compreender a dinâmica da retórica científica e acadêmica.

Esse processo não se baseia em quem grita mais alto, em disputas agressivas ou em ataques pessoais, mas sim em um conjunto de parâmetros que, embora não garantam que uma teoria seja intrinsecamente mais científica do que outra, fornecem argumentos mais sólidos dentro do debate.

Esses argumentos podem aumentar a aceitação de uma teoria sobre outra ou, em alguns casos, permitir que duas teorias dominem o campo, mesmo que sejam antagônicas entre si – por isso, é essencial reconhecer a evolução das abordagens dentro da psicoterapia.

Imagem computadorizada. Fundo azul claro, meio esverdeado, com busto humano andrógino ao centro. O topo da sua cabeça está cortado e o cérebro é exposto como se fosse um labirinto. Seu rosto também está projetado para fora, como uma máscara. Em seu peito consta uma porta, de onde sai uma escada.

Conhecendo algumas linhas da psicologia

É fundamental manter a coerência de uma teoria não apenas internamente, mas também em diálogo com áreas afins. As diferentes disciplinas – quando em formação – estão em constante interação, e a psicoterapia não pode se isolar como um campo independente que ignora outros saberes – mesmo que algumas abordagens tentem sustentar essa ideia. O ideal é que apresentem congruência com outras áreas do conhecimento, garantindo um embasamento sólido e interdisciplinar.

A psicologia é uma área bastante ampla e diversa, oferecendo cuidado à saúde mental, bem como proporcionando bem-estar àqueles que se dedicam ao seu processo como clientes, analisados ou pacientes – cada abordagem trata de uma maneira distinta.

Neste texto, focamos na psicologia clínica, um dos principais ramos da psicologia, voltado para a avaliação, diagnóstico, tratamento e prevenção de transtornos mentais, emocionais e comportamentais. Seu objetivo é promover o bem-estar psicológico e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, ajudando-os a lidar com desafios internos e externos de maneira mais saudável.

O psicólogo clínico trabalha diretamente com indivíduos, casais, famílias ou grupos, utilizando diferentes abordagens para compreender e tratar problemas emocionais e comportamentais.

Esse processo, muitas vezes, começa com uma avaliação psicológica, que pode envolver entrevistas, testes e a análise do histórico do paciente para compreender melhor quais são as suas dificuldades e necessidades.

A psicologia clínica não se limita a uma única linha teórica. Existem diversas abordagens, cada uma com sua visão sobre a psique humana, o desenvolvimento dos transtornos e os métodos de intervenção. Algumas das principais são:

LINHA TEÓRICA ABORDAGEM
Psicanálise e Psicodinâmica Tem como base as teorias de Freud, Winnicott, Lacan, dentre outros – costumam ser mais longas e consideradas profundas, investigando processos inconscientes e sintomas que afetam a vida do paciente.
Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) Enfatiza a relação entre pensamentos, emoções e comportamentos, ajudando o paciente a identificar e modificar padrões disfuncionais. Baseada em evidências e amplamente utilizada no tratamento de transtornos como ansiedade, depressão, TOC e fobias.
Humanista e Existencial Foca na experiência subjetiva do paciente, na busca por significado e na autorrealização. Abordagens como a Terapia Centrada na Pessoa (Carl Rogers) e a Logoterapia (Viktor Frankl) valorizam o crescimento pessoal e a autodeterminação.
Gestalt-terapia Trabalha a consciência do momento presente e a responsabilidade do indivíduo sobre suas emoções e comportamentos. Incentiva a integração de diferentes aspectos da experiência do paciente para promover o autoconhecimento.
Terapias de Terceira Onda São abordagens mais recentes dentro da TCC, incorporando elementos de aceitação, mindfulness e valores pessoais. Exemplos incluem a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) e a Terapia Comportamental Dialética (DBT) – eficaz para transtorno de personalidade borderline.
Psicologia Analítica (Junguiana) Criada por Carl Jung, enfatiza o inconsciente coletivo, os arquétipos e o processo de individuação como chave para o desenvolvimento pessoal. Utiliza a análise de sonhos, mitos e símbolos para auxiliar na compreensão dos conflitos internos.


Atualmente, a psicologia clínica tem se expandido e integrado novas tecnologias, incluindo terapias online e abordagens interdisciplinares envolvendo neurociência e psiquiatria. O campo continua a evoluir, buscando sempre formas mais eficazes e acessíveis de promover a saúde mental e o bem-estar.

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Afinal, qual a diferença entre analista, terapeuta e psicólogo?

Fazer comparações não é o nosso objetivo aqui, mas sim esclarecer os papéis e as formas de atuação dos profissionais ligados à saúde mental de milhares de pessoas.

A diferença principal entre analista, terapeuta e psicólogo está no nível de formação, no tipo de atuação e na abordagem utilizada no atendimento clínico.

  • Psicólogo: graduação em psicologia + CRP – Atua com psicoterapia, avaliação psicológica e intervenções terapêuticas. Pode diagnosticar pacientes.
  • Terapeuta: formação variada (pode ou não ser psicólogo) – Trabalha com diferentes formas de terapia (psicológicas ou holísticas). A possibilidade de poder ou não diagnosticar irá depender da formação.
  • Analista: formação em psicanálise (pode ou não ser psicólogo) ou psicologia analítica – Atua com psicanálise (Freud, Lacan) ou análise junguiana (Jung).


O psicólogo é um profissional formado em psicologia, com curso superior de quatro a cinco anos, podendo atuar em diversas áreas, como clínica, organizacional, educacional, esportiva, hospitalar e social.

Para atuar, é necessário ter registro no Conselho Regional de Psicologia (CRP) e escolher uma abordagem para conduzir seus atendimentos, podendo realizar avaliações psicológicas, testes, diagnósticos e intervenções terapêuticas.

O terapeuta, por outro lado, é um termo mais amplo e não exige necessariamente formação em psicologia. Ele pode atuar no campo da saúde mental, emocional e comportamental sem precisar ser psicólogo ou possuir CRP.

Um terapeuta pode ser um psicoterapeuta, caso tenha formação em uma abordagem psicológica específica ou atuar em áreas complementares – sua atuação depende das regulamentações locais e do campo de especialização. Vale ressaltar – e colocar em letras garrafais – que para escolher um terapeuta os pacientes devem se aprofundar em suas pesquisas, visto que existem muitas abordagens sendo trabalhadas sem bases científicas ou comprovações teóricas.

O analista pode seguir diferentes formações dependendo da abordagem adotada. No caso da psicanálise Freud, Lacan –, a formação pode ser realizada em instituições psicanalíticas sem a necessidade de um diploma em psicologia, mas necessitando de uma formação acadêmica e de bases sólidas no estudo de psicanálise, permitindo até mesmo que profissionais de outras áreas da saúde atuem como psicanalistas. Alguns psicanalistas contemporâneos de renome, como Ana Suy, reforçam que a formação em psicologia atrelada à atuação em psicanálise é extremamente proveitosa ao profissional.

Já a psicologia analíticaJung – exige formação superior em psicologia para que o profissional possa atuar como analista junguiano. Esse requisito se deve ao fato de que essa abordagem faz parte do campo da psicologia e exige uma base acadêmica formal para aplicação clínica.

Na prática, o analista trabalha com métodos específicos de sua abordagem, como associação livre, interpretação de sonhos, inconsciente coletivo e arquétipos, dependendo da linha teórica adotada.

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Referências bibliográficas

HANNS, Luiz. Psicoterapia contemporânea: por uma integração transteórica de diversas práticas e teorias. Casa do Saber.

SANTI, Pedro Luiz Ribeiro; FIGUEIREDO, Luís Cláudio. Psicologia: uma (nova) introdução. São Paulo: Educ, 2008.

O que é felicidade sob a ótica da psicologia positiva
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O que é felicidade sob a ótica da psicologia positiva
Saiba como a psicologia positiva pode transformar vidas, promovendo relações mais saudáveis em busca do que é felicidade.

E se, no texto de hoje, a gente te propuser um desafio: tirar um tempo para refletir a respeito da sua felicidade? Atualmente, a maioria das pessoas corre de maneira desenfreada sem se dar conta do que está se passando ao redor – e dentro – delas. E a incessante busca do que é felicidade acaba sendo colocada como um objetivo a ser alcançado – ou um item a ser comprado. Mas a psicologia positiva tem outra ideia sobre esse tipo de fato e, dentro desse cenário, a pergunta que fica é: “o que é felicidade para você?”.

Segundo Luiz Hanns, em seu curso “A tal da felicidade: a busca de uma vida mais plena”, essa busca pela felicidade é recente, indo contra a ideia de que é algo inerente ao ser humano.

Isso porque, em tempos passados, existiam algumas hierarquias de metas da vida, onde a felicidade estava amplamente ligada a cumprir ciclos, como casar, ter filhos, estudo e um bom emprego, por exemplo. Mas, e agora?



O impacto da psicologia positiva na história da psicologia

Nos Estados Unidos, e em outros países da língua inglesa, estamos acostumados à associação da palavra happiness – que significa aquilo que acontece –, partindo do pressuposto de que se coisas boas ocorrem, nós estamos felizes.

O termo caminha lado a lado ao que se percebia como a verdadeira felicidade, que era ter segurança, saúde, fartura, o direito de ir e vir, além da cidadania (não que isso também não seja fundamental hoje em dia – a pirâmide de Maslow que nos diga).

Antes da Segunda Guerra Mundial, a psicologia tinha três objetivos principais: tratar transtornos mentais, promover uma vida mais satisfatória e plena para as pessoas, reconhecer e estimular talentos.

No entanto, após o conflito, passou a concentrar-se quase exclusivamente na pesquisa e no tratamento das doenças mentais, deixando um pouco de lado a valorização das qualidades e potenciais humanos.

O contexto histórico desse período teve um impacto significativo nessa mudança de foco, resultando em uma menor atenção ao estudo das virtudes humanas ao longo da segunda metade do século XX.



Pode-se dizer que em anos não tão antigos assim, a sociedade era menos acometida por diagnósticos e sintomas como depressão, melancolia, frustração e estresse. Talvez – aqui é uma especulação – pelo fato de existirem tantas “certezas” sobre os processos e trajetos pelos quais a vida iria passar.

Como dito anteriormente, a psicologia tinha – e ainda tem em algumas vertentes – foco em patologias, com abordagens variadas que costumam enfatizar a angústia do ser humano, esquecendo da ideia de vocação para a felicidade.

O conceito de felicidade que conhecemos hoje é bastante recente, tendo sido “criado” por volta de 1960, onde a alegria de viver era muito mais do que trabalhar duramente, tendo um sentido voltado à capacidade das pessoas conseguirem usufruir das coisas, derivando assim de condições internas.

Foi então que, através de Martin Seligman, surgiu a psicologia positiva, uma das linhas da psicologia que trabalhamos até os dias atuais. Martin – um dos fundadores – e outros teóricos se dedicaram a estudos sistemáticos da felicidade, onde olhavam para os pacientes de forma a encontrar o bem-estar, como ele se definia e como se promovia.

Imagem gerada por inteligência artificial. Jovem adulto de cabelos castanhos e enorme sorriso, usa blusa branca. Ao fundo uma parede colorida e em toda a imagem respingos de tinta.

Felicidade não é euforia, é satisfação consigo mesmo e com a vida

Não existe uma forma de explicar o que é felicidade – ou como ela se apresenta para cada um de nós –, pois existem fatores que precisam estar alinhados e em congruência, facilitando o acesso a esse estado “de ser feliz”.

As escolhas de vida dos seres humanos não são pautadas apenas na busca pela felicidade, visto que existem objetivos diversos – separados em cinco pela psicologia positiva:

  • Felicidade.
  • Relacionamentos.
  • Propósito.
  • Engajamento.
  • Realizações.


Em uma curva de análise considerada como normal, cerca de 60% da felicidade de uma pessoa depende de genética, epigenética e condições biológicas – o que é um número bastante alto. Outra parte depende das condições de nascimento do indivíduo, como a cultura em que está inserido, por exemplo.

Ao longo da vida, também existem picos de felicidade, que variam de acordo com a idade – 12 a 18 anos, com picos de bem-estar; 20 a 40 anos, com picos de ansiedade; e de 50 anos em diante pode-se observar uma melhoria.

Dito isso, para uma outra parte ainda maior, a sensação de bem-estar é fruto de uma aprendizagem, sendo adquirida ao longo da trajetória do viver. Porém, pensar em tudo isso pode nos levar a uma ideia de um projeto ingênuo de felicidade e, como Hanns traz em seu curso – o qual falamos na introdução deste texto – queremos lidar com um ideal de felicidade realista, mas temos quatro obstáculos:

  1. A vida, em essência, é um estresse. Existe um esforço feito contra o meio ambiente, o próprio organismo está em luta a todo momento, inclusive contra a morte. A harmonia que imaginamos – e almejamos – não é dada estruturalmente, é uma vida tensionada e vocacionada para a luta.
  2. Existe uma dualidade, onde o princípio do prazer nos guia e nos indica para onde ir, como se fosse uma bússola para a felicidade – teoria amplamente discutida por Freud. Dessa forma, o prazer pode ser considerado como um alívio de tensão e o princípio da realidade se opõe ao princípio do prazer – onde precisamos conter o impulso perante aquilo que desejamos.
  3. Muitas das coisas que acontecem ao longo da vida conspiram contra a felicidade, sendo acumuladas a cada minuto. Como seres humanos, possuímos a capacidade única da consciência reflexiva, o que nos permite atribuir significado às nossas vivências e desenvolver resiliência emocional – ou não.
  4. As relações humanas são naturalmente complexas, pois envolvem indivíduos com histórias, perspectivas e desejos distintos. Essa complexidade se manifesta em uma constante negociação entre o que queremos e o que o outro deseja.


Dessa forma, é necessário que tenhamos uma observação detalhada de cada um desses itens, a fim de construir uma vida que valha a pena – para si mesmo. O que nos leva a outro ponto crucial dentro do conceito da psicologia positiva: o ajuste da congruência de seis elementos fundamentais.

Imagem gerada por inteligência artificial. Jovem adulto, à esquerda da imagem, de cabelos castanhos e enorme sorriso, usa blusa branca. À direita, uma jovem adulta, também de sorriso largo, usa regata azul. Ao fundo uma parede colorida e em toda a imagem respingos de tinta.

A arte de viver leva tempo

Ter apenas uma ação positiva não vai fazer com que suas relações saiam do zero e atinjam altos patamares de plenitude. É preciso elaborar certos fundamentos para que as análises sejam profundas e quase precisas – porque nada é perfeito quando se trata de viver, até porque, sempre que achamos estar no caminho da felicidade, algo extra – melhor ou pior – aparece, fazendo com que esse querer nunca cesse.

Existem forças humanas que desempenham um papel importante na proteção contra a doença mental, são elas: coragem, foco no futuro, esperança, otimismo, competências interpessoais, fé, trabalho ético, honestidade, a capacidade de “flow” e de compreensão, além de perseverança.

Essa abordagem enfatiza e potencializa os aspectos positivos dos clientes, sem ignorar seu sofrimento, utilizando essas qualidades como ferramentas para o processo de terapia.

Sendo assim, a psicoterapia positiva propõe uma transição gradual para um equilíbrio no foco terapêutico, indo além das fragilidades e dificuldades. Em vez de apenas tratar o sofrimento psicológico, busca compreendê-lo de forma mais ampla, incentivando o uso dos próprios recursos – tanto internos quanto interpessoais – para enfrentar os desafios apresentados pela vida.



Ao reconhecer suas forças, desenvolver habilidades para cultivar emoções positivas, fortalecer conexões interpessoais e encontrar propósito e significado, é possível experimentar um processo terapêutico mais motivador, fortalecedor e transformador.

O propósito central da psicologia positiva é ensinar estratégias concretas e aplicáveis que ajudem cada pessoa a usar suas potencialidades para construir uma vida mais engajada, satisfatória e plena.

Com essa abordagem, o papel do terapeuta se expande: ele deixa de ser apenas um especialista que identifica déficits e passa a atuar ativamente como um facilitador do crescimento, da resiliência e do bem-estar.

Para isso, também precisamos olhar para as seis competências e aptidões que cada pessoa possui, fortalecendo a congruência de fatores específicos que poderão levar à felicidade (para maior compreensão do tema conferir a imagem na sequência).

  1. Interesse, entusiasmo em experimentar – flow. O "flow" é um estado de imersão total e entusiasmo por atividades que desafiam habilidades, promovendo prazer, aprendizado e criatividade. Pessoas que buscam novas experiências tendem a viver mais plenamente e se tornam mais resilientes. No entanto, é importante equilibrar esse entusiasmo com a reflexão sobre os riscos e consequências para evitar a superficialidade e manter o foco.
  2. Desejo por autonomia, independência e o fazer por conta própria. É necessária uma postura proativa perante o que a vida traz. Aqueles que não possuem esse tipo de competência tendem a entrar em um esquema de dependência.
  3. Habilidade interpessoal, empatia, traquejo, senso diplomático. As pessoas que não possuem esses tipos de aptidões, muitas vezes, podem engolir muito sapo e serem extremamente confrontantes.
  4. Relação com o erro e a garra. É preciso saber admitir os erros cometidos, além de ter força de vontade para fazer – e fazer diferente. Indivíduos que possuem tais características em excesso podem se tornar obsessivos.
  5. Frustração e flexibilidade. Saber gerir momentos de frustração, independente do grau, levam o indivíduo ao outro item, que é a flexibilidade, em que é possível se adaptar ao meio e ao que acontece nele. O excesso acaba levando a não se ter metas consistentes.
  6. Planejamento e execução. É interessante conter o impulso e o desejo para que a vida seja mais satisfatória, onde é possível garantir um prazer futuro melhor estruturado. Em excesso, tais características deixam a vida sem graça e tira a capacidade de que a pessoa usufrua dela.


Já no caso da congruência, conforme mencionado, seguimos um fluxo de itens que precisam de certo equilíbrio, são eles:

slide sobre congruência, software e aprendizagem

Retirado do curso “A tal da felicidade: a busca de uma vida mais plena”, de Luiz Hanns.


Logo, de acordo com o pai da psicologia positiva, Martin Seligman, o entendimento das forças e virtudes humanas pode promover o "florescimento" das pessoas, comunidades e instituições.

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Identificando e organizando as forças e virtudes rumo à felicidade

O “florescimento” falado acima é visto como o desenvolvimento completo, saudável e positivo dos aspectos psicológicos, biológicos e sociais dos seres humanos. Com isso, os estudiosos criaram um manual para classificar as forças de caráter e virtudes – CSV (Character, Strengths and Virtues) –, voltado para o bem-estar psicológico, de forma análoga ao manual que existe para classificar as desordens mentais – DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders).

O objetivo desse manual foi identificar e organizar as forças e virtudes que ajudam as pessoas a alcançar seu pleno potencial. Ele contém uma lista de 24 forças de caráter, organizadas em 6 virtudes principais.

VIRTUDES E FORÇAS QUE A INTEGRAM DEFINIÇÃO
1. Sabedoria e conhecimento

Forças cognitivas que se relacionam com a aquisição e o uso do conhecimento.

Criatividade Pensar numa maneira nova e produtiva de fazer as coisas.
Curiosidade Ter interesse por todas as experiências e acontecimentos.
Originalidade Pensar nas coisas através e examinando todas as perspectivas.
Gosto pela aprendizagem Dominar novas competências, assuntos e corpos de conhecimento.
Empatia Ser capaz de dar conselhos apropriados aos outros.
2. Coragem

Forças emocionais que envolvem o exercício da vontade para atingir metas, face à oposição interna ou externa.

Autenticidade Falar a verdade e apresentar-se de uma forma genuína.
Ousadia Não evitar desafios, dificuldades ou sofrimentos.
Persistência Terminar o que começou.
Entusiasmo Enfrentar a vida com entusiasmo e energia.
3. Bondade

Forças interpessoais que envolvem colaborar e apoiar os outros. Prestar favores e praticar boas ações.

Amor Valorizar as relações próximas com os outros.
Inteligência social Estar consciente das suas motivações e sentimentos e das dos outros.
4. Justiça *
Equidade Tratar todas as pessoas de forma igual de acordo com as noções de lealdade e justiça.
Liderança Organizar atividades de grupo e certificar-se que elas se realizam.
Trabalho em equipe Trabalhar bem enquanto membro de um grupo ou equipe.
5. Moderação Forças que protegem contra os excessos.
Perdão Perdoar aqueles que fizeram algo de errado.
Modéstia *
Prudência Ter cuidado com as escolhas: não dizer nem fazer coisas de que se possa arrepender depois.
Autocontrole Controlar o que diz e sente.
6. Transcendência *
Apreciar a beleza e a excelência Ver e apreciar a beleza, a excelência e/ou desempenhos excelentes em todos os domínios da vida.
Gratidão Estar consciente e agradecido pelas coisas boas que acontecem.
Esperança Esperar o melhor e trabalhar no sentido de o alcançar.
Humor Gostar de rir e gracejar; fazendo com que os outros sorriam.
Religiosidade Ter crenças coerentes acerca do alto propósito e significado da vida.


Todo o quadro e seu conteúdo foram retirados do material referente à Martin Seligman: “Todo mundo pode florescer”, na reportagem por Letícia Sorg. Fonte: Revista ÉPOCA online, 20 de maio de 2011. *Os itens que constam sem explicação, também estavam em branco no quadro original.

O avanço da psicologia positiva pode ajudar a prevenir diversas desordens emocionais. Além disso, pode favorecer a saúde física, fortalecer indivíduos sem transtornos psicológicos, aumentar sua produtividade e contribuir para o desenvolvimento pleno de seu potencial.

Então, para que serve o psicólogo?

O que é psicologia positiva, sem um psicólogo que desempenha um papel fundamental ao ajudar as pessoas a reconhecerem e cultivarem suas emoções positivas, fortalecendo a resiliência e descobrindo um sentido mais profundo de propósito e satisfação? Nada. Seu trabalho vai além do tratamento de transtornos, ampliando as possibilidades de alcançar o bem-estar e a qualidade de vida.

Para isso, a escuta ativa e uma visão holística são essenciais, considerando os diversos aspectos que influenciam a experiência humana. Dessa forma, os indivíduos tornam-se mais conscientes e preparados para tomar decisões alinhadas aos seus valores e objetivos de vida, trilhando um caminho mais autêntico rumo à felicidade.

Afinal, todas as áreas da vida — desde as relações conjugais, amizades e sexualidade até o trabalho, a criação dos filhos e os desafios da jornada — envolvem potencialidades, virtudes, temperamentos e fatores individuais que moldam nossa existência.




Referências bibliográficas

SELIGMAN, Martin E. P. Felicidade autêntica – usando a nova psicologia positiva para a realização permanente. Rio de Janeiro: Objetiva, 2002.

SELIGMAN, Martin E. P. Todo mundo pode florescer. Reportagem por Letícia Sorg Fonte: Revista ÉPOCA online, 20 de maio de 2011.

SELIGMAN, Martin E. P; RASHID Tayyab. Psicoterapia positiva - manual do terapeuta. Porto Alegre: Artmed, 2019.

O humanismo abordado pela psicologia humanista
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O humanismo abordado pela psicologia humanista
Descubra como o humanismo na psicologia promove autenticidade, autoconhecimento e bem-estar para uma vida mais equilibrada.

O que você quer ser quando crescer?” Durante a nossa infância e grande parte da juventude, ouvimos essa frase e, por pelo menos alguns minutos, pensamos nela com certa profundidade.

Mesmo que não saibamos o real sentido do que essa pergunta nos traz tão cedo, quando ainda nem temos o córtex pré-frontal – grande tomador de decisões – totalmente formado, ela nos remete ao que podemos chamar de potencialidades e, dentro do humanismo, é exatamente disso que estamos falando.

Todos nós, como seres humanos, nascemos com potencialidades a serem desenvolvidas e, dentro da perspectiva da psicologia humanista, a forma como buscamos pelo sentido da vida e a autoatualização – como o indivíduo desenvolve todas as suas possibilidades de crescimento – é encarada com grande ênfase.

Características do humanismo e seu surgimento

A psicologia humanista surgiu entre as décadas de 1940 e 1950 como uma resposta às abordagens dominantes da época, como o behaviorismo – que priorizava os comportamentos observáveis – e a psicanálise – que enfatizava os aspectos inconscientes e patológicos da psique.

Em contraste, a abordagem humanista foca no potencial humano, nas experiências subjetivas e no desenvolvimento saudável do indivíduo.

Caracterizada por uma visão otimista da natureza humana, parte do princípio de que as pessoas possuem capacidade de crescimento, transformação e autorrealização – seu nome reflete esse foco centrado no ser humano e nas suas experiências.

Diferente das correntes anteriores, essa abordagem busca compreender o indivíduo de maneira integral e holística, considerando também seus pensamentos, sentimentos, necessidades e desejos.

O termo humanista está relacionado a uma filosofia que enfatiza o valor e a dignidade do ser humano, sustentando que cada pessoa possui um potencial inato para o crescimento e a autotransformação. Dessa forma, não se limita a tratar patologias, mas se dedica a promover um estado de bem-estar, autenticidade e realização pessoal.

Podemos dizer que está profundamente alinhada com diversas correntes filosóficas, pois compartilham de uma visão positiva e otimista sobre a natureza humana, o desenvolvimento pessoal e a busca por um sentido existencial, como mencionado. Essa relação com a filosofia é especialmente evidente em sua ênfase no autoconhecimento, na liberdade de escolha e na busca por autenticidade.



Os principais teóricos da psicologia humanista, seus conceitos e objetivos

Para o desenvolvimento de qualquer teoria, geralmente, temos como base a participação de muitos nomes, dando continuidade ao que está sendo trabalhado na época em questão ou aperfeiçoando alguns – ou muitos – pontos.

Com a psicologia humanista não poderia ser diferente, por isso, fizemos um apanhado com os principais teóricos que contribuíram significativamente para o campo, influenciando terapias centradas no indivíduo, abordagens existenciais e a psicologia positiva.

Foto preto e branco de Abraham Maslow. Senhor sorridente, com cabelos curtos e cinzas. Veste um suéter e uma blusa social por baixo.

Abraham Maslow

É fato que você já ouviu falar de Maslow pelo menos uma vez na sua vida, visto que ele está presente na maioria dos cursos superiores, seja no marketing, na administração ou na psicologia.

Famoso por sua teoria da hierarquia das necessidades – a tal da pirâmide –, sugeriu que os seres humanos têm uma sequência de necessidades que precisam ser atendidas para que possam atingir o seu pleno potencial e ela se divide em cinco níveis:

  1. Necessidades fisiológicas – básicas e fundamentais para a sobrevivência: água, sono, alimentação.
  2. Necessidade de segurança – proteção e estabilidade: segurança física, financeira, emprego, saúde.
  3. Necessidades sociais – relacionamentos interpessoais, amor e pertencimento: amigos, família, intimidade, grupos sociais.
  4. Necessidade de estima – autoestima e reconhecimento externo: independência, confiança, competência, status, respeito, reconhecimento de terceiros.
  5. Necessidade de autorrealização – realização do propósito de vida, crescimento pessoal, desenvolvimento do máximo potencial.

Ou seja, no topo dessa hierarquia está a autoatualização, o processo de realização do potencial máximo do indivíduo, como busca trabalhar a psicologia humanista. Porém, muito se engana aquele que acha que existe uma certa rigidez, pois nada acontece de forma linear ou programada – cada pessoa vai ter um tipo de prioridade.

Depois de mais alguns – muitos – anos de estudo, Maslow acrescentou um sexto nível, de acordo com alguns pesquisadores, chamado de “metanecessidades” – ou transcendência.

Foto em preto e branco de Carl Rogers. Senhor de terno, com blusa social clara. Calvo, com óculos de graus e segurando uma espécie de jornal.

Carl Rogers

Esse é um dos teóricos que muitos estudantes e profissionais, que se dedicam à psicologia humanista existencial, querem guardar num potinho.

Rogers desenvolveu a Terapia Centrada na Pessoa, colocando o indivíduo no centro do processo terapêutico, pois acreditava que a saúde mental resulta de um ambiente acolhedor, com empatia e aceitação – criando um espaço seguro para o desenvolvimento pessoal.

Também formulou o conceito de autoatualização, defendendo que os seres humanos possuem uma tendência natural de buscar seu pleno desenvolvimento. No entanto, esse crescimento só ocorre quando há um ambiente favorável e apoio emocional, como mencionado.

Outro ponto fundamental em sua teoria é a relação entre o self real e o self ideal. Segundo Rogers, o bem-estar psicológico depende da congruência entre quem a pessoa realmente é e quem gostaria de ser – quanto maior a discrepância entre esses dois aspectos, maior o sofrimento emocional.

Além disso, enfatizava a importância da experiência e da subjetividade, acreditando que cada indivíduo interpreta o mundo de maneira única e que essa visão pessoal deve ser respeitada.

O que Rogers nos deixou como ensinamento e teoria, vai além da psicoterapia. Seu foco na escuta ativa e na empatia continua sendo um dos pilares para relações interpessoais saudáveis e eficazes, tornando suas contribuições extremamente relevantes até os dias atuais.



Foto em preto e branco de Rollo May. Senhor de cabelos grisalhos, óculos de grau e vestindo uma blusa de gola alta. Ao fundo, uma estante de livros.

Rollo May

May foi amplamente influenciado pela filosofia existencialista de grandes nomes – Søren Kierkegaard, Friedrich Nietzsche e Jean-Paul Sartre –, abordando questões como ansiedade, liberdade, responsabilidade e autenticidade.

Ele acreditava que o ser humano deve enfrentar os desafios existenciais para alcançar autenticidade, pois isso pode impulsionar o crescimento – desde que não se torne paralisante.

Um dos conceitos centrais apresentados por ele em sua teoria é a ansiedade existencial – parte natural da vida e do desenvolvimento humano –, que ele diferenciava da ansiedade neurótica – que paralisa e impede a ação.

De modo geral, acreditava que a ansiedade acaba surgindo a partir do confronto com a necessidade de escolher e assumir a responsabilidade por nossas próprias vidas e, dentro do seu conceito, é essencial aceitar e aprender a lidar de maneira construtiva.

Isso também está bastante alinhado com outro dos seus temas: a liberdade, que, para ele, não significa apenas poder fazer escolhas, mas sim assumir responsabilidades por elas – um compromisso com a existência.

May ainda busca explicar a autenticidade, quando traz notícias a respeito do alinhamento entre ações e valores profundos, sem conformismo com expectativas advindas do exterior. Uma característica que podemos ver diariamente em nossas próprias vidas, onde a maioria das pessoas busca se adaptar ao meio, a fim de seguir papéis sociais, crenças e regras impostas, se afastando cada vez mais de quem se é – o que pode acarretar na falta de sentido da vida.

Também podemos citar sua teoria da “coragem de ser”, onde deve-se aceitar a dor e as dificuldades da vida sem fuga, com coragem e desenvolvendo resiliência diante das adversidades – claro que falando assim parece fácil, mas não se iluda.

Um dos seus livros mais citados é Love and Will, onde May explora a relação entre amor e vontade, argumentando que o verdadeiro amor exige esforço, comprometimento e uma compreensão profunda do outro.

No livro, ele critica a visão superficial do amor na sociedade moderna e enfatiza que o amor genuíno só pode existir quando há um equilíbrio entre paixão e responsabilidade.



Foto em preto e branco de Viktor Frankl. Ao fundo uma cerca de arame farpado. Cabelos um puco maiores, penteados para trás, usa óculos de grau e roupa  social.

Viktor Frankl

Criador da logoterapia, Frankl focava na busca de sentido da vida, mesmo em situações extremas, principalmente com base em sua história pessoal.

Sua teoria está relacionada com a ideia de que a motivação humana mais profunda é a busca por significado, indo contra a relação com o prazer – sugerida por Sigmund Freud –, por exemplo.

Para ele, o significado não é algo imposto externamente, mas algo que cada indivíduo precisa descobrir por si mesmo. Esse significado pode ser encontrado em diferentes tipos de fontes: trabalho, relacionamentos, atividades criativas ou até mesmo na forma como enfrentamos o sofrimento inevitável.

Frankl nos oferece o conceito de vontade de sentido, descrevendo que o ser humano tem um desejo inato de encontrar um propósito. Quando essa busca não é atendida ou quando alguém se vê perdido em um vácuo existencial, surge a frustração, que pode levar a um sentimento de vazio e desespero.

Atualmente, estamos enfrentando um movimento de grande dificuldade nessa busca de sentido claro e significados profundos, com o boom de diagnósticos psicológicos – como depressão e ansiedade – percebemos sintomas dessa frustração.

Foto em preto e branco de Fritz Perls. Senhor calvo, olhando para baixo, com barba longa e branca. Camisa de tecido clara.

Fritz Perls

Perls é co-criador da Gestalt-terapia, tendo enfatizado a importância de viver no presente e de experimentar o "aqui e agora", ajudando os indivíduos a tomar consciência de seus pensamentos, sentimentos e comportamentos.

Inspirou-se em correntes filosóficas como o existencialismo e a fenomenologia, bem como pelo estudo da percepção humana na psicologia da Gestalt, desenvolvendo assim uma metodologia que convida o indivíduo a tomar consciência de seus pensamentos, emoções e comportamentos no momento presente, promovendo um maior autoconhecimento e autenticidade.

A palavra Gestalt significa "forma" ou "configuração" e vem da Psicologia da Gestalt, que estudava como os seres humanos organizam e interpretam suas experiências.

Perls aplicou essa visão ao campo da psicoterapia, argumentando que as pessoas devem ser vistas como um todo integrado – mente, corpo e emoções – e não apenas como uma soma de partes isoladas. Assim, suas teorias e aplicações buscam restaurar essa totalidade, ajudando os indivíduos a reconhecer e integrar aspectos fragmentados de sua experiência.

Sua abordagem continua extremamente atual, sendo amplamente utilizada em diversas áreas da psicoterapia e do desenvolvimento pessoal.

Imagem computadorizada com um senhor de terno e gravata ao centro, cabelos brancos e blazer azul. Ao seu redor saem raios azuis em um fundo creme. À direita, uma orelha humana com uma asa abaixo; ao centro, uma espécie de mandala em tons de laranja e, à esquerda, um  coração também em tons de laranja. Alguns detalhes se somam à imagem como: espirais, nuvens, pequenos ramos de plantas, flores e estrelas.


Quais são as 3 bases da psicologia humanista?

Ao longo do texto, trouxemos os principais teóricos da abordagem humanista, agora, para que possamos analisar suas bases, separamos em um esquema que facilitará a leitura:

Base da psicologia humanista

Como ela atua
Autenticidade e experiência subjetiva A valorização da experiência única de cada indivíduo, considerando suas percepções, emoções e vivências como essenciais para o desenvolvimento pessoal.
Autonomia e autorrealização A crença de que todos têm um potencial inato para o crescimento e a busca da autorrealização, conceito amplamente explorado por Maslow em sua hierarquia das necessidades.
Relacionamento e empatia Mostra a real importância das relações humanas baseadas na empatia, aceitação incondicional e compreensão genuína, princípios defendidos por Carl Rogers em sua abordagem centrada na pessoa.


Então, dentro desses conceitos, quais seriam então as influências exercidas nos dias atuais?

Não é difícil abordar um tema como esse alinhado ao que estamos vivendo atualmente, pois a sociedade em geral está amplamente marcada pelo estresse, a ansiedade e a depressão. Assim, a psicologia humanista tem se tornado cada vez mais essencial visto que oferece um olhar positivo e holístico sobre o ser humano, ao invés de alimentar o amplo número de diagnósticos de sintomas e doenças – buscando melhorar a qualidade de vida, com equilíbrio emocional, suporte genuíno e empatia.

E ainda bem que quando olhamos para uma grande porcentagem da população, vemos pessoas dispostas a romper com os padrões impostos socialmente, desenvolvendo e valorizando o autocuidado em prol do desenvolvimento pessoal.

Dessa forma, o papel do humanismo vem sendo cada vez mais forte, incentivando o autoconhecimento, a autoaceitação e a busca por um propósito, muitas vezes perdido na “sociedade do cansaço”.

Em um mundo onde o sucesso é frequentemente medido por conquistas materiais e status, esse tipo de abordagem ajuda as pessoas a se reconectarem com seus valores internos e a encontrarem seu próprio caminho, não apenas em resposta às demandas externas, mas em sintonia com sua verdadeira essência – propõe uma alternativa ao paradigma da performance, proporcionando um caminho sólido para quem busca autoconhecimento, realização e propósito de vida.

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Referências bibliográficas

FRICK, Willard B. Psicologia humanista: entrevistas com Maslow, Murphy e Rogers. Rio de Janeiro: Zahar, 1975.

PERLS, Frederick Salomon. Gestalt-terapia. São Paulo: Summus, 1997.

ROGERS, Carl R. Tornar-se pessoa. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2017.