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Para Jung, todos estamos imersos no inconsciente coletivo

Para Jung, todos estamos imersos no inconsciente coletivo
Para Jung, todos estamos imersos no inconsciente coletivo
Ella Barruzzi
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A camada mais profunda da psique humana: o inconsciente coletivo

Jung dedicava-se a um intenso processo de introspecção enquanto enriquecia seus estudos com os relatos e experiências apresentados por seus pacientes. Esse mergulho profundo no inconsciente, realizado sobretudo por meio da análise de sonhos e fantasias, permitiu com que ele explorasse as fontes mais enigmáticas da psique.

Com base nessas investigações, Jung formulou teorias sobre as estruturas gerais da mente humana – aquelas que transcendem a individualidade e pertencem a todos. Assim, denominou a camada mais profunda da psique como inconsciente coletivo, identificando seu conteúdo como uma combinação de forças universais e padrões recorrentes, os quais chamou de arquétipos.

Dessa forma, de acordo com o que a psicologia junguiana chama de inconsciente coletivo, já teríamos uma estrutura psíquica prévia, ou seja, antes mesmo de desenvolvermos nossa psique ela já estaria ali, pronta para se manifestar seus conteúdos, que seriam idênticos em todos os seres humanos.

Em seu livro “Os arquétipos e o inconsciente coletivo”, podemos encontrar um parágrafo que descreve de forma genuína o que Jung nos traz acerca de tal conceito: “É o mundo da água, onde todo vivente flutua em suspenso, onde começa o reino do "simpático" da alma de todo ser vivo, onde sou inseparavelmente isto e aquilo, onde vivencio o outro em mim, e o outro que não sou, me vivência.



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O inconsciente coletivo é tudo, menos algo individual e fechado em si mesmo, é amplo e conectado a tudo que se encontra ao nosso redor, ele é formado por conteúdos que não adquirimos individualmente e que nunca fizeram parte da nossa consciência – eles existem por causa da herança psicológica que recebemos, algo transmitido através das gerações. Uma maneira de entender isso é imaginar o inconsciente coletivo como um vasto oceano, com uma pequena ilha que representa a nossa consciência.

Jung vai além ao afirmar que nossa psique não é uma "tabula rasa", ou seja, não nascemos sem nenhum conteúdo mental. Em vez disso, temos essa herança psicológica que se soma à nossa herança biológica, influenciando quem somos e como vemos o mundo.

Portanto, ao entender o inconsciente coletivo, Jung nos oferece uma visão mais abrangente da psique humana, desafiando a ideia de que não somos apenas produtos das nossas experiências individuais. Dessa forma, podemos considerar a existência de um depósito de saberes e imagens universais que transcendem o tempo e o espaço, conectando todos os seres humanos.

Imagem feita em Inteligência Artificial de uma cabeça humana e vários componentes saindo dela. Ao fundo, céi azul com nuvens e algumas montanhas.

O inconsciente pessoal e a forte carga emocional

Carl Jung não teria alcançado as profundezas da psique sem antes explorar sua camada mais superficial, conhecida como inconsciente pessoal, distinguindo-a do inconsciente coletivo.
Para melhor compreensão, podemos recorrer a uma reflexão de Nise da Silveira, que descreve o inconsciente pessoal como uma camada onde se manifestam percepções, impressões subliminares e representações carregadas de intenso potencial afetivo, sendo assim incompatíveis com a postura consciente – para Jung, eram os complexos afetivos ou apenas complexos, derivados de nossas vivências pessoais marcadas por forte carga emocional:

  • Complexos são padrões emocionais e comportamentais inconscientes.
  • Surgem de experiências emocionais intensas ou traumas.
  • Influenciam o comportamento de maneira inconsciente.
  • Podem gerar reações irracionais.
  • São projetados em outras pessoas, afetando relações.
  • O objetivo da individuação é integrar esses complexos ao consciente.
  • A análise dos sonhos ajuda a entender e integrar os complexos.

Sabe aquele pensamento ou emoção que um dia você sentiu e “nunca mais” se recordou dele? De acordo com a psicologia analítica e seus conceitos, qualquer coisa que saia da nossa consciência por algum motivo não se perde ou desaparece, mas sim fica armazenado no que se chama de inconsciente pessoal, como uma espécie de arquivo temporário da mente.

Em algum outro momento existe a capacidade de que possamos lembrar ou, até mesmo perceber, tais pensamentos ou emoções, mesmo que estejam bloqueados, esquecidos ou escondidos na nossa psique. Mesmo assim, tudo isso pode continuar influenciando ações, sentimentos e escolhas na vida cotidiana, pois, de fato, estiveram sempre ali.

Dessa maneira, Jung nos traz a ideia de que a mente humana é uma vasta rede de camadas interconectadas, onde o inconsciente pessoal, com suas impressões e complexos emocionais, serve de ponte para o inconsciente coletivo, que guarda os arquétipos universais da experiência humana.

Para que possamos entender de forma mais didática, separamos uma tabela comparativa com as principais características de cada um dos “inconscientes”:

INCONSCIENTE PESSOAL INCONSCIENTE COLETIVO
Imagens arquetípicas: Não são universais, mas refletem a experiência e os aspectos culturais de cada pessoa. Arquétipos: Padrões universais de comportamento, imagens e símbolos compartilhados por toda a humanidade.
Possui aspectos culturais: As vivências pessoais de uma pessoa estão frequentemente moldadas pelas normas, valores e tradições da sociedade em que ela vive. Comuns a toda a humanidade: Independentemente de sua cultura ou histórico pessoal. Contém padrões que são compartilhados.
Tem relação com complexos e cargas afetivas: Padrões de emoções, pensamentos e comportamentos inconscientes originados de experiências de vida com forte carga emocional, como traumas, conflitos ou situações não resolvidas. Extrapola as experiências vividas de cada indivíduo: Abarca experiências universais e atemporais, como arquétipos que representam a herança coletiva da humanidade.
Seus conteúdos já estiveram na consciência: Pensamentos ou sentimentos que, por alguma razão, foram afastados da consciência e guardados nesse "arquivo mental". Seus conteúdos nunca passaram pela consciência: Não é algo que tenha sido conscientemente experimentado ou adquirido, mas é transmitido através da herança psicológica.


Dessa forma, a psicologia junguiana procura, principalmente em sua clínica, dar prioridade ao inconsciente individual, porém sem deixar de lado os conteúdos presentes também no inconsciente coletivo.

Pintura de uma mulher cujo rosto é retirado como máscara e ela o segura em uma das mãos. Do buraco criado em seu rosto, sai uma pomba branca.

Os arquétipos, o inconsciente coletivo e uma das suas aplicações na contemporaneidade

A partir da leitura deste e de outros textos da Casa do Saber, mesmo que você não tenha percebido, várias manifestações de arquétipos do inconsciente coletivo podem ter se manifestado. É assim que as teorias de Jung podem ser também analisadas e descritas, afinal, as redes sociais e o universo on-line são uma das ferramentas para acesso aos conteúdos universais.

Trends, memes, emojis e hashtags, criam símbolos diariamente, fazendo com que exista uma manifestação que ressoa com diferentes culturas, independente da localidade.

Dentro desse ambiente digital, essas imagens arquetípicas se mostram de formas simbólicas, refletindo tanto os conteúdos universais do inconsciente coletivo quanto as experiências pessoais do inconsciente individual.

Nas redes sociais, o inconsciente pessoal de cada indivíduo se mistura com o inconsciente coletivo da sociedade digital, criando um espaço onde as imagens arquetípicas podem ser projetadas, distorcidas ou até mesmo amplificadas.

Jung acreditava que o processo de individuação – o desenvolvimento do indivíduo em direção à totalidade e à integração da psique – pode ser facilitado pelo reconhecimento e confronto com esses arquétipos.

Esse processo de individuação, quando aplicado ao ambiente digital, pode ser visto como uma jornada de autodescoberta e integração, onde as pessoas têm a oportunidade de confrontar, expressar e transformar seus conteúdos internos – podendo isso ser benéfico ou não.







Referências bibliográficas

JUNG, C. G. A dinâmica do inconsciente. Petrópolis: Vozes, 1984.

JUNG, C. G. Os arquétipos e o inconsciente coletivo. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.

JUNG, Carl Gustav. Sobre sonhos e transformações. Petrópolis: Vozes, 2014.

BONFATTI, Paulo; NOGUEIRA Cátia; BLANCO Manuela; COSTA Marina. Breves considerações acerca do conceito de inconsciente coletivo na psicologia analítica de Carl Gustav Jung. Juiz de Fora: Uniacademia, 2019.




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