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Baruch Spinoza

Baruch Spinoza
Tainá Voltas

Neste texto você irá encontrar um guia completo sobre o Deus de Spinoza, além de outros detalhes da vida e obra de um dos maiores expoentes da Filosofia Moderna. Conheça Baruch Spinoza através dos seguintes pontos: 

  • Quem é e em qual contexto histórico viveu Baruch Spinoza? 
  • Principais obras de Baruch Spinoza
  • Qual é a teoria de Spinoza?
  • Qual era a visão de Spinoza sobre Deus?
  • Quais foram as contribuições da Teoria de Spinoza para a Filosofia Moderna?
  • O que é a Ética de Spinoza?
  • Qual a relação da Filosofia de Spinoza e da Psicanálise?
  • Como aprender mais sobre Ética e Baruch Spinoza?

"Ninguém na segunda metade do século XVII e na primeira metade do século XVIII, nem remotamente, chegou a rivalizar com Spinoza em termos de ser um pensador subversivo". A frase, exposta pelo autor e professor Jonathan Israel, no livro Iluminismo Radical, resume a importância do que desenvolveu Baruch Spinoza, sobretudo, em relação ao conceito de Deus. 

Nascido em Amsterdã, na Holanda (1632 - 1677), Baruch Spinoza (Espinosa ou Espinoza, como também é comumente chamado) foi um filósofo responsável, ainda nos primórdios da Idade Moderna, pela concepção da célebre frase "Deus Sive Natura" (Deus ou natureza) e da Teoria da potencialidade dos afetos sobre corpo e a mente humana. 

Em outras palavras, sua perspectiva avaliava Deus e a natureza como pertencentes à mesma coisa e a à mesma substância, sobrepondo-se à visão propagada até então, que destinava a esse ser sobrenatural um papel vertical de poder e punição sobre a humanidade. 

Para Spinoza, Deus seria causa imanente e não transitiva de todas as coisas. Ou seja, de acordo com a sua análise, o criador e a criatura seriam “unos”, cabendo a Deus ser o próprio mundo e por ele se manifestar. 

Dessa forma, estudiosos dedicados à compreensão do mundo e dos seus movimentos estariam, na verdade, conjecturando sobre as próprias manifestações de Deus e sobre as maneiras pelas quais Ele é e se afirma como substância. 

Por acreditar nisso, Baruch Spinoza também não via sentido na acepção maniqueísta do dualismo entre um estado de natureza "bom" e um absolutamente "mau”. Afinal, se “tudo o que existe, existe em Deus, e sem Deus, nada pode existir nem ser concebido” (EI P15, Op. cit., p. 23), a realização de ações negativas ocorreriam exclusivamente porque assim estavam previamente determinadas/estipuladas, também fazendo parte do todo. 

Ao contrapor a proposta de um Deus imanente àquela de um Deus transcendente, tal qual dizia a lógica Cristã da época, Baruch Spinoza revoluciona a interpretação da fé e da religião. 

Para isso, utiliza o método axiomático-dedutivo* como alicerce de suas ideias, as quais são brilhantemente traduzidas no seu livro póstumo “Ética” - considerado um dos mais importantes da Filosofia Moderna.    

O método axiomático-dedutivo foi um dos importantes pilares para o desenvolvimento e comprovação do Teorema de Pitágoras (550 a.C). Trata-se de uma proposta que leva em consideração a existência de axiomas (palavra grega, que em português significa 'considerar válido') e regras de inferências lógicas para chegar a um resultado a partir da dedução - ou seja, de um levantamento de ideias gerais sobre determinado tema para alcançar alguma conclusão particular sobre ele. Assim, o método axiomático-dedutivo é uma das relevantes ferramentas da matemática, sendo explorada, inclusive, no livro "Os Elementos", de Euclides (300 a.C). É o encadeamento lógico a partir de verdades evidentes, tais quais os axiomas, que proporciona a extração de consequências lógicas através de métodos dedutivos. Ao utilizar esse modelo de pensamento para explicar o seu conceito de Deus, Spinoza faz uma importante inovação: pensar a religião através da demonstração matemática. Por isso, o pensador é considerado um filósofo à frente do tempo, além de disruptivo.


Na prática, o Deus de Spinoza repercute até hoje, sendo base para diversos outros pensadores, como:

  • Deleuze;
  • Goethe; 
  • Hegel; 
  • Nietzsche; 
  • Bergson, 
  • Eric Fromm;
  • Vygotski; 
  • Marilena Chaui; 
  • além da psiquiatra Nise da Silveira.

Estudar as teorias de Spinoza e a origem da sua Ética é um convite para refletir sobre a natureza intrínseca da realidade, a interconexão entre corpo e mente, e a profunda interdependência entre o ser humano e o universo.

Baruch Spinoza sobre tela para capa do livro Ética
Baruch de Spinoza sobre tela

Quem é e em qual contexto histórico viveu Baruch Spinoza?

Baruch Spinoza nasceu em Amsterdã, Holanda, em 1632, e faleceu aos 44 anos, em 1677, em Haia, vítima de tuberculose.

O pensador é reconhecido por defender o liberalismo político, por propor uma visão distinta sobre o mundo, cosmos e ser humano - baseada na observação inovadora da ética, do afeto e dos relacionamentos pessoais, e por ser um dos mais importantes nomes da Filosofia Moderna, assinando a ideia da "natureza como Deus" e do racionalismo religioso. 

Com trajetória marcada pela emigração da família judia de Portugal, que na época fugia do Tribunal do Santo Ofício (perseguição daqueles que não compartilhavam dos dogmas da Igreja Católica), apresentou desde cedo uma inquietação intelectual acerca do conceito de Deus, além do interesse sofisticado pelos estudos de teologia, línguas, filosofia e política.  

Embora o pai, um comerciante bem-sucedido, quisesse que Spinoza seguisse seus passos profissionais, foi na proposição do imanentismo e do princípio da unidade substancial, elementos que alicerçaram sua concepção de Deus, que garantiu destaque na História. 

Devido a tais pensamentos subversivos e ao perfil irredutível do pensador, em 27 de julho de 1656, a Sinagoga Portuguesa de Amsterdã determinou que Spinoza sofresse o mais alto grau de punição dentro do judaísmo, o chamado “chérem”, equivalente à excomunhão no catolicismo, que o punia pelo crime de “ateísmo”. 

Na  carta de excomunhão, escrita em português, a comunidade judaico portuguesa de Amsterdã fazia recomendações explícitas sobre o banimento de Spinoza: “ninguém lhe pode falar oralmente nem por escrito, nem lhe fazer nenhum favor, nem estar com ele debaixo do mesmo teto, nem junto com ele a menos de quatro côvados (três palmos, isto é, 0,66m; cúbito), nem ler papel algum feito ou escrito por ele”.

Isolado e excluído da comunidade judaica e com registros da família perseguida pelo movimento católico lusitano, Baruch Spinoza dedicou a sua jornada à formulação de teorias inovadoras. Escolheu uma vida simples, sem propriedades, tendo sobrevivido - segundo boatos, de doações de amigos e do ofício de polir lentes.

(...) se Espinosa foi condenado mais severamente, excomungado desde 1656, é por que recusava penitenciar-se e buscava, ele próprio, a ruptura” (Deleuze, 2002, p.11).

nuvem de palavras que destaca os principais eventos históricos da filosofia moderna como o Deus de Spinoza
O período em que Spinoza desenvolveu suas ideias foi marcado pela disseminação do empirismo, cujo expoente era Thomas Hobbes, pelo racionalismo, de René Descartes e do próprio Spinoza, e pela crescente crítica à forma como a religião era conduzida no século XVII. Para Baruch, a narrativa apresentada até então, a de um Deus exteriorizado e observador, tratava-se, na verdade, de uma estratégia de poder e controle social. A partir da sua visão de Deus como imanente, ou seja, intrínseco à natureza e à existência, Baruch Spinoza desafiou os alicerces teológicos e políticos da sua época, promovendo uma interpretação mais inclusiva e holística da divindade.

As obras de Baruch Spinoza

Ao longo da sua trajetória, Spinoza escreveu importantes obras, que contribuíram para o chamado "espinosismo” (a popularização da sua forma de observar o mundo e as relações humanas). São eles:

Título Descrição
Tratado da reforma do entendimento (1661) "Neste livro inaugural, o filósofo holandês Baruch de Spinoza expõe os alicerces do seu pensamento filosófico. A partir da própria experiência e existência, o autor constata e declara a condição humana como realmente decepcionante, visto esta ser cercada por dúvidas, incertezas e falsidades. Para Spinoza, todas essas coisas estariam enraizadas em diferentes modos de percepção, colocando o ser humano sob seu domínio. Persona non grata (não bem-vinda) tanto pelo cristianismo, quanto pelo judaísmo, o autor fundamentou suas ideias em uma interseção de influências das suas vivências - judaísmo, cristianismo e o nascente."
Princípios da filosofia de Descartes (1663) "A obra representa o esforço de Spinoza em tornar os princípios filosóficos de René Descartes mais acessíveis. O cartesianismo, doutrina de Descartes que passou a considerar a autonomia da razão científica e subjetiva mais relevante do que a autoridade tradicional da crença religiosa, estava em voga na Holanda do século XVII, sendo uma das influências de Baruch Spinoza. Nesse contexto, em Princípios da filosofia de Descartes (Principia philosophiae cartesianae), junto ao apêndice Pensamentos Metafísicos (Cogitata Metaphysica), o filósofo Baruch decide expor, a partir de uma metodologia geométrica, o livro ""Princípios da Filosofia"" do francês Descartes, atentando-se principalmente para as partes I e II desta última obra, na qual estão, respectivamente, a metafísica e a física cartesianas). O livro de Spinoza é desenvolvido em uma dinâmica semelhante ao seu último lançamento ""Ética"""
Tratado Teológico-político (1670) "Nesta obra polêmica, Spinoza avalia a relação entre religião e política, colocando-se favorável a uma separação de tais esferas. O filósofo critica a superstição e o fanatismo religioso, enquanto defende a liberdade de pensamento e expressão. Exemplo de seu pensamento inovador, o livro discute a natureza da autoridade política, destaca a democracia como a forma de governo mais coerente com a liberdade individual, ratifica o contrassenso das interpretação literais das escrituras apartas de qualquer base racional, e se firma como uma defesa da tolerância religiosa e liberdade intelectual."
Tratado político (1677 - texto incompleto, publicado postumamente) "Trata-se de uma extensão das ideias de Spinoza sobre política, com uma abordagem mais sistemática e profunda. Embora inacabado, o livro examina os fundamentos da organização política e natureza do poder. Há uma discriminação de conceitos importantes, como soberania, direito natural e contrato social, com o objetivo de propor uma estabilidade política viabilizada pela cooperação e racionalidade. Para Spinoza, o bem-estar dos cidadãos deveria ser os objetivos principais de qualquer governo."
Ética Demonstrada Segundo a Ordem Geométrica - um dos mais relevantes textos da Filosofia Moderna, publicado postumamente em 1677 "Considerada a principal obra de Spinoza e da Filosofia Moderna, “Ética” apresenta uma análise profunda da natureza da realidade, da diferença e importância da mente e do corpo, e explora a liberdade. A partir de uma estrutura geométrica rigorosa e do método axiomático-dedutivo, Spinoza aborda a existência de Deus, a essência das emoções humanas e a possibilidade de alcançar a verdadeira felicidade. Deus Sive Natura ratifica-se nesta obra, evidenciando o pensamento do autor sobre um Deus que é a própria natureza. Para isso, Spinoza utiliza cinco partes: Parte I: De Deo (De Deus) Parte II: De Natura et Origine Mentis (Da Natureza e Origem da Mente) Parte III: De Origine et Natura Affectuum (Da Origem e Natureza dos Afetos) Parte IV: De Servitute Humana seu de Affectuum Viribus (Da Servidão Humana, ou das Forças dos Afetos) Parte V: De Potentia Intellectus seu de Libertate Humana (Da Potência do Intelecto, ou da Liberdade Humana) É uma defesa da proposição de liberdade humana através do conhecimento e do controle racional das paixões, permitindo uma vida de virtude e bem-aventurança."


Qual é a Teoria de Spinoza?

Como abordado anteriormente, Baruch Spinoza dedicou-se sobretudo à conceituação de Deus, à elaboração de uma explicação sobre a potência dos afetos, e à reflexão sobre a interseção e integração do corpo e da alma.

Expliquei, assim, a natureza de Deus e suas propriedades: que ele existe necessariamente; que é único; que existe e age exclusivamente pela necessidade de sua natureza; que (e de que modo) é causa livre de todas as coisas; que todas as coisas existem em Deus e dele dependem de tal maneira que não podem existir nem ser concebidas sem ele; que, enfim, todas as coisas foram predeterminadas por Deus, não certamente pela liberdade de sua vontade, ou seja, por seu absoluto beneplácito, mas por sua natureza absoluta, ou seja, por sua infinita potência - Spinoza no Livro “Ética”.

Nesse sentido, diz-se que Spinoza acreditava no "Deus sive Natura", portanto, que o Criador estava imerso e era a própria  natureza. 

Ao contrário do que abordavam as instituições religiosas do período, Spinoza ratifica a proposta de um universo que se perfectibiliza por meio de uma única substância (Deus), infinita, não dependente de mais nada para existir, além de dotada de diversos atributos. 

Em sua teoria, os atributos são definidos por meio da sua capacidade de dar formas e clarividência à existência de partes dessa “substância una”. Enquanto isso, ao humano é reservada a compreensão e a expressão de somente dois desses atributos: o pensamento (intelecto humano) e a extensão (capacidade corpórea, ou o corpo em si).

Assim, os atributos são na prática uma interlocução entre a substância e seus modos, fazendo dos homens verdadeiras aparições e reafirmações de Deus junto ao intelecto e percepção humana.

Conceitos fundamentais para entender o que é o Deus de Spinoza:

Substância: o próprio Deus, que é também a natureza;

Atributos: expressões da substância, sendo perceptíveis ao ser humano dois deles (pensamento e extensão);

Modos da Substância: todas as coisas que, de certa forma, representam a própria existência da substância, comprovando-a real e não metafísica. É através dos modos que os atributos são representados.


Nessa divisão geométrica e axônica de seus conceitos, Spinoza (ou Espinoza/Espinosa) constrói argumentos robustos (no livro Ética) para comprovar que a substância e os atributos são inseparáveis, sendo Deus uma potência infinita que "se exprime em virtude de seu caráter infinito, numa infinidade de coisas naturais, que aparecem como seus efeitos, ou seus modos particulares”. (RIZK, 2006, p. 21)

Em outras palavras, isso significa dizer que o Deus de Spinoza é aquilo que existe por si só, sem motivações exteriores para se consagrar, da mesma forma que todo o mais existente faz parte e é essencialmente Deus. 

Através dessa observação, Spinoza passa a validar, em caráter inédito, o potencial da mente junto ao potencial do corpo, visto tudo ser Deus. Consequentemente, por ser o corpo uma expressão clara e tangível da substância (Deus) é por óbvio relevante, afetando e sendo afetado a partir dos encontros. 

…por afeto compreendo as afecções do corpo, pelas quais sua potência de agir é aumentada ou diminuída, estimulada ou refreada, e, ao mesmo tempo, as ideias dessas afecções” (SPINOZA, EIII, Def 3, 2009, p. 98).

Ou seja, para Spinoza, o corpo está em uma constante interação com o universo, uma vez que afeta e é afetado. A esse ponto, destitui-se também outra das “verdades” da época - a de um corpo que é desprivilegiado em relação à mente - como propunham os dogmas religiosos tradicionais. 

Em resumo, Baruch Spinoza e seu conceito de Deus oportunizam um pensar crítico sobre o atravessamento e liberdade dos corpos, estado de natureza, sobre a complexidade humana e sobre a completude do universo.

Disse Deus a Moisés: "Eu Sou o que Sou. É isto que você dirá aos israelitas: Eu Sou me enviou a vocês". Êxodo 3:14

Afinal, qual é a visão de Spinoza sobre Deus?

Resumindo o discutido até aqui, pode-se colocar o Deus de Spinoza na seguinte contraposição ao Deus religioso.

Comparação entre Deus Religioso e Deus de Spinoza
Deus Religioso Deus de Spinoza
Transcendente Imanente
Exterior Unido, integrado e interseccionado ligado ao mundo
Encontra-se em separado do universo Traduz-se na natureza e em uma única substância
Mundo como sua criação Mundo como uma produção, ou seja, uma expressão da substância e da potência intrínseca a Deus
Controle e punição + Atuação por vontade própria Deus não possui domínio sobre suas ações. Na verdade, elas ocorrem em um plano de determinismos.Concepção
Deus e Mundo como entidades distintas, que se unem a partir de uma dinâmica do primeiro sobre o segundo Deus e Mundo como uma só coisa.

Quais foram as contribuições da Teoria de Spinoza e do Espinosismo para a Filosofia Moderna?

As contribuições de Spinoza para a Filosofia Moderna e para um novo olhar sobre a ética são bastante densas. 

Além de ser considerado um dos expoentes do racionalismo moderno, promoveu uma verdadeira ruptura com as concepções tradicionais de Deus, estado de natureza e da relação entre a mente e o corpo

A forma de estruturação de seu pensamento - matemática, geométrica, dedutiva e essencialmente racionalista, possibilitou a pavimentação de um caminho para a chamada filosofia das luzes. 

Adicionado a isso, por acreditar em uma composição de "ética" enquanto o desejo de uma vida guiada pela razão e pela busca da compreensão do mundo, atribuiu ao conhecimento uma das formas mais sublimes de contato com o divino.  

Baruch Spinoza impulsionou, ainda no século XVII, reflexões e críticas que reverberam contemporaneamente até os dias de hoje. 

O que é a Ética de Spinoza?

Resumindo o caminho percorrido até aqui, a ética de Spinoza refere-se à capacidade e à vontade do ser humano de se conduzir a partir da razão. Percepção abordada, sobretudo, no seu livro “Ética Demonstrada Segundo a Ordem Geométrica”, ou simplesmente “Ética de Spinoza" - como é popularmente chamado. 

A obra, reconhecida como o livro da filosofia, propõe, de uma maneira abstrata e mais complexa (seguindo parâmetros cartesianos e matemáticos), uma visitação a diversas questões metafísicas. É dividida em cinco livros, os quais contemplam o pensamento mais maduro da trajetória do autor e se destinam à alcançar uma finalidade moral - a bem-aventurança. São eles:

  • I. De Deus; 
  • II. Da natureza e da origem da alma;
  • III. Da origem e da natureza das afeições; 
  • IV. Da servidão do homem ou das forças das afeições; 
  • V. Do poder do entendimento ou da liberdade do homem.

Nesse contexto, para o filósofo, viver eticamente é viver de acordo com a razão, o que, consequentemente, leva ao amor intelectual de Deus (amor Dei intellectualis) - estado exclusivo de beatitude, no qual se dá a compreensão acerca da unidade de todas as coisas permeadas pela substância divina.

Nesse contexto, a filosofia de Spinoza tem um papel fundamental na elaboração de uma vida com liberdade ética e política, distanciando-se do mundo da superstição, do medo, da alienação e do que é falso.  

Aprendizados - Casa do Saber

Esse é um dos aprendizados abordados e discriminados na série "Os Pensadores: Baruch Espinosa", da Casa do Saber.

Qual a relação da Filosofia de Spinoza e da Psicanálise?

O intercâmbio dessas áreas do conhecimento se estabelece, principalmente, a partir da concepção de “atravessamento dos corpos” de Spinoza, juntamente com a capacidade humana de se tornar livre através da razão. 

O pensador conversa diretamente com os campos de estudo da psicanálise quando aborda o poder dos afetos e a sua habilidade para moldar a mente e extensão humana e quando defende a possibilidade das emoções serem controladas pela razão.

O objetivo terapêutico da psicanálise é, de alguma maneira, trazer à consciência os processos inconscientes. Não seria essa a sugestão de Spinoza?

À medida que a Teoria de Spinoza critica a ordem vigente e influencia um pensar para além do já exposto e estabelecido ela também se aproxima da psicanálise, que, de certa maneira, busca a liberdade e emancipação do sujeito.

Como aprender mais sobre Ética e Baruch Spinoza: 5 cursos imperdíveis!


A melhor estratégia para destrinchar a filosofia de Spinoza e o movimento espinosista é dedicar-se à capacitação de qualidade, com fontes sólidas, mediada, principalmente, por especialistas e estudiosos-referência no tema.  Abaixo você encontra 6 cursos interessantes para sistematizar o conceito de Deus de Spinoza, estado de natureza, liberdade e poder a partir das suas principais teorias:

1) A Trilha da Filosofia

Nesta série você irá aprender as propostas de alguns dos principais pensadores, passando por temas e conceitos da história do pensamento filosófico. 

Uma viagem pela obra de Tomás de Aquino (1225-1274), René Descartes (1596-1650) e Baruch Espinosa (1632-1677).

2) Psicanálise e Filosofia para a Vida: Ideias Sobre Quem Somos e Podemos Ser

Uma reflexão criativa sobre filosofia e a psicanálise, para trazer elementos de reflexão e ação sobre dilemas, enfrentamentos e aprendizados encontrados ao longo da existência.

O curso [Psicanálise e Filosofia para a Vida] passa pelas ideias de pensadores como Sócrates, Platão, Espinosa, Kant, Nietzsche, Freud, entre outros. 

3) Os Pensadores: Baruch Espinosa

Entenda objetivamente qual é o pensamento filosófico originalíssimo de Spinoza, que coloca para o homem contemporâneo questões atuais e perenes: como tornar-se, a despeito dos interesses vulgares, livre, sábio e eterno?

É um aprendizado essencial para os interessados em filosofia, visto Spinoza ser considerado um dos pensadores fundamentais para esta área do saber. São 4 aulas ministradas por Fernando Dias Andrade - Professor de História da Filosofia da Unifesp, doutor em Filosofia pela USP, com pós-doutorado na França e na Holanda.

 4) Um Dia com Espinosa

Conheça com detalhes ainda mais profundos da vida e obra de Spinoza. Seis aulas que abordam os conceitos do pensador sobre ética, Deus e paixões.

Neste curso, o jornalista e professor livre-docente na área de Ética da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), Clóvis de Barros Filho, aborda a teoria de Spinoza sobre Deus e a substância infinita, além de discutir seus conceitos de paixões, liberdade, caminhos para virtude e felicidade.

5) Espinoza, Freud e Foucault: Três Formas de Pensar o Poder

A compreensão do poder é também alavanca para o entendimento de outros aspectos inerentes à sociedade, como é o caso do poder e das relações de poder. 

Acompanhe as similitudes e as diferenças nas propostas de três pensadores que são fundamentais para a compreensão deste fenômeno: Espinoza, Freud e Foucault

Embora sejam pertencentes a momentos distintos da história, continuam reverberando no tempo presente.


Referências

ALMEIDA, Pablo Joel. A concepção imanente de Deus em Espinosa. Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Albertuni. Filosofia (UEL). Disponível em: <https://www.uel.br/eventos/sepech/sumarios/temas/a_concepcao_imanente_de_deus_em_espinosa.pdf >. Acesso em: 12 jun. 2024.

CHAVES, Hamilton Viana; MAIA FILHO, Osterne Nonato; OLIVEIRA, Juliano Cordeiro da Costa; NETO, Francisco Edmar Pereira. Contribuições de Baruch Espinosa à teoria histórico-cultural. Psicol. rev. (Belo Horizonte), v. 18, n. 1, Belo Horizonte, abr. 2012. Disponível em: <https://periodicos.pucminas.br/index.php/psicologiaemrevista/article/view/3849 >. Acesso em: 13 jun. 2024.

DELEUZE, G. Espinosa: filosofia prática. São Paulo: Escuta, 2002. apud SANTOS, Valdeci Ribeiro dos; RIBEIRO, Wallace Cabral. Spinoza, uma filosofia da imanência dos afetos. KÍNESES, Revista de Estudos dos Pós-Graduados em Filosofia, v. 12, n. 33, 2020. Disponível em: <https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/kinesis/article/view/11358 >. Acesso em: 13 jun. 2024.

LUCAS, Felipe Jardim; GUIMARAENS, Francisco de; ROCHA, Maurício; VARELLA, Maria Izabel (Orgs.). Spinoza, filosofia & liberdade. Volume 1. Disponível em: <http://www.editora.puc-rio.br/media/Spinoza-vol1_final_2.pdf >. Acesso em: 13 jun. 2024.

SPINOZA, B. Ética segundo a ordem geométrica. Belo Horizonte: Autêntica, 2009. apud SANTOS, Valdeci Ribeiro dos; RIBEIRO, Wallace Cabral. Spinoza, uma filosofia da imanência dos afetos. KÍNESES, Revista de Estudos dos Pós-Graduados em Filosofia, v. 12, n. 33, 2020. Disponível em: <https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/kinesis/article/view/11358 >. Acesso em: 13 jun. 2024.

Mais informações
Nascimento:
1632 - 1677
Escolas
Abordagem:
Panteísmo naturalista, espinozismo (fundador), racionalismo, eudemonismo, cartesianismo
Épocas:
Filosofia Moderna

Perguntas frequentes

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