Jane Austen é uma das mais consagradas escritoras da literatura inglesa. Ela viveu entre o final do século XVIII e início do XIX e sua obra se tornou um verdadeiro fenômeno da cultura de massas. Escreveu seis romances, que foram publicados entre 1811 e 1817. Suas narrativas oferecem um retrato irônico e crítico da sociedade britânica da época.
Obras como Orgulho e Preconceito e Razão e Sensibilidade continuam a ser lidas e celebradas por sua sátira às convenções sociais e aos papéis de gênero. O legado de Jane Austen é amplamente adaptado para diversos formatos, especialmente televisão e cinema, o que contribui para a crescente popularidade de seus romances.
Um dos exemplos mais notáveis é o filme Orgulho e Preconceito (2005), que recebeu quatro indicações ao Oscar, incluindo a de Melhor Atriz para Keira Knightley. A adaptação, dirigida por Joe Wright, também conta com a atuação de Matthew Macfadyen no papel de Mr. Darcy, reforçando o apelo atemporal da obra literária de Austen ao conquistar novas gerações de fãs.
Jane Austen: Biografia
Jane Austen nasceu em 16 de dezembro de 1775, no pequeno vilarejo rural de Steventon, Hampshire, na Inglaterra, em uma família de classe média. Seu pai, George Austen, era um reverendo anglicano e também oferecia aulas particulares a jovens que buscavam ingressar em universidades. Sua mãe, Cassandra Leigh, vinha de uma família da pequena nobreza. Jane era a sétima de oito filhos e, junto com sua irmã mais velha Cassandra, eram as duas únicas meninas entre os irmãos. Jane cresceu em um ambiente intelectualmente ativo e afetuoso, onde teve acesso desde cedo à rica biblioteca de seu pai, que possuía cerca de 500 volumes. As leituras faziam parte do cotidiano da família, com discussões literárias após o jantar, o que alimentou o gosto precoce de Jane pela escrita.
Embora Jane Austen tenha frequentado escolas para meninas em dois momentos distintos de sua vida, aos sete e aos dez anos de idade, sua educação foi majoritariamente feita em casa, sob a supervisão de seu pai e irmãos mais velhos. As trocas intelectuais constantes com a família e os jovens aprendizes que seu pai recebia contribuíram para a formação literária da futura escritora. Desde os 12 anos de idade, Jane começou a escrever pequenos esboços e peças curtas para entreter sua família, revelando seu talento para a criação de personagens e histórias cativantes.
Ela viveu a maior parte da vida no campo, compartilhando grande proximidade com sua irmã Cassandra. Vivia em um pequeno vilarejo e frequentava os ambientes familiares daquela província. Chegou a viajar algumas vezes para Londres, onde teve a oportunidade de observar a vida em um convívio social mais amplo que o dela.
Quando tinha 20 anos, Jane Austen teve um breve romance que marcou sua juventude, com Tom Lefroy, um jovem irlandês que aspirava à carreira de advogado, mas o affair não resultou em casamento.
Mais tarde, ela chegou a aceitar uma proposta de casamento de Harris Bigg-Wither em 1802, mas desistiu no dia seguinte, um episódio que foi retratado no filme Amor e Inocência (2007), com Anne Hathaway no papel de Austen. Mas, a escritora nunca se casou.
Aos 25 anos, mudou-se com a família para Bath, e em 1803, ela vendeu sua primeira obra, Lady Susan, por 10 libras, embora esta nunca tenha sido publicada na época. Anos depois, Jane iria comprar de volta os direitos deste pequeno romance.
A escrita de Jane Austen sempre foi feita em casa e quem ficava responsável pela negociação de seus livros eram seu pai e irmãos. Com a morte do pai, em 1805, Jane, Cassandra e sua mãe precisaram da ajuda dos irmãos para se manter, já que as mulheres não podiam trabalhar. Foi então que se mudaram para um chalé em Chawton, cedido pelo irmão Edward Austen. Hoje, o local abriga a Casa Museu Jane Austen.
É no período em que mora em Chawton que Jane se dedica intensamente à escrita e, em 1811, com a ajuda de outro irmão, Henry, conseguiu publicar seu primeiro romance, Razão e Sensibilidade, de forma anônima, sob o título "By a Lady".
Jane Austen continuou a publicar obras notáveis, incluindo Orgulho e Preconceito (1813), Mansfield Park (1814) e Emma (1815), todas marcadas por sua visão sagaz a respeito das tradições da sociedade inglesa, recheadas de humor, ironia e romance. Suas obras ganharam imensa popularidade após sua morte.
Jane faleceu em 18 de julho de 1817, aos 41 anos, e a causa de sua morte é até hoje incerta, embora muitos estudiosos acreditem que ela tenha sofrido do mal de Addison, uma doença degenerativa. Após sua morte, seus irmãos Cassandra e Henry publicaram conjuntamente os romances A Abadia de Northanger e Persuasão, em dezembro de 1817. Jane Austen foi sepultada na Catedral de Winchester, e, apesar de não ter recebido o devido reconhecimento durante sua vida, ela se tornaria, com o passar do tempo, uma das escritoras inglesas mais lidas do mundo.
Formação e Início de Carreira
Embora Jane Austen nunca tenha recebido uma educação formal como era comum para os homens de sua época, ela foi bem instruída em casa e teve acesso à vasta biblioteca de seu pai. A leitura de obras clássicas e os saraus literários que realizava com sua família contribuíram para a formação do seu repertório.
Austen começou a escrever suas primeiras versões de Razão e Sensibilidade e Orgulho e Preconceito ainda na juventude, refinando essas obras ao longo dos anos até suas publicações. Seus primeiros manuscritos, que incluem contos e peças de teatro escritas para entreter a família, foram reunidos no compilado que se chama Juvenília.
Contexto Histórico
Jane Austen viveu de 1775 a 1817, período conhecido na Inglaterra como a era georgiana, época do reinado dos Hanôver. Nesse momento, também estava acontecendo o início da Revolução Industrial, que iria transformar a economia do país e do mundo. Em relação aos conflitos internacionais, ela foi contemporânea das Guerras Napoleônicas, que afetaram a Inglaterra de maneira significativa.
Foi um período de grandes mudanças sociais, incertezas e transformações. Ao mesmo tempo, a sociedade inglesa ainda estava fortemente estratificada por divisões de classe e pelos rígidos papéis de gênero, temas que Austen explorou de maneira sarcástica em suas obras.
Principais Livros de Jane Austen
Os romances de Jane Austen continuam a ser amplamente estudados e admirados por seu estilo inovador, pela subjetividade de seus personagens e por sua sutil crítica à sociedade. Seus seis romances completos — Razão e Sensibilidade, Orgulho e Preconceito, Mansfield Park, Emma, A Abadia de Northanger e Persuasão — são hoje reconhecidos como clássicos da literatura. Seu último trabalho, Sanditon, permaneceu inacabado.
Embora Razão e Sensibilidade tenha sido publicado em 1811, Austen já escrevia manuscritos desta obra desde o final dos anos 1780. Todos os seus romances trazem como protagonistas jovens moças, que assim como ela, tinham poucas oportunidades, e estavam sempre sob a vigilância de membros mais velhos da família, o que limitava sua liberdade. A vida social dessas mulheres restringia-se a pequenos bailes e encontros familiares, refletindo a falta de autonomia feminina.
Em suas narrativas, Austen traz o casamento como tema central. No entanto, as personagens criadas por ela casam por amor, desafiando as convenções sociais que viam o casamento como uma questão de conveniência e status.
O caminho para a publicação de suas obras não foi simples. No início, seus manuscritos chegaram a ser rejeitados por editoras. Foi com o apoio da família que Jane Austen conseguiu publicar anonimamente seus romances. A autoria feminina não era amplamente aceita, especialmente entre o final do século XVIII e início do século XIX, razão pela qual as poucas escritoras que chegaram a publicar neste período tiveram que optar pelo anonimato.
Apenas no início do século XX é que os romances de Austen passaram a ser plenamente reconhecidos como obras de sua autoria. Escrito por Jane Austen, Emma, traz uma história curiosa a respeito da autoria: a contragosto, a escritora teve que dedicar esse seu quarto romance ao príncipe regente, o futuro rei George IV, que era fã de sua obra e que havia solicitado a ela uma dedicatória.
Além dos romances, suas cartas são uma rica fonte de informações sobre o cotidiano das mulheres da sua época. Com observações minuciosas a respeito das vestimentas e do comportamento humano, elas revelam o quanto a escritora se inspirava na vida ao seu redor.
As obras de Jane Austen tratam de conflitos familiares, de intrigas e relacionamentos que aconteciam na área rural. Em suas narrativas, ela também faz sutis críticas sociais à escravidão e à igreja. Confira a seguir um breve resumo de seus seis romances.
OBRA | RESUMO DA OBRA | ANO DE PUBLICAÇÃO |
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Razão e Sensibilidade | As irmãs Elinor e Marianne Dashwood, após a morte de seu pai, precisam lidar com questões financeiras e emocionais enquanto buscam um casamento que lhes assegure estabilidade. | 1811 |
Orgulho e Preconceito (Pride and Prejudice) |
O romance mais famoso de Austen narra a história de Elizabeth Bennet, uma jovem de forte personalidade, e seu relacionamento complicado com o orgulhoso Sr. Darcy. A obra explora temas como a classe social, o casamento e a moralidade. | 1813 |
Mansfield Park | A história gira em torno de Fanny Price, uma jovem de origem humilde que, aos dez anos, é enviada para viver com seus parentes ricos, os Bertram, na propriedade de Mansfield Park. Fanny cresce em meio a uma família abastada, mas sente-se inferior devido à sua posição social. | 1814 |
Emma | Narra a vida da jovem Emma Woodhouse, uma personagem rica e mimada que se intromete na vida amorosa de seus amigos, muitas vezes com resultados cômicos. | 1815 |
Persuasão | Romance póstumo centrado em Anne Elliot, uma jovem que se reencontra com o homem que amou anos antes e foi persuadida a não se casar. O romance trata de temas como arrependimento, segundas chances e o poder das pressões sociais. | 1817 |
A Abadia de Northanger | Romance póstumo, que acompanha a vida de Catherine, uma jovem ingênua e sonhadora, fascinada por romances góticos, que é convidada a passar uma temporada em Bath, uma cidade conhecida por sua agitada vida social. Lá, ela é convidada a visitar a abadia, despertando sua imaginação para histórias de mistério e horror. | 1817 |
Áreas de Conhecimento e Contribuições de Jane Austen
Jane Austen elevou o gênero romance ao incorporar análises sutis e realistas da vida cotidiana, ao mesmo tempo em que introduziu uma nova sensibilidade em relação à psicologia de seus personagens. Apesar de suas histórias falarem sobre amor, ela não idealizava o amor romântico e mostrava suas personagens vivendo frustrações amorosas e perspectivas de futuro limitadas à dependência do casamento.
Sua escrita é frequentemente associada à crítica social, à análise das convenções de classe e às limitações impostas às mulheres. As áreas de conhecimento que ela mais contribuiu incluem:
- Estética Literária e Inovação no Romance: ela é considerada uma precursora do romance moderno, principalmente porque foi uma das primeiras autoras a utilizar o discurso indireto livre. Ou seja, a voz do narrador flui livremente em suas histórias, permitindo que ela entrasse nos pensamentos e sentimentos dos personagens.
- Reflexões sobre Gênero: mesmo que ela não fosse uma feminista propriamente dita, seus livros trazem uma visão crítica ao cerceamento da liberdade feminina. Seus diálogos brilhantes expõem as dificuldades das mulheres na sociedade patriarcal e sua luta por maior autonomia no que diz respeito ao casamento, à educação e aos direitos de herança. Suas protagonistas, como Elinor Dashwood, de Razão e Sensibilidade, desafiam as normas ao valorizarem a inteligência, a integridade e a independência.
- Amor Romântico como uma forma de crescimento: em relação ao amor romântico, Austen mostra que os relacionamentos são veículos para nos ajudar a superar nossas falhas e a nos tornar mais maduros e honestos.
- Valores morais: sua habilidade de criar personagens complexos emocionalmente foi inovadora. Ela aprofundou o psicológico dos seus personagens, explorando sua moralidade, autoconsciência e escolhas pessoais, principalmente no contexto dos relacionamentos amorosos e familiares. Austen traz uma percepção de que o casamento deve ser pautado pelo afeto e pela compatibilidade verdadeira, ao invés de ser guiado pelo interesse financeiro e pelo status.
Impacto e Legado de Jane Austen
Jane Austen, uma escritora nascida no século XVIII, continua a influenciar a literatura e a cultura popular até os dias de hoje. Suas obras, ricas em nuances psicológicas e sociais, seguem conquistando novos públicos. Suas personagens femininas fortes e a ironia que perpassa suas narrativas oferecem uma crítica atemporal às normas sociais e continuam a ressoar em debates contemporâneos sobre feminismo e igualdade de direitos das mulheres em relação aos homens.
Perguntas Frequentes sobre Jane Austen
O que Jane Austen criticava em seus romances?
Austen criticava principalmente as convenções sociais de sua época, especialmente o papel restrito das mulheres e a centralidade do casamento como meio de garantir segurança financeira.
Qual a importância de Jane Austen para a literatura?
Jane Austen foi vanguardista na introdução de uma visão mais introspectiva e psicológica no romance, utilizando a sátira e a ironia para criticar a sociedade e os papéis de gênero.
Referências: