Neurociência, Saúde Mental & Comportamento

Saúde mental na adolescência: sinais de alerta e cuidados

Saúde mental na adolescência: sinais de alerta e cuidados

A adolescência é uma etapa da vida repleta de desafios e preocupações. Marcada por mudanças físicas, emocionais, sociais e cognitivas, a adolescência na sociedade contemporânea exige atenção e cuidado.

Durante essa fase, ocorrem mudanças significativas que podem influenciar na saúde mental de quem está na transição entre a infância e a vida adulta.

Os conflitos familiares, as pressões escolares e sociais, as inseguranças com a imagem corporal, a busca por aceitação e pertencimento, e os primeiros contatos com temas como sexualidade e autoestima, podem provocar mudanças intensas na vida dos jovens e dos adolescentes.

Neste artigo, apresentaremos os principais desafios, sinais de alerta, o impacto das redes sociais e possíveis caminhos de apoio e prevenção à saúde mental na adolescência.

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Mudanças emocionais na adolescência

Durante a adolescência, os jovens estão construindo a sua identidade e sua autonomia emocional. É comum que sentimentos como a incompreensão, a impaciência, as oscilações de humor e as frustrações se tornem parte da rotina.

Embora sejam naturais, essas alterações podem gerar mal estar ou sofrimento psíquico para o adolescente. Nesse caminho, os sinais que poderiam denunciar algum tipo de sofrimento podem ser confundidos com “drama” ou “rebeldia”, o que dificulta o acesso aos cuidados adequados.

Apesar de comuns, as mudanças emocionais podem aumentar a vulnerabilidade ao estresse e aos transtornos mentais como ansiedade e depressão. Ao longo do texto vamos entender como esse processo ocorre e os principais sintomas.


Ansiedade na adolescência

A ansiedade é um dos transtornos mentais mais comuns na adolescência. Ela pode se manifestar por meio de preocupações excessivas, angústia, irritabilidade e insônia, influenciando a rotina do adolescente.

Além disso, pode afetar a concentração e o rendimento escolar, comprometendo os estudos e a convivência em sala de aula.

Um dos fatores que pode agravar ou desencadear quadros de ansiedade em adolescentes, é o bullying. Caracterizado como qualquer tipo de intimidação, exposição ou humilhação praticado por indivíduo ou grupo, o bullying tem efeitos profundos na autoestima e na saúde emocional dos jovens.

Episódios de bullying podem desenvolver pensamentos negativos persistentes, isolamento, crises de choro e dificuldade para tomar decisões. Diante de mudanças comportamentais como essas, procurar apoio profissional pode fazer toda a diferença no acolhimento do adolescente e na condução do cuidado.

Depressão na adolescência

A depressão, por sua vez, é um transtorno mental cada vez mais presente entre os jovens e frequentemente invisibilizada. Seus sintomas incluem o isolamento, a irritabilidade, a apatia e a perda de interesse por atividades cotidianas.

Uma tristeza constante, choro frequente ou humor deprimido também compõem os sinais que denunciam um sofrimento mental relacionado a um quadro depressivo.

Nesse cenário, as redes sociais se tornaram a principal ferramenta de expressão entre os adolescentes, ampliando as conexões entre eles e afetando intensamente a vida desse grupo, condicionando suas emoções, pensamentos e ações.


Adolescência e redes sociais

Além de um espaço de acesso à informação, as redes sociais passaram a funcionar como ambientes de comparação, exposição, violência e discursos de ódio como o cyberbullying - descrito como a prática do bullying por meio das redes sociais.

Na prática, o cyberbullying se manifesta através do compartilhamento de mensagens, vídeos ou fotos ofensivas e maldosas. Também inclui ameaças que humilham e constrangem, comentários mentirosos e montagens inapropriadas.

Nesse caminho, a violência cometida por adolescentes nas escolas também se tornou uma emergente preocupação na sociedade contemporânea. Casos de agressão física, ameaças e ataques planejados ganharam visibilidade nos últimos anos, revelando um intenso cenário de adoecimento emocional de jovens em idade escolar.

O tema foi amplamente discutido a partir da estreia da minissérie Adolescência, na plataforma de streaming Netflix. A série aborda a história de um jovem de 13 anos que foi acusado de assassinar uma colega da escola, e trata de temas como bullying e cyberbullying, misoginia, masculinidade e o impacto das redes sociais na vida dos adolescentes.

É preciso compreender que, em diversos casos, a violência praticada por jovens está ligada a experiências anteriores de bullying e traumas não superados. Quando não há espaços de acolhimento, apoio e escuta, sentimentos como raiva e frustração podem se transformar em comportamentos agressivos ou autodestrutivos.

Para romper e evitar esse ciclo de violência, é fundamental compreender como cuidar da saúde mental de adolescentes e tratar sobre o assunto de modo responsável e seguro.

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Como cuidar da saúde mental na adolescência?

Cuidar da saúde mental na adolescência é um desafio coletivo que exige atenção escolar e familiar. Ambos precisam estar atentos aos sinais de sofrimento emocional para garantir que os jovens atravessem esse período com mais equilíbrio e autoestima.

Os sinais de um sofrimento não devem ser ignorados, pois são formas do corpo e da mente pedirem ajuda. Nesses momentos, o mais importante é oferecer escuta e apoio, sem julgamentos.

Para isso, é necessário fortalecer as relações e possibilitar um processo de autoconhecimento e autonomia emocional. A seguir iremos conferir algumas como a escola e a família podem ajudar:

O papel da escola na saúde mental

Inicialmente, é preciso que o ambiente escolar reconheça que o sofrimento psíquico faz parte da realidade, e que os adolescentes são um grupo fortemente atingido.

Assim, a escola tem um papel central na promoção da saúde mental de adolescentes. Além de ser um dos principais lugares de socialização, ela deve funcionar como um lugar de acolhimento e suporte.

Entenda como a escola pode abordar sobre saúde mental com adolescentes:

  • Desenvolver projetos, rodas de conversa e ações de combate ao bullying e ao cyberbullying: criar espaços seguros para que os adolescentes compartilhem experiências e construam empatia.
  • Promover debates e palestras sobre prevenção ao suicídio na adolescência: ajuda a quebrar tabus e a informar sobre sinais de alerta e pedir ajuda.
  • Manter uma comunicação direta com os pais dos adolescentes: fortalece a rede de apoio e permite ações conjuntas entre família e escola.
  • Promover a escuta ativa e o diálogo entre estudantes, professores e equipe pedagógica: constrói vínculos de confiança e a identificação precoce de sofrimentos.
  • Integrar temas de saúde e inteligência emocional ao currículo de forma transversal: contribui para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais e autocuidado.


Além disso, é fundamental que a escola proporcione espaços de discussão sobre transtornos mentais em geral como ansiedade, depressão, TDAH, bipolaridade e transtornos alimentares. Romper com o estigma social é um passo indispensável para o autoconhecimento.

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Saúde mental e família

A atenção à saúde mental de adolescentes não deve se restringir à escola. A família é a base do cuidado emocional e deve estar atenta aos sinais.

Saiba como a família pode oferecer suporte para prevenir quadros de sofrimento psíquico:

  • Crie um espaço de confiança: Muitos adolescentes sofrem em silêncio por não saberem como pedir ajuda ou por temerem serem julgados por seus familiares. Por isso, é fundamental criar espaços seguros e de confiança, onde possam expressar suas opiniões e sentimentos sem medo.
  • Desenvolva uma escuta ativa: A escuta ativa é uma das ferramentas mais eficientes no cuidado com a saúde mental desse grupo. Seja acolhedor(a), respeitoso(a) e empático(a) com as questões compartilhadas pelo adolescente.
  • Invista em suporte psicológico: Buscar ajuda profissional é fundamental quando os sinais de sofrimento persistem ou se intensificam. Psicólogos, psiquiatras, psicopedagogos e serviços de saúde mental podem oferecer o acompanhamento necessário.


Além disso, abordagens como a Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) e a Psicanálise podem contribuir significativamente para a melhor qualidade de vida dos adolescentes.

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Cuidar da saúde mental de adolescentes é um ato de responsabilidade e compromisso com o futuro. Garantir que eles tenham acesso a apoio emocional e escuta qualificada é investir no desenvolvimento de uma geração mais consciente, empatia e saudável.

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