Psicanálise

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Conheça os principais autores da psicanálise e seus conceitos
Paula Delgado
Conheça os principais autores da psicanálise e seus conceitos
Conheça os principais nomes da psicanálise, como Freud, Lacan, Klein, Winnicott, Ferenczi e Bion e entenda suas contribuições para a psicanálise.

A psicanálise, também conhecida como “terapia da fala”, é uma teoria e prática clínica que busca, a partir da análise do inconsciente, entender a mente humana.

Embora tenha sido fundada por Sigmund Freud no final do século XIX, outros autores e teóricos contribuíram para que a psicanálise se desenvolvesse até como a conhecemos hoje.

Freud reuniu um grupo de colaboradores, o que resultou na criação da Sociedade Psicanalítica de Viena. Apesar das divergências conceituais, os debates entre ele e seus seguidores foram fundamentais para os desdobramentos da psicanálise.

Vamos agora conhecer alguns dos principais autores da psicanálise, os conceitos elaborados por eles e suas ideias.

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Sigmund Freud

Foto de Sigmund Freud

Sigmund Freud (Reprodução)


Sigmund Freud nasceu em 6 de maio de 1856, em Freiberg in Mähren, no antigo Império Austríaco. Filho de comerciantes de lã, mudou-se ainda criança com a família para Viena.

Em 1873, ingressou na Universidade de Viena para cursar medicina. Interessou-se por biologia e neurociência, com destaque para os estudos sobre o cérebro humano.

Apesar de sua inicial preferência, foi da clínica que nasceu sua principal contribuição: a psicanálise.

Observando pacientes com sintomas histéricos, Freud percebeu que as causas do sofrimento não eram apenas fisiológicas. Aos poucos, distanciou-se dos métodos médicos tradicionais e passou a investigar os conflitos psíquicos.

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Os principais conceitos de Sigmund Freud são:

Inconsciente:

O inconsciente é um pilar fundamental da psicanálise, porque é nele que se encontram os conteúdos da mente que escapam à consciência, mas que influenciam nossos pensamentos, comportamentos e relações.

A partir do método da associação livre, o psicanalista auxilia o paciente a encontrar as origens do sofrimento psíquico presentes no inconsciente, possibilitando a transformação de sua jornada subjetiva e pessoal.

Transferência e contratransferência:

Os conceitos de transferência e contratransferência tem grande importância para a psicanálise. A transferência ocorre quando o paciente projeta no analista sentimentos e experiências ligadas a figuras do passado, revelando conteúdos inconscientes.

Já a contratransferência é a reação emocional do analista diante do vínculo estabelecido com o paciente. Embora inicialmente vista por Freud como um obstáculo, passou a ser compreendida como um recurso valioso para compreender o paciente e fortalecer o vínculo terapêutico.

Id, ego e superego:

Estes três conceitos fazem parte da estrutura do aparelho psíquico que Freud construiu na segunda tópica freudiana.

Ego

O ego é a instância psíquica com dimensões conscientes e inconscientes que representa a realidade, formado pelas interações sociais. Atua como instância mediadora entre os impulsos do id, as exigências do superego e a realidade externa.

Uma vez que é responsável pela mediação dos impulsos do id e as exigências do superego, ele substitui o princípio do prazer pelo da realidade.

Id

O id é a instância inconsciente e instintiva da mente, controlada pelo princípio do prazer. Ele representa impulsos, desejos e pulsões, buscando satisfação imediata. Segundo Freud, é a origem de conflitos e sintomas psíquicos, uma vez que abriga conteúdos reprimidos que podem gerar sintomas e conflitos internos.

Superego

Por fim, o superego, considerado por Freud como herdeiro direto do complexo de Édipo. Este é a instância psíquica que se situa entre o consciente e o inconsciente.

Ao passo que ele representa normas, valores e moralidade internalizados ao longo da vida, acaba atuando como um juiz interno dos pensamentos, desejos e ações, punindo desvios com sentimentos como culpa e vergonha. Sendo assim, influencia profundamente o comportamento do indivíduo.




Jacques Lacan

Foto de Jacques Lacan

Jacques Lacan (Reprodução)


Jacques Lacan nasceu em Paris, em 14 de abril de 1901. Criado em uma família católica, rompeu cedo com a religião e se interessou por Nietzsche, Spinoza e Freud. Em 1919, ingressou na Faculdade de Medicina de Paris e, em 1927, iniciou seus estudos em psiquiatria no Hospital Sainte-Anne.

Conhecido por revisar e divulgar a obra freudiana, Lacan reformulou a psicanálise a partir da linguística, filosofia e estruturalismo, sendo um dos teóricos mais influentes da psicanálise contemporânea.

Conheça alguns dos principais conceitos de Jacques Lacan:

Inconsciente estruturado como uma linguagem

Segundo Lacan, o inconsciente é estruturado como uma linguagem.

Influenciado por Saussure, entendeu que o inconsciente segue uma lógica própria, guiada por metáforas e metonímias, manifestando desejos e conteúdos reprimidos em sonhos, atos falhos e sintomas. Assim, não se revela explicitamente, mas como um texto que precisa ser interpretado.

Estádio do espelho

O Estádio do Espelho é um momento no qual a criança é capaz de reconhecer a sua própria imagem refletida no espelho, sendo assim, ela passa a ser capaz de perceber a sua totalidade corporal. Esta é uma etapa fundamental na constituição do sujeito.

Desejo na teoria de Lacan

O desejo, para Lacan, se diferencia do impulso ou da necessidade, porque o desejo lacaniano nunca se satisfaz completamente. Ele não é algo que possuímos, mas algo que nos constitui.

Desta forma, desejo não é algo que possuímos, mas sim algo que nos constitui. Ele é a tentativa de preencher uma falta, um vazio que nunca sana.

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Melanie Klein

Foto de Melanie Klein

Melanie Klein (Reprodução)


Melanie Klein nasceu em 30 de março de 1882, em Viena. Apesar do desejo de cursar medicina, estudou história por limitações financeiras.

Ela teve uma vida pessoal turbulenta, desde uma relação conturbada com a mãe até a perda de vários entes queridos, incluindo seu filho Hans.

Melanie Klein ficou conhecida por desenvolver a psicanálise infantil e ampliar as ideias de Freud. Para ela, os conflitos psíquicos começam mais cedo do que Freud havia indicado, ainda nos primeiros meses de vida.

Alguns dos conceitos mais importantes de Melanie Klein:

Análise do brincar

De acordo com Melanie, brincar é uma das principais formas de expressão do inconsciente durante a infância, assemelhando-se aos sonhos e à associação livre dos adultos.

O ato de brincar permite que as crianças expressem suas emoções, manifestando suas fantasias e desejos inconscientes. Sendo assim, o psicanalista é capaz de interpretar os processos inconscientes da criança.

Relações objetais primárias

As relações objetais primárias se referem aos primeiros vínculos afetivos da criança, sobretudo com a mãe. Para Klein, o primeiro objeto não é a mãe inteira, mas o seio materno.

Sendo assim, a amamentação, além da função nutritiva, é vista como um momento fundamental de interação entre mãe e filho, influenciando profundamente as futuras formas de se relacionar com os outros.

Complexo de Édipo

Melanie Klein fez uma releitura do Complexo de Édipo proposto por Sigmund Freud.

Na visão de Klein, o Complexo de Édipo - a expressão de sentimentos como inveja e ciúme - inicia-se no primeiro ano de vida da criança, portanto, mais cedo do que Freud propôs.

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Donald Winnicott

Foto de Donald Winnicott

Donald Winnicott (Reprodução)


Donald Winnicott nasceu em 7 de abril de 1896, na Inglaterra. Formou-se em medicina em 1920 e iniciou sua formação psicanalítica em 1927. Durante esse período, vivenciou o conflito entre os seguidores de Anna Freud e Melanie Klein na Sociedade Britânica de Psicanálise. Apesar de adotar uma postura independente, teve maior afinidade com a escola kleiniana.

Winnicott destacou-se por suas contribuições ao desenvolvimento infantil, enfatizando o papel fundamental do ambiente e dos cuidados maternos no amadurecimento emocional saudável da criança.

Conceitos de Donald Winnicott:

Mãe suficientemente boa

Segundo Donald, a mãe suficientemente boa é aquela que é capaz de se adaptar e proporcionar um ambiente seguro e acolhedor para a criança. Portanto, este contexto deve oferecer estabilidade emocional para que o verdadeiro self da criança possa se expressar e o bebê seja capaz de desenvolver a sua autonomia psíquica.

Objeto transicional

De acordo com Winnicott, o objeto transicional trata-se de um item que a criança escolhe para simbolizar a mãe (como um cobertor ou um brinquedo). Este objeto representa um sentimento de segurança, especialmente no momento em que o bebê percebe que a mãe é uma parte separada dele. Sendo assim, ele ajuda a criança a lidar com a fase de transição entre a realidade interna e externa.

Verdadeiro e Falso self

Enquanto verdadeiro selfie representa a autenticidade da personalidade da criança, que se desenvolve a partir de um cuidado adequado e um ambiente seguro e acolhedor, o falso self se manifesta como uma defesa diante de um ambiente inadequado para que o verdadeiro selfie se apresente, porém isso impede a expressão autêntica da pessoa.


Sándor Ferenczi

Foto de Sandor Ferenczi

Sándor Ferenczi (Reprodução)


Sándor Ferenczi nasceu em 7 de julho de 1893, na Hungria, e iniciou seus estudos em medicina na Faculdade de Medicina de Viena, especializando-se em neurologia e neuropatologia.

Embora colaborador estimado de Freud e ter feito parte de seu círculo íntimo, chegando integrar o “Comitê Secreto”, divergiam em alguns conceitos e práticas.

Freud e Jung também tiveram uma relação inicial de colaboração, mas se separaram devido a diferenças teóricas. Freud via o inconsciente como repressor, enquanto Jung introduziu o conceito de inconsciente coletivo, ampliando o foco. Essa divergência marca um rompimento que impactou profundamente a psicanálise moderna.



Conhecido como enfant terrible, Ferenczi revolucionou a psicanálise introduzindo novos conceitos e um olhar inovador sobre o papel do psicanalista, impactando tanto o campo teórico quanto o clínico.

Alguns conceitos de destaque de Ferenczi:

Elasticidade da técnica

Ferenczi rompeu com a rigidez técnica proposta por Freud e defendeu uma postura mais flexível, empática e responsiva do analista durante a sessão.

Desta forma, o profissional poderia acolher o sofrimento do paciente de forma mais humanizada. Ferenczi acreditava que o método deveria se adaptar ao paciente e não ao contrário.

Transferência e introjeção

Sándor Ferenczi fez uma releitura do conceito de transferência de Freud. Para ele, a transferência era mais do que uma repetição de experiências traumáticas, mas sim uma tentativa de reparação.

Já a introjeção é um processo no qual o paciente internaliza experiências e figuras importantes, assumindo a culpa pelo que aconteceu. Para Ferenczi, este era um mecanismo central do trauma.

Teoria do trauma

Para Sándor, o trauma é mais do que o evento em si, mas também as consequências emocionais da negação ou do silêncio frente ao trauma vivido.

Ele ainda complementa que, para ressignificar o sofrimento, é necessário que haja confiança na relação analista e paciente. Desta forma, uma análise empática seria o caminho para que o analisado encontrasse a cura.


Wilfred Bion

Foto de Wilfred Bion

Wilfred Bion (Reprodução)


Wilfred Bion, nascido em 8 de setembro de 1897 no Punjab, foi um autor contemporâneo da psicanálise, destacando-se pela sua originalidade teórica sobre o pensamento e as experiências emocionais primitivas.

Na década de 1920, depois de ter contato com as obras de Freud, decidiu estudar medicina na University College London. Influenciado por Melanie Klein, aprofundou suas pesquisas nos processos psíquicos iniciais e na construção do aparelho mental, marcando a psicanálise com novas abordagens e ideias.

Alguns dos principais conceitos de Wilfred Bion:

Teoria do pensar

Segundo Wilfred Bion, a mente se desenvolve a partir da necessidade de significar as experiências emocionais. Esse processo é o primeiro passo da função Alfa, que permite a transformação de emoções brutas em pensamentos.

A partir dessa capacidade de transformação, a mente cria pensamentos e o sujeito se torna capaz de se tornar um pensador.

Função alfa e beta:

A teoria alfa-beta de Bion descreve como a mente processa experiências emocionais. A função alfa transforma essas experiências sensoriais em pensamentos, palavras ou sonhos (elementos alfa).

Quando falha, cria elementos beta, experiências brutas que não podem ser pensadas e podem gerar angústia, e a pessoa acaba projetando-as. Se ausente, o analista ajuda a transformar esses elementos por identificação projetiva.

Identificação projetiva

Para Bion, a identificação projetiva é uma forma de comunicação primitiva, em que o paciente projeta conteúdos brutos no analista.

Sendo assim, o analista, ao acolher e transformar essas projeções, pode devolvê-las de forma mais compreensível. Isso possibilita ao paciente integrar essas partes e desenvolver sua capacidade de pensar.


Obras selecionadas de cada um dos autores da psicanálise para você conhecer

  • A Interpretação dos Sonhos – Sigmund Freud (1900)

  • O Estádio do Espelho como Formador da Função do Eu – Jacques Lacan (1949)

  • A Psicanálise de Crianças – Melanie Klein (1932)

  • Bebês e Suas Mães – Donald Winnicott (1983)

  • Thalassa: Um Ensaio sobre a Teoria da Genitalidade – Sándor Ferenczi (1924)

  • O Aprender com a Experiência – Wilfred Bion (1963)


Este texto pode ter sido um passo importante na sua imersão na psicanálise. Trata-se de um campo com muitos caminhos para você desbravar e mergulhar cada vez mais na compreensão da mente humana.

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Referências:

PAVÃO, Antônio Carlos. A teoria projetiva da consciência. Revista Simbio-Logias, v. 13, n. 19, 2021.

BION, Wilfred. O conceito de continente e contido. Revista Mineira de Psiquiatria, v. 24, n. 2, p. 44-48, jul./dez. 2022.

WINNICOTT, Donald W. Processos de amadurecimento e ambiente facilitador: estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional. São Paulo: Ubu Editora, 2022.

FEBRAPSI. Wilfred Ruprecht Bion.

FEBRAPSI. Donald Woods Winnicott



Conceitos da psicanálise: os principais fundamentos de Freud
Camila Fortes
Conceitos da psicanálise: os principais fundamentos de Freud
Entenda os principais conceitos da psicanálise, como inconsciente, narcisismo, id, ego e superego, transferência, pulsão, complexo de Édipo e outros.

Investigar a psicanálise é explorar o inconsciente, o sofrimento psíquico e o processo analítico. Ela auxilia a entender como funcionam as abordagens sobre o ser humano, os conflitos internos, desejos e traumas que moldam os comportamentos e emoções, ampliando o olhar do sujeito para si e para o mundo.

Nesse caminho, alguns conceitos são centrais para a compreensão do campo, pois ajudam a entender de modo aprofundado como a lente psicanalítica percebe esses fenômenos. Assim, dominar os conceitos da psicanálise é essencial para quem deseja adentrar esse universo, seja para fins acadêmicos, profissionais ou por interesses pessoais.

Esse guia irá apresentar os fundamentos da psicanálise de forma clara e acessível, trazendo referências clássicas, exemplos e indicações para aprofundamento.



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Inconsciente

O inconsciente é, talvez, o conceito mais emblemático da psicanálise. Esse pilar foi elaborado por Sigmund Freud, seu fundador, que definiu o inconsciente como a instância psíquica onde se alojam desejos reprimidos, ideias censuradas e conteúdos que escapam à consciência.

Ao investigar sobre a histeria e sobre o ato de sonhar, lembrar e relatar os sonhos, Freud percebeu que havia algo atuando fora da consciência, que influenciava diretamente os pensamentos e os comportamentos humanos. Assim, o inconsciente seria responsável por revelar as questões que mais foram reprimidas internamente pelo sujeito.

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Repressão

A repressão (ou recalcamento) é o mecanismo pelo qual conteúdos inaceitáveis para o consciente são excluídos da consciência e empurrados para o inconsciente. Freud desenvolveu esse conceito a partir do estudo de pacientes com histeria, ao perceber que lembranças traumáticas eram recalcadas e retornavam em forma de sintomas.

Assim, Freud identificou a repressão como um motor da neurose, pois ela denunciaria um processo de adoecimento. Esse processo estaria ligado ao conflito entre o desejo e as exigências da realidade ou da moralidade.

Clinicamente, compreender o que foi reprimido pode ajudar a aliviar o sofrimento e trazer sentido ao sintoma.


Transferência e contratransferência

Outros conceitos centrais para a psicanálise, trata-se da transferência e da contratransferência.

A transferência é o fenômeno pelo qual o paciente desloca para o analista experiências, sentimentos e desejos inconscientes que originalmente pertenciam a figuras significativas da infância, como os pais ou cuidadores. Freud a considerava um “campo de batalha”, mas também a chave da análise.

a contratransferência se refere às reações emocionais do analista diante do paciente. Inicialmente considerada um obstáculo, a contratransferência passou a ser vista como uma valiosa ferramenta de análise, desde que o analista esteja atento a suas próprias emoções e reações.


Pulsão

Na psicanálise, a pulsão é compreendida como um impulso energético entre o corpo e a mente, que busca aliviar a tensão interna. Ela está entre o somático e o psíquico, não sendo uma necessidade fisiológica, mas um motor de desejo. As pulsões têm fonte corporal, mas se expressam na mente como um empuxo em direção à satisfação.

Freud as distinguiu em pulsões de vida (Eros) e pulsões de morte (Thanatos). Enquanto a primeira teria relação com a união e a preservação da vida, a segunda apontaria para a repetição, a destruição e o retorno ao inorgânico. A segunda, em particular, criou bases para entendimentos sobre a agressividade, sadismo, masoquismo e psicopatologia.

Discutida na obra Além do Princípio do Prazer (1920), a teoria das pulsões é crucial para entender comportamentos compulsivos e autodestrutivos.


Id, ego e superego

Em 1923, Freud propôs um modelo de aparelho psíquico: Id, ego e superego.

Para ele, o id seria uma espécie de reservatório das pulsões, onde habitam os desejos inconscientes, regidos pelo princípio do prazer. Em outras palavras, o id é a fonte dos impulsos inconscientes.

o ego, é a instância mediadora entre o id, o superego e a realidade, buscando satisfazer os desejos de maneira social e moralmente aceitáveis.

O superego, por sua vez, representa a internalização das normas e proibições sociais - entre elas, parentais —, operando como um juiz moral.

Esse modelo permite entender conflitos psíquicos complexos, por exemplo, quando o desejo do id (impulsos) é bloqueado pelo superego (instâncias morais), pode surgir sentimentos e sintomas como culpa.

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Complexo de Édipo

Inspirado na tragédia de Sófocles, Freud formulou o Complexo de Édipo para explicar a estruturação do desejo e da identidade sexual na infância.

Analisando o desenvolvimento infantil a partir de casos clínicos, Freud observou a manifestação do desejo, sobretudo, de meninos, sobre o genitor do sexo oposto, ou seja, a mãe, vendo o pai enquanto um obstáculo.

Para ele, esse conflito gera angústia na criança e precisa ser resolvido para que ela avance em seu desenvolvimento psíquico. A resolução do Complexo de Édipo se daria a partir da renúncia ao desejo incestuoso e a identificação com o genitor do mesmo sexo, o que permitiria a internalização da autoridade e dos limites social e moralmente estabelecidos (superego).


Resistência

O conceito de resistência tem relação com as estratégias de autopreservação do inconsciente. Trata de tudo aquilo que, de forma inconsciente, impede o sujeito de acessar seus conteúdos reprimidos. Essa resistência pode se manifestar por meio da recusa, do silêncio, da evasão, do esquecimento ou da racionalização.

Para alguns estudiosos, a resistência é considerada um obstáculo à associação livre de ideias, pois impede que o paciente não permaneça aberto a falar tudo o que vier à mente no processo analítico. No entanto, é justamente a resistência que revela o ponto exato onde o inconsciente se recusa a se mostrar.

“Só quando a resistência está em seu auge é que pode o analista, trabalhando em comum com o paciente, descobrir os impulsos recalcados que estão alimentando a resistência; e é este tipo de experiência que convence o paciente da existência e do poder de tais impulsos” (Freud, 1914/1996, p. 202).

Sintoma

Para a psicanálise, o sintoma não é apenas um sinal que denuncie uma doença, mas uma forma de expressar um conflito inconsciente, um desejo recalcado. Ele tem um valor simbólico e pode ser interpretado como uma mensagem a ser decifrada.

Em “Inibição, sintoma e angústia” (1926/1980), Freud descreve o sintoma como “um sinal e um substituto de uma satisfação pulsional que permaneceu em estado jacente; [o sintoma] é uma consequência do processo de recalcamento” (Freud, 1980, p. 112).

Enquanto Freud percebe o sintoma como fundamentalmente relacionado ao sentido, Lacan o identifica (sinthoma) a partir da linguagem e do processo interpretativo. Assim, para o segundo, o sintoma revelaria a relação do sujeito não apenas com o inconsciente, mas também com o Outro e com o Real a partir da sua dimensão simbólica.

O que a experiência analítica nos ensina em primeiro lugar é que o homem é marcado, é perturbado por tudo aquilo a que se chama sintoma, na medida em que o sintoma é aquilo que o liga aos seus desejos (Lacan, 1992, p. 262-263).



Sonhos

Freud afirma que os sonhos são realizações disfarçadas de desejos inconscientes. Eles funcionam como uma via privilegiada de acesso ao inconsciente, pois dão forma ao que escapa do discurso racional.

Em “Interpretação dos Sonhos” (1899/1900), Freud os identifica como uma “realização disfarçada de um desejo reprimido” (Freud, 1900, p. 45) que não tem relação com os sonhos que se sucedem após eventos traumáticos. Estes últimos estariam mais relacionados à compulsão à repetição, do que ao desejo.


Narcisismo

Definir o conceito de narcisismo é um desafio, na medida em que essa discussão percorre toda a teoria freudiana, sofrendo alterações e aprofundamentos ao longo do tempo.

Para a psicanálise, o narcisismo se refere às manobras da libido que o sujeito faz sobre si mesmo. Diferenciado por Freud como narcisismo primário (infantil) e secundário (retorno do investimento do outro para si), o conceito é central para entender as relações de autoestima e idealização.

O narcisismo primário é uma herança do ideal narcísico dos pais. A criança passaria a ocupar o lugar do que não foi vivido pelos seus cuidadores, cabendo a ela realizar os sonhos e projetos que estes foram obrigados a renunciar. Já o narcisismo secundário teria relação com um refluxo da libido para o próprio eu enquanto sujeito. Em outras palavras, seria o retorno ao eu dos investimentos feitos anteriormente.

“O narcisismo não seria uma perversão, mas o complemento libidinal do egoísmo da pulsão de autoconservação, do qual justificadamente atribuímos uma porção a cada ser vivo” (Freud, 1914/2010, p. 14-15).

O termo “narcisismo” deriva do mito grego de Narciso, elaborado na obra Metamorfoses, de Ovídio. Na história, Narciso foi um jovem de muita beleza que se apaixonou pelo seu próprio reflexo na água - por isso a relação com o termo.



Associação livre

A associação livre é uma técnica que consiste em permitir que o paciente fale livremente, dizendo tudo o que vier à mente. Para Freud, essa é a principal via de acesso ao inconsciente, pois é um espaço onde o discurso se manifesta, e o analista pode ouvir além do que é dito diretamente.

O analista, por sua vez, escuta essas associações em busca de lapsos, contradições e repetições. Assim, a técnica é capaz de revelar o modo como os significantes se encadeiam no discurso e permite interpretar os efeitos de sentido que emergem no processo.


Repetição

a repetição é um fenômeno pelo qual o sujeito revive experiências passadas, especialmente traumas que não foram elaborados. Ao analisar casos clínicos, Freud observou esse padrão em pacientes que, em vez de recordar, repetiam certas situações, mesmo que dolorosas.

Para ele, esse gesto estaria ligado à compulsão à repetição — conceito apontado na obra Além do Princípio do Prazer (1920).

“Uma vez que nenhuma dessas situações que o paciente repete em transferência poderia, no passado, propiciar-lhe prazer, seria de supor que esses elementos hoje tenderiam a emergir como recordações ou em sonhos, causando um desprazer menor do que quando se atualizam na transferência como se fossem novas experiências” (Freud, 2006/1920, p.146-147).

Ato falho

O conceito de ato falho é uma manifestação interessante de ser investigada pela psicanálise. Erros aparentemente banais, como esquecimentos, trocas de palavras, revelariam conteúdos inconscientes, pois a fala “trocada” denunciaria um sintoma.

Para Freud, o ato falho seria uma forma de “tomar conhecimento do que foi reprimido” (Freud, 1923-25/2011, p. 250), sendo caracterizada pelo movimento do sujeito em revelar, negativamente, algo que se encontra recalcado.

Assim, esses “pequenos deslizes” revelariam desejos, resistências e conflitos. Na clínica, a atenção aos atos falhos ajuda a compreender a dinâmica psíquica do inconsciente.

Formas fundamentais de funcionamento psíquico (neurose, psicose e perversão)

Para Freud, a psique humana se organiza a partir de três princípios fundamentais: neurose, psicose e perversão. Cada uma corresponde a um modo de lidar com o desejo, o recalque e a realidade.

A neurose (histeria) teria relação com desejos proibidos não aceitos pela pessoa. Então, ela empurra os desejos para o inconsciente (recalque). No entanto, esses desejos voltam disfarçados em forma de sintoma: ansiedade, fobia, insônia, entre outros. Assim, a neurose estaria ligada à repressão e à formação de sintomas.

a psicose (paranóia), trata da recusa da pessoa em aceitar alguma parte da realidade. Em vez de reprimir ou processar o acontecimento, ela expulsa da mente essa realidade (recusa). Isso faz com que ela crie uma nova realidade, através de delírios e alucinações.

A perversão (fetichismo), por sua vez, envolve a manutenção de desejos proibidos, sem que a pessoa queira abrir mão deles. Em outras palavras, o sujeito tem desejos proibidos e finge que o limite (castração) não existe, então busca encontrar as vias para satisfazer o desejo sem culpa.




Conclusão: conceitos fundamentais da psicanálise e sua importância

Entender os conceitos da psicanálise é mergulhar em uma linguagem que dá forma ao sofrimento humano, aos desejos, conflitos e modos de existir. Mais do que teorias, esses conceitos estão vivos na experiência analítica e na escuta do outro, revelando a singularidade de cada sujeito e a complexidade de sua vida psíquica.

Esses conceitos oferecem ferramentas para interpretar os impasses da vida e para pensar as subjetividades. Por isso, a psicanálise continua sendo um campo vivo, provocativo e cada vez mais necessário para quem deseja compreender o ser humano.

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Referências

https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/11780/11780_3.PDF

FREUD, S. (1920). Além do Princípio do Prazer. In: Escritos Sobre a Psicologia do Inconsciente. Tradução Luis Alberto Hanns (Org). Rio de Janeiro: Imago, 2006. v. 2, p. 123-192.

FREUD, S. (1914). Introdução ao narcisismo. In: ___. Obras completas. São Paulo: Companhia das letras, 2010. Vol. 12.

FREUD, S. (2011) O Eu e o Id, Autobiografia e outros textos In: Sigmund Freud, Obras Completas. São Paulo: Companhia das Letras, v XVI. (Obra Original publicada em 19223-1925)

FREUD, S. (1996). Recordar, repetir e elaborar. In: ______. Edição Standard das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud, v. 12. Rio de Janeiro: Imago, 1914.

LACAN, J. (1992). O seminário livro 8: a transferência Rio de Janeiro: Jorge Zahar. (Original publicado em 1960-1961).

Inconsciente na psicanálise: o que é e como se manifesta
Ricardo Salztrager
Inconsciente na psicanálise: o que é e como se manifesta
Descubra o que é o inconsciente para Freud, como se manifesta em sonhos, atos falhos e sintomas, importância para a psicanálise e para a nossa vida.

Você já parou para pensar que há forças dentro de você das quais nem sequer tem consciência, mas que influenciam suas escolhas, seus medos e seus desejos mais íntimos? Para a psicanálise, esse território oculto da mente tem nome: inconsciente.

Neste artigo, vamos explorar o que é o inconsciente segundo Freud — sua maior descoberta —, entender como ele se manifesta por meio de sonhos, atos falhos, sintomas e esquecimentos, além de conhecer a relação entre o inconsciente e o recalque, suas diferenças em relação ao pré-consciente e ao consciente, e as contribuições de Jung com a ideia do inconsciente coletivo.

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O que é o inconsciente?

O termo “inconsciente” significa literalmente “aquilo que é desconhecido” (“consciência” em latim significa “conhecido” e o prefixo “in”, neste caso, dá a ideia de negatividade). Ele é tido como a maior descoberta de Freud e principal conceito da psicanálise.

Quando Freud postulou que todos nós possuímos um inconsciente ele considerou, portanto, que todos nós nos desconhecemos. Ou seja, possuímos desejos, fantasias, características ou mesmo traumas que sequer conhecemos. No entanto, estes tantos desejos, fantasias, características ou traumas influenciam nossa vida de maneira crucial.


Freud e a descoberta do inconsciente

Freud (1900/1996) postulou o conceito de inconsciente muito cedo, já em sua primeira obra, o livro “A interpretação de sonhos”.

Tal postulação se deu em virtude dos mais de vinte anos de experiência e de tratamento com suas histéricas. Em linhas gerais, as histéricas eram mulheres que sofriam de alguns sintomas de conversão, ou seja, dores e paralisias corporais sem que nada de anatômico ou fisiológico as explicasse.

Por exemplo, era muito comum que uma histérica ficasse surda. Neste caso, os médicos faziam nela os mais variados exames e não encontravam quaisquer lesões ou defeitos que justificavam aquela surdez. Pelo contrário, todo o seu organismo funcionava de modo absolutamente normal: os ouvidos, as inervações, os órgãos interiores, o cérebro... E por isto nenhum médico conseguia explicar como essa histérica veio a ficar surda.

Tal explicação só veio com Freud. Através da análise dos mais variados casos, ele finalmente descobriu que esses sintomas de conversão eram manifestações de desejos inconscientes e, portanto, desconhecidos às histéricas.


Alguns exemplos de casos clínicos de pacientes histéricas de Freud

Como ilustração, há o famoso caso de Elisabeth von N. (Breuer & Freud, 1895/1996), paciente de Freud que sentia inexplicáveis dores na perna, às vezes chegando mesmo a paralisá-las. Em suas associações livres com Freud, a paciente descobriu que possuía um forte desejo pelo cunhado, mas que, de forma alguma, conseguia “dar um passo a frente” (segundo suas palavras) para conquistá-lo. Desta maneira, a impossibilidade de “dar esse passo à frente” era, de alguma forma, simbolizada na paralisia de suas pernas.

Há também o caso de Dora (Freud, 1905a/1996), histérica que, dentre vários outros sintomas, possuía fortes dores na região do abdômen. Em sua análise com Freud, ela reconheceu-se apaixonada pelo melhor amigo de seu pai, o Sr. K.

Certo dia, este senhor deu-lhe uma investida e a jovem prontamente o recusou. Porém, exatos nove meses após esta cena, ela veio a sentir as benditas dores no abdômen, como se elas representassem a simulação de um parto. Nesta medida, Dora veio a descobrir o quanto lamentava-se por ter recusado as investidas do Sr. K.


O inconsciente e o recalque

Assim, através da análise de sucessivos casos, Freud confirmou a existência de desejos inconscientes em todos os seus pacientes. Mas por que estes desejos se tornam inconscientes?

Freud (1909/1996) demonstra que alguns dos nossos desejos acabam se tornando inconscientes por serem incompatíveis com as regras morais. Segundo ele, nós vivemos em uma sociedade governada por uma “moral sexual civilizada”, ou seja, uma moral que atinge e critica basicamente a nossa vida sexual.

Tal moral reconheceria como corretos apenas os desejos sexuais genitais e heterossexuais, de preferência, direcionados ao contexto matrimonial. Portanto, quando algum dos nossos desejos escapa a esta regra, ele ficaria condenado a tornar-se inconsciente através do processo de recalque.

Nesta medida, o recalque é definido como uma defesa frente à nossa sexualidade. Ele consiste, basicamente, em fazer com que um desejo consciente venha a se tornar inconsciente, ou seja, desconhecido para nós.

No entanto, é necessário frisar que recalcar um desejo sexual não significa matá-lo. Pelo contrário, o desejo passa a se tornar apenas desconhecido. Porém, ele continua vivo dentro de nós, à espera de alguma uma ocasião oportuna para manifestar-se.

Mas, então, como os nossos desejos inconscientes conseguem manifestar-se?

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Como o inconsciente se manifesta?

Segundo Freud, nossos desejos inconscientes manifestam-se de cinco maneiras diferentes: nos sonhos, nos atos falhos, nos esquecimentos, nos chistes ou tiradas espirituosas e nos sintomas. Vejamos cada uma delas.

  • Sonhos: segundo Freud (1900/1996), “os sonhos são realizações de desejos inconscientes”. Conforme destacamos, os desejos inconscientes são muito imorais e até mesmo perigosos. Por isso nos censuramos tanto e fazemos de tudo para que eles permaneçam inconscientes e jamais surjam na consciência.

    No entanto, quando estamos dormindo, deixamos um pouco de nos censurar. Daí tais desejos conseguem disfarçar-se e aparecer nos sonhos. Através deste disfarce, eles conseguem não ser reconhecidos e, assim, burlam a nossa censura. Cabe alertar que é justamente devido a este disfarce que os nossos sonhos parecem tão confusos e disparatados.

  • Atos falhos: os atos falhos são também por Freud (1901/1996) considerados manifestações do inconsciente. Eles são definidos como erros ou enganos nas nossas falas. Ocorrem quando almejamos dizer alguma coisa, mas inesperadamente nos enganamos e acabamos falando outra. Só que através deste engano, acabamos dizendo a verdade.

    Um exemplo citado por Freud é o de um senhor que, em uma reunião social, conversava com uma dama de seios fartos. O papo entre os dois era sobre os preparativos de Berlim para o dia de Páscoa. E, assim, no meio do assunto, ele diz: “A senhora viu a exposição de Wertheim? Está totalmente decotada”.

  • Esquecimentos: Segundo Freud (1901/1996), nossos esquecimentos também são manifestações do inconsciente. Ou seja, quando esquecemos “algo” é porque desejamos efetivamente esquecer este “algo”, ou então, alguma coisa a ele relacionada.

    Um exemplo que aconteceu com o próprio Freud: certo dia, uma amiga pediu-lhe que fosse até o Centro de Viena para comprar-lhe um pequeno cofre. Ele sabia onde ficava a loja em que deveria ir, mas não a encontrou.

    Percorreu ruas e ruas inteiras do centro e nada... Até que quando chega em casa, lembra-se que esqueceu de percorrer apenas uma rua da cidade, justamente onde ficava esta loja. Segundo Freud, tal esquecimento se deu porque nesta rua morava uma família da qual ele queria distanciar-se e jamais manter contato.

  • Chistes ou tiradas espirituosas: De acordo com Freud (1905b/1996), os chistes ou as diversas tiradas que fazemos em nossas conversas também são manifestações do inconsciente. Elas ocorrem quando almejamos dizer algo proibido e imoral e que, portanto, não podemos falar... Mas fazendo um trocadilho ou uma ironia, acabamos por indiretamente dizer e até provocamos risos em quem nos ouve.

    Um exemplo também fornecido por Freud é o de um senhor que conversava com um amigo sobre alguém que ele odiava. No meio do papo, ele solta: “Bem, a vaidade é um de seus quatro calcanhares de Aquiles”.

    Outro exemplo também mencionado por Freud foi o de Phocion, estadista ateniense. Em certa ocasião, ele termina um discurso para o povo e, então, se vê aplaudido. Como ironia, vira para os amigos e pergunta: “Qual foi a besteira que eu falei agora”? Ora, Phocion encarava o povo como propriamente estúpido e, portanto, se o estavam aplaudindo, certamente era porque ele havia dito alguma asneira durante seu pronunciamento. Com efeito, esta foi uma pergunta irônica e sarcástica que manifestava todo o seu desdém pela população.

  • Sintomas: De acordo com o que explicamos acima a respeito das pacientes histéricas de Freud, os sintomas também são formas de manifestação de um desejo inconsciente.

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Inconsciente e psicanálise

Portanto, a partir de tudo o que foi exposto, podemos dizer que, para a psicanálise, o inconsciente não corresponde apenas “àquilo que foi esquecido”. Pelo contrário, apesar de não termos consciência dos desejos recalcados, eles jamais podem ser considerados inertes ou estanques. Ou seja, não devemos entendê-los como algo que foi retirado da consciência de uma vez por todas, permanecendo inconsciente para todo o sempre.

Para a psicanálise, o inconsciente é ativo. Em outros termos, há todo um dinamismo que lhe é próprio e que faz com que as tendências recalcadas lutem, a todo instante, para novamente se manifestarem na consciência.

A respeito disso, vimos tudo o que se passa no contexto dos sonhos, dos atos falhos, dos esquecimentos, das tiradas e dos sintomas: recalcar um desejo e, assim, torná-lo inconsciente não significa matá-lo ou condená-lo ao esquecimento. Pelo contrário, existe uma luta constante entre o desejo sexual imoral e as tendências que tentam silenciá-lo.




Inconsciente, pré-consciente e consciente

Também é importante marcar que, em seu modelo de aparelho psíquico apresentado em “A Interpretação dos Sonhos”, Freud (1900/1996) o dividiu em três diferentes sistemas: o inconsciente, o pré-consciente e o consciente.

  1. Inconsciente: Conforme está sendo assinalado, o inconsciente corresponde a uma parcela de si que o sujeito desconhece. Todos os desejos sexuais que escapam à moral são recalcados e assim permanecem à espera de alguma forma de manifestação.

    Resta mencionar que tudo o que é inconsciente é indestrutível, ou seja, jamais se extingue ou é encerrado. Pelo contrário, nossos desejos recalcados permanecem vivos e ativos para todo o sempre.

  2. Pré-consciente: Já o pré-consciente corresponde às tendências momentaneamente inconscientes, mas que podem voltar à consciência sem maiores problemas. Isto porque elas não são propriamente imorais ou perigosas. São apenas coisas que voluntariamente optamos por esquecer momentaneamente ou não dar muita atenção.

    Por exemplo, quando temos planos de fazer uma viagem, mas estamos impossibilitados por quaisquer questões, afastamos este plano do nosso pensamento consciente. Tão logo ressurja a oportunidade, voltamos nosso pensamento para a viagem.

    Ou então, quando temos uma tarefa de trabalho, mas queremos aproveitar o final de semana, deixamos de pensar neste dever. Porém, tão logo chega a segunda-feira, voltamos nossa atenção para o trabalho e, assim, a tarefa volta a se tornar consciente.

  3. Consciente: Já a consciência responde basicamente pela percepção do mundo e pelo conhecimento das informações que dele chegam. Cabe à consciência também a função de percepção dos nossos mais diversos sentimentos, dentre eles, os de prazer e de desprazer.




Freud, Jung e o inconsciente: diferentes percepções

Por fim, é necessário frisar que, ao contrário de Freud, Jung vai falar da existência de dois inconscientes: o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo.

De acordo com Silveira (1995), o conceito de inconsciente pessoal é razoavelmente semelhante ao conceito freudiano. Ele diz respeito a determinadas tendências que permanecem inconscientes por serem incompatíveis com a atitude consciente, ou então, por serem demasiado fracas e não disporem de energia suficiente para manifestar-se na consciência.

Já o inconsciente coletivo corresponde às camadas mais profundas da nossa mente. Ele diz respeito a alguns fundamentos estruturais do psiquismo comuns a todos os homens, independente de suas culturas ou raças. Trata-se de uma espécie de herança comum que explica, dentre outras tantas coisas, o estranho fato de indivíduos tão diferentes e tão distantes entre si possuírem desejos, fantasias e comportamentos em muito semelhantes.



Este texto foi escrito pelo professor Ricardo Salztrager, psicanalista e professor associado da UNIRIO e da Casa do Saber. Possui Graduação em Psicologia, mestrado e doutorado em Teoria Psicanalítica pela UFRJ.

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Referências:

Breuer, J. & Freud, S. (1893-1895). Estudos sobre histeria. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. vol. 2. Rio de Janeiro: Imago, 1996. p. 11-316.

Freud, S. (1900). A interpretação de sonhos. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. vols. 4 e 5. Rio de Janeiro: Imago, 1996. p. 13-650.

_____. (1901). A psicopatologia da vida cotidiana. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. vol. 6. Rio de Janeiro: Imago, 1996. p. 11-290.

_____. (1905a). Fragmentos da análise de um caso de histeria. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. vol. 7. Rio de Janeiro: Imago, 1996. p. 13-116.

_____. (1905b). Os chistes e sua relação com o inconsciente. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. vol. 8. Rio de Janeiro: Imago, 1996. p. 9-231.

Silveira, N. (2007). Jung: vida e obra. São Paulo: Paz e Terra, 1995.

Pulsão em Freud: vida, morte e os conflitos da psique humana
Ella Barruzzi
Pulsão em Freud: vida, morte e os conflitos da psique humana
Descubra o significado das pulsões na teoria psicanalítica de Freud, incluindo a dualidade entre Eros e Thanatos, sua relação com o Id, Ego e Superego

A psicanálise de Sigmund Freud transformou profundamente nossa compreensão da mente humana e das forças que moldam nossas ações e desejos. Desde os primeiros anos de vida, as pulsões sexuais desempenham um papel central no desenvolvimento psíquico, influenciando tanto os aspectos conscientes quanto os inconscientes do nosso ser.

Em suas obras fundamentais, Freud desafiou as ideias tradicionais, apresentando a sexualidade como algo presente desde a infância e não restrito à puberdade. Além disso, introduziu as pulsões de vida e de morte como forças conflitantes e dinâmicas que coexistem e interagem em nosso psiquismo.

Por isso, neste texto, vamos nos dedicar a explorar essas teorias, investigando como as pulsões e as instâncias psíquicas – como o Id, o Ego e o Superego – se entrelaçam, gerando conflitos internos que afetam a maneira como nos relacionamos conosco e com o mundo ao nosso redor.

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A pulsão sexual na obra de Freud

Um dos pilares fundamentais da psicanálise, foi publicado por Freud em 1905: “Três ensaios sobre a Teoria da Sexualidade” – que servem também para a compreensão da sexualidade humana na modernidade.

Tal obra propôs uma visão considerada bastante radical para sua época, pois sugere que a sexualidade não surge apenas na puberdade, mas está presente desde a infância, moldando o desenvolvimento psíquico do indivíduo.

No primeiro ensaio, Sigmund Freud desafia a visão tradicional da sexualidade como algo exclusivamente reprodutivo e normativo, apresentando as chamadas "aberrações sexuais", que abrangem desde práticas consideradas desviantes – como o fetichismo, por exemplo – até a bissexualidade e o masoquismo.

Ele argumenta que essas manifestações não podem ser consideradas como patologias em si, mas expressões das forças pulsionais humanas, demonstrando a diversidade e a plasticidade da sexualidade.

Além disso, também introduz o conceito de "fixação" e "regressão", explicando como algumas pulsões podem permanecer em estágios anteriores do desenvolvimento psicossexual.

O segundo ensaio é uma das contribuições mais inovadoras da psicanálise: a descoberta da sexualidade infantil. Freud rompe com a noção de que a infância é um período assexuado, descrevendo como a libido se manifesta desde os primeiros anos de vida.

Ele teoriza que a criança experimenta prazer em diferentes zonas erógenas (boca, ânus, genitais) ao longo de estágios específicos:



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As Fases do Desenvolvimento Psicossexual de Freud

  • Fase oral (0-1 ano): quando o prazer está centrado na sucção e na amamentação.
  • Fase anal (1-3 anos): a criança tem interesse na retenção e liberação das fezes, associado a controle e autonomia.
  • Fase fálica (3-6 anos): o foco está voltado aos genitais e existe a descoberta das diferenças sexuais, onde surge o Complexo de Édipo.
  • Período de latência (6-12 anos): quando a atividade sexual é reduzida devido à repressão cultural e social.
  • Fase genital (a partir da puberdade): fase em que começa a organização da sexualidade adulta, com integração das pulsões e direcionamento ao outro.


Dessa forma, Freud enfatiza que a sexualidade infantil não se assemelha à sexualidade adulta, sendo inicialmente autoerótica e fragmentada, bem como introduz a ideia de que traumas e repressões nesse período podem ter impacto duradouro na vida adulta.

Já no terceiro ensaio, Sigmund explora como a puberdade reorganiza e direciona as pulsões sexuais. A partir desse momento, a sexualidade se estrutura em um modelo mais próximo ao adulto, com um objeto de desejo externo e uma busca pela satisfação genital.

A importância da sublimação ganha destaque, sendo um mecanismo pelo qual impulsos sexuais podem ser redirecionados para atividades culturais e sociais.

No texto, descreve a tensão entre o princípio do prazer e as exigências da realidade, que moldam a maneira como o indivíduo lida com sua sexualidade.



Pulsão de vida e pulsão de morte: o conflito psíquico para Freud

Passando adiante, na ordem cronológica das publicações de Freud relacionadas ao tema do conceito de pulsão, podemos citar a sua obra de 1920: “Além do princípio do prazer”.

Nesse texto, Freud revisita e amplia sua teoria das pulsões, introduzindo um conceito revolucionário para a psicanálise: a distinção entre a pulsão de vidaEros – e a pulsão de morteThanatos. Confira abaixo as principais representações de ambas as pulsões:

PULSÕES SUAS REPRESENTAÇÕES
Pulsão de vida – Eros Representa as forças que promovem a conservação da vida, a construção, a ligação e a sexualidade. Eros busca a união e a criação de novas formas de organização psíquica e social.
Pulsão de morte – Thanatos Representa uma tendência à dissolução, ao retorno ao estado inorgânico e à repetição compulsiva. Essa pulsão opera silenciosamente e pode se manifestar na autodestruição, no sadismo e na agressividade.


Segundo Freud, essas duas forças coexistem e se entrelaçam na psique humana, formando um equilíbrio dinâmico que molda o comportamento e os conflitos internos. A luta entre Eros e Thanatos se manifesta nas relações interpessoais, nos ciclos históricos e até mesmo na cultura.

É aí que sua teoria fica marcada por uma mudança significativa, pois sugere que nem todas as ações humanas são regidas pelo princípio do prazer – o aparelho psíquico busca evitar o desprazer e alcançar o máximo de satisfação – e que há uma força fundamental no psiquismo voltada para a destruição e a repetição compulsiva – pacientes que passaram por eventos traumáticos, por exemplo, repetem inconscientemente cenas dolorosas, como se estivessem presos a elas, em vez de evitá-las.

Freud sugere que essa repetição pode estar relacionada a um desejo inconsciente de domínio sobre o trauma ou, mais radicalmente, a uma tendência inerente ao psiquismo.

Vale ressaltar que a teoria das pulsões de morte gerou muitas controvérsias e foi amplamente debatida por psicanalistas posteriores. Alguns, como Jacques Lacan, reinterpretaram o conceito em suas próprias formulações, enquanto outros questionaram a necessidade de postular uma pulsão de morte separada das pulsões destrutivas já presentes no pensamento freudiano anterior.

Apesar de tudo isso, os estudos e observações para chegar a tal conceito, fizeram com que Freud passasse a enxergar o psiquismo como um campo de tensões entre forças opostas.



O modelo estrutural da psique e o conflito interno

Mais uma obra de Freud que podemos citar quando o assunto é pulsão, é o texto publicado em 1923: “O Ego e o Id”, em que Freud propõe um modelo estrutural da psique humana, reformulando sua teoria do aparelho psíquico e introduzindo as três instâncias psíquicas: Id, Ego e Superego – ampliando assim a compreensão da dinâmica interna da mente, explicando como as pulsões se manifestam e são reguladas dentro do psiquismo.

Antes dessa obra, Freud trabalhava com um modelo topográfico da mente, dividido entre o consciente, o pré-consciente e o inconsciente. No entanto, ao aprofundar suas observações clínicas, percebeu que essa divisão não explicava de forma satisfatória os conflitos internos do indivíduo. Dessa forma, desenvolveu um novo modelo, conhecido como modelo estrutural, que divide a psique em três instâncias:

DIVISÃO DA PSIQUE COMO ATUAM
Id Representa a parte mais primitiva e instintiva da mente, localizada no inconsciente. O Id é a fonte das pulsões, especialmente as pulsões sexuais. Opera segundo o princípio do prazer, buscando satisfação imediata sem considerar a realidade ou as normas sociais.
Ego Atua como mediador entre o Id e a realidade externa. O Ego desenvolve-se a partir do Id e opera segundo o princípio da realidade, buscando satisfazer os desejos do Id de maneira adaptada às exigências do mundo exterior. Ele é responsável pelo pensamento racional, planejamento e tomada de decisões.
Superego Formado a partir da internalização das normas e valores sociais, o Superego representa a consciência moral do indivíduo. Ele age como um juiz do comportamento, impondo restrições ao Ego e punindo transgressões através da culpa e da vergonha.


Dentro dos conceitos, é importante dizer que o Ego, ao lidar com as demandas do Id e as restrições do Superego, precisa encontrar um equilíbrio que permita ao indivíduo funcionar de maneira saudável. Esse conflito constante entre as instâncias psíquicas é a base dos processos psicanalíticos e da formação dos sintomas neuróticos.

  • O Id pressiona o Ego com impulsos e desejos instintivos.
  • O Superego impõe limites baseados nas regras e valores morais internalizados.
  • O Ego, como mediador, tenta equilibrar essas forças, garantindo a adaptação do indivíduo à realidade.


Quando o Ego falha nessa mediação, podem surgir sintomas neuróticos, mecanismos de defesa e outras manifestações psíquicas.



As pulsões e sua manifestação nas instâncias psíquicas

Como dito anteriormente, Freud já havia estabelecido – em “Além do princípio do prazer” – a existência das pulsões de vida e de morte. Em “O Ego e o Id”, ele aprofunda a relação dessas pulsões com as instâncias psíquicas:

  • O Id é a sede das pulsões, agindo de maneira irracional e caótica.
  • O Ego busca canalizar essas pulsões de forma aceitável e segura.
  • O Superego tenta reprimir os impulsos do Id que considera moralmente inaceitáveis, muitas vezes gerando conflitos internos.


Diante das pressões exercidas pelo Id e pelo Superego, o Ego desenvolve estratégias para lidar com os conflitos psíquicos. Essas estratégias são conhecidas como mecanismos de defesa e incluem:

  • Repressão: exclusão inconsciente de conteúdos inaceitáveis.
  • Projeção: atribuição a terceiros de sentimentos que o indivíduo não admite em si mesmo.
  • Racionalização: justificativas lógicas para comportamentos impulsivos.
  • Sublimação: transformação de impulsos inaceitáveis em atividades socialmente valorizadas.


Esses mecanismos ajudam a preservar a estabilidade psíquica, mas, quando usados em excesso, podem levar a transtornos psicológicos.

A vida psíquica, segundo Freud, é resultado do equilíbrio dinâmico entre as duas forças: Eros e Thanatos e esse conflito reflete-se nos dilemas humanos, desde os desafios individuais até as tensões sociais e históricas.

Em alguns momentos, a pulsão de vida predomina, promovendo crescimento e estabilidade, enquanto em outros, a pulsão de morte se impõe, levando à destruição e ao sofrimento.

Esse embate pode ser observado em fenômenos como guerras, autossabotagem e violência, mas também na capacidade de superação e na criação de novas possibilidades. Para Freud, o desafio da psicanálise e do próprio ser humano é entender e lidar com essa dualidade, buscando integrar as forças psíquicas de forma equilibrada.

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Referências bibliográficas

FREUD, Sigmund. O Ego e o Id. 1923. In: FREUD, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v. 19.

FREUD, Sigmund. Além do princípio do prazer. 1920. In: FREUD, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v. 18.

FREUD, Sigmund. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. 1905. In: FREUD, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v. 7.







A Interpretação dos Sonhos: Freud e o Inconsciente
Gabriel Cravo Prado
A Interpretação dos Sonhos: Freud e o Inconsciente
Explore a interpretação dos sonhos de Freud, a função dos sonhos e o inconsciente, ideias essenciais de Freud que fundaram a psicanálise.

O conceito de inconsciente foi desenvolvido por Sigmund Freud em seu influente livro A Interpretação dos Sonhos, publicado em 1900. Esta obra é amplamente reconhecida como a peça inaugural da psicanálise, estabelecendo as bases para a compreensão do aparelho psíquico proposto por Freud.

Neste texto iremos ver:



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O que é a interpretação dos sonhos para Freud?

O livro A Interpretação dos Sonhos, escrito por Sigmund Freud, não apenas estabeleceu as bases fundamentais da teoria psicanalítica, mas também marcou o início da psicanálise. Reconhecida como a obra mais significativa da vasta produção de Freud, esse livro revolucionário apresentou conceitos cruciais que moldaram a psicanálise. Entre os principais aportes, Freud propôs e formulou nesse texto uma estrutura de aparelho psíquico, que abrange os níveis consciente, inconsciente e pré-consciente.

Capa do livro A Interpretação dos Sonhos (1900), de Sigmund Freud, volume 4 da coleção Obras Completas, publicado pela Companhia das Letras, com tradução de Paulo César de Souza.
Capa de 'A Interpretação dos Sonhos', clássico de Sigmund Freud lançado em 1900, parte do volume 4 da coleção Obras Completas, publicado pela Companhia das Letras e traduzido por Paulo César de Souza.


O livro é do final do ano de 1889, mas foi publicado no ano de 1900, pois Freud escolheu essa data para que o livro marcasse a entrada no século XX, por isso foi lançado posteriormente.

Para fundamentar a interpretação do sonho como um método, Freud realiza uma análise minuciosa do sonho, fragmentando-o em suas partes constitutivas. Ele observa atentamente as associações que emergem de cada um desses fragmentos, utilizando essa abordagem em sua famosa (auto)análise do sonho da injeção de Irma.

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O trabalho do sonho

O trabalho do sonho se desenvolve por meio de distintas etapas. A primeira etapa, denominada condensação e a segunda deslocamento.

Condensação

Revela que os sonhos contêm variados tipos de conteúdos, que Freud classificou como manifesto e latente. O conteúdo manifesto, que se expressa de forma mais aparente, representa apenas uma fração do que é efetivamente latente. Os elementos que compõem o conteúdo manifesto se organizam em uma única imagem psíquica, conectando-se por meio de cadeias associativas. Em contrapartida, o conteúdo latente se manifesta de maneira mais intensa em sonhos altamente condensados, pois, esses conteúdos muitas vezes apresentam um caráter perturbador para a consciência.

Deslocamento

O deslocamento é um mecanismo fundamental do trabalho do sonho para converter desejos ou pensamentos inconscientes em representações que se manifestam de forma distinta no sonho. Este processo ocorre quando o conteúdo latente, muitas vezes perturbador ou inaceitável para a consciência, é deslocado para elementos menos significativos ou mais neutros no conteúdo manifesto. Essa distorção resulta em uma representação que, embora não reflita diretamente o desejo original, ainda retém aspectos de seu significado intrínseco. Consequentemente, os sonhos podem exibir imagens ou eventos que parecem desconectados do desejo reprimido, mas que, por meio da análise, revelam suas interconexões subjacentes.



A função e o significado dos sonhos

Freud afirma que os sonhos seguem uma lógica própria, distinta do funcionamento da consciência. Ele argumenta que os sonhos são a principal porta de entrada para o inconsciente, revelando conteúdos e desejos que muitas vezes permanecem ocultos na vida diária.

No contexto de A Interpretação dos Sonhos, Freud elucida que a função dos sonhos é dual, consistindo, primordialmente, na realização de desejos inconscientes e na proteção do sono. Ele argumenta que os sonhos atuam como uma via simbólica para a expressão de desejos reprimidos que, por serem inaceitáveis na consciência, encontram uma forma de manifestação por meio de imagens oníricas. Dessa maneira, mesmo conteúdos perturbadores são traduzidos em representações que permitem sua satisfação, ainda que de forma disfarçada. Simultaneamente, essa função de realização é acompanhada por um aspecto protetivo, assegurando que o estado de repouso não seja interrompido. Assim, os sonhos se configuram como uma janela para o inconsciente.

A interpretação do sonho é uma ferramenta indispensável para a psicanálise, pois é por meio dela que o analista pode acessar o conteúdo inconsciente do paciente, tendo em vista que os sonhos, os sintomas, os atos falhos e os chistes são formações do inconsciente. As formações do inconsciente referem-se a expressões ou manifestações que emergem do inconsciente, revelando desejos, conflitos e experiências que não estão acessíveis à consciência.

O que é inconsciente?

Pode-se dizer que o inconsciente seria uma parte desconhecida para o próprio sujeito, ou seja, não é possível se conhecer por inteiro, existe uma parte que não se revela, ou ao menos, não se mostra tão facilmente. Por exemplo, existem desejos dos quais não se tem o menor conhecimento, mas mesmo assim eles influenciam a vida do sujeito e a sua relação com o outro. Nesse sentido Freud afirmou que:

“o Eu não é senhor em sua própria casa” (FREUD [1917] 2010: p. 186).


Cabe dizer que Freud, em textos anteriores já dava notícias sobre a conceituação de inconsciente, o texto Lembranças Encobridoras (1899), é um exemplo disso, mas a formulação, conceituação e consolidação do aparelho psíquico e seu funcionamento se deu no livro A Interpretação dos Sonhos.




Como aprender mais sobre interpretação dos sonhos?

Para aprofundar seus conhecimentos sobre a interpretação dos sonhos na teoria psicanalítica, é fundamental começar pela leitura das obras clássicas de Sigmund Freud, como A Interpretação dos Sonhos (1900), que estabelece as bases para a compreensão dos processos oníricos e suas relações com o inconsciente. Outro texto importante é Além do Princípio do Prazer (1920), que expande as ideias sobre o significado e a função dos sonhos na realização de desejos.


Além disso, assistir os cursos sobre os conceitos fundamentais da psicanálise na Casa do Saber. Apresentamos algumas recomendações de cursos disponíveis na plataforma Casa do Saber + que abordam a interpretação dos sonhos com rigor acadêmico e relevância prática.

Freud e os Fundamentos da Psicanálise: Teoria e Clínica

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Freud e as Fantasias

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Freud Fundamental: As Ideias e as Obras

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Referências bibliográficas:

FREUD, Sigmund. A Interpretação dos Sonhos (1900). Companhia das Letras: São Paulo,

2019.

FREUD, Sigmund. Uma Dificuldade no Caminho da Psicanálise (1917). Companhia das Letras: São Paulo,

2010.

GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Freud e o Inconsciente. Zahar: Rio de Janeiro, 1985.

ROUDINESCO, Elisabeth; Plon, Michel. Dicionário de Psicanálise, Rio de Janeiro: Zahar,

1998.








O Que é Histeria? Entenda sua Importância para a Psicanálise
Ella Barruzzi
O Que é Histeria? Entenda sua Importância para a Psicanálise
Entenda o que é histeria, sua importância para a história da psicanálise e como Freud revelou o inconsciente ao relacioná-la aos sintomas corporais.

Provavelmente, você já ouviu alguém dizer: “aquela mulher é histérica!”. Essa expressão tem uma longa história, e não por acaso. Mas o que é histeria? A palavra “histeria” – tema deste post – tem suas raízes na Grécia Antiga, derivada do termo “hystéra”, que significa útero.

Na antiguidade, acreditava-se que a histeria era uma condição exclusivamente feminina, atribuída ao deslocamento do útero pelo corpo – eles achavam que esse movimento do órgão, chegando até regiões como o diafragma ou o cérebro, causava sintomas físicos e emocionais incomuns, levando as mulheres a apresentarem comportamentos considerados estranhos. Como forma de tratamento, eram usados banhos de assento com ervas específicas, acreditando-se que isso ajudaria a “chamar” o útero de volta ao seu lugar.

Essa ideia foi fortemente influenciada pelos escritos de Hipócrates, visto que era ele quem associava os sintomas histéricos a distúrbios do aparelho reprodutor feminino.

Tal visão persistiu por séculos, reforçada pela ideia de que as mulheres eram mais suscetíveis a desordens emocionais devido à sua biologia. Foi apenas no final do século XIX, com o avanço dos estudos médicos e psicológicos, que essa interpretação começou a ser questionada.

Charcot, neurologista francês, teve um papel crucial nesse processo ao demonstrar que a histeria não era restrita ao sexo feminino e que seus sintomas poderiam ser induzidos e aliviados por meio da hipnose – e é aqui que Freud entra.

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A histeria para a psicanálise

Desde as primeiras investigações de Freud até as reformulações propostas por Lacan, a histeria não apenas marcou o início da psicanálise como também permanece relevante para a compreensão das dinâmicas do inconsciente.

Em sua essência, revela a complexidade das relações entre o corpo e a mente, manifestando-se através de sintomas físicos para expressar conflitos psíquicos profundos, como falamos anteriormente.

Sigmund Freud, ao estudar pacientes com sintomas inexplicáveis pela medicina tradicional, percebeu que havia uma conexão entre algumas manifestações e traumas psíquicos reprimidos – sintomas físicos que expressam conflitos psíquicos profundos.

Sendo assim, introduziu a ideia de que a histeria era uma forma de neurose onde o inconsciente se expressava por meio de sintomas somáticos, como paralisias, cegueira histérica ou convulsões, por exemplo.



Esse entendimento foi revolucionário, pois deslocou a visão da histeria como uma condição exclusivamente fisiológica para uma interpretação psicodinâmica.

Jacques Lacan, por sua vez, trouxe uma nova abordagem, destacando a histeria como uma estrutura subjetiva. Para ele, a pessoa histérica está sempre em busca de respostas sobre seu próprio desejo e o desejo do outro. Essa insatisfação constante e a necessidade de reconhecimento são características fundamentais da histeria lacaniana, que ultrapassam a mera manifestação de sintomas físicos e se inserem em uma complexa dinâmica de linguagem e desejo.

Portanto, a histeria é muito mais do que um diagnóstico clínico – é um campo de estudo que permite explorar as profundezas do inconsciente, a construção do desejo e as formas como os sujeitos lidam com suas angústias.

Essa condição, que já foi vista como um mistério ou até mesmo como encenação, hoje é reconhecida como uma chave essencial para entender a psicanálise e a condição humana.

O significado e a origem da histeria

Freud, inspirado pelas pesquisas de Charcot, aprofundou o estudo da histeria ao vinculá-la a traumas psíquicos e desejos inconscientes. Em sua obra "Estudos sobre a Histeria", escrita em parceria com Josef Breuer, apresentou casos clínicos que demonstravam como sintomas físicos sem causa orgânica eram, na verdade, manifestações de conflitos emocionais reprimidos.

Essa abordagem – considerada inovadora – abriu caminho para o desenvolvimento da psicanálise, estabelecendo a histeria como um modelo paradigmático para a compreensão das neuroses.



Hoje, a histeria é reconhecida como uma forma de neurose, caracterizada por manifestações físicas de conflitos psíquicos. Os sintomas histéricos, muitas vezes dramáticos e sem explicação médica aparente, continuam sendo objeto de estudo e debate, revelando a complexa interação entre corpo, mente e desejo.

Casos de histeria coletiva e histeria em massa, por exemplo, mostram como essas manifestações podem se expandir para além do indivíduo, atingindo grupos sociais inteiros em momentos de tensão e ansiedade, como podemos ver no quadro abaixo:

ASPECTO HISTERIA INDIVIDUAL HISTERIA COLETIVA | HISTERIA EM MASSA
ORIGEM Conflitos psíquicos pessoais, como traumas e desejos reprimidos. Emoções compartilhadas, como medo, ansiedade ou excitação, amplificadas socialmente.
EXEMPLOS DE SINTOMAS Paralisias, cegueira histérica, convulsões sem causa orgânica. Desmaios coletivos, sintomas psicossomáticos compartilhados, comportamentos anômalos.
EXEMPLOS HISTÓRICOS Caso Anna O. (Freud e Breuer). Dança de São Vito (século XIV), surtos de pânico em ambientes escolares ou de trabalho.
DESENCADEADORES Traumas psíquicos individuais, repressão de desejos inconscientes. Situações de tensão, ansiedade ou sugestão coletiva.


Apesar de ocorrerem em diferentes escalas, ambos os fenômenos refletem a vulnerabilidade do psiquismo diante de situações de crise, mostrando como o inconsciente individual e o inconsciente coletivo podem se entrelaçar na construção de sintomas histéricos.

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A histeria na psicanálise e a contribuição de Freud

O caso de Anna O., documentado por Freud e Breuer, é um dos exemplos mais conhecidos da histeria na literatura psicanalítica e foi crucial para a formulação de conceitos fundamentais da psicanálise.

Anna O. apresentava um conjunto complexo de sintomas físicos e psíquicos, como paralisias, dificuldades de fala, distúrbios visuais e episódios de alucinação. Esses sintomas não tinham uma causa orgânica identificável, o que os levou a explorar a conexão entre as manifestações somáticas e o estado emocional da paciente.

Através do método catártico, Breuer conseguiu aliviar os sintomas ao ajudá-la a relembrar e verbalizar memórias traumáticas associadas a essas manifestações físicas. Esse processo mostrou como experiências emocionais reprimidas poderiam se expressar de forma somática, inaugurando a ideia de que a fala e a elaboração consciente de eventos traumáticos tinham um efeito terapêutico direto.

Para Freud, a histeria estava intimamente ligada à sexualidade e ao desejo inconsciente. Ele observou que os sintomas histéricos frequentemente derivavam de desejos reprimidos, traumas infantis ou conflitos emocionais não resolvidos. Essa perspectiva foi essencial para a formulação da teoria da sexualidade na psicanálise, que enfatiza a importância dos impulsos inconscientes na formação dos sintomas neuróticos, como visto anteriormente.

Além de Anna O., Freud documentou outros casos clínicos de histeria que se tornaram clássicos na literatura psicanalítica. O caso de Dora, por exemplo, revelou novas dimensões da relação entre repressão, desejo inconsciente e sintomas somáticos.

Esses casos ajudaram a consolidar a compreensão de que a histeria não se limitava a uma condição exclusivamente física, mas envolvia uma intrincada interação entre psique e corpo.

A abordagem psicanalítica proposta por Freud e Breuer, ao dar voz às experiências reprimidas dos pacientes, abriu caminho para a prática da associação livre e a interpretação dos conteúdos inconscientes, pilares da psicanálise moderna.



Neurose histérica e obsessiva, quais as principais diferenças

A neurose histérica e a neurose obsessiva são duas formas distintas de manifestações psíquicas, cada uma refletindo maneiras específicas de lidar com conflitos internos. Embora ambas tenham origens em processos inconscientes, suas expressões e dinâmicas são bastante diferentes. Confira:

Neurose histérica:

  • Sintomas: manifesta-se através de sintomas físicos e emocionais intensos, como paralisias, cegueira histérica, convulsões sem causas orgânicas, dores inexplicáveis e outros sintomas somáticos.
  • Causa: os sintomas representam a expressão simbólica de conflitos psíquicos reprimidos, geralmente ligados a traumas ou desejos inconscientes.
  • Exemplos: casos como a cegueira histérica — onde a pessoa perde a visão sem nenhuma causa orgânica detectável — ou paralisias temporárias sem explicação médica.
  • Dinâmica psíquica: a histeria transforma angústias psíquicas em manifestações corporais, funcionando como uma representação simbólica de questões internas não resolvidas.


Neurose obsessiva:

  • Sintomas: caracteriza-se por pensamentos intrusivos e obsessivos, acompanhados de comportamentos repetitivos ou rituais compulsivos.
  • Causa: surge como um mecanismo de controle para lidar com ansiedades profundas, levando à repetição como forma de alívio temporário.
  • Exemplos: a necessidade de verificar repetidamente se uma porta está trancada, lavar as mãos excessivamente por medo de contaminação ou seguir rituais meticulosos para evitar catástrofes imaginárias.
  • Dinâmica psíquica: nessa neurose, há uma constante luta entre pensamentos obsessivos e as defesas criadas para neutralizá-los, resultando em compulsões e rituais.


Entenda a diferença entre neurose, psicose e perversão neste artigo


Essas duas manifestações psíquicas, apesar de diferentes, mostram como a mente cria mecanismos complexos para enfrentar angústias e conflitos internos, cada uma à sua maneira.

Para finalizar, podemos dizer que a histeria, longe de ser um termo pejorativo ou ultrapassado, revela-se como uma chave fundamental para a compreensão do inconsciente humano.

Desde os primeiros estudos de Freud até as contribuições de Lacan, a histeria mostra como sintomas físicos e emocionais podem ser expressões simbólicas de conflitos psíquicos profundos.

Ao estudar essa estrutura, a psicanálise não só ampliou o entendimento sobre as neuroses, mas também abriu caminhos para uma abordagem mais profunda sobre o desejo, a linguagem e a subjetividade.

Dessa forma, a histeria segue sendo uma peça essencial para entender as complexas interações entre mente e corpo, trazendo à tona questões que ainda ressoam na prática clínica e no estudo do inconsciente.

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Referências bibliográficas

FREUD, Sigmund. Estudos sobre a histeria. São Paulo: Companhia das Letras, 2016.

FREUD, Sigmund. Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

LACAN, Jacques. O seminário, livro 3: As psicoses. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

LACAN, Jacques. O seminário, livro 11: Os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.





A melancolia na psicanálise: Freud, Lacan e suas perspectivas
Gabriel Cravo Prado
A melancolia na psicanálise: Freud, Lacan e suas perspectivas
Acompanhe uma breve compreensão sobre o que é a melancolia na teoria psicanalítica, explorando o seu significado e a sua história ao longo do tempo.

O psicanalista Sigmund Freud foi fundamental na redefinição da melancolia no século XX. Em seu trabalho Luto e Melancolia (1917), Freud propôs que a melancolia não era simplesmente uma doença, mas sim uma forma patológica do luto. Em vez de superar a perda de um objeto amado, o sujeito melancólico se identifica com o objeto perdido, o que o impede de seguir em frente e o mantém preso a um sofrimento sem fim.

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Freud E A Melancolia

Sigmund Freud, o fundador da psicanálise, aborda a melancolia em sua obra "Luto e Melancolia" (1917). Para Freud, a melancolia não é apenas um estado de tristeza, mas uma condição psíquica profunda, distinta da depressão comum. Ele identificou que, enquanto o luto é uma reação natural à perda de um objeto significativo, a melancolia está ligada a uma perda interna, mais complexa e inconsciente.

A pessoa melancólica, ao contrário do enlutado, não apenas sofre pela perda do objeto, mas também direciona uma parte significativa de seu sofrimento contra si mesma. Freud propôs que esse processo de autoagressão poderia ser interpretado como uma identificação do eu com o objeto perdido, o que gerava uma intensificação do sofrimento psíquico.

Além disso, Freud destacou a relação entre melancolia e a incapacidade do eu de elaborar e aceitar a perda. Ao contrário do luto, que permite um certo distanciamento emocional do objeto perdido, a melancolia está marcada por um vínculo persistente e patológico com esse objeto. A pessoa melancólica não consegue desvincular-se da perda, o que impede a recuperação emocional e favorece a internalização de sentimentos de culpa e autocensura.

Esse conceito psicanalítico inovador ajudou a entender a melancolia de uma forma mais ampla, não apenas como um distúrbio afetivo, mas como uma dinâmica complexa entre o eu, os desejos inconscientes e a relação com os objetos de amor e perda.

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Lacan E A Melancolia

Para Lacan, a melancolia está intimamente ligada à relação do sujeito com o objeto "a", que representa o objeto causa do desejo. Ao contrário do processo de luto, onde o sujeito busca substituir o objeto perdido, o melancólico não busca esse reposicionamento, mas mantém uma relação com o objeto "a" de forma radicada e excessiva. O melancólico se vê dominado por esse objeto que o transcende, mas que, ao mesmo tempo, se confunde com o próprio sujeito. A ausência desse objeto, que deveria ser um ponto de referência para a constituição do desejo, se transforma em uma presença opressiva que invade o melancólico, dificultando qualquer tentativa de restabelecer a ligação com o mundo exterior e, consequentemente, com o desejo. Essa relação com o objeto ausente leva a uma imersão profunda no vazio, um estado tão intenso que, em casos extremos, pode conduzir à tentativa de aniquilação do próprio sujeito, como forma de escapar dessa ausência insuportável.

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A melancolia e a psicopatologia: luto vs. melancolia

Uma das questões mais debatidas na psicanálise é a diferença entre luto e melancolia. Ambas as condições envolvem a perda de algo importante para o sujeito, mas enquanto o luto é um processo de adaptação a essa perda, a melancolia é caracterizada por uma falha nesse processo.

No luto, a pessoa pode se sentir triste, mas a dor da perda é acompanhada de uma progressiva aceitação e uma retomada da vida. Já a melancolia se caracteriza pela incapacidade do sujeito reconhecer o que perdeu ou o que realmente perdeu com a perda. Em "Luto e Melancolia", Freud descreve a melancolia como uma espécie de luto não resolvido, no qual o sujeito se identifica com o objeto perdido a tal ponto que a perda se torna internalizada, como uma parte de si mesmo.

Uma diferença chave entre os dois é que no luto, o objeto da perda é reconhecido conscientemente, enquanto na melancolia, o sujeito pode não saber exatamente o que perdeu, mas sente a ausência de algo fundamental. Essa ambivalência e confusão são centrais na experiência melancólica.

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A história da melancolia na psiquiatria

Cabe dizer que a melancolia não foi debatida apenas pela psicanálise. Na psiquiatria, o conceito de melancolia tem sido desenvolvido desde o século XIX. Autores como É. Esquirol, H. Dagonet e A. Foville demonstraram grande interesse pela condição, mas também expressaram certo ceticismo em relação ao seu tratamento. Esquirol, por exemplo, preferia o termo "lipemania" (tristeza) para descrever essa condição, relegando a palavra "melancolia" ao domínio dos poetas e moralistas. Esse ceticismo refletia a dificuldade em classificar a melancolia como uma doença orgânica, já que ela se relaciona com a esfera psíquica e emocional.

Por outro lado, a psiquiatria alemã trouxe uma abordagem mais complexa, enfatizando o processo psicológico envolvido na melancolia. Durante o século XIX, psiquiatras alemães começaram a explorar o papel do psiquismo no desenvolvimento de condições como a melancolia, e sua relação com o eu e o inconsciente.

A melancolia é frequentemente confundida com a depressão, mas embora ambas compartilhem sintomas, a melancolia tem características distintas. Ela é definida, na psiquiatria, como uma forma de transtorno afetivo, e pode ser mais intensa e duradoura que a depressão comum. Historicamente, a melancolia foi tratada como uma condição mental separada da psicose maníaco-depressiva (PMD), mas com o tempo os especialistas passaram a revisitar essa categorização.

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Para aprender mais sobre psicanálise

Para aqueles que desejam aprofundar seus conhecimentos sobre psicanálise, a Casa do Saber oferece uma excelente oportunidade por meio do programa + Psicanálise. Este programa foi desenvolvido para quem busca entender as complexidades dessa teoria e suas aplicações práticas, seja no campo clínico, acadêmico ou na vida cotidiana.

Com professores renomados e conteúdos que abrangem desde as principais correntes psicanalíticas até as mais recentes abordagens e interpretações, o programa + Psicanálise é ideal para quem deseja uma formação completa e sólida. Além disso, ao participar, os alunos têm acesso a uma rica troca de ideias com especialistas e colegas de diversas áreas, aprofundando ainda mais o entendimento sobre a psicanálise e suas múltiplas dimensões.

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Referências Bibliográficas

FREUD, Sigmund. Luto e Melancolia (1917). São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

LACAN, Jacques. O Seminário 6 - O Desejo e Sua Interpretação (1958-1959). Rio de Janeiro: Zahar, 2016.

KAUFMANN, Pierre. Dicionário Enciclopédico de Psicanálise: Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

ROUDINESCO, Elisabeth; Plon, Michel. Dicionário de Psicanálise, Rio de Janeiro: Zahar, 1998

Cursos de psicanálise: saiba quais são e como começar a estudar
Carolina Tosetti
Cursos de psicanálise: saiba quais são e como começar a estudar
Cursos de Psicanálise: saiba quais são e como começar a estudar

Você sabe o que estuda a psicanálise? Ou, se você já se interessa por essa área de conhecimento, sabe como fazer para começar a se aprofundar nas teorias e ideias dos maiores autores da psicanálise?

Neste artigo, vamos te explicar o passo a passo para aprender alguns dos principais conceitos da psicanálise criados por grandes personalidades reconhecidas mundialmente por suas contribuições à compreensão da psique humana, como Sigmund Freud e Jacques Lacan. Você também irá conhecer alguns dos mais renomados professores e especialistas em psicanálise do Brasil e as instituições que são referência nesta disciplina.

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O que é psicanálise?

A psicanálise, desenvolvida por Sigmund Freud, é um método de investigação dos processos mentais, que se utiliza da associação livre para acessar, por inferência, os conteúdos inconscientes do paciente a partir de seus relatos à um analista, a fim de identificar possíveis causas e se utilizar da transferência estabelecida na relação analítica para tratamento dos sintomas.



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Esta prática é frequentemente associada à ideia de deitar no divã e falar livremente, mas vai muito além disso. A teoria e a prática clínica hoje permitem que o psicanalista interprete padrões, desejos, intenções, pensamentos e comportamentos do paciente. Neste sentido, um dos objetivos da psicanálise é trazer à consciência as questões do inconsciente que afetam o sujeito, sendo efetiva para uma melhora para a saúde mental, o senso crítico e o bem-estar pessoal do analisando. Entretanto, os objetivos de uma análise podem variar entre as escolas. Em maior escala, o impacto de uma análise bem desenvolvida pode ser notado na tomada de consciência e no poder decisão dos pacientes para deixarem de seguir determinados padrões, por exemplo, bem como no relacionamento consigo mesmo e com os outros.

Quais são as principais abordagens e escolas da psicanálise?

A psicanálise é uma área de conhecimento que perdura há mais de 100 anos. Existem várias abordagens dentro da psicanálise, refletindo diferentes escolas de pensamento sobre como os processos inconscientes afetam o comportamento e a vida humana. Abaixo listamos, em resumo, as principais linhas de pensamento da psicanálise e suas características essenciais. As principais incluem a Freudiana, a Lacaniana e a Kleiniana, por exemplo. Dentre as escolas podemos citar principalmente a inglesa, representada por Donald Winnicott e Wilfred Bion, e a francesa associada à Jacques Lacan.

Escola Características
Escola Freudiana Destacam-se os temas do inconsciente, as pulsões de vida e morte, a sexualidade, as estruturas psíquicas (neurose, psicose e perversão), o Complexo de Édipo, os mecanismos de defesa, as resistências, as transferências e as contratransferências em uma análise. Dentre os principais autores estão Sigmund Freud e Anna Freud.
Escola Kleiniana Também conhecida como escola das relações objetais, é a escola fundada pela austríaca Melanie Klein, cujas principais contribuições teóricas são a posição esquizo-paranóide, a posição depressiva, as fantasias infantis e os primitivos mecanismos de defesa, com destaque para a identificação projetiva. Klein é pioneira em análise de crianças, e seus estudos pensam o indivíduo desde o nascimento, acompanhando o seu desenvolvimento principalmente desde a infância.
Escola Francesa Jacques Lacan propôs um retorno a Freud e fez inúmeras contribuições, sobretudo se utilizando da Linguística e da Filosofia. Para Lacan, o inconsciente é estruturado como linguagem, e através dos ditos do sujeito teremos indícios de como ele se posiciona no mundo, nas relações com os outros, de suas alienações a certos ideais e de seus modos de desejar. Dentre diversos conceitos originais destacam-se os significantes, significados, objetos, o estágio do espelho e o corte lacaniano.
Escola de Winnicott Donald Winnicott teve uma vasta experiência no tratamento de crianças como pediatra, e desenvolveu sua teoria com ênfase na relação cuidador-bebê, com conceitos como mãe suficientemente boa: nem perfeita, nem negligente na criação do bebê, e a ideia de que a elaboração imaginativa do corpo e suas funções é que moldam a psique, não sendo uma estrutura pré-existente, mas sim, fruto dos cuidados recebidos. O inconsciente winnicottiano seria uma experiência que a imaturidade do bebê não tornou possível criar uma representação, e não o reprimido da teoria freudiana. Alguns de seus conceitos fundamentais são: holding, handling e integração de objetos, personalização e realização e desenvolvimento emocional primitivo.
Escola de Bion Wilfred Bion foi analisando e discípulo de Klein, mas criou diversos conceitos originais. Dentre suas principais contribuições estão a psicoterapia psicanalítica de grupo, o enfoque nos vínculos e a dinâmica do campo analítico, em que existe uma mútua influência entre analisando e analista e vice-versa.
Escola da Psicologia do Ego Heinz Hartmann é o principal nome ligado a esta escola. Nesta abordagem, o ego desenvolve-se a partir do id enquanto a criança passa a entender a diferença do seu corpo-mente em relação ao mundo e atenção se volta para o “eu”. Funções como percepção, afeto, memória, conhecimento e juízo crítico passam a ter valor para o analista nesta abordagem.
Escola da Psicologia do Self Nesta abordagem, Heinz Kohut (EUA) traz a introspecção e empatia como principais instrumentos da psicanálise, seguidos da tese das “falhas dos self-objetos primitivos”. Retira-se também a hegemonia do conceito de Complexo de Édipo e trata o Narcisismo como importante etapa do desenvolvimento.


Além das escolas mencionadas na tabela anterior, ainda há a psicanálise do húngaro Sándor Ferenczi, que surge a partir da escola freudiana. Ou seja, há muitas abordagens, e cada uma delas oferece uma perspectiva única sobre a estrutura da mente e os métodos de tratamento, influenciando significativamente as ementas dos cursos de psicanálise. Além disso, práticas modernas como a psicanálise relacional e conceitos como a intersubjetividade também estão ganhando espaço, mostrando a evolução e atualização contínua desta área.





Como estudar psicanálise hoje?

Para aqueles interessados em se tornar profissionais nesta área, há diversas opções de formação em psicanálise clínica. Os cursos podem variar, desde:

  • Workshops introdutórios
  • Pós-graduações
  • Programas de mestrado
  • Programas de doutorado
  • Residências


Atualmente, também existem cursos de psicanálise clínica disponíveis online, proporcionando flexibilidade para estudar de acordo com as próprias necessidades e ritmos. Um curso de psicanálise típico cobre fundamentos teóricos, técnicas e manejos terapêuticos e práticas supervisionadas, essenciais para quem busca uma compreensão profunda da mente humana e deseja praticar clinicamente.

Quem pode estudar psicanálise?

Enquanto área de conhecimento, todos! Para saber como começar a estudar psicanálise, acreditamos que o primeiro passo é entender qual é o seu perfil. Na Casa do Saber, sabemos que há variados tipos de interesse em aprender sobre esta disciplina. Abaixo, detalharemos um pouco sobre cada um deles. Veja qual é o seu caso:

1. "Sou psicanalista e quero aprofundar minha formação"

A psicanálise é uma área de estudo constante, por isso, tanto se você é um psicanalista em formação, quanto se você já tem muitos anos de experiência clínica é preciso tomar conhecimento das novas tendências culturais, das obras e dos autores relevantes para ter leituras fundamentais ao trabalho de analista. Mesmo após a conclusão de um curso de psicanálise, é essencial que o profissional continue em um processo de aprendizado contínuo, supervisionado por psicanalistas experientes e se mantenha em constante atualização.





2. "Sou estudante e quero me tornar um psicanalista"

Já que é considerada uma ocupação, a profissão de psicanalista pode ser exercida por qualquer pessoa que tenha concluído um curso de graduação em alguma das mais diversas áreas do saber. A atividade psicanalítica é independente de cursos regulares acadêmicos, sendo os seus profissionais formados pelas sociedades e instituições psicanalíticas.

Qualquer pessoa pode fazer um curso de psicanálise, desde que atenda aos pré-requisitos estabelecidos pela instituição de ensino que oferece o curso, como a exigência de se ter uma graduação completa, por exemplo. Além dos tradicionais cursos de psicologia e medicina associados à prática psicanalítica, têm destaque áreas dialógicas como ciências sociais, filosofia, antropologia, entre outras. O psicanalista em formação precisa também ter, é claro, interesse e afinidade com a área da saúde mental e da psicanálise.

Para exercer o ofício de psicanalista, ou seja, clinicar, dar aulas, entre outros, é recomendado que a pessoa interessada tenha uma formação específica em psicanálise, oferecida por uma instituição reconhecida e que realize um curso completo, com supervisão e análise pessoal. A formação em psicanálise é profunda, demandando uma capacidade de reflexão crítica, de análise, de leitura e de interpretação. No entanto, é possível fazer cursos de introdução à psicanálise, participar de encontros ao vivo, workshops e eventos acadêmicos para absorver conhecimento sobre teoria e prática psicanalítica.

No curso Uma Psicanálise da Existência o renomado professor e psicanalista Christian Dunker traça conceitos e leituras de Freud e Lacan.

Assista às aulas para se embasar nas principais teorias e começar a entender questões que envolvem a todos nós em diferentes momentos da vida.

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3. "Gosto de aprender sobre diversas áreas para compreender o mundo"

A psicanálise permite uma profunda reflexão sobre a condição humana, influenciando várias áreas do conhecimento. Profissionais com noções em psicanálise utilizam suas habilidades não apenas em contextos clínicos, mas também em áreas como literatura, filosofia e estudos culturais. Ao entender como os processos inconscientes determinam comportamentos, decisões e relações sociais, a psicanálise oferece perspectivas interessantes para perceber a complexidade humana em diversos aspectos da vida, ampliando a compreensão sobre como pensamos e interagimos em diferentes contextos. Você só tem a ganhar aprendendo mais sobre essa disciplina extremamente versátil e profunda.





Confira algumas das principais áreas de estudo da psicanálise atualmente:

  • Psicanálise e Saúde Mental: focada no tratamento de distúrbios emocionais e psicológicos, essa área é a pedra angular da prática clínica.
  • Psicanálise e Literatura: utiliza teorias psicanalíticas para analisar textos literários, desvendando os aspectos inconscientes que moldam as narrativas.
  • Psicanálise e Cultura: examina como as normas culturais são internalizadas e como influenciam a identidade e o comportamento social ao longo da história.
  • Psicanálise e Educação: aplica conceitos psicanalíticos para entender dinâmicas de aprendizagem e desenvolvimento em ambientes educacionais.
  • Psicanálise e Arte: investiga a expressão inconsciente na criação e interpretação artística, proporcionando uma compreensão mais aprofundada dos movimentos e obras de arte.

E aí, se identificou? Entenda sobre o comportamento humano de forma aprofundada, considerando sentimentos, emoções, pensamentos, o consciente e o inconsciente.

A Casa do Saber + é a plataforma que permite que você conheça as ideias dos grandes pensadores como Sigmund Freud, Melanie Klein, Jacques Lacan, Donald Winnicott, Wilfred Bion, Sándor Ferenczi e muito mais, aprofundando o seu olhar sobre si mesmo e as suas relações.





Como aprender a teoria psicanalítica?

Se você quer complementar sua formação, se atualizando nos temas contemporâneos, revisitando conceitos importantes, aplicando-os à sua clínica e entendendo as contextualizações necessárias com a teoria das principais referências na área e abordagens é preciso aprender com bons profissionais ou professores. Conheça os grandes nomes da psicanálise no Brasil hoje:

Contardo Calligaris


Alexandre Patrício


Pedro de Santi


Christian Dunker


Marcelo Veras


Ana Suy


Conheça todos os professores da Casa do Saber

Quanto custa estudar psicanálise?

Sabia que você pode estudar sobre a teoria e a prática psicanalítica com os grandes mestres do país e ter um guia das principais obras, autores e conceitos para se aprofundar de forma online e em uma linguagem acessível?

A Casa do Saber + é o streaming do conhecimento: uma plataforma com mais de 60 cursos online de psicanálise exclusivos para você aprender com grandes profissionais, doutores e professores na área como Christian Dunker, Ana Suy, Marcelo Veras, Alexandre Patricio de Almeida, Pedro de Santi, Contardo Calligaris, Fernanda Samico, Daniel Omar Perez, Guilherme Facci, entre muitos outros.

Além dos cursos de psicanálise, a plataforma oferece mais de 600 horas de aulas sobre diversas áreas do conhecimento para você se desenvolver pessoalmente e profissionalmente. Lá você também encontra aulas que fazem aproximações entre a psicanálise e a literatura, a filosofia, as artes e a neurociência, por exemplo, afinal, a proposta da Casa do Saber é desenvolver de forma cultural e interdisciplinar os seus alunos.

Os cursos disponíveis no plano regular da plataforma, no entanto, não habilitam a pessoa a iniciar a prática clínica, servindo principalmente como fontes de aprofundamento, ampliação de repertório clínico e formação continuada.

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Especialização em psicanálise

Agora, se você é psicólogo(a), médico(a), tem graduação em alguma outra área e a sua ideia é se especializar em psicanálise, pode apostar em uma pós-graduação, mestrado, doutorado ou escolher alguma escola ou sociedade de referência para construir o seu caminho nesta área tão importante. Confira algumas opções de destaque no Brasil:

Sociedades Escolas Pós-graduações e especializações
Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo – SBPSP Fórum do Campo Lacaniano - São Paulo Universidade de São Paulo (USP)
Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro – SBPRJ Fórum do Campo Lacaniano - Rio de Janeiro Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto - SBPRP Escola Brasileira de Psicanálise - Salvador Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Escola Brasileira de Psicanálise - Florianópolis Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)




Para começar a entender Freud, Lacan, Melanie Klein e os principais autores da psicanálise

Agora que você já sabe como estudar psicanálise de acordo com o seu objetivo, que tal começar de forma descomplicada, online e com os melhores recursos?

Para conhecer a teoria psicanalítica de Sigmund Freud; entender mais sobre o inconsciente; estabelecer relações entre a literatura, a mitologia e o comportamento humano; esclarecer ideias sobre parentalidade; se relacionar melhor com as pessoas; viver bem no século XXI, entre tantas outras possibilidades que a psicanálise oferece, experimente acessar o conhecimento de onde estiver e quando quiser.

Começar a entender a psicanálise não precisa ser uma tarefa complexa, e aprender com os maiores professores do país não é algo distante ou inacessível. Além disso, ao tornar a sua rotina de estudos adaptável ao seu tempo, espaço e momento você garante mais chances de continuar aprendendo continuamente.

Nesse sentido, a Casa do Saber + te acompanha em todos os lugares e momentos da vida. Você pode assistir às aulas pausando-as e retomando o seu progresso quando precisar, ou até mesmo ouvi-las em forma de podcast. O aplicativo do streaming está disponível para Android e IOS, e você também pode baixá-lo na sua SmarTV ou acessar pelo navegador do computador.

Dedicando 20 minutos do seu dia você baixa o aplicativo, acessa a plataforma e começa a sua primeira aula com um dos grandes mestres em psicanálise do Brasil.

Esperamos que este artigo tenha te ajudado a conhecer mais sobre o universo de conhecimento que te aguarda estudando psicanálise com a Casa do Saber.

Id, Ego e Superego: Entenda os Conceitos de Freud na Psicanálise
Gabriel Cravo Prado
Id, Ego e Superego: Entenda os Conceitos de Freud na Psicanálise
Descubra a estrutura da mente segundo a teoria de Freud sobre o Id, Ego e Superego. Veja como influenciam o nosso comportamento e personalidade.

Entre os conceitos centrais da teoria psicanalítica destacam-se o "Eu", o "Isso" e o "Supereu", que representam diferentes instâncias do aparelho psíquico formulado por Freud. Neste artigo, exploraremos o significado e a função de cada um desses.

Eu, Isso e Supereu

Antes de começarmos, é importante abordar uma questão de estilo na tradução dos termos freudianos. No original alemão, as palavras "Ich", "Es" e "Über-Ich" correspondem, respectivamente, a "eu", "isso" e "supereu" em português. Embora expressões como "id", "ego" e "superego" apareçam em algumas traduções da América Latina, elas não estão tão alinhadas com a escrita de Freud.

Embora esses termos se refiram às mesmas instâncias do aparelho psíquico, podem gerar pequenas variações na terminologia, mantendo, no entanto, o significado essencial. Neste texto, utilizaremos "Eu", "Isso" e "Supereu", por serem mais consistentes ao postulado freudiano.

Nesse texto veremos:



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Primeira e Segunda Tópica Freudiana

Os conceitos de consciente, pré-consciente e inconsciente são essenciais para entender a estrutura do aparelho psíquico na teoria psicanalítica, integrando a primeira tópica freudiana, formulada em 1900. Vale destacar que essas instâncias não correspondem a locais específicos no aparelho psíquico. No período de 1920 a 1923, Freud revisa sua teoria, introduzindo novas compreensões sobre o aparelho psíquico e apresenta os conceitos de Eu, Isso e Supereu. É importante notar que Freud não substitui a primeira tópica pela segunda, mas as articula de maneira complementar. Assim, consciente, inconsciente e pré-consciente continuam presentes na segunda tópica, enriquecendo a compreensão dos conceitos de Eu, Isso e Supereu.

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Inconsciente, Pré-consciente e Consciente

  • Inconsciente - Os conteúdos recalcados localizam-se no inconsciente, onde podem aparecer para o sujeito em momentos bem específicos. Essa instância psíquica possui uma linguagem própria e não se orienta pelo tempo cronológico. O inconsciente se revela por meio de sonhos, atos falhos e sintomas. O termo "inconsciente" diz respeito ao que está além do nosso conhecimento. Quando Freud afirma que possuímos um inconsciente, ele sugere que não temos uma compreensão total de nós mesmos.
  • Consciente - Um estado psíquico que reflete a localização de processos fundamentais do aparelho psíquico, englobando o que estamos conscientes no presente momento. Esse estado opera em conformidade com as regras sociais, levando em consideração o tempo e o espaço. Assim, é através dele que o sujeito estabelece sua relação com o mundo externo.
  • Pré-consciente - Funciona como uma barreira permeável entre o inconsciente e o consciente. O pré-consciente abrange conteúdos que podem ser acessados mais facilmente pela consciência, mas que não permanecem nela de forma permanente.

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Sigmund Freud


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Questão 1

Em que ano nasceu Sigmund Freud?

Questão 2

Qual é considerada a obra mais importante de Freud?

Questão 3

Qual destes conceitos NÃO foi desenvolvido por Freud?

Questão 4

Em qual cidade Freud viveu a maior parte de sua vida?

Questão 5

Qual era a formação original de Freud?

Questão 6

Em qual dessas áreas Freud se destacou ao aplicar seus conceitos psicanalíticos?

Questão 7

Qual método utilizado por Freud para explorar o conteúdo dos sonhos durante suas análises?

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Palavra-passe




Eu, Isso e Supereu

Em 1923, Freud estabeleceu uma nova estrutura para o entendimento do aparelho psíquico. Anteriormente, como já vimos, sua abordagem se baseava na distinção entre inconsciente, consciente e pré-consciente. Com a introdução dessas novas noções, Freud não apenas enriqueceu a compreensão do funcionamento psíquico, mas também promoveu uma dialética entre as diferentes instâncias, evidenciando como elas interagem e se influenciam mutuamente.

Eu Refere-se à instância psíquica que mediatiza as pressões do Isso, as ordens do Supereu e as exigências da realidade externa. O desenvolvimento do Eu ocorre através do processo de identificação do bebê com o mundo exterior, funcionando como um espelho que reflete o que ele é e como deve se comportar. Essa formação é um resultado direto das interações sociais e das representações que os outros têm sobre ele. Ao entrar em contato com a realidade, o Eu se define o resultado dessas identificações.

Freud destaca que o Eu atua como representante da realidade, buscando uma dominação sobre as pulsões, substituindo o princípio de prazer pelo princípio da realidade. Compreende-se, portanto, que o Eu possui tanto uma dimensão consciente quanto inconsciente, e não é uma instância inata, mas sim uma construção que emerge a partir das interações sociais. Essa instância recalcadora introduz, assim, o princípio da realidade na vida psíquica do indivíduo.
Supereu O Supereu, conforme descrito por Freud, é uma instância psíquica que possui tanto uma dimensão consciente quanto uma inconsciente. Ele se caracteriza pelo ideal do eu, que abrange as expectativas de desempenho do sujeito e as ordens morais internalizadas. Essa estrutura é formada por influências da moralidade, dos bons costumes, da religião e dos valores transmitidos pelos cuidadores durante a infância.

Tradicionalmente, o Supereu é visto como o herdeiro do complexo de Édipo, configurando-se a partir da interiorização das exigências e interdições parentais. Essa instância abrange tanto as funções de proibição quanto as de idealização. Embora a renúncia aos desejos edipianos, tanto amorosos quanto hostis, seja fundamental para a formação do Supereu, Freud argumenta que ele é posteriormente enriquecido por influências sociais e culturais, como educação, religião e moralidade.
Isso É uma instância totalmente inconsciente que está presente no sujeito desde o início da vida, não se subordinando à lógica do tempo cronológico. O Isso é considerado o reservatório das pulsões, servindo como a força motriz do psiquismo. Seus conteúdos, que representam a expressão psíquica das pulsões, são inconscientes, sendo compostos tanto por aspectos hereditários e inatos quanto por elementos recalcados e adquiridos.

Sob uma perspectiva econômica, Freud vê o Isso como o reservatório inicial da energia psíquica; enquanto do ponto de vista dinâmico, ele entra em conflito com o Eu e o Supereu. Assim, o Isso é a sede das paixões humanas, incluindo inveja, ciúmes, vaidade, amor e ódio, consolidando-se como o núcleo pulsional da personalidade.



Como aprender mais sobre psicanálise?

Para aprofundar seus conhecimentos sobre o conceito de Isso, Eu e Supereu na teoria psicanalítica, é fundamental começar pela leitura das obras de Sigmund Freud que tratam desses conceitos, como "A Interpretação dos Sonhos" (1900), onde Freud apresenta pela primeira vez esses elementos do aparelho psíquico, e "O Eu e o Isso" (1923), texto que detalha a dinâmica entre essas instâncias.

Além disso, investir em cursos especializados sobre a teoria psicanalítica pode ser altamente enriquecedor. A Casa do Saber oferece uma série de cursos ministrados por especialistas reconhecidos, que aprofundam a compreensão dos conceitos de id, ego e superego, bem como suas implicações no comportamento humano e nos processos psíquicos.

A seguir, destacamos algumas recomendações de cursos disponíveis na plataforma Casa do Saber + que exploram esses temas com profundidade e relevância.




Referências Bibliográficas:

GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Freud e o Inconsciente. Zahar: Rio de Janeiro, 1985.

LAPLANCHE, Jean; PONTALIS, Jean-Bertrand. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

.ROUDINESCO, Elisabeth; Plon, Michel. Dicionário de Psicanálise, Rio de Janeiro: Zahar, 1998.







Consciente, Inconsciente e Pré-consciente: como funcionam?
Gabriel Cravo Prado
Consciente, Inconsciente e Pré-consciente: como funcionam?
Entenda as três instâncias psíquicas propostas por Freud, fundamentais para a psicanálise.

Compreender os conceitos de consciente, pré-consciente e inconsciente é essencial para entender a teoria psicanalítica. Essas três instâncias psíquicas são fundamentais para a compreensão do aparelho psíquico proposto por Freud, que descreve a dinâmica complexa e o funcionamento distinto de cada uma delas.



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O Consciente

O conceito de consciente em Freud refere-se à instância do aparelho psíquico que contém os processos de pensamento, percepção e sentimentos dos quais o sujeito tem plena consciência. Ele é, junto com o pré-consciente e o inconsciente, uma das três áreas principais na primeira tópica freudiana.

O consciente envolve tudo aquilo que o sujeito é capaz de perceber de forma direta, como as sensações e pensamentos imediatos, e tem um papel essencial na interação do indivíduo com a realidade externa. Freud, em suas primeiras formulações, afirmou que o consciente não está ligado a uma área específica do cérebro, mas representa um processo psíquico complexo e dinâmico.

A consciência, para Freud, vai além da simples percepção do mundo externo. Ela está relacionada à capacidade de fazer ligações simbólicas e racionais, permitindo ao sujeito ordenar e interpretar suas experiências. No entanto, o acesso ao consciente pode ser dificultado por processos internos como o recalque e a censura, que podem impedir que certos conteúdos psíquicos, especialmente os conflitivos ou traumáticos, se tornem acessíveis à consciência. Esses processos são fundamentais na formação de defesas e no desenvolvimento de sintomas.

Freud também introduziu a ideia de que o consciente interage com o inconsciente e o pré-consciente, e sua função não é estática. Ele propôs que a consciência emerge e desaparece dinamicamente, com as percepções sendo processadas, mas não deixando vestígios permanentes. Esse processo é comparável ao de uma "lousa mágica", onde as informações são apagadas após a tomada de consciência. Isso mostra que a consciência não retém as experiências de forma fixa, mas permite um fluxo contínuo de informações, atualizando constantemente o que é percebido.

Embora Freud tenha dado grande ênfase ao inconsciente, ele nunca ignorou o papel do consciente. Para ele, a psicopatologia não se resume a um conflito entre o consciente e o inconsciente, mas envolve um processo mais complexo de interação entre as diversas forças psíquicas. O estudo dos sonhos e das defesas psíquicas revelou como a consciência pode ser moldada e distorcida, mostrando que ela não é apenas um reflexo direto da realidade externa, mas uma construção influenciada por fatores internos e inconscientes.

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O Pré-Consciente

O conceito de pré-consciente foi introduzido por Sigmund Freud para designar uma das três instâncias fundamentais de sua primeira tópica, junto com o consciente e o inconsciente. Diferente dos conteúdos inconscientes, que estão totalmente fora do alcance da consciência, os conteúdos do pré-consciente estão à disposição da consciência, embora não estejam imediatamente presentes. O pré-consciente pode ser entendido como uma espécie de "armazém" de informações que, embora não ativas, podem ser acessadas com facilidade quando necessário, por meio da atenção ou do esforço consciente.

Freud introduziu o termo de forma mais sistemática em sua correspondência com Wilhelm Fliess, em 1896, associando-o às representações verbais e ao "eu oficial". O pré-consciente, em sua visão, é o sistema que contém as informações que podem emergir para a consciência, desde que atendidas certas condições, como o grau de intensidade ou a ativação por um foco de atenção. Essa instância funciona como uma espécie de filtro, permitindo que conteúdos sejam trazidos à consciência sem a interferência direta do inconsciente, que exige uma modificação maior para acessar a consciência.

Uma característica fundamental do pré-consciente é sua proximidade com o inconsciente. Enquanto o pré-consciente é descrito como inconsciente ele se diferencia do inconsciente dinâmico, já que seus conteúdos podem ser trazidos à consciência com maior facilidade, mesmo que, às vezes, necessitem de uma "censura" para evitar o acesso de conteúdos indesejáveis. Freud, em O eu e o isso, apontou que o pré-consciente age como uma barreira entre o inconsciente e a consciência, com um sistema de triagem que impede que desejos inconscientes, potencialmente perturbadores, se manifestem diretamente na consciência.

Apesar de sua função de "filtro", o pré-consciente também está intimamente ligado ao processo secundário, que regula o pensamento lógico e racional, diferente do processo primário, que está mais relacionado aos impulsos primitivos do inconsciente. Embora o pré-consciente tenha a função de selecionar e organizar informações, ele pode, de maneira "normal", permitir que certos pensamentos reprimidos ou "restos diurnos" reapareçam, como no caso dos sonhos. Ao longo de sua obra, Freud manteve a ideia de que o pré-consciente tem um papel crucial na mediação entre o inconsciente e o consciente, sendo particularmente relevante na relação com a linguagem e a formação dos pensamentos conscientes.

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O Inconsciente

O conceito de inconsciente passou por uma transformação significativa ao longo do tempo, especialmente com a psicanálise de Sigmund Freud. Embora o termo tenha sido utilizado de maneira geral na língua comum para descrever processos mentais fora da consciência, foi Freud quem fez dele um pilar central de sua teoria psicanalítica. O inconsciente freudiano não é apenas uma parte oculta do psiquismo, mas uma instância ativa, onde residem conteúdos reprimidos, impulsos e desejos que não têm acesso direto à consciência. Para Freud, esses conteúdos podem se manifestar de maneiras indiretas, como nos sonhos, atos falhos e lapsos de linguagem, revelando-se de formas disfarçadas, mas significativas.

A psicanálise freudiana introduziu a ideia de que o inconsciente não é apenas um reservatório de conteúdos reprimidos, mas um espaço dinâmico governado por leis próprias, como o processo primário, que se manifesta nos sonhos e nas fantasias. Esses conteúdos inconscientes estão frequentemente relacionados a pulsões que buscam expressão, mas não podem se tornar conscientes diretamente devido ao recalque. Com o tempo, Freud foi refinando a teoria do inconsciente, especialmente com a introdução da segunda tópica, onde ele passou a situar o inconsciente como uma característica tanto do isso, quanto do eu e do supereu.

O conceito de inconsciente:a importância para a psicanálise

A partir da década de 1920, Freud reestruturou suas ideias sobre o inconsciente, ampliando sua concepção para incluir não apenas os conteúdos reprimidos, mas também a dinâmica entre as instâncias psíquicas, como o isso e o eu. A partir de então, ele afirmou que o inconsciente é uma função fundamental na formação da personalidade, essencial para a psicanálise.

No entanto, com a evolução da psicanálise, outros pensadores, como Melanie Klein e Jacques Lacan, revisitaram e expandiram o conceito, com Lacan, por exemplo, propondo uma teoria inovadora em que o inconsciente é estruturado pela linguagem, o que introduziu uma nova dimensão ao entendimento freudiano. Para Lacan, o inconsciente é “o discurso do outro”, e sua estrutura é profundamente ligada à linguagem e ao significante, oferecendo uma visão mais complexa e simbólica da psique humana.

Como aprender mais sobre a teoria psicanalítica

Para aprofundar seus conhecimentos na teoria psicanalítica e entender melhor seus conceitos fundamentais, a Casa do Saber oferece uma excelente oportunidade. Nos cursos especializados, você aprenderá com professores qualificados, que são referência na área, e terão a chance de explorar desde os princípios de Freud até as abordagens contemporâneas.

Através de uma metodologia envolvente e didática, você poderá aprofundar seu entendimento sobre o inconsciente, os mecanismos de defesa e outros temas essenciais da psicanálise. Não perca a chance de estudar com quem entende do assunto e transformar sua compreensão da psique humana. Inscreva-se hoje e amplie seus horizontes com a Casa do Saber.

Para começar, a Casa do Saber te oferece um conteúdo rico e gratuito para você iniciar seus estudos sobre o inconsciente. Preencha o formulário para receber o material:





Referências Bibliográficas

ROUDINESCO, Elisabeth; Plon, Michel. Dicionário de Psicanálise, Rio de Janeiro: Zahar, 1998.




O que é narcisismo? Entenda a partir da teoria de Freud
Gabriel Cravo Prado
O que é narcisismo? Entenda a partir da teoria de Freud
Você é uma pessoa narcisista? Entenda o que é narcisismo, suas características e conheça o Mito de Narciso através da psicanálise e da obra de Freud.

Vamos percorrer neste texto algumas ideias de Sigmund Freud, o fundador da psicanálise, que fez contribuições fundamentais para a compreensão do narcisismo.

Freud explorou como o narcisismo se relaciona ao desenvolvimento do eu e à formação da identidade, discutindo a transição entre o amor próprio e o amor aos outros. Suas reflexões sobre a libido e as fases do desenvolvimento infantil estão intrinsecamente ligadas à constituição do sujeito. Através de conceitos como o "narcisismo primário", "narcisismo secundário" e "libido", Freud lançou as bases para o entendimento contemporâneo desse fenômeno.



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O que é o mito do narciso?

O mito de Narciso, oriundo da mitologia grega, narra a trágica trajetória de um jovem de beleza ímpar, filho da ninfa Liríope e do deus do rio Céfiso. Segundo a narrativa, Narciso, ao se inclinar para beber água, se depara com sua própria imagem refletida e, em um ato de deslumbramento, se vê tragicamente consumido por uma obsessão por sua beleza.

Depois desse apaixonamento pela sua imagem, ele se torna surdo à Eco, uma ninfa que estava apaixonada por ele, e não corresponde essa paixão. Narciso então é tragado pela sua própria imagem refletida no lago e morre afogado. E é a partir do mito de narciso que Freud propõe um modelo para entender o que seria a origem do Eu.

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O que é narcisismo para a psicanálise?

O conceito de narcisismo possui características que divergem significativamente do que é geralmente discutido no senso comum, conforme descreveu Freud no artigo de 1914 Introdução ao Narcisismo:

"O narcisismo não seria uma perversão, mas o complemento libidinal do egoísmo do instinto de autoconservação, do qual justificadamente atribuímos uma porção a cada ser vivo" (FREUD, 2010/1914, p. 15)

Para Freud, o narcisismo é uma etapa crucial no desenvolvimento do eu, representando a transição do autoerotismo — onde o prazer é centrado no próprio corpo — para a escolha de outro ser como objeto de amor. Neste estágio, o indivíduo ainda não se distingue plenamente das demais pessoas e do mundo ao seu redor, refletindo uma fase em que a identificação com o eu é predominante.

Investimento libidinal e objeto

É importante observar que na teoria psicanalítica:

  • Investimento libidinal: refere-se à canalização da energia psíquica, ou libido, para objetos ou aspectos da realidade, como pessoas, ideias ou o próprio eu.
  • Objeto: é empregado para designar pessoas ou coisas do ambiente externo, do mesmo modo, a relação de objeto consiste na maneira que o sujeito lida com o mundo exterior.


Quanto você conhece Sigmund Freud?

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Narcisimo Primário e Narcisismo Secundário

Assim, para a psicanálise, narcisismo é compreendido como um investimento libidinal no próprio eu, essencial para a formação dele. Esses investimentos necessitam ser direcionados para outros objetos, para o mundo exterior, ou seja, o sujeito precisa fazer investimentos que vão para além de si. Como diz Freud “ É preciso amar para não adoecer" (FREUD, 2010/1014, p. 29) .

A teoria freudiana divide o narcisismo em duas partes, sendo narcisismo primário e narcisismo secundário.

Narcisismo primário Seria o estado precoce em que a criança investe toda a sua libido em si mesma. Essa é a fase do desenvolvimento que a libido está dirigida ao próprio eu. Pode-se dizer que é o reservatório da libido, para onde ela faz o seu retorno, trabalhando no autoerotismo.
Narcisismo secundário Aqui é quando a libido não está somente no eu, ela passa a ir em direção aos objetos externos, porém, acontece o fracasso da pulsão ao tentar obter satisfação por meio de objetos externos, levando o sujeito a novamente redirecionar essa energia para o próprio eu. É quando acontece um recolhimento dos investimentos objetais.


A escolha objetal para Freud

Ainda no mesmo texto, Freud descreve um breve sumário dos caminhos para a escolha de objeto, onde diz que uma pessoa pode amar (FREUD, 2010/1914: p. 36):

Conforme o tipo narcísico:

  • o que ela mesma é (a si mesma),
  • o que ela mesma foi,
  • o que ela mesma gostaria de ser,
  • a pessoa que foi parte dela mesma.

Em contrapartida, ao tipo de escolha narcísica, a escolha anaclítica pode recair sobre:

Conforme o tipo “de apoio”:

  • a mulher nutriz,
  • o homem protetor


A escolha anaclítica é vista como uma forma de projetar necessidades afetivas em outras pessoas que pode caracterizar esse tipo de amor. Essa escolha se contrasta com o amor narcísico, onde a própria pessoa é tomada como modelo e a escolha é segundo a sua imagem e semelhança. Cabe dizer que os dois tipos de escolha estão, ao mesmo tempo, presentes no sujeito.

Retrato de Freud feito por Salvador Dali
Sigmund Freud (1938) | Salvador Dali
Retrato de Freud feito por Salvador Dali



O que é uma pessoa narcisista?

O narcisismo é uma fase necessária da evolução da libido, antes que o sujeito se volte para um objeto sexual externo. É o que estrutura da subjetividade, é um aspecto da condição humana, assim, de algum modo, todos são narcisistas, pois todo sujeito possui uma porção de libido que pode ser investida em si mesmo e para outros objetos. Ela é investida parcialmente nos objetos e parcialmente no eu.


Em suma, pode-se dizer que todos possuem narcisismo, tendo em vista que ele atua como uma forma de organização para o sujeito, garantindo a própria preservação dele. Com isso pode-se afastar a ideia de estigmas associados a comportamentos considerados excessivamente egocêntricos ou vaidosos, pois o narcisismo é um investimento do sujeito em si mesmo.

Assim o narcisismo é importante para a psicanálise tendo em vista que nos estágios iniciais da vida, não se percebe os objetos como algo externo, gradativamente ao longo dos primeiros meses é que o infante aprende a se distinguir de outros objetos. Até aqui pode-se perceber que uma pessoa sem narcisismo seria uma pessoa com uma grave questão, tendo em vista que ela não teria empatia e não conseguiria se identificar com os objetos externos.




Como se aprofundar mais nos estudos sobre o narcisismo?

O conceito de narcisismo é fundamental na psicanálise e, além disso, requer uma análise cuidadosa. Para aprofundar-se, é fundamental investigar a obra de Freud, que estabelece as bases teóricas do narcisismo e suas implicações no desenvolvimento do eu.

É recomendada a leitura de textos clássicos, como Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade (1905), Introdução ao Narcisismo (1914), Luto e Melancolia (1917 [1915]). Jacques Lacan também teorizou sobre o tema no O Seminário 1 - Os Escritos Técnicos de Freud - Jacques Lacan e no escrito O Estádio do Espelho como Formador da Função do Eu.

Assistir aos cursos de psicanálise da plataforma da Casa do Saber é extremamente importante, também para se aprofundar no conceito de narcisismo.

Aqui vão 2 cursos essenciais para entender a teoria do narcisismo:





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREUD, Sigmund. Introdução ao Narcisismo (1914). Companhia das Letras: São Paulo, 2010.

GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Freud e o Inconsciente. Zahar: Rio de Janeiro, 1985.

ROUDINESCO, Elisabeth; Plon, Michel. Dicionário de Psicanálise, Rio de Janeiro: Zahar, 1998.







Neurose, psicose e perversão: qual a diferença?
Gabriel Cravo Prado
Neurose, psicose e perversão: qual a diferença?
Saiba diferenciar as estruturas psíquicas neurose, psicose e perversão e identifique os seus sintomas pela teoria de Freud sobre as origens inconscien

A compreensão de neurose, psicose e perversão é fundamental para entender os conceitos centrais da teoria psicanalítica. Essas estruturas clínicas descrevem diferentes maneiras pelas quais o sujeito se relaciona com o mundo externo. Neste artigo, vamos explorar as principais diferenças entre neurose, psicose e perversão, suas origens e nas manifestações clínicas.



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Neurose: conflito e recalque

É uma estrutura clínica que os sintomas manifestados funcionam como uma expressão simbólica de um conflito psíquico subjacente, cujas raízes podem ser rastreadas na história infantil do indivíduo. Esse conflito origina-se de um compromisso entre os desejos inconscientes e os mecanismos de defesa, os quais buscam mitigar o impacto do desejo reprimido ou não realizado. Esse fenômeno é muitas vezes interpretado como um reflexo de tensões internas não resolvidas, que emergem na forma de distúrbios psicológicos ou somáticos.

Na estrutura neurótica, encontram-se dois possíveis diagnósticos que auxiliam o psicanalista na direção do tratamento, a histeria e a neurose obsessiva. Ambas representam características e sintomas específicos e se distinguem pelos mecanismos de defesa e por maneiras particulares de manifestação do conflito psíquico.

Histeria As duas formas sintomáticas mais comuns da histeria são a histeria de conversão e a histeria de angústia. Na histeria de conversão, o conflito psíquico se manifesta por meio de sintomas corporais diversos, que podem ter um caráter mais exacerbado. Já na histeria de angústia, a angústia tende a se fixar em um objeto específico do mundo externo, resultando em fobias. Mesmo na ausência de sintomas evidentes, como fobias ou conversões físicas, a especificidade da histeria está ligada a certos mecanismos psicológicos, especialmente o recalque (muitas vezes perceptível), e à predominância de determinadas identificações. Além disso, a histeria está profundamente associada ao conflito edipiano, com seus desdobramentos nos registros libidinais fálico e oral, que desempenham um papel central na dinâmica emocional do sujeito.
Neurose Obsessiva Nessa condição, o conflito psíquico manifesta-se por meio de sintomas compulsivos, como pensamentos obsessivos, a compulsão para realizar atos indesejados, resistência interna a essas tendências, rituais repetitivos, entre outros. Além disso, um traço distintivo desse tipo de neurose é a predominância de um modo de pensar caracterizado pela ruminação mental, pela dúvida constante, pelos escrúpulos, o que frequentemente resulta em inibições tanto do pensamento quanto da ação. Freud, ao longo do tempo, foi refinando sua definição das neuroses obsessivas, considerando suas manifestações e origens psíquicas, com ênfase nos conflitos inconscientes que geram essas condições.



Os sintomas neuróticos são, muitas vezes, uma representação simbólica de conflitos não resolvidos. São manifestações de uma luta interna entre o desejo e as exigências do mundo externo, ou seja, uma expressão de um desejo que não pode ser satisfeito diretamente e com isso se instaura o sintoma como uma formação de compromisso entre essas forças conflitantes.

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O que é psicose: a perda de contato com a realidade

Para Freud, a psicose se caracteriza por uma ruptura fundamental entre o sujeito e a realidade externa, indo além de simples sintomas de sofrimento psíquico, como ocorre nas neuroses. A principal distinção entre a psicose e a neurose, segundo Freud, é que o psicótico não possui a capacidade de reconhecer sua distorção da realidade. Enquanto o neurótico é capaz de perceber a disfunção de seus pensamentos e emoções, o psicótico vivencia um mundo completamente alterado, frequentemente marcado por delírios e alucinações.

Freud via a psicose como uma reconstrução inconsciente de uma realidade delirante ou alucinatória, onde o sujeito, isolado em sua própria interpretação do mundo, perde a conexão com a experiência compartilhada pela sociedade. Nesse sentido, a psicose foi entendida como uma reorganização psíquica que busca substituir a realidade externa por uma versão interna.

Afinal, o que é loucura?

O que a ideia de “normalidade” realmente significa? A psicanálise, desde seu início, desafia a ideia de “normalidade” como uma condição vista como “natural” do ser humano, e apresenta uma concepção mais nuançada dessa ideia. O professor, psiquiatra e psicanalista Marcelo Veras desvenda esses pensamentos no curso Somos Todos Loucos? De Perto, Ninguém é Normal.

Assista ao curso de Marcelo Veras na Casa do Saber




O que é perversão: desejo e transgressão

Freud reformula a concepção de perversão, distanciando-a das interpretações populares que a viam como um simples desvio da norma socialmente estabelecida. Embora a palavra "perversão" já fosse utilizada antes de Freud para descrever comportamentos que se afastavam do que era considerado sexualmente normal ou aceitável em uma determinada sociedade, Freud atribui a essa noção um significado mais profundo, relacionado aos processos inconscientes da pulsão. Para ele, a perversão não é apenas um desvio do comportamento socialmente esperado, mas um desvio da própria pulsão, que, em vez de alcançar o objeto tradicional de desejo, se desvia para outras formas de satisfação.

Ele também articula a perversão dentro de uma estrutura clínica mais ampla. Nesse contexto, a perversão é associada à maneira como o sujeito lida com a castração, um conceito fundamental na psicanálise. Ao contrário da neurose e da psicose, onde a castração é enfrentada de outras formas, a perversão é uma maneira de negar a castração. Essa negação não é uma simples rejeição, mas um modo de estruturar a sexualidade de forma a evitar o reconhecimento da falta, substituindo-a por uma busca incessante por objetos que permitam uma satisfação contínua, muitas vezes sem finalização.




Como aprender mais sobre a teoria psicanalítica

Se você se interessa em compreender melhor os complexos conceitos de neurose, psicose e perversão, fundamentais para a psicanálise, uma excelente maneira de aprofundar seus conhecimentos é através de um estudo estruturado e guiado.

Além disso, a Casa do Saber + e o Programa + Psicanálise oferecem cursos que constituem uma excelente oportunidade para aprofundar o entendimento de outros conceitos essenciais da psicanálise. Esses cursos são cuidadosamente estruturados para proporcionar uma análise aprofundada e uma discussão instigante, permitindo aos participantes explorar as complexidades e as implicações teóricas da psicanálise de forma mais ampla e detalhada.

Resumo sobre neurose, psicose e perversão

A neurose, envolve os sintomas de angústia, compulsões e conflitos inconscientes; a psicose é caracterizada pela perda de contato com a realidade, e a perversão, envolve desvios da pulsão e a negação da castração.




Referências Bibliográficas:

LAPLANCHE, Jean; PONTALIS, Jean-Bertrand. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

ROUDINESCO, Elisabeth; Plon, Michel. Dicionário de Psicanálise, Rio de Janeiro: Zahar, 1998.