Psicanálise

A Interpretação dos Sonhos: Freud e o Inconsciente

A Interpretação dos Sonhos: Freud e o Inconsciente
A Interpretação dos Sonhos: Freud e o Inconsciente
Gabriel Cravo Prado
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O conceito de inconsciente foi desenvolvido por Sigmund Freud em seu influente livro A Interpretação dos Sonhos, publicado em 1900. Esta obra é amplamente reconhecida como a peça inaugural da psicanálise, estabelecendo as bases para a compreensão do aparelho psíquico proposto por Freud.

Neste texto iremos ver:



O que é a interpretação dos sonhos para Freud?

O livro A Interpretação dos Sonhos, escrito por Sigmund Freud, não apenas estabeleceu as bases fundamentais da teoria psicanalítica, mas também marcou o início da psicanálise. Reconhecida como a obra mais significativa da vasta produção de Freud, esse livro revolucionário apresentou conceitos cruciais que moldaram a psicanálise. Entre os principais aportes, Freud propôs e formulou nesse texto uma estrutura de aparelho psíquico, que abrange os níveis consciente, inconsciente e pré-consciente.

Capa do livro A Interpretação dos Sonhos (1900), de Sigmund Freud, volume 4 da coleção Obras Completas, publicado pela Companhia das Letras, com tradução de Paulo César de Souza.
Capa de 'A Interpretação dos Sonhos', clássico de Sigmund Freud lançado em 1900, parte do volume 4 da coleção Obras Completas, publicado pela Companhia das Letras e traduzido por Paulo César de Souza.


O livro é do final do ano de 1889, mas foi publicado no ano de 1900, pois Freud escolheu essa data para que o livro marcasse a entrada no século XX, por isso foi lançado posteriormente.

Para fundamentar a interpretação do sonho como um método, Freud realiza uma análise minuciosa do sonho, fragmentando-o em suas partes constitutivas. Ele observa atentamente as associações que emergem de cada um desses fragmentos, utilizando essa abordagem em sua famosa (auto)análise do sonho da injeção de Irma.

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O trabalho do sonho

O trabalho do sonho se desenvolve por meio de distintas etapas. A primeira etapa, denominada condensação e a segunda deslocamento.

Condensação

Revela que os sonhos contêm variados tipos de conteúdos, que Freud classificou como manifesto e latente. O conteúdo manifesto, que se expressa de forma mais aparente, representa apenas uma fração do que é efetivamente latente. Os elementos que compõem o conteúdo manifesto se organizam em uma única imagem psíquica, conectando-se por meio de cadeias associativas. Em contrapartida, o conteúdo latente se manifesta de maneira mais intensa em sonhos altamente condensados, pois, esses conteúdos muitas vezes apresentam um caráter perturbador para a consciência.

Deslocamento

O deslocamento é um mecanismo fundamental do trabalho do sonho para converter desejos ou pensamentos inconscientes em representações que se manifestam de forma distinta no sonho. Este processo ocorre quando o conteúdo latente, muitas vezes perturbador ou inaceitável para a consciência, é deslocado para elementos menos significativos ou mais neutros no conteúdo manifesto. Essa distorção resulta em uma representação que, embora não reflita diretamente o desejo original, ainda retém aspectos de seu significado intrínseco. Consequentemente, os sonhos podem exibir imagens ou eventos que parecem desconectados do desejo reprimido, mas que, por meio da análise, revelam suas interconexões subjacentes.



A função e o significado dos sonhos

Freud afirma que os sonhos seguem uma lógica própria, distinta do funcionamento da consciência. Ele argumenta que os sonhos são a principal porta de entrada para o inconsciente, revelando conteúdos e desejos que muitas vezes permanecem ocultos na vida diária.

No contexto de A Interpretação dos Sonhos, Freud elucida que a função dos sonhos é dual, consistindo, primordialmente, na realização de desejos inconscientes e na proteção do sono. Ele argumenta que os sonhos atuam como uma via simbólica para a expressão de desejos reprimidos que, por serem inaceitáveis na consciência, encontram uma forma de manifestação por meio de imagens oníricas. Dessa maneira, mesmo conteúdos perturbadores são traduzidos em representações que permitem sua satisfação, ainda que de forma disfarçada. Simultaneamente, essa função de realização é acompanhada por um aspecto protetivo, assegurando que o estado de repouso não seja interrompido. Assim, os sonhos se configuram como uma janela para o inconsciente.

A interpretação do sonho é uma ferramenta indispensável para a psicanálise, pois é por meio dela que o analista pode acessar o conteúdo inconsciente do paciente, tendo em vista que os sonhos, os sintomas, os atos falhos e os chistes são formações do inconsciente. As formações do inconsciente referem-se a expressões ou manifestações que emergem do inconsciente, revelando desejos, conflitos e experiências que não estão acessíveis à consciência.

O que é inconsciente?

Pode-se dizer que o inconsciente seria uma parte desconhecida para o próprio sujeito, ou seja, não é possível se conhecer por inteiro, existe uma parte que não se revela, ou ao menos, não se mostra tão facilmente. Por exemplo, existem desejos dos quais não se tem o menor conhecimento, mas mesmo assim eles influenciam a vida do sujeito e a sua relação com o outro. Nesse sentido Freud afirmou que:

“o Eu não é senhor em sua própria casa” (FREUD [1917] 2010: p. 186).


Cabe dizer que Freud, em textos anteriores já dava notícias sobre a conceituação de inconsciente, o texto Lembranças Encobridoras (1899), é um exemplo disso, mas a formulação, conceituação e consolidação do aparelho psíquico e seu funcionamento se deu no livro A Interpretação dos Sonhos.

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Como aprender mais sobre interpretação dos sonhos?

Para aprofundar seus conhecimentos sobre a interpretação dos sonhos na teoria psicanalítica, é fundamental começar pela leitura das obras clássicas de Sigmund Freud, como A Interpretação dos Sonhos (1900), que estabelece as bases para a compreensão dos processos oníricos e suas relações com o inconsciente. Outro texto importante é Além do Princípio do Prazer (1920), que expande as ideias sobre o significado e a função dos sonhos na realização de desejos.


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Referências bibliográficas:

FREUD, Sigmund. A Interpretação dos Sonhos (1900). Companhia das Letras: São Paulo,

2019.

FREUD, Sigmund. Uma Dificuldade no Caminho da Psicanálise (1917). Companhia das Letras: São Paulo,

2010.

GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Freud e o Inconsciente. Zahar: Rio de Janeiro, 1985.

ROUDINESCO, Elisabeth; Plon, Michel. Dicionário de Psicanálise, Rio de Janeiro: Zahar,

1998.








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