"O estresse é uma ameaça direta ou indireta à integridade física ou psicológica de alguém". Essa definição do neurocientista Bruce McEwen reflete a profundidade do impacto do estresse no corpo humano, fenômeno que ele estudou profundamente ao longo de sua carreira, com ênfase nos hormônios envolvidos, como o cortisol e a adrenalina.
Embora o estresse faça parte da vida cotidiana e, até certo ponto, seja uma resposta adaptativa saudável do corpo, quando suas causas se tornam constantes e intensas, os efeitos sobre a saúde podem ser extremamente prejudiciais.
Ansiedade, depressão e burnout são algumas das consequências do estresse crônico, que tem se intensificado na população mundial devido ao ritmo acelerado da vida contemporânea, à sobrecarga de responsabilidades e aos relacionamentos disfuncionais. Neste artigo, exploraremos as causas do estresse, suas manifestações físicas e emocionais, além dos tratamentos neurocientíficos disponíveis para restaurar o bem-estar.
O artigo abordará os seguintes tópicos:
O que é estresse?
O estresse é uma resposta do organismo a situações percebidas como ameaçadoras ou frustrantes. Dependendo do nível da reação ao estresse, o corpo pode ficar sobrecarregado e adoecer. Isso acontece quando o indivíduo não consegue se recuperar completamente após ter entrado em contato com eventos estressores. Sintomas como ansiedade, burnout, depressão e insônia são os que mais acometem as pessoas submetidas ao estresse crônico.
No contexto contemporâneo, o estresse é amplificado pela sobrecarga de tarefas diárias, pelo desejo de atingir padrões elevados de produtividade e pela constante comparação com os outros, algo cada vez mais exacerbado pelas redes sociais. A pressão para estar sempre disponível, para mostrar resultados e para não perder oportunidades se tornou uma constante na vida de muitos indivíduos, gerando um estado de alerta constante no cérebro. Isso pode levar ao desenvolvimento de estados de ansiedade e estresse crônico.
De acordo com estudos da neurociência, existem três níveis de enfrentamento ao estresse: o primeiro deles seria o nível adaptativo saudável, que é quando o organismo se recupera rapidamente, logo após situações impactantes. O segundo nível seria um estresse mais prolongado, porém o corpo consegue voltar ao estado de equilíbrio passada a fase estressora. E o terceiro nível seria uma sobrecarga emocional que provoca danos maiores à saúde.
As causas do estresse podem estar relacionadas a diversos fatores, como a pressão no trabalho, dificuldades financeiras, problemas de saúde, exposição constante às vidas idealizadas das redes sociais, sobrecarga de exigências diárias, entre outras. Cada indivíduo tem a sua maneira de lidar com o estresse, portanto os impactos à saúde podem ser diferentes entre as pessoas que vivem o mesmo tipo de situação.
Além das causas mais perceptíveis, também existe o estresse psicológico que gera consequências negativas para a saúde por ser um tipo de desgaste mental. Ele acontece, por exemplo, quando o indivíduo fica continuamente com medo do futuro ou com medo do julgamento dos outros. Nesse sentido, pode até mesmo não estar acontecendo um evento estressor, mas os pensamentos seriam geradores do estresse psicológico.
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Apesar do conteúdo esclarecedor, o ebook não substitui um acompanhamento psicológico. Recomendamos consultar um profissional da saúde para um tratamento personalizado para problemas relacionados à saúde mental.
Como o estresse impacta o corpo e a mente
O estresse afeta o corpo de diversas maneiras e com intensidades variadas. Quando estamos estressados, o organismo entra em um estado de “luta ou fuga”, uma resposta biológica que, em situações de risco, pode ser benéfica, permitindo-nos reagir rapidamente a uma ameaça.
No entanto, uma rotina causadora de estresse ou pensamentos estressores constantes acarretam uma série de problemas de saúde. Dentre os problemas mais comuns, destacamos:
- Problemas cardíacos: O aumento da pressão arterial e a aceleração dos batimentos cardíacos, que podem contribuir para o desenvolvimento de doenças cardíacas.
- Comprometimento do sistema imunológico: O estresse constante pode enfraquecer as defesas do corpo, tornando-o mais vulnerável a infecções e doenças.
- Enxaqueca e dores de cabeça constantes: As dores de cabeça e crises de enxaqueca também são reflexos da sobrecarga de estresse
- Insônia: A dificuldade de relaxar e dormir torna-se comum em pessoas com alto nível de estresse
- Ansiedade: Dificuldade em se manter no presente e pensamentos recorrentes sobre o futuro desgastam o bem-estar e atrapalham a concentração e tomada de decisões
- Depressão: O desânimo e a falta de interesse e envolvimento nas atividades do dia a dia desconecta as pessoas de um sentido na vida, resultando na queda de autoestima e de motivação
- Distúrbios digestivos: O estresse pode afetar o sistema digestivo, gerando problemas como gastrite, síndrome do intestino irritável e outros distúrbios gastrointestinais.
- Problemas musculoesqueléticos: A tensão muscular prolongada devido ao estresse pode causar dores crônicas, principalmente na região dos ombros, pescoço e costas.
Os Hormônios do Estresse
O estresse, quando persistente, tem efeitos profundos sobre o corpo, e muito disso se deve à ação de hormônios como o cortisol e a adrenalina. Esses hormônios são liberados pelo organismo em resposta ao estresse, ativando o que é conhecido como a resposta de "luta ou fuga". Embora essa resposta seja útil em situações imediatas de ameaça, o problema surge quando o estresse se torna crônico.
O cortisol, conhecido como o hormônio do estresse, é um dos principais responsáveis pelos efeitos adversos dessa condição prolongada. Sua produção constante pode afetar a memória, dificultando a capacidade de concentração e aprendizado. Além disso, o cortisol tem um impacto negativo no sistema imunológico, enfraquecendo as defesas do corpo e tornando-o mais suscetível a doenças. Esse desequilíbrio hormonal contribui para o aumento da ansiedade, criando um ciclo vicioso no qual o estresse alimenta mais estresse.
Já a adrenalina, outro hormônio fundamental durante o estresse, prepara o corpo para a ação imediata, aumentando a frequência cardíaca e a pressão arterial. No entanto, quando liberada de forma contínua devido ao estresse crônico, ela pode prejudicar o funcionamento do sistema cardiovascular e desencadear uma série de problemas físicos, como hipertensão e problemas cardíacos.
Portanto, embora a resposta ao estresse seja natural e inicialmente útil, quando prolongada, ela pode prejudicar a saúde e o bem-estar psicológico de diversas maneiras, afetando tanto o corpo quanto a mente. É essencial aprender a gerenciar o estresse de forma eficaz, minimizando a produção excessiva de cortisol e adrenalina, para evitar os danos que podem surgir com o tempo.
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Estresse no trabalho e a pressão por resultados
O ambiente de trabalho é um dos principais contextos onde o estresse se manifesta de forma mais evidente. Em uma sociedade voltada para o consumo e para a competitividade, as pessoas altamente produtivas são mais valorizadas e admiradas. Nesse sentido, todos se sentem pressionados a entregar resultados rápidos e de alta qualidade, mas na maioria das vezes sem ter tempo suficiente para descansar ou se recuperar o suficiente após a jornada de trabalho. A pressão por metas e o medo de não atender às expectativas geram um clima de ansiedade e tensão, que compromete a saúde mental dos trabalhadores.
Nesse modelo neoliberal, a busca incessante pelo sucesso na carreira e o medo de fracassar acabam gerando um estresse contínuo. Além disso, o home office e o trabalho no ambiente digital, trouxeram consigo a necessidade de estar disponível o tempo todo. Com isso, o tempo de trabalho acaba invadindo a vida pessoal, aumentando a sensação de cansaço e exaustão que, muitas vezes, leva a situações de esgotamento, como o burnout. Por isso, estabelecer limites e uma rotina que contemple espaço para o descanso e o lazer precisam ser incluídos entre as prioridades de quem cumpre jornada de trabalho.
Como reduzir o estresse: tratamentos e práticas eficazes
O desenvolvimento das habilidades de inteligência emocional nos permite ter autoconhecimento suficiente para saber quais são os nossos limites e preferências. Essas informações nos ajudam a nos relacionar melhor e a saber dizer não quando necessário. Além disso, aumenta nossa capacidade de ter empatia e nos colocar no lugar do outro.
Uma vida sem estresse não existe. Mas, podemos equilibrar a forma como lidamos com os desafios da vida. Algumas práticas que ajudam a reduzir o estresse incluem:
- Atividade física regular: A prática constante de exercícios, como caminhada, corrida ou yoga, ajuda a reduzir o estresse ao liberar endorfinas, substâncias responsáveis pela sensação de prazer e bem-estar.
- Mindfulness e meditação: Técnicas de atenção plena (mindfulness) e meditação são poderosas ferramentas para acalmar a mente, reduzir a ansiedade e promover o equilíbrio emocional, concentrando-se no momento presente e afastando pensamentos negativos recorrentes.
- Apoio psicológico: Abordagens terapêuticas, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), ajudam a identificar padrões de pensamento prejudiciais e ensinam estratégias para enfrentar as pressões cotidianas de forma mais saudável.
- Descanso e lazer: Garantir tempo para descansar e desfrutar de momentos de lazer é fundamental para a recuperação mental. Estabelecer limites para desacelerar o ritmo diário pode ser um desafio, mas é essencial para o equilíbrio emocional.
- Relaxamento e contato com a natureza: Técnicas de respiração, alongamento e contato com a natureza são formas de desacelerar e se reconectar com o presente e minimizar a sobrecarga de preocupações.
- Conexões sociais e sentido de pertencimento: Criar laços de confiança e empatia com amigos e familiares contribui para uma sensação de inclusão social, reduzindo a solidão e aliviando o estresse.
- Autocuidado: O autocuidado vai além de rituais de beleza; é sobre saber o que faz bem para você e realizar escolhas que proporcionem prazer e equilíbrio, sem se preocupar em corresponder às expectativas dos outros.
- Estímulo à criatividade: Engajar-se em atividades criativas, sem pressão por resultados. Apenas praticar hobbies para se divertir e aumentar a sensação de bem estar.
- Hábitos saudáveis: Manter uma rotina de sono adequada, alimentação balanceada e hidratação é fundamental para o funcionamento adequado do corpo, contribuindo para uma maior resiliência frente ao estresse.
Como prevenir o estresse?
Prevenir o estresse começa com a conscientização de que nossa saúde mental é tão importante quanto a saúde física. Cuidar da mente é fundamental para evitar que o estresse se acumule e traga consequências prejudiciais. Isso envolve cultivar o autoconhecimento, fortalecer a inteligência emocional e desenvolver habilidades de resiliência diante dos desafios da vida. Além disso, praticar a autocompaixão e buscar um equilíbrio saudável entre trabalho, descanso e relacionamentos pessoais são aspectos chave para manter o bem-estar e prevenir o impacto negativo do estresse.
Conclusão
O estresse é uma resposta do organismo que afeta diversas áreas da vida, desde o ambiente de trabalho até os relacionamentos amorosos. A pressão constante por desempenho, as diversas tarefas diárias e a busca por resultados rápidos têm contribuído para o aumento significativo de casos de estresse, ansiedade e burnout. No entanto, existem estratégias eficazes para prevenir e reduzir os efeitos do estresse, como a prática de técnicas de relaxamento, o cuidado contínuo com a saúde mental e a redefinição das expectativas em relação à produtividade.
Embora o mercado de trabalho valorize o desempenho incessante, é fundamental aprender a respeitar os próprios limites e a priorizar o bem-estar psicológico. Desacelerar e restaurar o equilíbrio, garantindo tempo para o descanso, é necessário para a manutenção da saúde mental. Em momentos de sobrecarga emocional, buscar ajuda psicológica é essencial. Profissionais capacitados podem oferecer suporte e ferramentas adequadas para lidar com o estresse de maneira saudável, ajudando a prevenir que ele se torne um problema crônico. Lembre-se: cuidar da saúde mental é um passo fundamental para garantir uma vida mais equilibrada e satisfatória.
Perguntas Frequentes sobre Estresse
- Quais são os principais sintomas do estresse e como identificá-los?
Os sintomas do estresse podem ser físicos, emocionais e comportamentais. Entre os sinais mais comuns estão: tensão muscular, ansiedade, dores de cabeça, cansaço excessivo, dificuldades para dormir, irritabilidade, ansiedade e dificuldade de concentração. Se esses sintomas se mantiverem por um período prolongado e interferirem nas atividades diárias, pode ser um indicativo de estresse crônico, que requer atenção e, possivelmente, tratamento.
- Como posso gerenciar o estresse no meu dia a dia e evitar que ele se torne crônico?
Para gerenciar o estresse de maneira eficaz, é importante adotar práticas que promovam o equilíbrio físico e mental. Algumas estratégias incluem: a prática regular de exercícios físicos, como caminhada ou yoga, o uso de técnicas de relaxamento e mindfulness, estabelecer limites saudáveis entre trabalho e vida pessoal, garantir momentos de descanso e lazer, e buscar apoio psicológico quando necessário. Além disso, é fundamental aprender a reconhecer seus limites e a não sobrecarregar-se com expectativas irreais.
Referências
https://curadoria.casadosaber.com.br/curso/320/saude-mental-e-estresse-uma-visao-das-neurociencias
https://www.rockefeller.edu/news/27135-neuroscientist-bruce-mcewen-studied-impact-stress-brain-died/