Nos últimos anos, a informação sobre saúde mental ganhou ampla circulação no mundo através das redes sociais. Disseminou-se o debate sobre noções de um adoecimento emergente que não é silencioso, e que exige atenção da sociedade e dos profissionais de saúde mental.
Seja nas relações de trabalho, nos relacionamentos amorosos, nos espaços de ensino e aprendizagem ou nas práticas de autocuidado, a saúde mental é um tema que precisa ser discutido constantemente.
Neste artigo, apresentaremos os principais conceitos, as questões mais frequentes e os caminhos para uma saúde mental de qualidade.
O artigo abordará os seguintes tópicos:
- Qual o conceito de saúde mental?
- Qual a importância da saúde mental?
- Quais os fatores que afetam a saúde mental?
- Quais os sinais que indicam uma má saúde mental? Ao que se deve estar atento?
- Quais os principais tipos de transtornos mentais? Conheça as características.
- Como cuidar da saúde mental no dia a dia?

Qual o conceito de saúde mental?
A saúde mental é definida como um estado de bem-estar mental que permite que as pessoas lidem com os momentos difíceis da vida com uma maior qualidade emocional.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o conceito de saúde mental é mais do que a ausência de transtornos psíquicos. Ela está relacionada ao desenvolvimento de habilidades individuais e coletivas, que conectem as emoções, os comportamentos e os pensamentos de modo equilibrado.
Assim, manter uma boa saúde mental envolve tanto fatores internos, como o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal, quanto externos, como suporte social, acesso à recursos de saúde e às políticas públicas, além de boas condições de trabalho e participação em ambientes saudáveis e inclusivos.
Muito embora seja considerado um tema complexo, na medida em que cada pessoa experiencia o bem-estar e o sofrimento de modos distintos, é fundamental reconhecer que as abordagens terapêuticas e as práticas de cuidado e inteligência emocional, não devem se restringir às pessoas diagnosticadas com algum tipo de transtorno psíquico.
Por isso, a saúde mental deve ser compreendida como um aspecto essencial da vida cotidiana e de forma permanente, pois todas as pessoas vivenciam desafios emocionais, lidam com situações difíceis e enfrentam momentos de vulnerabilidade ao longo da vida.

Qual a importância da saúde mental?
Cuidar da saúde mental possibilita qualidade de vida. Ao envolver bem-estar emocional, psicológico e social, a saúde da mente pode proporcionar um bem viver com mais qualidade, equilíbrio e harmonia.
No entanto, muitas pessoas não reconhecem a importância do cuidado em saúde mental, e acabam recorrendo ao autodiagnóstico e a automedicação, o que distancia e dificulta a adesão aos tratamentos e acompanhamento psicossocial adequado. Abaixo veremos algumas situações que exigem uma maior atenção psicológica.
Saúde mental no trabalho
A sobrecarga de trabalho é uma das principais causas de adoecimento psíquico na contemporaneidade. Conhecido como burnout ou síndrome do esgotamento profissional, ela resulta da exposição intensa e contínua do trabalhador a um estresse agudo.
De acordo com a Associação Internacional de Gestão de Estresse, 32% dos profissionais no Brasil sofrem com esgotamento no ambiente de trabalho. Com um aumento expressivo de casos de afastamento por questões psicológicas, o país registra o maior número dos últimos dez anos.
Esse cenário afeta a vida de todos: compromete a saúde mental do(a) trabalhador(a), desgasta as relações profissionais e reduz a produtividade em equipe. Além disso, a exaustão acumulada afeta além do espaço profissional, impactando no bem-estar geral da pessoa.
Saúde mental na adolescência
Outra área que exige atenção é a saúde mental de adolescentes. As pressões estéticas, as redes sociais, o vício em jogos online, o bullying e a insegurança quanto ao futuro aumentaram significativamente os índices de ansiedade e depressão em jovens em idade escolar.
Como consequência, vemos um número expressivo de jovens e adolescentes com dificuldade de socialização e concentração, além de altos níveis de estresse.
O fácil acesso às tecnologias digitais têm proporcionado aproximações, mas também, distanciamentos, que interferem na saúde da mente das pessoas. Nesse sentido, é preciso perceber e investigar os modos como o uso de redes sociais e outras ferramentas online estão afetando o cotidiano.
Quais os fatores que afetam a saúde mental?
Compreender quais as causas e como elas afetam o bem-estar mental, é o primeiro passo para saber como desenvolver uma saúde mental de qualidade.
A pressão social, a sobrecarga de trabalho, as inseguranças nos relacionamentos, o uso excessivo de redes sociais – sobretudo, para jovens e adolescentes –, as desigualdades de acesso e os determinantes sociais da saúde como raça, classe, gênero, religião e território, podem impactar diretamente no bem-estar psíquico. Na sequência, iremos conferir os principais fatores e influências.
Fatores psicológicos:
A ausência de inteligência emocional para lidar com os conflitos cotidianos, uma percepção negativa sobre si e a vivência de experiências traumáticas, são condições que afetam diretamente a saúde mental. Esses aspectos aumentam significativamente a vulnerabilidade ao estresse e a ansiedade, além de agravar a sensação de solidão.
Fatores biológicos:
Além disso, a neurociência explica que a alteração química do cérebro – como níveis desequilibrados de serotonina ou dopamina, que impactam em mudanças de humor –, a presença de doenças hormonais e crônicas, ou a privação de sono e de uma alimentação adequada, irão gerar forte impacto na saúde mental e no funcionamento cognitivo.
Fatores sociais, culturais e ambientais:
O isolamento social, a exposição excessiva à conteúdos negativos nas redes sociais, as cobranças estéticas, inseguranças e ciúmes em relacionamentos, as desigualdades socioeconômicas e os desastres climáticos, são fatores que geram altos índices de adoecimento psíquico, aumentando o estresse e o sofrimento mental.
Quais os sinais que indicam uma má saúde mental? Ao que se deve estar atento?
Por mais que o sofrimento mental não seja percebido ou compreendido com facilidade, ele pode manifestar sinais que devem ser notados com atenção. Cabe mencionar que os sintomas podem ser indicativos em casos de sofrimento emocional prolongado, devendo ser investigado junto com um profissional da saúde mental.
Uma autoavaliação sobre a rotina e sobre os sentimentos diante os acontecimentos da vida, podem auxiliar a compreender possíveis mudanças emocionais e a necessidade de acompanhamento psicoterapêutico.Nesse caminho, é importante estar atento à:
- Alterações do sono: dificuldade para dormir, sono excessivo ou cansaço extremo ao acordar, podem estar relacionados a um quadro de sofrimento mental ou preocupação excessiva que gere algum tipo de sofrimento.
- Mudanças repentinas de humor: Oscilações no humor podem ter relação direta com quadros de estresse excessivo ou dificuldades de gerenciar emoções intensas.
- Cansaço constante: Sentir cansaço extremo após períodos de descanso pode ser um sinal de alerta para a saúde mental. A exaustão mental é um sintoma que denuncia que é necessário realizar uma pausa, respirar, encontrar vias de descanso e reavaliar a rotina.
- Comportamentos autodestrutivos: A exposição deliberada às situações perigosas, o abuso de substâncias psicoativas, distúrbios alimentares e autoagressões são atitudes que denunciam um sofrimento emocional profundo.

Quais os principais tipos de transtornos mentais? Conheça as características
Existem diversos tipos de transtornos mentais, com apresentações diferentes e com padrões que precisam ser avaliados não apenas pela soma de sintomas, mas, sobretudo, pelos contextos sociais, culturais, biomédicos e psicológicos do indivíduo.
Os transtornos mentais mais frequentes na sociedade contemporânea incluem:
Ansiedade
Preocupação, ansiedade ou medo excessivo, de modo a comprometer a rotina da pessoa. Estresse desproporcional, inquietação, fadiga, irritabilidade e intolerância também são sintomas.
Depressão
Angústia, desânimo, cansaço constante, falta de vontade ou interesse para exercer atividades cotidianas e falta de energia. Também são sintomas de depressão um humor triste, vazio ou irritável, acompanhado por alterações relacionadas que afetam significativamente a capacidade funcional do indivíduo.
Burnout
Exaustão extrema, estresse e esgotamento físico e mental gerado no ambiente de trabalho. Também são sintomas a desmotivação, baixa autoestima profissional, irritabilidade e dores físicas musculares.
Transtornos Alimentares
Hábitos alimentares irregulares que geram sofrimento ou preocupação excessiva com o peso ou forma do corpo. Podem incluir a ingestão comprometida ou excessiva de alimentos.
Borderline
Caracterizada por instabilidades emocionais, oscilações de humor e impulsividade frequente. Além disso, quadros de hipersensibilidade relacionados à autoimagem e a relações interpessoais também integram os sintomas.
Bipolaridade
Relacionado à alternância entre episódios de mania e depressão, a bipolaridade oscila entre agitação e falta de energia, aceleração do pensamento e apatia, além de sensação de grandeza e prostração.
TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção / Hiperatividade
Padrão persistente de desatenção e/ou hiperatividade-impulsividade que interfere no funcionamento ou no desenvolvimento. Também são sinais sintomáticos a procrastinação, esquecimentos e falta de organização e foco.
É importante reforçar que o diagnóstico de qualquer transtorno mental deve ser realizado por um profissional de psicoterapia, para que a pessoa seja orientada, supervisionada e auxiliada da melhor maneira possível.
Como cuidar da saúde mental no dia a dia?
Compreender que o sofrimento mental faz parte da experiência humana e que existem formas de cuidado e bem-estar eficazes que respeitam os próprios limites e necessidades emocionais, é um passo fundamental para garantir mais qualidade de vida para todos.
Nesse caminho, é preciso encontrar as vias de cuidar da saúde mental dentro de uma rotina possível.Confira algumas dicas práticas de cuidado com a saúde mental:
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Psicoterapia
Buscar apoio profissional através da psicoterapia é um aspecto essencial do autocuidado em saúde mental. O acompanhamento psicológico é um lugar seguro que ajuda diretamente na compreensão sobre os sentimentos e emoções, auxiliando na construção do bem-estar. Existem diversas abordagens da psicologia disponíveis atualmente.
Alguns exemplos bem conhecidos são a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e Psicanálise, que podem ajudar no processo terapêutico, sobretudo por oferecerem ferramentas para lidar com situações e pensamentos que geram sofrimento psíquico. -
Meditação/Mindfulness
Práticas como meditação e mindfulness ajudam a reduzir os níveis de estresse, melhorando o foco, a disposição e o bem-estar. Mesmo que realizadas por poucos minutos ao dia, elas trazem benefícios importantes ao corpo, como qualidade do sono e concentração. -
Autoconhecimento
Entender emoções, sentimentos e padrões de comportamento pode auxiliar a encontrar soluções possíveis para se viver melhor. Nesse sentido, quanto mais nos conhecemos, mais aprendemos a nos cuidar. -
Aprender sobre inteligência emocional
O aprendizado sobre inteligência emocional ajuda no enfrentamento de situações difíceis e no exercício de uma comunicação interpessoal com maior qualidade. Desenvolvê-la favorece relações mais saudáveis consigo e com os outros. -
Neurociência
A neurociência estuda os mecanismos cerebrais que regulam nossas emoções, experiências e hábitos. Assim, o estudo sobre o funcionamento do cérebro pode ser uma ferramenta poderosa para o cuidado com a saúde mental.
Investir em saúde mental é um processo de autoconhecimento individual e coletivo. Nesse sentido, é fundamental que cada pessoa investigue e reconheça suas necessidades emocionais, desenvolva práticas de autocuidado de modo responsável e seguro, e saiba solicitar ajuda profissional.
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