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Burnout: Sintomas do Cansaço Mental, Causas e Tratamento
Xavana Celesnah
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Burnout: Sintomas do Cansaço Mental, Causas e Tratamento
Conheça os sintomas da síndrome de burnout, mal-estar ligado ao trabalho, e descubra como o tratamento pode ajudar a restaurar o equilíbrio emocional

Nos últimos anos, o termo burnout se popularizou e tem se tornado cada vez mais presente no vocabulário de quem lida com as pressões do ambiente de trabalho e as inúmeras atividades da vida moderna.

Caracterizado por um estado de exaustão física e emocional, o burnout é uma síndrome do esgotamento profissional que afeta especialmente aqueles que vivem em locais de alto estresse. Seus efeitos costumam ser devastadores para o indivíduo acometido e também para seus relacionamentos profissionais e pessoais.

Neste artigo, vamos mostrar como o burnout se desenvolve, quais são seus principais sintomas e discutir o impacto do neoliberalismo nesse cenário, além de apresentar opções de tratamento para lidar com esse problema crescente no mundo do trabalho.

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O que é a Síndrome de Burnout?

A síndrome de burnout é um distúrbio emocional que resulta da exposição prolongada ao estresse das exigências do trabalho, seja pelas longas horas da jornada laboral ou pelas responsabilidades das atribuições. O burnout é identificado pela exaustão física e mental que causa no indivíduo, devido às atividades do trabalho.

A síndrome está incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID-11), de 2019, como um fenômeno ocupacional. Ela não é uma doença, mas está descrita como um fator que influencia o estado de saúde.

O termo "burnout" significa "queimar até o fim" e foi adotado pelo psicólogo Herbert Freudenberger na década de 1970, para definir o esgotamento de profissionais de saúde e cuidadores de dependentes químicos. Com o tempo, o conceito se expandiu para qualquer profissional exposto a níveis elevados de pressão e estresse no ambiente de trabalho.

Burnout vai além de um simples cansaço após um dia exaustivo. Trata-se de um processo gradual que leva à exaustão física e mental, prejudicando a saúde psicológica e a produtividade. Com pressão por resultados e a falta de tempo para o autocuidado, o trabalhador começa a perder o entusiasmo pelas tarefas diárias, chegando a se sentir incapaz de atender às expectativas profissionais e até pessoais.

O contexto de competitividade que faz parte da lógica neoliberal cria um terreno propício para o desenvolvimento dos casos de burnout. Principalmente porque o neoliberalismo valoriza a produtividade e o desempenho profissional acima do bem-estar individual.

Causas e Fatores de Risco do Burnout

O burnout não surge repentinamente; ele é o resultado de um acúmulo gradual de fatores estressantes ao longo do tempo. As principais causas incluem:

  • Sobrecarga de Responsabilidades: A pressão constante para atender às exigências profissionais, mesmo diante do esgotamento, é um dos principais gatilhos. A sensação de nunca conseguir "fazer o suficiente" alimenta o ciclo de exaustão.
  • Horas Extras Frequentes: A necessidade de trabalhar além do horário normal, seja por exigências externas ou internas, compromete o tempo de descanso e acelera o desgaste físico e mental.
  • Estresse Contínuo: A exposição constante ao estresse, especialmente em ambientes de alta pressão, pode criar um clima tóxico para a saúde mental e física. Profissionais que enfrentam situações de grande responsabilidade são especialmente vulneráveis.
  • Falta de Equilíbrio entre Vida Profissional e Pessoal: A dificuldade em estabelecer limites claros entre trabalho e vida pessoal contribui significativamente para o desenvolvimento do burnout, levando a um esgotamento generalizado.


Sintomas de Burnout: Como Identificar os Sinais de Alerta

A identificação dos sintomas de burnout pode ser difícil, pois, muitas vezes, os sinais iniciais são confundidos com simples cansaço ou falta de motivação temporária. No entanto, existem alguns sintomas específicos que podem indicar o início da síndrome. Entre os sintomas de burnout, destacam-se:

  1. Exaustão constante: O cansaço físico e mental é profundo e persistente, não se resolvendo com descanso. A pessoa sente que, por mais que tente descansar, sua energia nunca é restaurada.
  2. Queda na eficiência no trabalho: A exaustão física e mental reduz a capacidade de produzir de forma eficaz, ao contrário da crença popular de que trabalhar mais horas leva a mais resultados. A fadiga só aumenta os erros e a sensação de ineficiência.
  3. Sentimento de fracasso e incompetência: A sensação de não ser capaz de atender às expectativas – seja de si mesmo ou dos outros – leva à baixa autoestima e a um quadro de insegurança crônica.
  4. Distanciamento emocional – A pessoa pode começar a se sentir desconectada de suas responsabilidades, criando um certo cinismo em relação ao trabalho, como forma de proteção contra a sobrecarga emocional.
  5. Sintomas físicos – O estresse excessivo pode causar dores de cabeça, insônia, problemas digestivos, dores musculares e até aumento da pressão arterial, sinais de que o corpo também está sobrecarregado.
  6. Flutuações de humor: A pessoa com burnout frequentemente experimenta mudanças abruptas de humor, como irritabilidade, ansiedade e episódios depressivos. Essas oscilações afetam negativamente tanto o ambiente de trabalho quanto as relações pessoais.
  7. Dificuldade de concentração: A perda de foco nas tarefas cotidianas é um dos sinais mais evidentes do burnout, o que resulta em uma queda na performance e um aumento na sensação de incapacidade.


Esses sintomas não aparecem de forma abrupta, mas se desenvolvem ao longo do tempo. Quando não tratados, podem levar a sérios danos à saúde mental e física, criando um ciclo vicioso de exaustão.

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O Impacto do Neoliberalismo no Desenvolvimento da Síndrome de Burnout

Nos últimos anos, o ambiente de trabalho tem sido profundamente marcado por uma busca incessante por produtividade. E, de acordo com o professor de filosofia da Universidade de São Paulo, Vladimir Safatle, o neoliberalismo, com seu foco em empreendedorismo e eficiência a qualquer custo, contribui para esse cenário, criando um ambiente onde o trabalhador é constantemente desafiado a se superar, muitas vezes sem considerar suas necessidades emocionais e psicológicas.

A lógica neoliberal, que valoriza a competitividade e a constante busca por resultados, muitas vezes resulta na falta de satisfação e felicidade dos profissionais, fazendo com que o trabalho se torne uma fonte de estresse. O incentivo à "performance" e à "excelência" sem considerar o equilíbrio entre vida profissional e pessoal contribui significativamente para o aumento de casos de burnout.

Além do impacto no ambiente de trabalho, o neoliberalismo também exerce uma influência significativa sobre a vida psíquica dos indivíduos. Não se trata apenas de uma estrutura organizacional voltada para a economia, mas de uma reconfiguração dos valores e das relações sociais. A transformação promovida pelo neoliberalismo afeta a maneira como as pessoas se percebem e se relacionam, tanto no trabalho quanto em suas interações pessoais.

Ainda segundo o professor Vladimir Safatle, o conceito de "liberdade" defendido pelo neoliberalismo acabou transformando a sociedade em um campo de competição constante. O estado, sob essa ótica, deveria agir para permitir que essa liberdade se desenvolvesse, mas sem intervir nas questões sociais e políticas. Essa visão levou à disseminação do empreendedorismo como um valor central, fazendo com que todas as relações sociais fossem mediadas pela lógica da concorrência, o que, por sua vez, enfraqueceu os laços de solidariedade e cooperação. O impacto do neoliberalismo se reflete em uma reorganização profunda dos valores sociais e emocionais, intensificando o estresse e as pressões no ambiente de trabalho.

Burnout Tratamento: Como Recuperar a Saúde Mental

O tratamento eficaz da síndrome de burnout envolve transformações no local de trabalho e no estilo de vida. O apoio psicológico também é essencial para a superação do quadro e, dependendo do caso, pode ser necessário intervenção medicamentosa. O principal objetivo é aliviar os sintomas do burnout e restaurar o equilíbrio emocional do indivíduo. Veja as principais indicações para recuperar a saúde mental afetada pelo burnout:

Como tratar o Burnout?
Redução do Estresse no Ambiente de Trabalho – A primeira medida para combater o burnout é diminuir as fontes de estresse crônico no trabalho. Isso pode incluir a redistribuição de tarefas e o estabelecimento de limites claros em relação à jornada de trabalho.
Psicoterapia: Buscar apoio psicológico é fundamental para quem sofre de burnout.
Pausas e Recuperação: O descanso é uma parte essencial do processo de tratamento. Em muitos casos, é necessário um período de afastamento do trabalho para permitir a recuperação física e emocional.
Apoio Social: Ter uma rede de apoio sólida – composta por familiares, amigos ou colegas de trabalho – pode ser determinante para a recuperação. O isolamento social tende a agravar os sintomas do burnout, enquanto o suporte emocional proporciona alívio e fortalece a resiliência.


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Consequências do Burnout

O burnout gera uma série de consequências quando não é tratado de forma adequada, afetando a saúde mental e física de quem for acometido pela síndrome. No aspecto psicológico, a condição pode evoluir para distúrbios como depressão, ansiedade, e até transtornos mais sérios, como o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). No corpo, os sintomas físicos do burnout podem se manifestar em problemas como hipertensão, doenças cardíacas, insônia e distúrbios gastrointestinais, afetando a saúde geral.

Além disso, o burnout tende a comprometer de forma significativa a produtividade e o desempenho no trabalho. O profissional exausto torna-se menos eficiente, menos comprometido e menos motivado. A consequência disso é sentida diretamente nos resultados. Assim, acontece uma queda abrupta na qualidade do trabalho, fato que prejudica o psicológico do profissional e afeta a empresa.

A prevenção do burnout começa com o autoconhecimento. Reconhecer os sinais de esgotamento e perceber quando o trabalho está afetando a saúde mental e física é essencial. Estabelecer um equilíbrio saudável entre o trabalho e a vida pessoal ajuda a preservar a energia emocional e física, evitando o colapso.

Nesse contexto, é de suma importância que as empresas também reconheçam o aumento dos casos e repensem suas práticas. Organizações que incentivam uma cultura de respeito aos limites e à saúde dos trabalhadores são menos propensas a ver o burnout afetar seus colaboradores. Ambientes que priorizam o bem-estar coletivo e a colaboração, em vez da competição desenfreada, criam condições mais saudáveis para o desempenho sustentável.

Conclusão

A síndrome de burnout é um reflexo direto da cultura de trabalho atual, que valoriza a produtividade incessante em detrimento do bem-estar dos indivíduos. Embora o trabalho seja importante, ele não deve ser a única prioridade na vida. Cuidar da saúde mental, estabelecer limites e procurar apoio quando necessário são ações essenciais para evitar o burnout.

Se você está sentindo os sintomas dessa síndrome, é fundamental procurar ajuda. A psicoterapia, combinada com práticas de autocuidado, é um caminho eficaz para a recuperação. Não subestime os sinais de sobrecarga – sua saúde deve ser sempre a sua maior prioridade.

O burnout é um alerta para a reflexão sobre as condições de trabalho que favorecem o seu surgimento. As cobranças constantes, as pressões por perfeição e desempenho, impulsionadas por um sistema econômico focado em resultados criam um terreno fértil para a proliferação de profissionais com a síndrome. Para prevenir o burnout, é necessária uma transformação na mentalidade das organizações, evitando as cobranças além da conta e respeitando o tempo de descanso dos profissionais, que muitas vezes precisam ficar respondendo mensagens via whatsapp ou outros aplicativos de mensagem instantânea mesmo estando fora dos seus horários de trabalho.

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Perguntas Frequentes sobre Burnout

  1. Quais são os principais sinais de que estou sofrendo de burnout?
    Os principais sinais incluem exaustão física e mental constantes, sensação de impotência e fracasso, distanciamento emocional do trabalho, dificuldade de concentração e sintomas físicos como dores de cabeça e insônia. Caso esses sintomas persistam, é importante procurar apoio profissional.
  2. Como prevenir o burnout no ambiente de trabalho?
    A prevenção envolve o estabelecimento de limites claros entre vida pessoal e profissional, a promoção de uma cultura organizacional que valorize o bem-estar dos colaboradores, e o incentivo à comunicação aberta sobre o estresse e as dificuldades enfrentadas. Além disso, práticas regulares de autocuidado e pausas durante o expediente são fundamentais para manter o equilíbrio.


Referências:

https://curadoria.casadosaber.com.br/cursos/420/o-mal-estar-no-neoliberalismo-psicanalise-e-sofrimento-social

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/s/sindrome-de-burnout

https://www.paho.org/pt/noticias/28-5-2019-cid-burnout-e-um-fenomeno-ocupacional




Ansiedade: Sintomas, Causas, Crise de Ansiedade e Transtornos
Xavana Celesnah
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Ansiedade: Sintomas, Causas, Crise de Ansiedade e Transtornos
Saiba o que é ansiedade, crise de pânico e transtornos relacionados. O tratamento da ansiedade com psicólogo e psiquiatra e a melhora da saúde mental

A ansiedade é uma emoção humana universal caracterizada por sentimentos de preocupação, medo e apreensão, geralmente despertados em situações de incerteza ou pressão. Todos nós a experimentamos em algum momento. Em si, ela não é uma doença.

Apesar de ser uma reação natural e muitas vezes útil, que nos prepara para enfrentar desafios, a ansiedade pode se tornar um problema quando ganha proporções excessivas e se transforma em um transtorno, passando a interferir no cotidiano, afetando o sono, o humor e as relações interpessoais.

Os casos de sofrimento psíquico, exigem cuidado especializado. Assim como todos os problemas de saúde mental, os transtornos de ansiedade precisam ser tratados com mais naturalidade, retirando-se o preconceito e o estigma tão culturalmente arraigados em relação a tudo o que diz respeito às questões de ordem emocional.

O Que é Ansiedade?

A ansiedade é uma reação emocional do corpo diante de situações que envolvem incerteza ou perigo. De acordo com o psiquiatra Rodrigo Bressan, “nosso corpo, através dos sistemas nervosos autônomo e simpático, está preparado para situações de luta ou fuga”, por possuir um mecanismo biológico capaz de lidar com situações de perigo. Mas, existem contextos de estresse que ultrapassam a capacidade de regulação emocional do corpo, fazendo com que as pessoas saiam do eixo e causando diversos problemas de saúde mental, como os transtornos de ansiedade.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os transtornos de ansiedade são os transtornos mentais mais comuns do mundo e afetaram aproximadamente 301 milhões de pessoas em 2019, o que corresponde a cerca de 4% da população mundial. Ainda segundo a OMS, as mulheres são mais afetadas por este tipo de transtorno do que os homens e os sintomas começam a surgir na infância e na adolescência.

Os transtornos de ansiedade, além de provocarem sofrimento, interferem de forma significativa nas atividades cotidianas, causando grande impacto no nível de incapacitação da nossa sociedade. Quando não tratados, esses sintomas podem persistir por anos, impactando ainda mais na saúde mental e emocional do indivíduo.

A boa notícia é que grande parte dos transtornos mentais, como os de ansiedade, são tratáveis e existem terapias e intervenções altamente eficazes, como a psicoterapia e o uso de medicamentos, que podem ajudar a controlar os sintomas e permitir que a pessoa recupere o bem estar e a qualidade de vida.

Apesar da alta prevalência e do impacto significativo desses transtornos, estima-se que apenas 1 em cada 4 pessoas com os sintomas busque tratamento. A falta de conscientização sobre a natureza tratável da condição, o baixo investimento público em serviços de saúde mental, a falta de profissionais de saúde qualificados para este tipo de atendimento e o estigma social em torno do tema são algumas das barreiras que dificultam o acesso a um tratamento adequado, segundo a OMS.

Para aprofundar os seus conhecimentos no assunto e compreender melhor as novas formas de sofrimento psíquico, assista a masterclass gratuita da Casa do Saber com o professor e psicanalista Alexandre Patricio de Almeida. Ele aborda as psicopatologias atuais na perspectiva da psicanálise e reflete se os transtornos mentais da atualidade são os mesmos definidos por Freud no final do século XIX e início do século XX.

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Sintomas de Ansiedade

Os sintomas de ansiedade podem variar de pessoa para pessoa, mas geralmente incluem manifestações físicas e emocionais. É importante entender que a ansiedade não é um fenômeno exclusivamente psicológico. Ela também afeta o corpo e muitas pessoas com transtornos de ansiedade experimentam uma série de sintomas físicos que podem ser tão intensos ao ponto de se confundirem com outros problemas de saúde. Assim, os transtornos de ansiedade podem provocar sintomas físicos, emocionais e comportamentais.

Sintomas Físicos da Ansiedade

Os sintomas físicos mais recorrentes dos transtornos de ansiedade incluem:

  • Tensão muscular: A musculatura do corpo, especialmente nas regiões do pescoço, ombros e mandíbula, tende a se contrair, causando desconforto.
  • Taquicardia: O aumento da frequência cardíaca é o sintoma clássico da ansiedade. As palpitações e a sensação de coração acelerado são muito frequentes.
  • Falta de ar: A dificuldade para respirar ou "respiração curta" é recorrente em episódios de ansiedade, especialmente durante ataques de pânico.
  • Suor excessivo: Suor demasiado, especialmente nas palmas das mãos, axilas ou testa, mesmo em situações sem estresse imediato.
  • Tremores nas mãos: O nervosismo pode causar tremores involuntários nas mãos ou até mesmo em outras partes do corpo
  • Boca seca: A ansiedade pode diminuir a produção de saliva, resultando em boca seca e desconforto.
  • Dores no peito: O estresse físico pode provocar dores no peito ou uma sensação de pressão, frequentemente confundida com problemas cardíacos.
  • Náuseas e desconforto abdominal: O estômago e o sistema digestivo podem reagir de maneira exacerbada ao estresse, causando náuseas, cólicas ou diarreia.


Sintomas Emocionais e Psicológicos da Ansiedade

Os transtornos de ansiedade, além de causarem sintomas físicos, manifestam-se no emocional do indivíduo, afetando o seu bem-estar e a qualidade dos seus relacionamentos. Dentre os sintomas psicológicos da ansiedade, as pessoas experimentam:

  • Preocupação excessiva: A mente fica sem paz, devido à preocupação permanente com todas as atividades cotidianas. Tarefas do trabalho, problemas familiares, atividades pessoais, tudo está sendo processado com muita velocidade e os pensamentos estão sempre direcionados à próxima atividade que deve ser realizada, retirando o indivíduo do presente. Nesses casos, a meditação mindfulness pode auxiliar como uma terapia complementar e trazer a mente de volta ao presente.
  • Medo iminente: A sensação angustiante de que algo terrível pode acontecer a qualquer momento é outro sintoma comum. Esse medo pode não ter um motivo claro, mas também pode estar associado a algum evento na vida do indivíduo, como uma viagem, uma apresentação importante, algum evento social.
  • Irritabilidade: Pessoas ansiosas tendem a se tornar mais irritadas e impacientes, agindo de maneira ríspida no cotidiano.
  • Dificuldade de concentração: Como a mente está repleta de pensamentos voltados para o futuro, é comum que haja uma dificuldade de concentração em tarefas do dia a dia. Esse fator é particularmente prejudicial à produtividade, afetando o indivíduo no trabalho.
  • Nervosismo ou inquietação: As pessoas tendem a se sentir em alerta constante, sem relaxar. Daí a sensação de inquietude, pois vivem como se estivessem prestes a ter uma crise a qualquer momento.




Sintomas Comportamentais da Ansiedade

Todos os sintomas da ansiedade estão interligados, mas de maneira didática eles são divididos nesses três tipos: físicos, emocionais e comportamentais. Em relação ao comportamento, os indivíduos acometidos com o transtorno podem começar a adotar certos padrões com o desejo de evitar o desconforto da ansiedade. Veja exemplos de como a ansiedade afeta o comportamento:

  • Dificuldade para dormir (insônia): As pessoas com transtornos de ansiedade geralmente têm dificuldades para relaxar e adormecer. A mente hiperativa, cheia de preocupações, impede o descanso adequado.
  • Isolamento: Uma das respostas mais comuns à ansiedade é evitar situações que possam desencadear medo ou desconforto. Assim, alguém com transtorno de ansiedade pode evitar encontros sociais ou eventos públicos.
  • Procrastinação: A ansiedade provoca dificuldade de tomada de decisões e acaba deixando as pessoas sem realizar suas atividades. O medo do fracasso é outro motivo que gera a procrastinação.
  • Comportamentos de fuga: Em alguns casos, a pessoa pode buscar formas de "escapar" da ansiedade, como o abuso de substâncias.


O que é uma Crise de Ansiedade?

Uma crise de ansiedade é um episódio intenso e súbito em que os sintomas de ansiedade atingem um pico, causando grande desconforto e aflição. Geralmente, essas crises estão relacionadas a eventos estressantes. Elas costumam ter uma duração limitada, por volta de 30 minutos, mas podem deixar a pessoa com uma sensação de cansaço extremo ou vulnerabilidade quando passam.

Durante uma crise de ansiedade, a pessoa normalmente vivencia sintomas emocionais e físicos. Entre os sintomas psicológicos estão: sensação de medo, angústia, nervosismo, apreensão, sensação de estar fora de si mesma e de que o mundo ao redor não é real. A mente tende a se concentrar nas piores possibilidades, com o medo iminente de perder o controle ou até mesmo de morrer.

Já os sintomas físicos são consequência da liberação de hormônios como o cortisol e a adrenalina, que são ativados pelo sistema nervoso simpático em situações de estresse. Eles podem incluir:

  • Aceleração do batimento cardíaco e palpitações
  • Sensação de sufocamento ou falta de ar
  • Tontura e sensação de desmaio
  • Formigamento nas extremidades
  • Aumento da pressão arterial
  • Suor excessivo, boca seca, mãos geladas e pele fria
  • Náuseas, podendo até levar ao vômito
  • Vontade frequente de urinar


Durante uma crise, as pessoas sentem dificuldade em realizar tarefas cotidianas, e ficam incapazes de retomar a normalidade até que o episódio termine. Existem tratamentos eficazes para as crises de ansiedade, que podem ser feitos através de atendimentos psicológicos. Além disso, as técnicas de relaxamento e atenção plena podem reduzir os sintomas do transtorno.

Diferença entre Crise de Ansiedade e Crise de Pânico

A crise de pânico é um tipo específico de ataque de ansiedade e ambos possuem sintomas semelhantes. O que costuma diferenciá-los é a causa. A crise de pânico normalmente ocorre sem um motivo identificável, sem uma causa óbvia e costuma ser acompanhada de um medo súbito de morrer.

Uma crise de pânico, pode ocorrer de forma inesperada, sem qualquer aviso, e se caracteriza por ser extremamente aterrorizante.

Já a crise de ansiedade é desencadeada por algum estímulo estressante específico. A síndrome do pânico, por sua vez, é a recorrência de ataques de pânico, que acontecem com frequência e de forma imprevisível.

Os sintomas da crise de pânico incluem:

  • Aumento súbito do batimento cardíaco
  • Dificuldade para respirar ou sensação de sufocamento
  • Suor excessivo, calafrios ou tremores
  • Sensação de morte iminente ou perda de controle


Embora assustadoras, as crises de pânico geralmente não apresentam risco físico imediato. No entanto, quando são recorrentes, elas podem levar ao desenvolvimento de um transtorno de pânico, que prejudica significativamente a qualidade de vida da pessoa.

Tipos de Transtornos de Ansiedade

Pela visão da psiquiatria, os transtornos de ansiedade podem se manifestar de várias formas e cada tipo tem características específicas que afetam a vida cotidiana de maneira distinta. Os transtornos mais comuns incluem o transtorno de ansiedade generalizada (TAG), o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), a fobia social e o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Veja a seguir os principais tipos de transtornos de ansiedade, com suas particularidades e sintomas típicos.

TIPOS DE TRANSTORNO DE ANSIEDADE SINTOMAS
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) É caracterizado por preocupações persistentes e exageradas com as situações do cotidiano. As pessoas com esse tipo de transtorno se sentem ansiosas em relação ao trabalho, à saúde, aos relacionamentos, às finanças. Ou seja, o medo abrange basicamente todos os aspectos da vida e causa um forte desgaste emocional e físico no indivíduo.
Transtorno de Pânico É identificado quando a pessoa tem o histórico de vários episódios de ataque de pânico. A sensação de perda de controle, falta de ar, desespero, medo da morte são constantes.
Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social) Diz respeito a um medo de ser julgado, rejeitado ou humilhado em situações sociais. Ademais, a pessoa com fobia social tem pavor de apresentações em público ou reuniões. É um transtorno que prejudica as relações interpessoais e o desenvolvimento profissional.
Agorafobia É um transtorno relacionado ao medo de estar em lugares desconhecidos ou onde o indivíduo sente que não tem o controle sobre a situação. O medo de não conseguir escapar ou de não conseguir obter ajuda limitam o deslocamento de quem tem esse tipo de transtorno. Viajar de ônibus ou avião, estar em espaços fechados, como cinemas, lojas, ou mesmo no transporte público podem ser extremamente difíceis para quem tem agorafobia.
Fobias Específicas São medos irracionais e intensos de objetos ou situações específicas, como medo de voar, de aranhas, de cobras, de locais fechados ou de altura. Esses medos podem ser tão paralisantes que a pessoa afetada fará o possível para evitar enfrentar a situação ou objeto temido. Apesar de serem inconscientes, essas fobias podem gerar grande sofrimento emocional e interferir nas atividades diárias.
Mutismo Seletivo É um transtorno que afeta principalmente crianças e é mais comum em meninas. Caracteriza-se pela incapacidade de falar em determinadas situações sociais. As crianças com mutismo seletivo têm dificuldade em interagir fora do seu círculo familiar próximo, atrapalhando sua adaptação escolar e social.
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) Ocorre após a pessoa viver uma situação traumatizante, como um acidente grave, um abuso ou violência. Ela se manifesta através de flashbacks, pesadelos e uma sensação de alerta. A pessoa fica revivendo o trauma e tende a evitar lugares e atividades que lembrem o evento traumático.
Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) Envolve a presença de pensamentos repetitivos: ideias, imagens ou impulsos que surgem de forma repetitiva e incontrolável. Para aliviar a ansiedade causada por esses pensamentos, a pessoa pode desenvolver comportamentos compulsivos, como lavar as mãos repetidamente, verificar várias vezes se a porta está trancada ou realizar constantes rituais de organização.



Vivemos em uma cultura que proporciona o desenvolvimento da ansiedade. Estamos sempre consumidos com as próximas tarefas que precisam ser realizadas e existe uma competitividade extrema por desempenho. Nesse sentido, mesmo que não ocorram fatores estressantes diretos, é possível que as pessoas desenvolvam algum transtorno de ansiedade devido ao estilo de vida que levam.

Além disso, a ansiedade pode ser causada por relacionamentos abusivos, ambientes familiares e profissionais tóxicos, traumas e estresse crônico. O histórico familiar também pode aumentar as chances de desenvolver o problema.

Relação entre Ansiedade e Depressão

É comum a coexistência da ansiedade com a depressão em uma mesma pessoa. Os sintomas de um transtorno acabam agravando os do outro, gerando um ciclo vicioso. Transtornos de ansiedade podem causar uma preocupação intensa em relação ao futuro que acabam gerando uma descrença no próprio potencial.

Além disso, pessoas deprimidas podem tentar usar substâncias como uma forma de anestesiar suas dores e acabam desenvolvendo crises de ansiedade devido ao consumo de drogas.

Psicólogo ou Psiquiatra: Quando Consultar Cada Um?

A escolha entre consultar um psicólogo ou um psiquiatra depende das necessidades e características de cada caso. Ambos os profissionais têm papeis complementares, mas com enfoques diferentes no tratamento da ansiedade.

  • Psicólogo: O psicólogo trabalha com o paciente para explorar e compreender as causas emocionais e comportamentais da ansiedade. Ele pode utilizar diversas abordagens terapêuticas, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que foca em identificar e modificar padrões de pensamento disfuncionais que alimentam a ansiedade.
  • Psiquiatra: O psiquiatra, por sua vez, tem a capacitação necessária para diagnosticar transtornos mentais e, quando necessário, prescrever medicamentos, como antidepressivos ou ansiolíticos, para controlar os sintomas da ansiedade. Embora os psiquiatras também realizem sessões de psicoterapia, sua especialização é focada no tratamento medicamentoso e no diagnóstico de condições relacionadas a outros transtornos de saúde mental, como depressão, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) ou transtornos de pânico.


A Psicanálise e o Tratamento da Ansiedade

A análise pessoal, por meio da psicanálise, também é eficaz no tratamento dos transtornos de ansiedade, pois trata a questão a partir do inconsciente. De acordo com a psicanálise, existe uma parte da mente humana que armazena conteúdos que o sujeito não consegue perceber conscientemente. Isso ocorre, dentre outros aspectos, porque esses elementos podem entrar em conflito com a imagem que a pessoa construiu a respeito de si mesma.

Para a psicanálise, a ansiedade excessiva ou patológica está frequentemente associada a esses conteúdos inconscientes. Em vez de ver os eventos estressores como a causa direta da ansiedade, a psicanálise considera que eles funcionam como gatilhos, que desencadeiam reações emocionais intensas. Esses gatilhos, na verdade, estão relacionados a experiências ou conflitos reprimidos no inconsciente, que ainda não foram processados.

Nesse sentido, a psicanálise entende que grande parte de nossas questões e conflitos mais profundos estão guardados no inconsciente, e, por isso, somos incapazes de reconhecê-los por conta própria. Isso é mais evidente ainda em relação aos traumas e emoções reprimidos durante a infância ou adolescência, que, mais tarde, podem se manifestar como sintomas de ansiedade na vida adulta.

O trabalho do psicanalista é ajudar o paciente a perceber que a situação imediata, que ele acredita ser a causa da ansiedade, é apenas um gatilho que ativa questões mais profundas e inconscientes. Durante a análise, por meio do discurso, o paciente passa a trazer suas questões e o psicanalista o ajuda a elaborar essas conexões.

Esse processo gradual permite que o paciente entre em contato com os conteúdos reprimidos do inconsciente, os reconheça e, ao fazer isso, reduza a sua ansiedade e insegurança. Portanto, pessoas que sofrem de ansiedade podem se beneficiar significativamente de um tratamento baseado nos princípios da psicanálise.

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Como tratar a ansiedade?

O tratamento para os transtornos de ansiedade é eficaz e pode ser realizado por meio de diferentes abordagens, incluindo terapias, o processo de análise, intervenções medicamentosas orientadas por um psiquiatra e mudanças no estilo de vida. O sucesso do tratamento depende não apenas das intervenções, mas também da qualidade da relação entre o paciente e o profissional de saúde.

A confiança e o vínculo terapêutico são fundamentais, pois ajudam no processo de autoconhecimento, essencial para o enfrentamento da ansiedade. Como explica o Dr. Rodrigo Bressan, “se a gente entende como a gente funciona, é mais fácil se autorregular emocionalmente e estabelecer estratégias de superação”. Isso significa que, quanto mais uma pessoa compreende seus próprios mecanismos emocionais, mais preparada ela estará para lidar com situações estressantes.

Perguntas Frequentes sobre Ansiedade

Pergunta 1: Ansiedade tem cura?

Sim, já existem vários tratamentos eficazes para os transtornos de ansiedade, que incluem intervenções e tratamentos psicológicos, psicanálise, medicamentos e técnicas de mindfulness. Pessoas com sintomas de ansiedade devem procurar atendimento, além de aliar a prática de exercícios físicos regulares e uma alimentação saudável.

Pergunta 2: Quais são os tratamentos disponíveis para a ansiedade?

Os tratamentos mais comuns incluem psicoterapia, medicamentos (como ansiolíticos e antidepressivos) e técnicas específicas, como a prática de mindfulness e a gestão do estresse.

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Referências:

https://www.who.int/

https://curadoria.casadosaber.com.br/cursos/174/a-ciencia-dos-sentimentos-alcancando-bem-estar-psicologico

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/224_ansiedade.html

https://www.paho.org/pt/noticias/17-6-2022-oms-destaca-necessidade-urgente-transformar-saude-mental-e-atencao

Neurose, psicose e perversão: qual a diferença?
Gabriel Cravo Prado
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Neurose, psicose e perversão: qual a diferença?
Saiba diferenciar as estruturas psíquicas neurose, psicose e perversão e identifique os seus sintomas pela teoria de Freud sobre as origens inconscien

A compreensão de neurose, psicose e perversão é fundamental para entender os conceitos centrais da teoria psicanalítica. Essas estruturas clínicas descrevem diferentes maneiras pelas quais o sujeito se relaciona com o mundo externo. Neste artigo, vamos explorar as principais diferenças entre neurose, psicose e perversão, suas origens e nas manifestações clínicas.



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Neurose: conflito e recalque

É uma estrutura clínica que os sintomas manifestados funcionam como uma expressão simbólica de um conflito psíquico subjacente, cujas raízes podem ser rastreadas na história infantil do indivíduo. Esse conflito origina-se de um compromisso entre os desejos inconscientes e os mecanismos de defesa, os quais buscam mitigar o impacto do desejo reprimido ou não realizado. Esse fenômeno é muitas vezes interpretado como um reflexo de tensões internas não resolvidas, que emergem na forma de distúrbios psicológicos ou somáticos.

Na estrutura neurótica, encontram-se dois possíveis diagnósticos que auxiliam o psicanalista na direção do tratamento, a histeria e a neurose obsessiva. Ambas representam características e sintomas específicos e se distinguem pelos mecanismos de defesa e por maneiras particulares de manifestação do conflito psíquico.

Histeria As duas formas sintomáticas mais comuns da histeria são a histeria de conversão e a histeria de angústia. Na histeria de conversão, o conflito psíquico se manifesta por meio de sintomas corporais diversos, que podem ter um caráter mais exacerbado. Já na histeria de angústia, a angústia tende a se fixar em um objeto específico do mundo externo, resultando em fobias. Mesmo na ausência de sintomas evidentes, como fobias ou conversões físicas, a especificidade da histeria está ligada a certos mecanismos psicológicos, especialmente o recalque (muitas vezes perceptível), e à predominância de determinadas identificações. Além disso, a histeria está profundamente associada ao conflito edipiano, com seus desdobramentos nos registros libidinais fálico e oral, que desempenham um papel central na dinâmica emocional do sujeito.
Neurose Obsessiva Nessa condição, o conflito psíquico manifesta-se por meio de sintomas compulsivos, como pensamentos obsessivos, a compulsão para realizar atos indesejados, resistência interna a essas tendências, rituais repetitivos, entre outros. Além disso, um traço distintivo desse tipo de neurose é a predominância de um modo de pensar caracterizado pela ruminação mental, pela dúvida constante, pelos escrúpulos, o que frequentemente resulta em inibições tanto do pensamento quanto da ação. Freud, ao longo do tempo, foi refinando sua definição das neuroses obsessivas, considerando suas manifestações e origens psíquicas, com ênfase nos conflitos inconscientes que geram essas condições.



Os sintomas neuróticos são, muitas vezes, uma representação simbólica de conflitos não resolvidos. São manifestações de uma luta interna entre o desejo e as exigências do mundo externo, ou seja, uma expressão de um desejo que não pode ser satisfeito diretamente e com isso se instaura o sintoma como uma formação de compromisso entre essas forças conflitantes.

O que é psicose: a perda de contato com a realidade

Para Freud, a psicose se caracteriza por uma ruptura fundamental entre o sujeito e a realidade externa, indo além de simples sintomas de sofrimento psíquico, como ocorre nas neuroses. A principal distinção entre a psicose e a neurose, segundo Freud, é que o psicótico não possui a capacidade de reconhecer sua distorção da realidade. Enquanto o neurótico é capaz de perceber a disfunção de seus pensamentos e emoções, o psicótico vivencia um mundo completamente alterado, frequentemente marcado por delírios e alucinações.

Freud via a psicose como uma reconstrução inconsciente de uma realidade delirante ou alucinatória, onde o sujeito, isolado em sua própria interpretação do mundo, perde a conexão com a experiência compartilhada pela sociedade. Nesse sentido, a psicose foi entendida como uma reorganização psíquica que busca substituir a realidade externa por uma versão interna.

Afinal, o que é loucura?

O que a ideia de “normalidade” realmente significa? A psicanálise, desde seu início, desafia a ideia de “normalidade” como uma condição vista como “natural” do ser humano, e apresenta uma concepção mais nuançada dessa ideia. O professor, psiquiatra e psicanalista Marcelo Veras desvenda esses pensamentos no curso Somos Todos Loucos? De Perto, Ninguém é Normal.

Assista ao curso de Marcelo Veras na Casa do Saber




O que é perversão: desejo e transgressão

Freud reformula a concepção de perversão, distanciando-a das interpretações populares que a viam como um simples desvio da norma socialmente estabelecida. Embora a palavra "perversão" já fosse utilizada antes de Freud para descrever comportamentos que se afastavam do que era considerado sexualmente normal ou aceitável em uma determinada sociedade, Freud atribui a essa noção um significado mais profundo, relacionado aos processos inconscientes da pulsão. Para ele, a perversão não é apenas um desvio do comportamento socialmente esperado, mas um desvio da própria pulsão, que, em vez de alcançar o objeto tradicional de desejo, se desvia para outras formas de satisfação.

Ele também articula a perversão dentro de uma estrutura clínica mais ampla. Nesse contexto, a perversão é associada à maneira como o sujeito lida com a castração, um conceito fundamental na psicanálise. Ao contrário da neurose e da psicose, onde a castração é enfrentada de outras formas, a perversão é uma maneira de negar a castração. Essa negação não é uma simples rejeição, mas um modo de estruturar a sexualidade de forma a evitar o reconhecimento da falta, substituindo-a por uma busca incessante por objetos que permitam uma satisfação contínua, muitas vezes sem finalização.



Como aprender mais sobre a teoria psicanalítica

Se você se interessa em compreender melhor os complexos conceitos de neurose, psicose e perversão, fundamentais para a psicanálise, uma excelente maneira de aprofundar seus conhecimentos é através de um estudo estruturado e guiado.

Além disso, a Casa do Saber + e o Programa + Psicanálise oferecem cursos que constituem uma excelente oportunidade para aprofundar o entendimento de outros conceitos essenciais da psicanálise. Esses cursos são cuidadosamente estruturados para proporcionar uma análise aprofundada e uma discussão instigante, permitindo aos participantes explorar as complexidades e as implicações teóricas da psicanálise de forma mais ampla e detalhada.

Resumo sobre neurose, psicose e perversão

A neurose, envolve os sintomas de angústia, compulsões e conflitos inconscientes; a psicose é caracterizada pela perda de contato com a realidade, e a perversão, envolve desvios da pulsão e a negação da castração.




Referências Bibliográficas:

LAPLANCHE, Jean; PONTALIS, Jean-Bertrand. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

ROUDINESCO, Elisabeth; Plon, Michel. Dicionário de Psicanálise, Rio de Janeiro: Zahar, 1998.

Psicanálise
Cursos de psicanálise: saiba quais são e como começar a estudar
Carolina Tosetti
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Cursos de psicanálise: saiba quais são e como começar a estudar
Um guia para começar a estudar psicanálise ou atualizar sua formação. Conheça os melhores cursos, professores e as instituições de referência na área.

Você sabe o que estuda a psicanálise? Ou, se você já se interessa por essa área de conhecimento, sabe como fazer para começar a se aprofundar nas teorias e ideias dos maiores autores da psicanálise?

Neste artigo, vamos te explicar o passo a passo para aprender alguns dos principais conceitos da psicanálise criados por grandes personalidades reconhecidas mundialmente por suas contribuições à compreensão da psique humana, como Sigmund Freud e Jacques Lacan. Você também irá conhecer alguns dos mais renomados professores e especialistas em psicanálise do Brasil e as instituições que são referência nesta disciplina.

O que é psicanálise?

A psicanálise, desenvolvida por Sigmund Freud, é um método de investigação dos processos mentais, que se utiliza da associação livre para acessar, por inferência, os conteúdos inconscientes do paciente a partir de seus relatos à um analista, a fim de identificar possíveis causas e se utilizar da transferência estabelecida na relação analítica para tratamento dos sintomas.



imagem com diversos cursos da plataforma Casa do Saber


Esta prática é frequentemente associada à ideia de deitar no divã e falar livremente, mas vai muito além disso. A teoria e a prática clínica hoje permitem que o psicanalista interprete padrões, desejos, intenções, pensamentos e comportamentos do paciente. Neste sentido, um dos objetivos da psicanálise é trazer à consciência as questões do inconsciente que afetam o sujeito, sendo efetiva para uma melhora para a saúde mental, o senso crítico e o bem-estar pessoal do analisando. Entretanto, os objetivos de uma análise podem variar entre as escolas. Em maior escala, o impacto de uma análise bem desenvolvida pode ser notado na tomada de consciência e no poder decisão dos pacientes para deixarem de seguir determinados padrões, por exemplo, bem como no relacionamento consigo mesmo e com os outros.

Quais são as principais abordagens e escolas da psicanálise?

A psicanálise é uma área de conhecimento que perdura há mais de 100 anos. Existem várias abordagens dentro da psicanálise, refletindo diferentes escolas de pensamento sobre como os processos inconscientes afetam o comportamento e a vida humana. Abaixo listamos, em resumo, as principais linhas de pensamento da psicanálise e suas características essenciais. As principais incluem a Freudiana, a Lacaniana e a Kleiniana, por exemplo. Dentre as escolas podemos citar principalmente a inglesa, representada por Donald Winnicott e Wilfred Bion, e a francesa associada à Jacques Lacan.

Escola Características

Escola Freudiana

Destacam-se os temas do inconsciente, as pulsões de vida e morte, a sexualidade, as estruturas psíquicas (neurose, psicose e perversão), o Complexo de Édipo, os mecanismos de defesa, as resistências, as transferências e as contratransferências em uma análise. Dentre os principais autores estão Sigmund Freud e Anna Freud.
Escola Kleiniana Também conhecida como escola das relações objetais, é a escola fundada pela austríaca Melanie Klein, cujas principais contribuições teóricas são a posição esquizo-paranóide, a posição depressiva, as fantasias infantis e os primitivos mecanismos de defesa, com destaque para a identificação projetiva. Klein é pioneira em análise de crianças, e seus estudos pensam o indivíduo desde o nascimento, acompanhando o seu desenvolvimento principalmente desde a infância.
Escola Francesa Jacques Lacan propôs um retorno a Freud e fez inúmeras contribuições, sobretudo se utilizando da Linguística e da Filosofia. Para Lacan, o inconsciente é estruturado como linguagem, e através dos ditos do sujeito teremos indícios de como ele se posiciona no mundo, nas relações com os outros, de suas alienações a certos ideais e de seus modos de desejar. Dentre diversos conceitos originais destacam-se os significantes, significados, objetos, o estágio do espelho e o corte lacaniano.
Escola de Winnicott Donald Winnicott teve uma vasta experiência no tratamento de crianças como pediatra, e desenvolveu sua teoria com ênfase na relação cuidador-bebê, com conceitos como mãe suficientemente boa: nem perfeita, nem negligente na criação do bebê, e a ideia de que a elaboração imaginativa do corpo e suas funções é que moldam a psique, não sendo uma estrutura pré-existente, mas sim, fruto dos cuidados recebidos, e que o desenvolvimento emocional se dá continuamente. O inconsciente winnicottiano seria uma experiência que a imaturidade do bebê não tornou possível criar uma representação, e não o reprimido da teoria freudiana. Alguns de seus conceitos fundamentais são: holding, handling e integração de objetos, personalização e realização e desenvolvimento emocional primitivo.
Escola de Bion Wilfred Bion foi analisando e discípulo de Klein, mas criou diversos conceitos originais. Dentre suas principais contribuições estão a psicoterapia psicanalítica de grupo, o enfoque nos vínculos e a dinâmica do campo analítico, em que existe uma mútua influência entre analisando e analista e vice-versa.
Escola da Psicologia do Ego Heinz Hartmann, é o principal nome ligado à esta escola. Nesta abordagem, o ego desenvolve-se a partir do id enquanto a criança passa a entender a diferença do seu corpo-mente em relação ao mundo e atenção se volta para o “eu”. Funções como percepção, afeto, memória, conhecimento e juízo crítico passam a ter valor para o analista nesta abordagem.
Escola da Psicologia do Self Nesta abordagem Heinz Kohut (EUA) traz a introspecção e empatia como principais instrumentos da psicanálise, seguidos da tese das “falhas dos self-objetos primitivos”. Retira-se também a hegemonia do conceito de Complexo de Édipo e trata o Narcisismo como importante etapa do desenvolvimento.


Além das escolas mencionadas na tabela anterior, ainda há a psicanálise do húngaro Sándor Ferenczi, que surge a partir da escola freudiana. Ou seja, há muitas abordagens, e cada uma delas oferece uma perspectiva única sobre a estrutura da mente e os métodos de tratamento, influenciando significativamente as ementas dos cursos de psicanálise. Além disso, práticas modernas como a psicanálise relacional e conceitos como a intersubjetividade também estão ganhando espaço, mostrando a evolução e atualização contínua desta área.





Como estudar psicanálise hoje?

Para aqueles interessados em se tornar profissionais nesta área, há diversas opções de formação em psicanálise clínica. Os cursos podem variar, desde:

  • Workshops introdutórios
  • Pós-graduações
  • Programas de mestrado
  • Programas de doutorado
  • Residências


Atualmente, também existem cursos de psicanálise clínica disponíveis online, proporcionando flexibilidade para estudar de acordo com as próprias necessidades e ritmos. Um curso de psicanálise típico cobre fundamentos teóricos, técnicas e manejos terapêuticos e práticas supervisionadas, essenciais para quem busca uma compreensão profunda da mente humana e deseja praticar clinicamente.

Quem pode estudar psicanálise?

Enquanto área de conhecimento, todos! Para saber como começar a estudar psicanálise, acreditamos que o primeiro passo é entender qual é o seu perfil. Na Casa do Saber, sabemos que há variados tipos de interesse em aprender sobre esta disciplina. Abaixo, detalharemos um pouco sobre cada um deles. Veja qual é o seu caso:

1. "Sou psicanalista e quero aprofundar minha formação"

A psicanálise é uma área de estudo constante, por isso, tanto se você é um psicanalista em formação, quanto se você já tem muitos anos de experiência clínica é preciso tomar conhecimento das novas tendências culturais, das obras e dos autores relevantes para ter leituras fundamentais ao trabalho de analista. Mesmo após a conclusão de um curso de psicanálise, é essencial que o profissional continue em um processo de aprendizado contínuo, supervisionado por psicanalistas experientes e se mantenha em constante atualização.





2. "Sou estudante e quero me tornar um psicanalista"

Já que é considerada uma ocupação, a profissão de psicanalista pode ser exercida por qualquer pessoa que tenha concluído um curso de graduação em alguma das mais diversas áreas do saber. A atividade psicanalítica é independente de cursos regulares acadêmicos, sendo os seus profissionais formados pelas sociedades e instituições psicanalíticas.

Qualquer pessoa pode fazer um curso de psicanálise, desde que atenda aos pré-requisitos estabelecidos pela instituição de ensino que oferece o curso, como a exigência de se ter uma graduação completa, por exemplo. Além dos tradicionais cursos de psicologia e medicina associados à prática psicanalítica, têm destaque áreas dialógicas como ciências sociais, filosofia, antropologia, entre outras. O psicanalista em formação precisa também ter, é claro, interesse e afinidade com a área da saúde mental e da psicanálise.

Para exercer o ofício de psicanalista, ou seja, clinicar, dar aulas, entre outros, é recomendado que a pessoa interessada tenha uma formação específica em psicanálise, oferecida por uma instituição reconhecida e que realize um curso completo, com supervisão e análise pessoal. A formação em psicanálise é profunda, demandando uma capacidade de reflexão crítica, de análise, de leitura e de interpretação. No entanto, é possível fazer cursos de introdução à psicanálise, participar de encontros ao vivo, workshops e eventos acadêmicos para absorver conhecimento sobre teoria e prática psicanalítica.

No curso Uma Psicanálise da Existência o renomado professor e psicanalista Christian Dunker traça conceitos e leituras de Freud e Lacan, assista às aulas para se embasar nas principais teorias e começar a entender questões que envolvem a todos nós em diferentes momentos da vida.

3. "Gosto de aprender sobre diversas áreas para compreender o mundo"

A psicanálise permite uma profunda reflexão sobre a condição humana, influenciando várias áreas do conhecimento. Profissionais com noções em psicanálise utilizam suas habilidades não apenas em contextos clínicos, mas também em áreas como literatura, filosofia e estudos culturais. Ao entender como os processos inconscientes determinam comportamentos, decisões e relações sociais, a psicanálise oferece perspectivas interessantes para perceber a complexidade humana em diversos aspectos da vida, ampliando a compreensão sobre como pensamos e interagimos em diferentes contextos. Você só tem a ganhar aprendendo mais sobre essa disciplina extremamente versátil e profunda.





Confira algumas das principais áreas de estudo da psicanálise atualmente:

  • Psicanálise e Saúde Mental: focada no tratamento de distúrbios emocionais e psicológicos, essa área é a pedra angular da prática clínica.
  • Psicanálise e Literatura: utiliza teorias psicanalíticas para analisar textos literários, desvendando os aspectos inconscientes que moldam as narrativas.
  • Psicanálise e Cultura: examina como as normas culturais são internalizadas e como influenciam a identidade e o comportamento social ao longo da história.
  • Psicanálise e Educação: aplica conceitos psicanalíticos para entender dinâmicas de aprendizagem e desenvolvimento em ambientes educacionais.
  • Psicanálise e Arte: investiga a expressão inconsciente na criação e interpretação artística, proporcionando uma compreensão mais aprofundada dos movimentos e obras de arte.

E aí, se identificou? Entenda sobre o comportamento humano de forma aprofundada, considerando sentimentos, emoções, pensamentos, o consciente e o inconsciente.

A Casa do Saber + é a plataforma que permite que você conheça as ideias dos grandes pensadores como Sigmund Freud, Melanie Klein, Jacques Lacan, Donald Winnicott, Wilfred Bion, Sándor Ferenczi e muito mais, aprofundando o seu olhar sobre si mesmo e as suas relações.





Como aprender a teoria psicanalítica?

Se você quer complementar sua formação, se atualizando nos temas contemporâneos, revisitando conceitos importantes, aplicando-os à sua clínica e entendendo as contextualizações necessárias com a teoria das principais referências na área e abordagens é preciso aprender com bons profissionais ou professores. Conheça os grandes nomes da psicanálise no Brasil hoje:

Contardo Calligaris


Alexandre Patrício


Pedro de Santi


Christian Dunker


Marcelo Veras


Ana Suy


Conheça todos os professores da Casa do Saber

Quanto custa estudar psicanálise?

Sabia que você pode estudar sobre a teoria e a prática psicanalítica com os grandes mestres do país e ter um guia das principais obras, autores e conceitos para se aprofundar de forma online e em uma linguagem acessível?

A Casa do Saber + é o streaming do conhecimento: uma plataforma com mais de 60 cursos online de psicanálise exclusivos para você aprender com grandes profissionais, doutores e professores na área como Christian Dunker, Ana Suy, Marcelo Veras, Alexandre Patricio de Almeida, Pedro de Santi, Contardo Calligaris, Fernanda Samico, Daniel Omar Perez, Guilherme Facci, entre muitos outros.

Além dos cursos de psicanálise, a plataforma oferece mais de 600 horas de aulas sobre diversas áreas do conhecimento para você se desenvolver pessoalmente e profissionalmente. Lá você também encontra aulas que fazem aproximações entre a psicanálise e a literatura, a filosofia, as artes e a neurociência, por exemplo, afinal, a proposta da Casa do Saber é desenvolver de forma cultural e interdisciplinar os seus alunos.

Os cursos disponíveis no plano regular da plataforma, no entanto, não habilitam a pessoa a iniciar a prática clínica, servindo principalmente como fontes de aprofundamento, ampliação de repertório clínico e formação continuada.

Consulte os planos disponíveis

Você pode ter uma assinatura anual que te permite acesso a centenas de cursos para estudar psicanálise de forma interdisciplinar e responder suas perguntas mais profundas.

Quanto custa e como posso pagar?

Atualmente a Casa do Saber conta com o plano anual no valor de R$ 478,80. O parcelamento pode ser realizado através do cartão de crédito em até 12x de R$ 39,90, ou à vista no cartão de crédito com 10% de desconto, no valor de R$ 430,92. Também existe a opção de pagamento à vista via pix ou boleto bancário.

Com o plano anual desta plataforma de streaming você garante acesso a mais de 300 cursos disponíveis em 9 áreas distintas do conhecimento, ministrados por grandes nomes da atualidade. Todas as aulas são gravadas e emitem certificados com horas assistidas. Assim, você pode escolher a quais aulas assistir, quando e quantas vezes quiser. Legal, né?

O acesso aos cursos pode ser feito por meio do site ou do aplicativo para Android e iPhone Casa do Saber+. Para ter acesso ilimitado a todo conteúdo durante um ano, basta assinar o serviço. Caso queira, você consegue dar uma olhadinha no catálogo completo.

Programa +Psicanálise

O programa de expansão em teoria e clínica psicanalítica da Casa do Saber é especialmente desenvolvido para profissionais e estudantes de psi que buscam aprofundar seus conhecimentos em psicanálise. Os inscritos ganham acesso por 1 ano a uma jornada de conteúdos exclusivos em diferentes formatos: cursos gravados conduzidos pelos maiores professores e profissionais do Brasil, ciclos de aulas online e ao vivo e materiais complementares. Os alunos ainda garantem participação em grupos para networking com os outros profissionais e estudantes. A inscrição também dá direito aos conteúdos bônus, que estabelecem uma relação interdisciplinar com os cursos gravados em forma de podcasts, séries, entre outros.

Atualmente, o +Psicanálise está com a sua primeira turma aberta, para saber mais sobre as condições e valores não deixe de conferir toda a ementa do programa. O acesso aos conteúdos é feito também pela plataforma Casa do Saber +, ou seja, você pode estudar de onde estiver e como quiser.

Especialização em psicanálise

Agora, se você é psicólogo(a), médico(a), tem graduação em alguma outra área e a sua ideia é se especializar em psicanálise, pode apostar em uma pós-graduação, mestrado, doutorado ou escolher alguma escola ou sociedade de referência para construir o seu caminho nesta área tão importante. Confira algumas opções de destaque no Brasil:

Sociedades Escolas Pós-graduações e especializações
Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo – SBPSP Fórum do Campo Lacaniano - São Paulo Universidade de São Paulo (USP)
Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro – SBPRJ Fórum do Campo Lacaniano - Rio de Janeiro Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto - SBPRP Escola Brasileira de Psicanálise - Salvador Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Escola Brasileira de Psicanálise - Florianópolis Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)


Para começar a entender Freud, Lacan, Melanie Klein e os principais autores da psicanálise

Agora que você já sabe como estudar psicanálise de acordo com o seu objetivo, que tal começar de forma descomplicada, online e com os melhores recursos?

Para conhecer a teoria psicanalítica de Sigmund Freud; entender mais sobre o inconsciente; estabelecer relações entre a literatura, a mitologia e o comportamento humano; esclarecer ideias sobre parentalidade; se relacionar melhor com as pessoas; viver bem no século XXI, entre tantas outras possibilidades que a psicanálise oferece, experimente acessar o conhecimento de onde estiver e quando quiser.

Começar a entender a psicanálise não precisa ser uma tarefa complexa, e aprender com os maiores professores do país não é algo distante ou inacessível. Além disso, ao tornar a sua rotina de estudos adaptável ao seu tempo, espaço e momento você garante mais chances de continuar aprendendo continuamente.

Nesse sentido, a Casa do Saber + te acompanha em todos os lugares e momentos da vida. Você pode assistir às aulas pausando-as e retomando o seu progresso quando precisar, ou até mesmo ouvi-las em forma de podcast. O aplicativo do streaming está disponível para Android e IOS, e você também pode baixá-lo na sua SmarTV ou acessar pelo navegador do computador.

Dedicando 20 minutos do seu dia você baixa o aplicativo, acessa a plataforma e começa a sua primeira aula com um dos grandes mestres em psicanálise do Brasil.

Esperamos que este artigo tenha te ajudado a conhecer mais sobre o universo de conhecimento que te aguarda estudando psicanálise com a Casa do Saber.

O que é narcisismo? Entenda a partir da teoria de Freud
Gabriel Cravo Prado
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O que é narcisismo? Entenda a partir da teoria de Freud
Você é uma pessoa narcisista? Entenda o que é narcisismo, suas características e conheça o Mito de Narciso através da psicanálise e da obra de Freud.

Vamos percorrer neste texto algumas ideias de Sigmund Freud, o fundador da psicanálise, que fez contribuições fundamentais para a compreensão do narcisismo.

Freud explorou como o narcisismo se relaciona ao desenvolvimento do eu e à formação da identidade, discutindo a transição entre o amor próprio e o amor aos outros. Suas reflexões sobre a libido e as fases do desenvolvimento infantil estão intrinsecamente ligadas à constituição do sujeito. Através de conceitos como o "narcisismo primário", "narcisismo secundário" e "libido", Freud lançou as bases para o entendimento contemporâneo desse fenômeno.

Neste artigo, você vai encontrar:

  • O que é o mito do narciso?
  • O que é narcisismo para a psicanálise?
  • O que é uma pessoa narcisista?
  • Como se aprofundar mais nos estudos sobre o narcisismo?

O que é o mito de Narciso?

O mito de Narciso, oriundo da mitologia grega, narra a trágica trajetória de um jovem de beleza ímpar, filho da ninfa Liríope e do deus do rio Céfiso. Segundo a narrativa, Narciso, ao se inclinar para beber água, se depara com sua própria imagem refletida e, em um ato de deslumbramento, se vê tragicamente consumido por uma obsessão por sua beleza.

Depois desse apaixonamento pela sua imagem, ele se torna surdo à Eco, uma ninfa que estava apaixonada por ele, e não corresponde essa paixão. Narciso então é tragado pela sua própria imagem refletida no lago e morre afogado. E é a partir do mito de narciso que Freud propõe um modelo para entender o que seria a origem do Eu.

O que é narcisismo para a psicanálise?

O conceito de narcisismo possui características que divergem significativamente do que é geralmente discutido no senso comum, conforme descreveu Freud no artigo de 1914 Introdução ao Narcisismo:

"O narcisismo não seria uma perversão, mas o complemento libidinal do egoísmo do instinto de autoconservação, do qual justificadamente atribuímos uma porção a cada ser vivo" (FREUD, 2010/1914, p. 15)

Para Freud, o narcisismo é uma etapa crucial no desenvolvimento do eu, representando a transição do autoerotismo — onde o prazer é centrado no próprio corpo — para a escolha de outro ser como objeto de amor. Neste estágio, o indivíduo ainda não se distingue plenamente das demais pessoas e do mundo ao seu redor, refletindo uma fase em que a identificação com o eu é predominante.

Investimento libidinal e objeto

É importante observar que na teoria psicanalítica:

  • Investimento libidinal: refere-se à canalização da energia psíquica, ou libido, para objetos ou aspectos da realidade, como pessoas, ideias ou o próprio eu.
  • Objeto: é empregado para designar pessoas ou coisas do ambiente externo, do mesmo modo, a relação de objeto consiste na maneira que o sujeito lida com o mundo exterior.


Narcisimo Primário e Narcisismo Secundário

Assim, para a psicanálise, narcisismo é compreendido como um investimento libidinal no próprio eu, essencial para a formação dele. Esses investimentos necessitam ser direcionados para outros objetos, para o mundo exterior, ou seja, o sujeito precisa fazer investimentos que vão para além de si. Como diz Freud “ É preciso amar para não adoecer" (FREUD, 2010/1014, p. 29) .

A teoria freudiana divide o narcisismo em duas partes, sendo narcisismo primário e narcisismo secundário.

Narcisismo primário

Seria o estado precoce em que a criança investe toda a sua libido em si mesma. Essa é a fase do desenvolvimento que a libido está dirigida ao próprio eu. Pode-se dizer que é o reservatório da libido, para onde ela faz o seu retorno, trabalhando no autoerotismo.

Narcisismo secundário

Aqui é quando a libido não está somente no eu, ela passa a ir em direção aos objetos externos, porém, acontece o fracasso da pulsão ao tentar obter satisfação por meio de objetos externos, levando o sujeito a novamente redirecionar essa energia para o próprio eu. É quando acontece um recolhimento dos investimentos objetais.


A escolha objetal para Freud

Ainda no mesmo texto, Freud descreve um breve sumário dos caminhos para a escolha de objeto, onde diz que uma pessoa pode amar (FREUD, 2010/1914: p. 36):

Conforme o tipo narcísico:

  • o que ela mesma é (a si mesma),
  • o que ela mesma foi,
  • o que ela mesma gostaria de ser,
  • a pessoa que foi parte dela mesma.

Em contrapartida, ao tipo de escolha narcísica, a escolha anaclítica pode recair sobre:

Conforme o tipo “de apoio”:

  • a mulher nutriz,
  • o homem protetor


A escolha anaclítica é vista como uma forma de projetar necessidades afetivas em outras pessoas que pode caracterizar esse tipo de amor. Essa escolha se contrasta com o amor narcísico, onde a própria pessoa é tomada como modelo e a escolha é segundo a sua imagem e semelhança. Cabe dizer que os dois tipos de escolha estão, ao mesmo tempo, presentes no sujeito.

Retrato de Freud feito por Salvador Dali
Sigmund Freud (1938) | Salvador Dali
Retrato de Freud feito por Salvador Dali



O que é uma pessoa narcisista?

O narcisismo é uma fase necessária da evolução da libido, antes que o sujeito se volte para um objeto sexual externo. É o que estrutura da subjetividade, é um aspecto da condição humana, assim, de algum modo, todos são narcisistas, pois todo sujeito possui uma porção de libido que pode ser investida em si mesmo e para outros objetos. Ela é investida parcialmente nos objetos e parcialmente no eu.


Em suma, pode-se dizer que todos possuem narcisismo, tendo em vista que ele atua como uma forma de organização para o sujeito, garantindo a própria preservação dele. Com isso pode-se afastar a ideia de estigmas associados a comportamentos considerados excessivamente egocêntricos ou vaidosos, pois o narcisismo é um investimento do sujeito em si mesmo.

Assim o narcisismo é importante para a psicanálise tendo em vista que nos estágios iniciais da vida, não se percebe os objetos como algo externo, gradativamente ao longo dos primeiros meses é que o infante aprende a se distinguir de outros objetos. Até aqui pode-se perceber que uma pessoa sem narcisismo seria uma pessoa com uma grave questão, tendo em vista que ela não teria empatia e não conseguiria se identificar com os objetos externos.

Como se aprofundar nos estudos sobre narcisismo?

O conceito de narcisismo é fundamental na psicanálise e, além disso, requer uma análise cuidadosa. Para aprofundar-se, é fundamental investigar a obra de Freud, que estabelece as bases teóricas do narcisismo e suas implicações no desenvolvimento do eu.

É recomendada a leitura de textos clássicos, como Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade (1905), Introdução ao Narcisismo (1914), Luto e Melancolia (1917 [1915]). Jacques Lacan também teorizou sobre o tema no O Seminário 1 - Os Escritos Técnicos de Freud - Jacques Lacan e no escrito O Estádio do Espelho como Formador da Função do Eu.

Assistir aos cursos de psicanálise da plataforma da Casa do Saber é extremamente importante, também para se aprofundar no conceito de narcisismo.

Aqui vão 2 cursos essenciais para entender a teoria do narcisismo:





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREUD, Sigmund. Introdução ao Narcisismo (1914). Companhia das Letras: São Paulo, 2010.

GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Freud e o Inconsciente. Zahar: Rio de Janeiro, 1985.

ROUDINESCO, Elisabeth; Plon, Michel. Dicionário de Psicanálise, Rio de Janeiro: Zahar, 1998.







A compreensão do Luto segundo Freud: um olhar da psicanálise
Gabriel Cravo Prado
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A compreensão do Luto segundo Freud: um olhar da psicanálise
Entenda o que é o luto para a psicanálise, saiba a diferença entre luto e melancolia e aprenda como a clínica psicanalítica pode ajudar a lidar com a dor

Neste texto, propomos um percurso nas ideias de Sigmund Freud, reconhecido como o fundador da psicanálise, cujas contribuições têm sido fundamentais para a compreensão do luto como um processo natural de enfrentamento das perdas que permeiam a experiência humana.

  • O que é luto para a psicanálise?
  • A diferença entre luto e melancolia
  • Como aprender mais sobre o luto?


O que é luto para a psicanálise?

Ao investigar o luto na teoria psicanalítica, é inevitável confrontar-se com a temática da melancolia. Isso se deve à análise realizada por Freud em seu artigo "Luto e Melancolia" (1917), no qual ele estabelece uma comparação entre esses dois estados. Embora Freud defenda que o luto e a melancolia são experiências distintas, ele também aponta semelhanças significativas entre elas. Por exemplo, que em ambos estados são provenientes de causas oriundas das interferências da vida.

Freud descreve que o luto seria uma resposta à perda de um ente querido, mas também se estende à ausência de entidades ou conceitos que desempenharam um papel significativo na vida de uma pessoa, como a pátria, a liberdade ou ideais pessoais. Essa experiência complexa envolve não apenas a dor pela perda física, mas também a necessidade de reconfigurar a percepção do mundo exterior diante da ausência daquilo que foi significativo.

A melancolia está ligada a uma predisposição patológica, diferentemente do luto. Nela acontece um abatimento doloroso, uma cessação do interesse pelo mundo exterior, perda da capacidade de amar, inibição de toda atividade e diminuição de autoestima que se expressa em recriminações e ofensas à própria pessoa.

Em outras palavras, o luto deve ser compreendido como uma experiência que não se enquadra na esfera patológica; trata-se, antes, de uma inércia libidinal que, embora possa envolver sofrimento, é uma resposta normal e esperada à perda. Essa dinâmica se diferencia significativamente da condição do sujeito melancólico, sendo incapaz de realizar o processo de elaboração do luto.

“O luto não pode ser visto como um estado patológico e não carece de indicação de tratamento médico, embora ele cause um afastamento da conduta normal da vida, logo será superado após certo tempo e perturbar esse processo é inapropriado e prejudicial.” (FREUD, 1914/2010. p.172)


No contexto cultural atual, torna-se pertinente refletir sobre a abordagem do luto sob a ótica da medicalização, que visa, de maneira expedita, mitigar a angústia e a dor experimentadas pelo sujeito. Esse processo, muitas vezes, se caracteriza pela prescrição indiscriminada de psicotrópicos, frequentemente desprovida de escuta para que o sujeito se implique, reflita e elabore suas perdas de maneira significativa. A substância atua como um atalho para tamponar de forma imediata todo sofrimento. O luto faz parte da vida de todos e é um caminho necessário para todo sujeito.


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A diferença entre luto e melancolia

Neste momento, torna-se pertinente empreender uma reflexão aprofundada sobre as nuances que não apenas distinguem, mas também interligam o luto e a melancolia, levando em consideração suas particularidades e as intersecções que permeiam esses dois estados.

A melancolia pode ser compreendida como uma manifestação patológica do luto, caracterizada por um movimento inverso ao processo natural de elaboração deste. Enquanto o trabalho de luto permite ao sujeito um desligamento gradual do objeto perdido, na melancolia ocorre uma interiorização da perda, na qual o indivíduo se torna refém de sua própria dor. Nesse estado, o sujeito se responsabiliza pela ausência do objeto, estabelecendo uma identificação tão profunda que seu próprio eu se amalgama ao que foi perdido, culminando em uma desintegração.

Segundo Kaufmann: “Nos dois casos, trata-se das vicissitudes de um investimento de origem narcísica, em sua relação com a realidade, quando dela se vê excluído seu objeto por perda ou abandono.” (1996, p.316)

Deve-se observar que o trabalho realizado pelo luto acontece da seguinte maneira: é uma forma de eliminar as consequências de uma perda libidinal, ou seja, após a consumação do trabalho do luto o Eu fica novamente livre e desimpedido para voltar a investir em novos objetos.

foto em preto e branco de uma mulher solitária ao lado de uma árvore sem folhas, simbolizando o luto em meio a um ambiente melancólico


A experiência da perda se manifesta de maneiras distintas no luto e na melancolia. Na melancolia, o sujeito enfrenta uma dificuldade em reconhecer, de forma consciente, a amplitude daquilo que foi perdido; embora tenha uma noção do objeto em si, ele não compreende completamente o que essa perda impacta no seu próprio eu e o que o unia a esse objeto. Freud caracteriza a melancolia como uma condição de natureza inconsciente, pois o sujeito não consegue articular plenamente a dor que sente, tampouco atribui significado claro à sua angústia. Em contraste, no luto, a perda é enfrentada de maneira consciente; o sujeito tem plena consciência do que perdeu e entende a fonte de seu sofrimento.

No seminário O Desejo e Sua Interpretação (1958-1959), Jacques Lacan discute o luto como uma experiência que gera um "furo no real", ou seja, uma profunda privação causada pela perda. Essa ausência resulta em uma falta que não pode ser plenamente articulada ou compreendida pelos significantes simbólicos que costumam organizar a vida psíquica, revelando a complexidade emocional envolvida na vivência do luto. “ Em outras palavras, o luto, que é uma perda verdadeira, intolerável para o ser humano, lhe provoca um buraco no real.” (LACAN, 2016, p. 360)

Em resumo: embora intimamente relacionados, o luto é uma fase da vida, um processo necessário de elaboração da perda, onde o sujeito de maneira gradual se desvincula do objeto perdido e posteriormente retorna a fazer novos investimentos no mundo exterior e na melancolia o sujeito se agarra ao objeto perdido não fazendo o deslocamento para investir em outros objetos. O melancólico coloca toda energia no objeto, e com a perda dele uma parte sua também se vai, é como se o objeto fizesse parte do próprio sujeito e com isso a perda, na verdade, é de uma parte do seu próprio eu. O melancólico não consegue fazer o luto do objeto perdido, tendo em vista o apego à idealização.

Leia também:

Um panorama detalhado da vida e obra de Jacques Lacan , com um contexto histórico e intelectual que revela as bases e influências de seu pensamento psicanalítico.


Como aprender mais sobre o luto?

Para aprofundar seus conhecimentos sobre o luto na teoria psicanalítica, é essencial começar pela leitura das obras fundamentais de Sigmund Freud, como "Luto e Melancolia" (1917) e outro texto importante é "Além do Princípio do Prazer" (1920), que introduz a noção de pulsão de morte.

Além disso, investir em cursos especializados sobre como lidar com o luto, enfrentar o fim de um relacionamento e suas implicações na psicanálise pode ser extremamente enriquecedor. A Casa do Saber oferece uma variedade de cursos ministrados por professores que são reconhecidos especialistas na área, proporcionando um aprendizado sólido e atualizado. A seguir, apresentamos algumas recomendações de cursos disponíveis na plataforma Casa do Saber + que abordam esse tema com profundidade e relevância.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREUD, Sigmund. Luto e Melancolia (1917). São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

LACAN, Jacques. O Seminário 6 - O Desejo e Sua Interpretação (1958-1959). Rio de Janeiro: Zahar, 2016.

KAUFMANN, Pierre. Dicionário Enciclopédico de Psicanálise: Rio de Janeiro: Zahar, 1996.

ROUDINESCO, Elisabeth; Plon, Michel. Dicionário de Psicanálise, Rio de Janeiro: Zahar, 1998.







Psicologia
 Curso de Psicologia Online EaD: Guia completo e Passo a Passo
Rodrigo Gomes
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Curso de Psicologia Online EaD: Guia completo e Passo a Passo
Guia completo sobre o curso de Psicologia EaD. Veja as áreas de atuação, abordagens teóricas, melhores cursos e os custos para estudar à distância.

Entenda as possibilidades de se estudar psicologia através de cursos online, os famosos EAD (educação à distância). A seguir, exploraremos as áreas de atuação e abordagens da psicologia, além de apresentar opções e custos para quem deseja aprofundar os conhecimentos na área de forma remota.

Como estudar Psicologia online?

Se você está procurando opções para cursar a faculdade de psicologia à distância, infelizmente temos uma má notícia para te dar. Até o momento, de acordo com a determinação do Ministério de Educação (MEC), a graduação de psicologia não pode ser oferecida na modalidade EAD. Por outro lado, há muitas possibilidades de se estudar psicologia online por meio de cursos livres, pós-graduação e especializações.

A opção pelo ensino à distância atende tanto a estudantes quanto profissionais da área, onde o aluno pode explorar diferentes abordagens da psicologia com liberdade, seja para aprender sobre conteúdo introdutório ou especializar-se em algum tema de sua preferência. É possível estudar a psicologia analítica, de Carl Jung, a psicanálise, de Freud, e, ao mesmo tempo assistir a cursos sobre a logoterapia para investigar as ideias de Viktor Frankl.

Existe faculdade de Psicologia EaD?

Como já mencionado acima, não existe a possibilidade de realizar a graduação em psicologia EaD . Em julho de 2022, o Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU) chegou a conseguir a autorização do MEC para oferecer o curso à distância, através da portaria MEC 749. Porém, no dia seguinte, o próprio Ministério da Educação a anulou, sob alegação de erro material.

À época, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) e mais de 20 entidades publicaram uma nota de repúdio à Portaria MEC 749, afirmando que a presencialidade é indispensável para a formação de qualidade em Psicologia.

Posteriormente, em setembro de 2023, pela Portaria Nº 1.838, o Ministério da Educação abriu consulta pública para elaboração de proposta de regulamentação de oferta do curso de Psicologia - entre outras graduações - na modalidade de educação à distância.

Desde então, a discussão vem sendo constantemente adiada, sem uma previsão de desfecho à vista. Desta forma, não é possível definir ainda se, no futuro, a modalidade de graduação à distância será ou não viabilizada para o curso de psicologia. Mas, se depender da opinião do conselho dos profissionais de psicologia, a decisão permanecerá em mantê-lo somente no modelo presencial.

Atenção para não confundir:

Embora a graduação em psicologia seja recomendada, algumas abordagens da psicoterapia, como a psicanálise, não exigem formação superior específica no curso de psicologia para o exercício da atividade profissional. Por isso, é possível encontrar algumas instituições oferecendo o curso de formação para psicanalista 100% ead - o que é permitido.

O que é Psicologia e qual o papel do profissional da área?

A psicologia é uma ciência que se dedica a tratar, estudar e analisar o comportamentos dos indivíduos e os processos mentais, como sentimentos, pensamentos e razão. Embora a área de estudo tenha sido elaborada há alguns séculos no campo da filosofia, a psicologia estruturou-se como uma ciência independente somente em meados do século 19. Desde então, surgiram diversas teorias sobre o comportamento humano e novas descobertas científicas - como a chegada das neurociências..

O cenário dinâmico exige estudo constante do profissional da área. O psicólogo deve atuar na promoção da saúde mental, tratamento, intervenção em crises e em desenvolvimento pessoal e profissional. Seu trabalho tem grande importância social e demanda certa sofisticação, pois deve desenvolver habilidades como empatia e comunicação, mas também conhecimento técnico para diagnosticar e tratar problemas de saúde mental de forma eficaz.

Como em diversas outras profissões, há muitas áreas de atuação. No caso da psicologia, além desta segmentação, também encontramos diferentes teorias, técnicas e abordagens para analisar o comportamento humano, como veremos mais adiante.

Sobre o curso de graduação em Psicologia

O curso de psicologia prepara o profissional para atuar em diferentes contextos sociais e profissionais de forma ética, desenvolver o conhecimento científico, analisar criticamente os fenômenos sociais e biológicos e atuar na promoção da saúde. Dados do Sisu 2024 mostram que psicologia foi o 4° curso com maior número de inscrições, no topo da lista das graduações mais procuradas pelos estudantes.

POSIÇÃO CURSO QTDE. INSCRITOS
MEDICINA 298.316
DIREITO 157.364
ADMINISTRAÇÃO 118.883
PSICOLOGIA 103.336
ENFERMAGEM 99.768
PEDAGOGIA 89.702
MEDICINA VETERINÁRIA 65.271
CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO 57.385
EDUCAÇÃO FÍSICA 55.437
10° CIÊNCIAS BIOLÓGICAS 52.822


Dados extraídos do relatório do Sisu 2024

Qual a duração da faculdade de Psicologia?

A graduação em psicologia tem duração de 5 anos. Segundo as diretrizes curriculares para o curso de psicologia estipuladas pelo MEC, o estágio supervisionado é atividade obrigatória.

“Art. 11. A carga horária referencial dos cursos de Psicologia é de 4.000 (quatro mil) horas com, no mínimo, 20% (vinte por cento) da carga efetiva global para estágios supervisionados básicos e específicos, e duração mínima de 5 (cinco) anos.


Todas as instituições devem oferecer acesso ao núcleo comum do curso de Psicologia ao estudante. No entanto, as instituições podem possuir estruturas curriculares diferentes de acordo com as ênfases curriculares oferecidas. As ênfases curriculares são caminhos possíveis de estudo para aprofundamento de determinadas competências e habilidades necessárias para o exercício da profissão.

Em determinado momento da graduação, o aluno deverá optar pela ênfase que reflita o seu interesse para seguir as disciplinas e estágios correspondentes à sua escolha. Respeitando o projeto pedagógico, cada instituição deve disponibilizar ao menos duas opções de ênfases aos alunos, considerando as demandas sociais contemporâneas ou potenciais, assim como as características da instituição e da região em que se situa.

Isso significa que cada faculdade formulará os próprios eixos que são peculiares aos objetos de estudo e história do curso desenvolvido na instituição. Tenha isto em mente no momento de pesquisar as opções de faculdade de psicologia que deseja ingressar.

Para atuar profissionalmente como psicólogo, é necessário possuir o diploma de bacharelado em Psicologia por uma instituição reconhecida pelo MEC, além de estar inscrito no Conselho Regional de Psicologia (CRP) de sua região.

Quais as áreas da Psicologia?

Apesar de a imagem do psicólogo clínico atendendo o paciente frente a frente em seu consultório ser uma das primeiras a vir à mente, a psicologia tem diferentes áreas de atuação. Cabe ao estudante em formação ou ao profissional identificar qual delas se adequa mais ao seu perfil.

Uma vez com o diploma na mão, o psicólogo está apto a exercer a profissão em qualquer área de atuação da psicologia. A partir da resolução CFP 23/2022, foram reconhecidas 13 especialidades para o exercício da psicologia . Confira as áreas da psicologia na lista abaixo:

  • Psicologia Clínica
  • Psicólogo Organizacional e do Trabalho
  • Psicologia Jurídica
  • Psicologia do Esporte
  • Psicologia Social
  • Psicologia Escolar ou Educacional
  • Psicologia de Tráfego
  • Neuropsicologia
  • Psicomotricidade
  • Psicopedagogia
  • Psicologia Hospitalar
  • Psicologia em Saúde
  • Avaliação Psicológica


Conheça as principais abordagens da Psicologia

Há diversas abordagens da psicologia sendo praticadas na atualidade. Mas por que precisam existir tantas ramificações teóricas? É importante compreender que não há uma definição sobre qual abordagem é a melhor. O que vamos descobrir - e veremos detalhadamente neste tópico - é que elas apresentam diferenças importantes entre si, como objetos de estudo distintos.

A Psicanálise, fundada por Sigmund Freud, por exemplo, dedica-se ao estudo do inconsciente e os processos mentais internos para entender o comportamento humano. Já o Behavorismo, desenvolvido por Skinner, se concentra na observação do comportamento, pautado pela análise e estudo do comportamento a partir de estímulos externos.

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana” - Carl Jung
foto de Carl Gustav Jung
Carl G. Jung, fundador da Psicologia Analítica


Veja algumas das abordagens teóricas:

  • Psicanálise
  • Psicologia Analítica
  • Behaviorismo ou Analítico Comportamental
  • Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC)
  • Gestalt


Psicanálise:

Fundada por Sigmund Freud, a psicanálise surgiu no final do séc. 19, quando o médico austríaco revelou ao mundo uma grande descoberta: o inconsciente. Segundo sua teoria, a origem dos sintomas, transtornos mentais e emocionais está guardada neste campo oculto, que só pode ser acessado através da fala. Desta forma, o processo terapêutico para tratamento e cura dos fenômenos de ordem mental se dariam a partir do método de livre associação, onde o paciente pode falar livremente sobre qualquer assunto que lhe vier à mente (por isso, comumente conhecida como “terapia da fala”).

Fundamentada na investigação do inconsciente, o analista pode conduzir o paciente através da interpretação dos sonhos, análise de padrões de comportamento e repetições originadas ainda na infância. A partir da teoria criada pelo “pai da psicanálise”, começaram a ser trabalhados conceitos que hoje são bastante conhecidos, como complexo de édipo , ato falho e recalque.

Além disso, é bem comum que a psicanálise seja associada ao uso do divã, aquele sofá sem encosto em que o paciente se deita, embora ele nem sempre seja utilizado. Inspirados pela obra do médico austríaco, outros pensadores fundaram novas linhas da psicanálise, como a linha lacaniana, do francês Jacques Lacan, a linha kleiniana, da austríaca Melanie Klein e a linha winnicottiana, criada pelo inglês Donald Winnicott.

foto do divã utilizado por Freud  coberto pelo tapete de lã Qashqa'i shekarlu exposto no museu de Freud em Londres
Divã original de Freud, utilizado nas sessões com os seus pacientes (Reprodução: Freud Museum London)


A origem do divã de Freud

O icônico divã utilizado por Freud foi, na verdade, um presente recebido de sua paciente Madame Benvenisti , em 1890. Estima-se que mais de 500 pacientes tenham se deitado neste divã, que está exposto no Museu de Freud em Londres.

Psicologia Analítica Junguiana:

Fundada pelo psiquiatra Carl G. Jung no início do séc. 20, a psicologia analítica foi criada após o médico suíço se deparar com divergências teóricas em relação às ideias de Freud, com quem colaborou por algum tempo. Jung elaborou uma teoria totalmente nova, fundamentada em conceitos importantes como o inconsciente coletivo, individuação e os arquétipos.

Jung coloca que o inconsciente coletivo compõe uma camada universal, herdada pelos indivíduos através de seus ancestrais. Segundo sua teoria, as pessoas nascem com predisposição na forma de pensar e agir, que refletem imagens presentes em todas as culturas, representados pela noção dos arquétipos.

A partir da análise de símbolos, da interpretação de sonhos e mitos, o tratamento proporcionado pela psicologia analítica consegue auxiliar o paciente a encontrar novos caminhos de simbolização, que o conduzem ao autoconhecimento e a uma vida mais equilibrada.

Behaviorismo ou Analítico Comportamental:

O termo behaviorismo foi cunhado pelo psicólogo estadunidense John B. Watson, em 1913. A origem do nome remete ao termo “behavior”, da língua inglesa, que traduzido para o português significa “comportamento”. Na década de 1940, o psicólogo B. F. Skinner deu continuidade às ideias propostas por Watson e formulou novas contribuições à teoria, no que ficou conhecido como “behaviorismo radical”.

O behaviorismo surge em oposição às abordagens focadas nos processos mentais internos e passa a se dedicar ao estudo do comportamento observável, trabalhando observação, influência do ambiente e coleta de dados mensuráveis.

Esta proposta terapêutica propõe-se a compreender padrões comportamentais para tratamento de diversos transtornos, como depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo, entre outros. A concepção é de que a partir da análise do comportamento, é possível treinar habilidades e modificar padrões comportamentais através de técnicas específicas como reforço e punição, de forma a melhorar o bem-estar do paciente.

Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC):

A Terapia Cognitiva-Comportamental (TCC) foi criada pelo psiquiatra norte-americano Aaron Beck na década de 1960. Com alguns elementos em comum ao behaviorismo radical, a TCC incorpora elementos cognitivos ao tratamento. Isto significa que este modelo de terapia além de incluir a análise do comportamento influenciado por estímulos do ambiente, leva também em consideração os pensamentos e emoções do paciente como forma de identificar, questionar, modificar e tratar os sintomas.

A partir do tratamento, o psicólogo auxilia o paciente na busca pela identificação de padrões de pensamento distorcidos., bem como a modificação de crenças e hábitos disfuncionais.. Amparada por pesquisas e publicações científicas, a TCC se propõe a utilizar técnicas de intervenção de eficácia comprovada, atendendo às especificidades de cada transtorno mental.

Gestalt-terapia:

A Gestalt-terapia, conhecida como “terapia da forma”, foi criada no início do séc. 20 pelo médico alemão Fritz Perls, inspirada pelas ideias da Psicologia da Gestalt, de Wertheimer, Köhler e Koffka. Este modelo de terapia valoriza a subjetividade e o momento presente ( “aqui e agora”) , onde o paciente é estimulado a se concentrar em seus sentimentos, pensamentos e ações a partir de técnicas específicas utilizadas pelo profissional.

São diversas abordagens utilizadas, como a da cadeira vazia, onde o paciente senta-se de frente para uma cadeira vazia e simula uma conversa consigo mesmo ou com uma pessoa que tenha tido papel relevante em algum evento que tenha impactado a sua vida.

Outra técnica é a dramatização, onde a pessoa pode ser encorajada a interpretar papéis, expressar algum sentimento verbalmente ou em forma de movimento. Estas técnicas tem o objetivo de promover o autoconhecimento. e, consequentemente, a identificação de padrões de pensamentos negativos que podem prejudicar a sua vida.

Psicoterapia Contemporânea: Por uma Integração Transteórica de Diversas Práticas e Teorias
por Luiz Hanns

Em sua história, a psicoterapia ficou marcada pela divisão entre abordagens, cada uma com suas próprias concepções, métodos e indicações clínicas, com diferenças, à primeira vista, irreconciliáveis e muitas vezes dogmáticas.

Neste curso, Luiz Hanns aborda o integracionismo metodológico, que difere do ecletismo selvagem, e que permite uma clínica transteórica em busca da integração das melhores práticas e teorias.

Confira o curso!

Conhecemos agora algumas das abordagens da psicologia. Embora todos os profissionais da área passem, de certa forma, por este processo de definição teórica, a linha seguida por cada um é notada de forma mais perceptível nos tratamentos de psicoterapia, onde o paciente costuma ser acompanhado por períodos mais longos.

Não existe regulação ou exigência formal que obrigue o psicólogo a escolher uma das abordagens disponíveis. Assim como nas áreas de atuação, o psicólogo graduado está apto a praticar qualquer abordagem teórica.

Esta escolha representa um direcionamento pessoal do psicólogo, que não exclui a possibilidade de estudo ou aplicação de técnicas de diferentes linhas teóricas. No fundo, o que todos querem - tanto o psicólogo quanto o paciente - é conseguir encontrar um caminho comum para a melhora da saúde mental. Por isso, a aliança terapêutica - relação entre terapeuta e paciente - tem uma importância muito grande e é fundamental para qualquer modelo psicoterapêutico.

O que é “Aliança Terapêutica”?

É um conceito universal que caracteriza a relação de trabalho e de confiança entre terapeuta e paciente, comum a todas as abordagens teóricas. Tem grande importância para o bom desenvolvimento do processo psicoterapêutico, pois influencia na formação e manutenção do vínculo, permanência, desfecho e encerramento da psicoterapia.

Agora que já conhecemos as áreas e abordagens da psicologia, é provável que você já tenha se interessado por algum tema que gostaria de estudar. A seguir, apresentaremos algumas opções de curso para você começar a sua trajetória na área!

Quais os melhores cursos e quanto custa estudar psicologia online?

Uma boa opção tanto para estudantes como para profissionais já em atuação são os cursos livres de psicologia à distância. A grande vantagem deste modelo é que costumam ter um valor mais acessível, sendo possível encontrar conteúdo de muita qualidade e em constante atualização.

Confira 5 cursos para você dar os primeiros passos na área:

  • A Tal da Felicidade, por Luiz Hanns

    Entenda os argumentos da psicologia para definir felicidade como um sentimento de realização pessoal e individual, mais próximo do bem estar mental pleno do que da prosperidade material.

  • Freud Fundamental: As Ideias e as Obras, por Pedro de Santi

    O curso oferece uma introdução acessível aos principais conceitos de Sigmund Freud e suas obras, transformando a compreensão dos desejos e dilemas humanos. Ideal tanto para iniciantes quanto para aqueles que já possuem contato com a psicanálise, proporcionando novas reflexões.

  • Uma Introdução Guiada e Descomplicada ao Pensamento de Jung, por Lilian Wurzba:

    O curso oferece uma introdução acessível ao pensamento de Carl Gustav Jung, focando no autoconhecimento e na busca por uma vida mais íntegra. Ele esclarece equívocos comuns sobre suas ideias e acompanha o desenvolvimento de sua psicologia.

  • Quatro Livros para Entender Jung, por Tatiana Paranaguá

    O curso explora quatro obras fundamentais de Carl G. Jung, oferecendo uma introdução aos principais aspectos de seu pensamento e à Psicologia Analítica. As aulas funcionam como um guia para iniciar a jornada pelo vasto trabalho do autor

  • O Sentido da Vida, por Contardo Calligaris.

    Ser plenamente feliz é um objetivo muito buscado pela humanidade, e nos tempos atuais este estado parece ser ainda mais desejado. Neste encontro, o psicanalista Contardo Calligaris discute a obrigação da felicidade, o “morrer bem” e o sentido da vida.

Na plataforma de streaming Casa do Saber +, por uma única assinatura, você tem acesso a diversos cursos livres da área de psicologia, ministrados grandes referências da área, como Christian Dunker, Luiz Hanns, Lilian Wurzba, Ana Suy, Alexandre Patrício, Tatiana Paranaguá, entre tantos outros.

A boa notícia é que com apenas uma assinatura você consegue assistir a mais de 300 cursos de diversas áreas do saber e ainda garantir um certificado de conclusão após finalizá-los . Além de conteúdos sobre psicologia e psicanálise, a plataforma oferece cursos de Filosofia, Artes, Literatura, História, entre tantas outras áreas que ajudam a complementar o conhecimento necessário para a prática da psicologia.

Quanto custa:

R$478,80 (Plano anual) , podendo ser dividido em 12x de R$39,90 ou a R$430,92 à vista (desconto de 10%). Também existe a opção de pagamento à vista via pix ou boleto bancário..

Vantagens:

  • Novos cursos lançados periodicamente
  • Acesso a diversos cursos com professores de referêcia por uma única assinatura
  • Cursos de diferentes abordagens teóricas da psicologia, do introdutório ao especializado
  • Certificado de conclusão


Conheça todos os cursos da Casa do Saber

Agora você já entendeu sobre a impossibilidade de realizar a graduação em psicologia no modelo EAD, conheceu as áreas de atuação da psicologia e abordagens teóricas da área.

Na atualidade, informação é o que não falta… E para facilitar o percurso de aprendizagem , nada como uma boa curadoria de conteúdo.

Por isso, se sentir vontade de explorar mais sobre psicologia e tantas outras áreas do saber a partir de uma proposta criteriosa, cuidadosa e de qualidade, conte com a plataforma da Casa do Saber+!

Esperamos que este conteúdo tenha facilitado a sua caminhada em direção ao conhecimento.






Depressão tem cura? Conheça os sinais e tratamentos
Carolina Tosetti
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Depressão tem cura? Conheça os sinais e tratamentos
Você sabe quais são os tipos de depressão? Entenda esse transtorno psíquico desde o diagnóstico psiquiátrico até as profundezas da psicanálise.

Quando fala-se sobre depressão hoje, a realidade aponta que este é um transtorno complexo e cada vez mais comum, que não faz distinção de idade ou status social.

Explore as estatísticas alarmantes no Brasil, entenda as classificações psiquiátricas, os manejos psicanalíticos e a importância do diagnóstico profissional na identificação e tratamento da depressão.

O contexto da depressão na atualidade

A depressão é um transtorno mental ou psíquico que pode atingir qualquer um, independentemente da idade, gênero, etnia ou classe social. Apesar da sua gravidade, muitas pessoas não dão a atenção necessária para a doença, o que pode dificultar o diagnóstico e, consequentemente, o seu tratamento.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem a maior taxa de prevalência de depressão da América Latina e a segunda maior nas Américas. A previsão é que, em 2030, a depressão seja a primeira causa específica de incapacidade funcional no mundo.

De maneira geral e simplificada, pela visão psiquiátrica, a depressão é um transtorno biológico que se manifesta em forma de tristeza e angústia. A pessoa deprimida perde o interesse ou prazer em realizar atividades que antes gostava, podendo levar a mudanças bruscas de humor e comportamento, afetando diversas áreas de sua vida.

As alterações repentinas do humor são, inclusive, um dos sintomas mais comuns da doença. Por isso, o acompanhamento profissional se faz essencial para diagnosticar a depressão ou episódios de tristeza prolongados.

imagem de divulgação de masteclass sobre psicopatologias na atualidade com alexandre patrício



A visão da psiquiatria sobre a depressão

Em 1952, a Associação Psiquiátrica Americana (American Psychiatric Association, APA) publicou pela primeira vez o Manual Diagnóstico e Estatístico de Distúrbios Mentais (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, DSM-1), a primeira tentativa de abordar o diagnóstico das doenças mentais por meio de definições e critérios padronizados.

A DSM-5-TR, publicada em 2022, fornece um sistema de classificação que tenta separar as doenças mentais em categorias diagnósticas com base na descrição dos sintomas.

A Classificação Internacional de Doenças, décima-primeira revisão (CID-11), e a mais recente versão publicada pela Organização Mundial da Saúde, utiliza categorias diagnósticas semelhantes às encontradas no DSM-5-TR. Essa semelhança indica que o diagnóstico das doenças mentais específicas está sendo feito de forma mais padronizada em todo o mundo.

A coleta da história clínica, a anamnese e o exame devem observar os critérios da décima primeira versão da Classificação Internacional de Doenças e de Problemas Relacionados à Saúde (CID), da Organização Mundial da Saúde.

Nenhum sinal ou sintoma representa propriamente uma patologia. A confecção do diagnóstico da depressão deve levar em conta que os critérios da CID apresentam grau de subjetividade, devendo-se evitar a psicopatologização e a medicalização de sentimentos humanos normais.

Sintomas da depressão: a importância do diagnóstico profissional

O diagnóstico da depressão é feito a partir da avaliação clínica de um profissional com base na persistência, abrangência e interferência que os sintomas apresentam na vida do indivíduo. Segundo o DSM-5-TR (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), os sintomas da depressão incluem:

  • Humor deprimido constante
  • Diminuição do interesse ou prazer em quase todas as atividades
  • Perda ou ganho significativo de peso sem estar em dieta
  • Diminuição ou aumento significativo do apetite
  • Insônia ou sonolência
  • Agitação ou retardo psicomotor
  • Falta de energia, preguiça ou cansaço excessivo
  • Sentimentos de inutilidade, culpa excessiva ou inadequada
  • Diminuição da capacidade de pensar, de se concentrar ou indecisão
  • Pensamentos de morte ou suicídio


Para que os sintomas tenham uma relevância clínica, é preciso que se note uma mudança nos pensamentos, sentimentos, comportamento ou na fisiologia, devendo esta ser vivenciada por um período significativo de tempo.

Há regras específicas que indicam quantos sintomas de cada categoria devem estar presentes para se fazer o diagnóstico. Essa complexidade é apenas uma das razões pelas quais um profissional deve ser consultado para diagnosticar a depressão.

Quais são os tipos de depressão?

Um indivíduo que sofre de depressão também pode apresentar sintomas de ansiedade, distúrbios do sono e de apetite e podem demonstrar sentimentos de culpa ou baixa auto-estima, falta de concentração.

Um episódio depressivo pode ser leve, moderado ou grave, a depender da intensidade dos sintomas. Durante um episódio depressivo grave, é pouco provável que a pessoa afetada possa continuar com atividades sociais, de trabalho ou cotidianas. Também pode-se fazer uma diferenciação da depressão em pessoas que têm ou não histórico de episódios de mania.

Episódios de mania envolvem humor exaltado ou irritado, excesso de atividades, pressão de fala, auto-estima inflada e uma menor necessidade de sono, além da aceleração do pensamento. Os tipos de depressão podem ser crônicos (isto é, acontecem durante um período prolongado de tempo), com recaídas, especialmente se não forem identificados e tratados, ou pontuais.

Conheça alguns dos principais tipos de depressão e a sua classificação na CID-11:

  • Transtorno depressivo recorrente | CID-11 6A71: esse distúrbio envolve repetidos episódios depressivos. Durante esses episódios, a pessoa experimenta um humor deprimido, perda de interesse e prazer e energia reduzida, levando a uma diminuição das atividades em geral. Este tipo de sofrimento pode ser longo, duradouro e mais difícil de ser diagnosticado.
  • Transtorno bipolar | CID-11 6A6Z: esse tipo de depressão consiste tipicamente na alternância entre episódios de mania e depressivos, separados por períodos de humor regular.
  • Transtorno depressivo de episódio único | CID-11 6A70: é caracterizado pela presença de um episódio depressivo quando não há histórico de episódios depressivos anteriores.
  • Transtorno distímico | CID-11 6A72: o transtorno distímico é caracterizado por um estado depressivo persistente (isto é, com duração de 2 anos ou mais), durante a maior parte do dia, na maior parte dos dias. Durante os primeiros 2 anos do distúrbio, nunca houve um período de 2 semanas durante o qual o número e a duração dos sintomas foram suficientes para satisfazer os requisitos de diagnóstico para um Episódio Depressivo.
  • Transtorno misto de ansiedade e depressão| CID-11 6A73: o transtorno misto de ansiedade e depressão é caracterizado por sintomas de ansiedade e depressão na maior parte dos dias por um período de duas semanas ou mais. Nenhum conjunto de sintomas, considerado separadamente, é suficientemente grave, numeroso ou persistente para justificar o diagnóstico de um episódio depressivo, distimia ou um distúrbio relacionado à ansiedade e ao medo.
  • Transtorno disfórico pré-menstrual |CID-11 GA34.4: um padrão de sintomas de humor (humor deprimido, irritabilidade), sintomas somáticos (letargia, dor nas articulações, excessos alimentares) ou sintomas cognitivos (dificuldades de concentração, esquecimento) que comece vários dias antes do início da menstruação, e comece a melhorar dentro de alguns dias após o início da menstruação e, em seguida, torne-se mínima ou ausente dentro de aproximadamente 1 semana após o início da menstruação, estando presente na maioria dos ciclos menstruais no último ano.
  • Depressão psicótica: o indivíduo em sofrimento geralmente convive com episódios de delírio e alucinação, em que se somam os sintomas de depressão a alguma forma de psicose. Pode ser considerado um tipo de depressão grave.


O que é depressão para a psicanálise?

No contexto da psicanálise, a partir da obra Luto e Melancolia, Freud (1917) inicialmente considerava a depressão como um fenômeno que envolvia a "diminuição do sentimento de auto-estima" e "expectativas ilusórias de punição". Sua visão inicial era de que as crianças, devido à falta de capacidade de auto-estima e de prever o futuro, não poderiam experimentar a depressão.

Acreditava-se que na adolescência o desenvolvimento da personalidade permitia a vivência da depressão, embora até a década de 1970 alguns estudiosos considerassem os sintomas depressivos como parte normal do desenvolvimento adolescente.

Ao longo do século 20, a compreensão da relação entre eventos na infância e o funcionamento da personalidade no futuro começou a ganhar destaque. Freud propôs que a personalidade de uma criança era amplamente desenvolvida até os cinco anos de idade, sendo influenciada pela maneira como ela se ajustava a experiências precoces. A depressão, para Freud, surgia da resolução inadequada dos conflitos entre impulsos primitivos (id) e a aceitação de tabus sociais pelo superego.

mão encostando na própria sombra sob fraca luz

Numa leitura mais recente, o mal-estar contemporâneo, para o psiquiatra Joel Birman, manifesta-se no corpo, na ação e na intensidade como uma dor difícil de ser simbolizada.

Nesse cenário, a depressão destaca-se como uma forma de subjetivação, refletindo um aumento significativo nos diagnósticos e previsões de uma sociedade predominantemente depressiva.

A contemporaneidade revela a psicanálise como um discurso relevante para entender questões sociais e culturais. As mudanças na estrutura familiar, a crise da paternidade e a ascensão do individualismo na vida pós-moderna contribuem para a proliferação da cultura do narcisismo.

A falta de consenso sobre o termo "depressão" na sociedade atual reflete a dificuldade em lidar com as transformações sociais, econômicas e culturais que afetam a evolução da subjetividade.

Por uma perspectiva psicanalítica, a depressão pode ser considerada uma posição subjetiva diante das demandas sociais que enfatizam o individualismo e a cultura do espetáculo.

O sujeito contemporâneo, sob pressão para buscar a satisfação constante, muitas vezes se vê paralisado, afastado de seu desejo, resistindo às exigências sociais. Assim, a depressão pode ser uma resposta à sociedade que não tolera a falta, a dor e o sofrimento.

Neste contexto, enquanto dispositivo de "cura pela palavra" a psicanálise concebe a escuta do "singular" como importante possibilidade de abertura para as manifestações subjetivas, que podem estar relacionadas às múltiplas expressões sintomáticas, inclusive as depressivas.

Em todos os casos, torna-se essencial o diagnóstico precoce para que o tratamento seja bem sucedido, evitando novos episódios. É fato que a depressão pode aparecer em diversas fases da vida, a começar pela infância.

Depressão na Era Digital
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No curso Depressão na Era Digital, os psicanalistas e escritores Ana Suy e Alexandre Patricio de Almeida apresentam uma discussão sobre saúde mental, cultura e sociedade a partir da psicanálise, oferecendo uma imersão nas complexidades do adoecimento psíquico na era atual, em especial sobre o fenômeno da depressão.

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Sintomas e diagnóstico da depressão infantil

Em crianças pré-escolares - de idade até sete anos - a manifestação clínica mais comum é representada pelos sintomas físicos, tais como dores, fadiga e tontura. Ainda segundo o autor, seguem-se além das queixas dos sintomas físicos a presença de ansiedade, fobias, agitação psicomotora ou hiperatividade, irritabilidade, diminuição do apetite com falha em alcançar o peso adequado, e alterações do sono.

Alguns estudiosos citam surgimento de choro excessivo e frequente, comunicação falha, tristeza na fisionomia e um comportamento que apresenta agressividade.

Em crianças escolares - entre seis a doze anos -, o humor depressivo já pode ser verbalizado e é frequentemente relatado como tristeza, irritabilidade ou tédio. As crianças podem apresentar apatia, tristeza, fadiga, isolamento, aparência triste, queda do desempenho escolar, ansiedade diante de uma separação, dentre outros.

Os estudos dedicados à depressão infantil, semelhantes aos adultos, revelam a importância do diagnóstico precoce. A peculiaridade do diagnóstico infantil reside na possibilidade de identificação tardia, agravando a situação.

A depressão infantil pode passar despercebida ou ser confundida com características temperamentais, tornando-se desafiador reconhecê-la. Desde a década de 1970, há consenso de que as crianças apresentam sintomas depressivos semelhantes aos dos adultos, com a irritabilidade assumindo o papel do abatimento no diagnóstico infantil.

15 sinais da depressão infantil

  • Angústia.
  • Pessimismo
  • Agressividade
  • Falta de apetite
  • Falta de prazer em executar atividades
  • Isolamento
  • Apatia
  • Insônia ou sono excessivo que não satisfaz
  • Queixas de dores
  • Sentimentos de desesperança
  • Dificuldade de concentração, atenção memória ou raciocínio
  • Baixa auto-estima e sentimento de inferioridade
  • Sensação frequente de cansaço ou perda de energia
  • Sentimentos de culpa
  • Dificuldade de se afastar da mãe


A depressão em crianças: uma visão da psicanálise

A teoria de Sigmund Freud trouxe uma nova perspectiva sobre as angústias infantis, que se assemelham às vivenciadas na idade adulta. Estudos recentes corroboram a ideia de que, contrariamente a concepções antigas, as crianças experimentam emoções, enfrentam perdas, mudanças e traumas, que podem ter repercussões na vida adulta, tornando-se terrenos férteis para o desenvolvimento da depressão.

Para a psicanálise freudiana, a depressão infantil está relacionada a situações de perdas e luto, impactando diretamente na fase narcísica da criança. A infância, caracterizada pela ainda incompleta constituição psíquica, evidencia a singularidade de como cada criança vivencia e elabora suas perdas, considerando que as histórias de vida são distintas.

banner do curso Melanie Klein e a refundação do eu desenvolvimento psiquico e a teoria das posicoes, do professor Alexandre Patricio, para a Casa do Saber



Psicanálise, psicoterapia e psiquiatria no tratamento da depressão

Pesquisas sobre a depressão de difícil tratamento enfatizam a importância da associação do acompanhamento psiquiátrico ao acompanhamento psicanalítico. Nestes casos graves, nota-se a predominância de derivados de impulsos agressivos nos humores depressivos.

Na clínica psicanalítica destacam-se dois tipos de desprazer: a ansiedade e o afeto depressivo, decorrentes de situações como luto, perdas amorosas ou punições.

Uma leitura psiquiátrica associada ao manejo psicanalítico ressalta que o afeto depressivo desempenha papel equivalente à ansiedade na psicopatologia, sendo uma parte inevitável da vida mental, acionando defesas e conflitos, podendo ser ou não consciente em um dado compromisso.

Aqui os transtornos depressivos são definidos como a "sensação de impotência e desesperança diante da realização de um desejo intenso", colorindo toda a auto-representação com sentimentos de inferioridade, incapacidade e ameaça.

Grandes autores da psicanálise, como Melanie Klein, criaram conceitos e formas de compreensão das manifestações do transtorno depressivo. Aprofunde-se no tema da depressão com a Masterclass do professor e psicanalista Alexandre Patricio de Almeida dedicada às psicopatologias atuais.



Como vencer a depressão?

O acolhimento das pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo depressão e as necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, e seus familiares é fundamental para a identificação das necessidades assistenciais, alívio do sofrimento e planejamento de intervenções medicamentosas e terapêuticas, se e quando necessárias.

No Brasil, além de contar com a disponibilidade de consultórios e clínicas particulares, os indivíduos em situações de crise podem ser atendidos em qualquer serviço da rede pública de saúde.

Os casos de pacientes em situação de emergência devem ser atendidos nos serviços de urgência e emergência e nos serviços da RAPS (Rede de Atenção Psicossocial) é composta por equipamentos variados, em sua maioria guiados por princípios de cuidado comunitário e em liberdade, tais como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), os Centros de Convivência e Cultura e as Unidade de Acolhimento (UAs). As diretrizes da política envolvem o governo federal e os estados e municípios.






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Birman, J. (2012). O sujeito na contemporaneidade: espaço, dor e desalento na atualidade. Brasil: Civilização Brasileira.

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Ansiedade: Sintomas, Causas, Crise de Ansiedade e Transtornos
Xavana Celesnah
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Ansiedade: Sintomas, Causas, Crise de Ansiedade e Transtornos
Saiba o que é ansiedade, crise de pânico e transtornos relacionados. O tratamento da ansiedade com psicólogo e psiquiatra e a melhora da saúde mental

A ansiedade é uma emoção humana universal caracterizada por sentimentos de preocupação, medo e apreensão, geralmente despertados em situações de incerteza ou pressão. Todos nós a experimentamos em algum momento. Em si, ela não é uma doença.

Apesar de ser uma reação natural e muitas vezes útil, que nos prepara para enfrentar desafios, a ansiedade pode se tornar um problema quando ganha proporções excessivas e se transforma em um transtorno, passando a interferir no cotidiano, afetando o sono, o humor e as relações interpessoais.

Os casos de sofrimento psíquico, exigem cuidado especializado. Assim como todos os problemas de saúde mental, os transtornos de ansiedade precisam ser tratados com mais naturalidade, retirando-se o preconceito e o estigma tão culturalmente arraigados em relação a tudo o que diz respeito às questões de ordem emocional.

O Que é Ansiedade?

A ansiedade é uma reação emocional do corpo diante de situações que envolvem incerteza ou perigo. De acordo com o psiquiatra Rodrigo Bressan, “nosso corpo, através dos sistemas nervosos autônomo e simpático, está preparado para situações de luta ou fuga”, por possuir um mecanismo biológico capaz de lidar com situações de perigo. Mas, existem contextos de estresse que ultrapassam a capacidade de regulação emocional do corpo, fazendo com que as pessoas saiam do eixo e causando diversos problemas de saúde mental, como os transtornos de ansiedade.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os transtornos de ansiedade são os transtornos mentais mais comuns do mundo e afetaram aproximadamente 301 milhões de pessoas em 2019, o que corresponde a cerca de 4% da população mundial. Ainda segundo a OMS, as mulheres são mais afetadas por este tipo de transtorno do que os homens e os sintomas começam a surgir na infância e na adolescência.

Os transtornos de ansiedade, além de provocarem sofrimento, interferem de forma significativa nas atividades cotidianas, causando grande impacto no nível de incapacitação da nossa sociedade. Quando não tratados, esses sintomas podem persistir por anos, impactando ainda mais na saúde mental e emocional do indivíduo.

A boa notícia é que grande parte dos transtornos mentais, como os de ansiedade, são tratáveis e existem terapias e intervenções altamente eficazes, como a psicoterapia e o uso de medicamentos, que podem ajudar a controlar os sintomas e permitir que a pessoa recupere o bem estar e a qualidade de vida.

Apesar da alta prevalência e do impacto significativo desses transtornos, estima-se que apenas 1 em cada 4 pessoas com os sintomas busque tratamento. A falta de conscientização sobre a natureza tratável da condição, o baixo investimento público em serviços de saúde mental, a falta de profissionais de saúde qualificados para este tipo de atendimento e o estigma social em torno do tema são algumas das barreiras que dificultam o acesso a um tratamento adequado, segundo a OMS.

Para aprofundar os seus conhecimentos no assunto e compreender melhor as novas formas de sofrimento psíquico, assista a masterclass gratuita da Casa do Saber com o professor e psicanalista Alexandre Patricio de Almeida. Ele aborda as psicopatologias atuais na perspectiva da psicanálise e reflete se os transtornos mentais da atualidade são os mesmos definidos por Freud no final do século XIX e início do século XX.

imagem de divulgação de masteclass sobre psicopatologias na atualidade com alexandre patrício



Sintomas de Ansiedade

Os sintomas de ansiedade podem variar de pessoa para pessoa, mas geralmente incluem manifestações físicas e emocionais. É importante entender que a ansiedade não é um fenômeno exclusivamente psicológico. Ela também afeta o corpo e muitas pessoas com transtornos de ansiedade experimentam uma série de sintomas físicos que podem ser tão intensos ao ponto de se confundirem com outros problemas de saúde. Assim, os transtornos de ansiedade podem provocar sintomas físicos, emocionais e comportamentais.

Sintomas Físicos da Ansiedade

Os sintomas físicos mais recorrentes dos transtornos de ansiedade incluem:

  • Tensão muscular: A musculatura do corpo, especialmente nas regiões do pescoço, ombros e mandíbula, tende a se contrair, causando desconforto.
  • Taquicardia: O aumento da frequência cardíaca é o sintoma clássico da ansiedade. As palpitações e a sensação de coração acelerado são muito frequentes.
  • Falta de ar: A dificuldade para respirar ou "respiração curta" é recorrente em episódios de ansiedade, especialmente durante ataques de pânico.
  • Suor excessivo: Suor demasiado, especialmente nas palmas das mãos, axilas ou testa, mesmo em situações sem estresse imediato.
  • Tremores nas mãos: O nervosismo pode causar tremores involuntários nas mãos ou até mesmo em outras partes do corpo
  • Boca seca: A ansiedade pode diminuir a produção de saliva, resultando em boca seca e desconforto.
  • Dores no peito: O estresse físico pode provocar dores no peito ou uma sensação de pressão, frequentemente confundida com problemas cardíacos.
  • Náuseas e desconforto abdominal: O estômago e o sistema digestivo podem reagir de maneira exacerbada ao estresse, causando náuseas, cólicas ou diarreia.


Sintomas Emocionais e Psicológicos da Ansiedade

Os transtornos de ansiedade, além de causarem sintomas físicos, manifestam-se no emocional do indivíduo, afetando o seu bem-estar e a qualidade dos seus relacionamentos. Dentre os sintomas psicológicos da ansiedade, as pessoas experimentam:

  • Preocupação excessiva: A mente fica sem paz, devido à preocupação permanente com todas as atividades cotidianas. Tarefas do trabalho, problemas familiares, atividades pessoais, tudo está sendo processado com muita velocidade e os pensamentos estão sempre direcionados à próxima atividade que deve ser realizada, retirando o indivíduo do presente. Nesses casos, a meditação mindfulness pode auxiliar como uma terapia complementar e trazer a mente de volta ao presente.
  • Medo iminente: A sensação angustiante de que algo terrível pode acontecer a qualquer momento é outro sintoma comum. Esse medo pode não ter um motivo claro, mas também pode estar associado a algum evento na vida do indivíduo, como uma viagem, uma apresentação importante, algum evento social.
  • Irritabilidade: Pessoas ansiosas tendem a se tornar mais irritadas e impacientes, agindo de maneira ríspida no cotidiano.
  • Dificuldade de concentração: Como a mente está repleta de pensamentos voltados para o futuro, é comum que haja uma dificuldade de concentração em tarefas do dia a dia. Esse fator é particularmente prejudicial à produtividade, afetando o indivíduo no trabalho.
  • Nervosismo ou inquietação: As pessoas tendem a se sentir em alerta constante, sem relaxar. Daí a sensação de inquietude, pois vivem como se estivessem prestes a ter uma crise a qualquer momento.




Sintomas Comportamentais da Ansiedade

Todos os sintomas da ansiedade estão interligados, mas de maneira didática eles são divididos nesses três tipos: físicos, emocionais e comportamentais. Em relação ao comportamento, os indivíduos acometidos com o transtorno podem começar a adotar certos padrões com o desejo de evitar o desconforto da ansiedade. Veja exemplos de como a ansiedade afeta o comportamento:

  • Dificuldade para dormir (insônia): As pessoas com transtornos de ansiedade geralmente têm dificuldades para relaxar e adormecer. A mente hiperativa, cheia de preocupações, impede o descanso adequado.
  • Isolamento: Uma das respostas mais comuns à ansiedade é evitar situações que possam desencadear medo ou desconforto. Assim, alguém com transtorno de ansiedade pode evitar encontros sociais ou eventos públicos.
  • Procrastinação: A ansiedade provoca dificuldade de tomada de decisões e acaba deixando as pessoas sem realizar suas atividades. O medo do fracasso é outro motivo que gera a procrastinação.
  • Comportamentos de fuga: Em alguns casos, a pessoa pode buscar formas de "escapar" da ansiedade, como o abuso de substâncias.


O que é uma Crise de Ansiedade?

Uma crise de ansiedade é um episódio intenso e súbito em que os sintomas de ansiedade atingem um pico, causando grande desconforto e aflição. Geralmente, essas crises estão relacionadas a eventos estressantes. Elas costumam ter uma duração limitada, por volta de 30 minutos, mas podem deixar a pessoa com uma sensação de cansaço extremo ou vulnerabilidade quando passam.

Durante uma crise de ansiedade, a pessoa normalmente vivencia sintomas emocionais e físicos. Entre os sintomas psicológicos estão: sensação de medo, angústia, nervosismo, apreensão, sensação de estar fora de si mesma e de que o mundo ao redor não é real. A mente tende a se concentrar nas piores possibilidades, com o medo iminente de perder o controle ou até mesmo de morrer.

Já os sintomas físicos são consequência da liberação de hormônios como o cortisol e a adrenalina, que são ativados pelo sistema nervoso simpático em situações de estresse. Eles podem incluir:

  • Aceleração do batimento cardíaco e palpitações
  • Sensação de sufocamento ou falta de ar
  • Tontura e sensação de desmaio
  • Formigamento nas extremidades
  • Aumento da pressão arterial
  • Suor excessivo, boca seca, mãos geladas e pele fria
  • Náuseas, podendo até levar ao vômito
  • Vontade frequente de urinar


Durante uma crise, as pessoas sentem dificuldade em realizar tarefas cotidianas, e ficam incapazes de retomar a normalidade até que o episódio termine. Existem tratamentos eficazes para as crises de ansiedade, que podem ser feitos através de atendimentos psicológicos. Além disso, as técnicas de relaxamento e atenção plena podem reduzir os sintomas do transtorno.

Diferença entre Crise de Ansiedade e Crise de Pânico

A crise de pânico é um tipo específico de ataque de ansiedade e ambos possuem sintomas semelhantes. O que costuma diferenciá-los é a causa. A crise de pânico normalmente ocorre sem um motivo identificável, sem uma causa óbvia e costuma ser acompanhada de um medo súbito de morrer.

Uma crise de pânico, pode ocorrer de forma inesperada, sem qualquer aviso, e se caracteriza por ser extremamente aterrorizante.

Já a crise de ansiedade é desencadeada por algum estímulo estressante específico. A síndrome do pânico, por sua vez, é a recorrência de ataques de pânico, que acontecem com frequência e de forma imprevisível.

Os sintomas da crise de pânico incluem:

  • Aumento súbito do batimento cardíaco
  • Dificuldade para respirar ou sensação de sufocamento
  • Suor excessivo, calafrios ou tremores
  • Sensação de morte iminente ou perda de controle


Embora assustadoras, as crises de pânico geralmente não apresentam risco físico imediato. No entanto, quando são recorrentes, elas podem levar ao desenvolvimento de um transtorno de pânico, que prejudica significativamente a qualidade de vida da pessoa.

Tipos de Transtornos de Ansiedade

Pela visão da psiquiatria, os transtornos de ansiedade podem se manifestar de várias formas e cada tipo tem características específicas que afetam a vida cotidiana de maneira distinta. Os transtornos mais comuns incluem o transtorno de ansiedade generalizada (TAG), o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), a fobia social e o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Veja a seguir os principais tipos de transtornos de ansiedade, com suas particularidades e sintomas típicos.

TIPOS DE TRANSTORNO DE ANSIEDADE SINTOMAS
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) É caracterizado por preocupações persistentes e exageradas com as situações do cotidiano. As pessoas com esse tipo de transtorno se sentem ansiosas em relação ao trabalho, à saúde, aos relacionamentos, às finanças. Ou seja, o medo abrange basicamente todos os aspectos da vida e causa um forte desgaste emocional e físico no indivíduo.
Transtorno de Pânico É identificado quando a pessoa tem o histórico de vários episódios de ataque de pânico. A sensação de perda de controle, falta de ar, desespero, medo da morte são constantes.
Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social) Diz respeito a um medo de ser julgado, rejeitado ou humilhado em situações sociais. Ademais, a pessoa com fobia social tem pavor de apresentações em público ou reuniões. É um transtorno que prejudica as relações interpessoais e o desenvolvimento profissional.
Agorafobia É um transtorno relacionado ao medo de estar em lugares desconhecidos ou onde o indivíduo sente que não tem o controle sobre a situação. O medo de não conseguir escapar ou de não conseguir obter ajuda limitam o deslocamento de quem tem esse tipo de transtorno. Viajar de ônibus ou avião, estar em espaços fechados, como cinemas, lojas, ou mesmo no transporte público podem ser extremamente difíceis para quem tem agorafobia.
Fobias Específicas São medos irracionais e intensos de objetos ou situações específicas, como medo de voar, de aranhas, de cobras, de locais fechados ou de altura. Esses medos podem ser tão paralisantes que a pessoa afetada fará o possível para evitar enfrentar a situação ou objeto temido. Apesar de serem inconscientes, essas fobias podem gerar grande sofrimento emocional e interferir nas atividades diárias.
Mutismo Seletivo É um transtorno que afeta principalmente crianças e é mais comum em meninas. Caracteriza-se pela incapacidade de falar em determinadas situações sociais. As crianças com mutismo seletivo têm dificuldade em interagir fora do seu círculo familiar próximo, atrapalhando sua adaptação escolar e social.
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) Ocorre após a pessoa viver uma situação traumatizante, como um acidente grave, um abuso ou violência. Ela se manifesta através de flashbacks, pesadelos e uma sensação de alerta. A pessoa fica revivendo o trauma e tende a evitar lugares e atividades que lembrem o evento traumático.
Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) Envolve a presença de pensamentos repetitivos: ideias, imagens ou impulsos que surgem de forma repetitiva e incontrolável. Para aliviar a ansiedade causada por esses pensamentos, a pessoa pode desenvolver comportamentos compulsivos, como lavar as mãos repetidamente, verificar várias vezes se a porta está trancada ou realizar constantes rituais de organização.



Vivemos em uma cultura que proporciona o desenvolvimento da ansiedade. Estamos sempre consumidos com as próximas tarefas que precisam ser realizadas e existe uma competitividade extrema por desempenho. Nesse sentido, mesmo que não ocorram fatores estressantes diretos, é possível que as pessoas desenvolvam algum transtorno de ansiedade devido ao estilo de vida que levam.

Além disso, a ansiedade pode ser causada por relacionamentos abusivos, ambientes familiares e profissionais tóxicos, traumas e estresse crônico. O histórico familiar também pode aumentar as chances de desenvolver o problema.

Relação entre Ansiedade e Depressão

É comum a coexistência da ansiedade com a depressão em uma mesma pessoa. Os sintomas de um transtorno acabam agravando os do outro, gerando um ciclo vicioso. Transtornos de ansiedade podem causar uma preocupação intensa em relação ao futuro que acabam gerando uma descrença no próprio potencial.

Além disso, pessoas deprimidas podem tentar usar substâncias como uma forma de anestesiar suas dores e acabam desenvolvendo crises de ansiedade devido ao consumo de drogas.

Psicólogo ou Psiquiatra: Quando Consultar Cada Um?

A escolha entre consultar um psicólogo ou um psiquiatra depende das necessidades e características de cada caso. Ambos os profissionais têm papeis complementares, mas com enfoques diferentes no tratamento da ansiedade.

  • Psicólogo: O psicólogo trabalha com o paciente para explorar e compreender as causas emocionais e comportamentais da ansiedade. Ele pode utilizar diversas abordagens terapêuticas, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que foca em identificar e modificar padrões de pensamento disfuncionais que alimentam a ansiedade.
  • Psiquiatra: O psiquiatra, por sua vez, tem a capacitação necessária para diagnosticar transtornos mentais e, quando necessário, prescrever medicamentos, como antidepressivos ou ansiolíticos, para controlar os sintomas da ansiedade. Embora os psiquiatras também realizem sessões de psicoterapia, sua especialização é focada no tratamento medicamentoso e no diagnóstico de condições relacionadas a outros transtornos de saúde mental, como depressão, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) ou transtornos de pânico.


A Psicanálise e o Tratamento da Ansiedade

A análise pessoal, por meio da psicanálise, também é eficaz no tratamento dos transtornos de ansiedade, pois trata a questão a partir do inconsciente. De acordo com a psicanálise, existe uma parte da mente humana que armazena conteúdos que o sujeito não consegue perceber conscientemente. Isso ocorre, dentre outros aspectos, porque esses elementos podem entrar em conflito com a imagem que a pessoa construiu a respeito de si mesma.

Para a psicanálise, a ansiedade excessiva ou patológica está frequentemente associada a esses conteúdos inconscientes. Em vez de ver os eventos estressores como a causa direta da ansiedade, a psicanálise considera que eles funcionam como gatilhos, que desencadeiam reações emocionais intensas. Esses gatilhos, na verdade, estão relacionados a experiências ou conflitos reprimidos no inconsciente, que ainda não foram processados.

Nesse sentido, a psicanálise entende que grande parte de nossas questões e conflitos mais profundos estão guardados no inconsciente, e, por isso, somos incapazes de reconhecê-los por conta própria. Isso é mais evidente ainda em relação aos traumas e emoções reprimidos durante a infância ou adolescência, que, mais tarde, podem se manifestar como sintomas de ansiedade na vida adulta.

O trabalho do psicanalista é ajudar o paciente a perceber que a situação imediata, que ele acredita ser a causa da ansiedade, é apenas um gatilho que ativa questões mais profundas e inconscientes. Durante a análise, por meio do discurso, o paciente passa a trazer suas questões e o psicanalista o ajuda a elaborar essas conexões.

Esse processo gradual permite que o paciente entre em contato com os conteúdos reprimidos do inconsciente, os reconheça e, ao fazer isso, reduza a sua ansiedade e insegurança. Portanto, pessoas que sofrem de ansiedade podem se beneficiar significativamente de um tratamento baseado nos princípios da psicanálise.

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Como tratar a ansiedade?

O tratamento para os transtornos de ansiedade é eficaz e pode ser realizado por meio de diferentes abordagens, incluindo terapias, o processo de análise, intervenções medicamentosas orientadas por um psiquiatra e mudanças no estilo de vida. O sucesso do tratamento depende não apenas das intervenções, mas também da qualidade da relação entre o paciente e o profissional de saúde.

A confiança e o vínculo terapêutico são fundamentais, pois ajudam no processo de autoconhecimento, essencial para o enfrentamento da ansiedade. Como explica o Dr. Rodrigo Bressan, “se a gente entende como a gente funciona, é mais fácil se autorregular emocionalmente e estabelecer estratégias de superação”. Isso significa que, quanto mais uma pessoa compreende seus próprios mecanismos emocionais, mais preparada ela estará para lidar com situações estressantes.

Perguntas Frequentes sobre Ansiedade

Pergunta 1: Ansiedade tem cura?

Sim, já existem vários tratamentos eficazes para os transtornos de ansiedade, que incluem intervenções e tratamentos psicológicos, psicanálise, medicamentos e técnicas de mindfulness. Pessoas com sintomas de ansiedade devem procurar atendimento, além de aliar a prática de exercícios físicos regulares e uma alimentação saudável.

Pergunta 2: Quais são os tratamentos disponíveis para a ansiedade?

Os tratamentos mais comuns incluem psicoterapia, medicamentos (como ansiolíticos e antidepressivos) e técnicas específicas, como a prática de mindfulness e a gestão do estresse.

banner do curso Vocabulario dos Afetos, de Christian Dunker



Referências:

https://www.who.int/

https://curadoria.casadosaber.com.br/cursos/174/a-ciencia-dos-sentimentos-alcancando-bem-estar-psicologico

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/224_ansiedade.html

https://www.paho.org/pt/noticias/17-6-2022-oms-destaca-necessidade-urgente-transformar-saude-mental-e-atencao

Filosofia
 Curso de Filosofia EaD: Guia Completo para Estudar Online
Rodrigo Gomes
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Curso de Filosofia EaD: Guia Completo para Estudar Online
Saiba o que é Filosofia, o que estuda e principais pensadores. Veja a lista de melhores cursos para estudar à distância, do introdutório ao avançado.

Entenda o que é Filosofia, como ela surgiu e sua importância para o mundo. Vamos conhecer os períodos e principais pensadores que marcaram a história da Filosofia, as áreas de estudo, além dos melhores cursos à distância para aprender sobre esta área do conhecimento.

Quais os passos para estudar Filosofia?

É comum as pessoas entenderem que estão filosofando (e de fato o estão) ao se verem introspectivas refletindo sobre qual o sentido da vida, observando as árvores, animais, as estrelas e ao se espantarem diante da grandeza do universo em contraste com a pequenez do homem.

Estruturar o pensamento filosófico, no entanto, está longe de ser uma tarefa simples. É possível acessar um material rico já construído por mentes brilhantes com reflexões e métodos que servem como guia para se construir o saber filosófico.

Por isso, além de explorar uma inquietação filosófica espontânea, aprender filosofia significa essencialmente se debruçar sobre a própria história da filosofia, seus conceitos e métodos.

O que a Filosofia estuda?

Este campo do saber procura investigar as nossas origens, a existência, as transformações observadas na natureza, e as relações e experiências do homem no mundo.

A partir da curiosidade, questionamentos e observações sobre o que está à nossa volta, é possível filosofar sobre tudo o que possa provocar espanto, despertar dúvidas ou admiração. Dentro de seu estudo sistematizado, encontramos diversas áreas de investigação.

Um exemplo é o estudo da Ética, onde a filosofia se propõe a refletir sobre valores morais e as ações humanas, levanta questões sobre a definição do que é o bem e o mal, o certo e o errado ou o conceito de justiça.

Outro ramo é a Estética, em que o interesse está focado na experiência artística, sendo possíveis questionamentos sobre a concepção do que é considerado belo ou a reflexão sobre o papel da arte na sociedade. Estes são apenas alguns exemplos das muitas ramificações possíveis para desenvolver o pensamento filosófico.

pintura escola de atenas, de rafael sanzio
Afresco "A Escola de Atenas", de Rafael Sanzio, que apresenta Platão e Aristóteles ao centro.(Wikimedia Commons)

Quem pode estudar Filosofia?

Pelo seu aspecto livre e universal, a filosofia é acessível a todas as pessoas que desejam se lançar ao estudo da área, abarcando desde a trajetória acadêmica formal ao puro desejo pessoal de estudar a existência e as questões que nos concernem.

Dentro deste espaço de aprendizado, encontramos diferentes ramos de estudo - como moral, ética, política, religião, epistemologia - diversos pensadores e períodos históricos, além de tratar de dilemas ancestrais até questões contemporâneas. Em cada campo mencionado, há um universo inesgotável de possibilidades de investigação e estudo.

A Filosofia não implica em uma posição de posse do saber, mas uma prática do pensar a realidade pela razão. Por isso, seu estudo não se limita apenas ao caminho acadêmico. A Filosofia é para todos aqueles que têm curiosidade de saber, que desejam questionar, se debruçar nas questões levantadas por grandes pensadores e analisar criticamente a realidade, trilhando um caminho próprio em busca da verdade.

Por onde começar a estudar Filosofia?

A construção de aprendizado nesta área do saber é subjetiva e marcada por um exercício constante de elaboração em relação aos mistérios da vida. Para começar os estudos em Filosofia , sabemos que é necessário traçar minimamente um caminho para início da jornada.

Os estudos iniciais geralmente tomam por partida o pensamentos de filósofos ocidentais, como Sócrates, Platão e Aristóteles, através de textos considerados fundamentais, como a obra “O Banquete”, de Platão. Porém, indicar a leitura dos textos pode não ser o suficiente para a devida compreensão do tema.

Por isso, passaremos ponto a ponto pela história da filosofia, grandes pensadores e áreas de estudo para que você consiga entender um pouco mais sobre o percurso e encontrar as melhores opções de cursos de filosofia.

O que é Filosofia e como surgiu?

Traçar uma definição clara e simples da filosofia é uma tarefa desafiadora, pois sua estrutura conceitual é baseada em uma linguagem complexa e necessita de um certo conhecimento prévio na área para compreendê-la em essência. É da natureza da filosofia não contar com respostas imediatas.

A filosofia é um livre saber que se baseia na razão para explicar a realidade a partir do uso de conceitos. A palavra "filosofia" (do grego φιλοσοφία) resulta da união de outras duas palavras:

- "philos” - significa "amizade", "amor fraterno" (não no sentido erótico), desejo intenso por algo e respeito entre os iguais.

- "sophia” - significa "sabedoria", "conhecimento".

Filosofia significa, portanto, amizade ou amor pela sabedoria, amor e respeito pelo saber ou pelo conhecimento. A partir da Filosofia, o homem pode caminhar em direção à autonomia para pensar sobre si mesmo e o mundo e, por isso, carrega um sentido de liberdade. É um exercício do pensar e constante busca pelo saber, uma atitude que não se submete a nenhuma forma de controle ou qualquer outro conhecimento.

A origem da filosofia remonta à Grécia Antiga, no século VI a.C, e marca a transição do pensamento mítico para o da razão. Surge não por uma pergunta teórica ou alguma questão efetiva, mas a partir da admiração diante de fenômenos que ultrapassam o poder do conhecimento e provocam curiosidade, temor e espanto.

À época, fenômenos naturais que não podiam ser explicados, como a noção de finitude marcada pela vida e morte, a mudança das estações ou a transição entre dia e a noite, eram ilustrados por meio de mitos.

Os mitos eram narrativas que pretendiam explicar a origem dos deuses e do universo de forma fantasiosa e sobrenatural, onde eram representados os fenômenos da natureza, os sentimentos humanos e as contradições presentes na sociedade.

Mito de Perséfone: a mudança das estações pela mitologia grega

imagem antiga retratando mito de perséfone e hades exposta no British Museum,em Londres
Representação de Perséfone e Hades - Vulci, c. 440-430 BCE. (British Museum, London)

Segundo conta a mitologia grega, Perséfone era filha de Zeus com Deméter, deusa da colheita e da agricultura. Um dia, ao ver a jovem colhendo flores em uma pradaria, Hades, o deus do submundo, se apaixona por Perséfone e a sequestra.

Enfurecida e entristecida pelo sumiço da filha, Deméter deixa o Olimpo e passa a não cumprir suas funções de colheita, tornando o solo da Terra estéril. Ao notar a devastação causada pela ausência de Deméter, Zeus envia o mensageiro Hermes ao submundo para negociar a libertação de Perséfone. No entanto, sem saber das consequências, a jovem havia ingerido sementes de romã oferecidas por Hades, fato que criou uma ligação eterna com o submundo e que a impediu de deixá-lo permanentemente.

Assim, foi feito um acordo: Perséfone viveria dois terços do ano com Deméter, representado o período de boa colheita, quando Deméter estava contente pela chegada da filha (primavera e verão) e um terço do ano com Hades, representando o período de dificuldade na colheita, pois Deméter estava infeliz por conta do regresso da filha para o submundo (outono e, principalmente, inverno)

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Por que a Filosofia surgiu na Grécia?

Há diferentes teses sobre esta questão. Uma delas é conhecida como “Milagre Grego”, em que se acreditava que a Filosofia surgiu de maneira única, inesperada e espontânea na Grécia , como defendia o historiador Diógenes Laércio (180-240 d.C).

Outra vertente considera que as transformações vivenciadas pelos gregos se deram por conhecimentos advindos dos povos “orientais”, através de uma herança dos egípcios, caldeus, babilônios e persas, contribuindo para que florescessem conhecimentos como geometria, astrologia e meteorologia.

Por uma visão histórica, é possível constatar que a topografia da região facilitou a construção de portos, viagens marítimas e intercâmbio econômico. Isso levou os gregos ao contato com outras civilizações e seus diferentes mitos, trazendo descrença e busca por explicações mais racionais sobre o mundo.

mapa do mundo grego referente ao período histórico de início da filosofia
Mapa do mundo grego - Reprodução: Livro “Iniciação à História da Filosofia - dos pré-socráticos a Wittgenstein, de Danilo Marcondes


Quais foram os primeiros filósofos?

A estrutura e modelo político desenvolvidos nas polis gregas, propiciaram o surgimento dos primeiros filósofos, conhecidos como pré-socráticos. Eles se concentravam na pergunta e busca pelo arché, que seria o elemento primordial a que todas as outras coisas se derivam, a substância primeira capaz de constituir todo o universo e tudo o quanto existe na realidade.

Tales de Mileto (sec. VII e VI a.C) é considerado o primeiro filósofo da História. Marcou o rompimento em relação ao mito ao questionar racionalmente a natureza, buscando compreender o mundo a partir da investigação e não se satisfazendo com as respostas fantásticas e sobrenaturais colocadas pela mitologia. Ele propôs que a água era a substância fundamental e que compunha todas as coisas que existiam no mundo.

Não à toa os filósofos pioneiros são chamados de pré-socráticos. Esta definição já indica a importância do legado deixado por Sócrates, que contribuiu de forma consistente para o início e desenvolvimento do período conhecido como filosofia clássica, seguido por Platão e Aristóteles. A partir de então, a disciplina se desenvolve com métodos mais sistemáticos e analíticos de investigação, e se expande para áreas como´ética, política, lógica e epistemologia.

Para entendermos melhor essa caminhada, vamos conferir os períodos que marcam a filosofia e um pouquinho da característica de cada um deles.

Imagem de Tales de Mileto, considerado o primeiro filósofo
Imagem de Tales de Mileto, considerado o primeiro filósofo da História. (Wikimedia Commons)


Conheça os períodos e grandes pensadores da Filosofia

Os períodos da Filosofia são marcados por diversas condicionantes, que refletem mudanças estruturais e impactam no modo de vida da sociedade. Acontecimentos históricos, descobertas científicas e tecnológicas, mudanças políticas, entre outros fatores são determinantes para uma mudança de comportamento em relação ao modo de se pensar e se viver no mundo.

As ideias propostas por grandes pensadores, advindas de suas reflexões e expostas em suas obras, contribuem de forma substancial para esta demarcação entre os períodos. Confira a lista dos períodos abaixo:

  • Filosofia Antiga (séc.VI a.C. até sec. V d.C):

    Este período marca o início da Filosofia , que começou na Grécia Antiga e se estendeu até ao mundo romano. Foi iniciada pelos Pré-Socráticos, com as investigações sobre a natureza, ordem e origem do mundo (cosmologia) e seguiu com Sócrates, Platão e Aristóteles, que trouxeram as atenções para o homem (“conhece-te a ti mesmo”) e estabeleceram as bases da ética, epistemologia e metafísica ocidentais. No período helenístico, escolas como o Estoicismo e o Epicurismo focaram na ética prática e na busca pela felicidade.

    ⭐ Pensadores do período da Filosofia Antiga:

    Sócrates, Platão, Aristóteles, Epicuro, Tales de Mileto, Anaximandro, Anaxímees, Heráclito, Pitágoras, Parmênides e Zenão.

  • Filosofia Medieval (séc. V d.C até séc XV d.C):

    Este longo período histórico vai do final do helenismo até o Renascimento e o início do pensamento moderno e marca a fusão da filosofia grega com as tradições religiosas, como o cristianismo. Os principais temas incluíam a relação entre fé e razão, a natureza de Deus, a existência da alma e a moralidade.

    A maior parte da produção conhecida como “filosofia medieval”, porém, está concentrada entre os séculos XII e XIV, período do surgimento e desenvolvimento da escolástica. Filósofos como Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, buscaram integrar o pensamento racional à fé religiosa. Esse período foi essencial para o desenvolvimento da filosofia e ciência modernas.

    ⭐ Pensadores do período da Filosofia Medieval:

    Tomás de Aquino, Santo Agostinho, Anselmo de Cantuária, Boécio, Duns Scotus, Guilherme de Ockham e Avicena (Ibn Sina).

  • Filosofia Moderna (séc. XVII d.C até XIX d.C):

    A filosofia moderna representa um movimento centrado na ideia de progresso e valorização da subjetividade. Impulsionado pela queda do regime feudal, ascensão burguesa, descobertas científicas e declínio da influência da Igreja Católica, a filosofia passa a operar pela razão e empirismo científico.

    Pensadores como Descartes, Locke, Kant, Spinoza e Hume exploraram o conhecimento, a mente humana e a realidade. Esse período destacou a importância da liberdade, do governo e dos direitos humanos, influenciando a ciência, a política e a ética. O Iluminismo enfatizou a razão e a ciência como caminhos para o progresso, enquanto Hegel e Marx moldaram debates filosóficos e sociais que são relevantes até os dias de hoje.

    ⭐ Pensadores do período da Filosofia Moderna:

    René Descartes, Immanuel Kant, John Locke, David Hume, Baruch Spinoza, Thomas Hobbes, Jean-Jacques Rousseau, Francis Bacon, G.W.F. Hegel, Arthur Schopenhauer, Friedrich Nietzsche e Karl Marx.

  • Filosofia Contemporânea (séc. XX - atualmente):

    Abarcando o início do século XX até os dias atuais, o período abrange uma ampla gama de temas que refletem as profundas mudanças sociais, políticas e tecnológicas. Pensadores como Sartre, Foucault, Derrida e Deleuze exploraram questões fundamentais como a natureza da existência, o exercício do poder, a linguagem e a construção da identidade.

    Já o movimento analítico, representado por Wittgenstein e Russell, concentrou-se na lógica e na análise da linguagem como instrumentos centrais de investigação filosófica. Temas como ética, direitos humanos, feminismo e desafios contemporâneos relacionados à questões ambientais e tecnológicas são evidenciados neste período. Este cenário apenas comprova a importância do estudo contínuo e relevância da filosofia para pensarmos os dilemas e as complexidades do mundo atual.

    ⭐ Pensadores do período da Filosofia Contemporânea:

    Jean-Paul Sartre, Michel Foucault, Jacques Derrida, Gilles Deleuze, Martin Heidegger, Ludwig Wittgenstein, Simone de Beauvoir, Hannah Arendt e Jürgen Habermas

Foto da “O pensador”,de Auguste Rodin, escultura de homem com a mão no queixo pensando filosoficamente, exposta no Musée Rodin, em Paris, na França.
Escultura “O Pensador”, obra-prima de Auguste Rodin. Representa a introspecção, contemplação e a intelectualidade. Reprodução: Site Musée Rodin

“O que faz meu Pensador pensar é que ele pensa não só com o cérebro, mas também com suas sobrancelhas tensas, suas narinas distendidas e seus lábios comprimidos. Ele pensa com cada músculo de seus braços e pernas, com seus punhos fechados e com seus artelhos curvados”

- citação de Auguste Rodin sobre a própria obra.



Conheça as áreas de estudo da Filosofia

Entender as ramificações da filosofia é um passo interessante para vislumbrar os passos de investigação na área.

Confira de forma um pouco mais detalhada algumas das principais ramificações da Filosofia abaixo:

  • Metafísica:

    Você já parou para refletir sobre o que é a alma ou mesmo a existência?

    Essas são algumas das perguntas abordadas pelos filósofos nesta área de estudo. A palavra metafísica vem de um vocábulo grego que significa “depois da física” ou “além do físico”, por isso investiga a realidade como um todo e o que está além do mundo físico e da experiência de nossos sentidos.

  • Epistemologia:

    O que é a verdade? Ela é subjetiva ou objetiva? Como definir quais fontes de conhecimento são válidas e por que algumas ideias têm mais espaço do que outras?

    Conhecida como “teoria do conhecimento”, este é um dos campos principais da filosofia, onde se estuda a relação do sujeito com o conhecimento, os tipos de conhecimento e em que investiga-se sua origem, limites e validade.

  • Ética:

    Esta área se debruça sobre questões morais e as ações humanas como uma ciência do bom comportamento para construir uma vida boa para o todo em sociedade.

    Busca refletir sobre bem e mal, bom e ruim e levantar debates sobre condutas de comportamento humano como a definição do que é certo e errado e a noção de justiça.

  • Estética:

    Ao visitar um museu, é possível que você escute alguém questionando a beleza das obras expostas. Afinal como - ou quem - define o que é o belo?

    Conhecida também como “Filosofia da Arte” , a estética se dedica a estudar o conceito do que é belo e do fenômeno artístico, refletindo sobre percepções e sensações para além do gosto pessoal de cada um, mas levando em conta também a natureza da criatividade na arte e aspectos culturais.

  • Filosofia Política:

    Ao longo da história, presenciamos diversos tipos de ideologias e formas de governar. Este ramo da filosofia busca refletir sobre a natureza do poder, da justiça, igualdade, direitos e liberdade.

    Por que um governo precisa existir, o que o torna legítimo e de que forma ele se estabelece? O que é cidadania e qual a sua importância da participação política? A política está presente na vida social de todos e as perguntas feitas pela filosofia são de grande importância para a sociedade.

  • Lógica:

    A lógica é utilizada para construir e validar raciocínios, distinguindo o que é correto e o que é incorreto no intuito de encontrar um resultado verdadeiro.

    A partir de diferentes métodos, como dedução e indução, direciona a linha de pensamento para uma conclusão que seja coerente. Confira abaixo um exemplo de silogismo, modelo dedutivo introduzido por Aristóteles:

    1ª premissa: Todos os homens são mortais

    2ª premissa: Sócrates é homem

    Conclusão: Sócrates é mortal.

Agora que já entendemos um pouco mais sobre a história da filosofia e suas áreas de estudo, vamos conferir uma lista com os melhores cursos de filosofia para você estudar à distância?

Melhores cursos online de Filosofia com certificado

Até aqui aprendemos algumas informações importantes sobre a Filosofia, mas como começar a de fato a estudar os métodos, conceitos e enriquecer a caminhada em busca de respostas às questões filosóficas de forma mais satisfatória e menos “aventureira”? Separamos cursos por alguns recortes que podem auxiliá-lo nesta empreitada em busca de conhecimento.

Indicaremos cursos de filosofia relacionados especificamente a períodos históricos, cursos focados na vida e obra de pensadores, grandes questões da humanidade ou em áreas de estudo da Filosofia. Todos os cursos listados geram certificado de conclusão.

Cursos introdutórios sobre Filosofia

Para todo início, precisamos “começar do começo”. Considere partir por aqui se você está tendo o primeiro contato com Filosofia e gostaria de ser apresentado a ela antes de seguir para caminhos mais profundos na área.

  • Introdução à Filosofia, por Franklin Leopoldo e Silva
    07 aulas | Duração (50 min)

    Este curso é bem interessante para quem está buscando algo bem introdutório. Nele, o professor Franklin Leopoldo e Silva explica sobre o surgimento da Filosofia de maneira leve, clara, sem abordar conceitos complexos e difíceis de assimilar para um iniciante.

    O curso ajuda a entender como o início da Filosofia contribuiu para criar as bases teóricas do conhecimento e que definiram o ponto de partida para a ciência.

  • Assistir ao curso



  • Introdução à Mitologia Grega, por Julia Myara
    02 aulas | (50 min)

    Se a Filosofia surgiu na Grécia Antiga e marcou uma transição do mito para a razão, é interessante conhecer um pouco sobre a mitologia grega.

    Conheça a origem do mito, as primeiras gerações de Deuses e entenda como essa concepção de mundo sustentava a compreensão dos gregos em relação à existência.

  • Assistir ao curso



  • Para Começar a Estudar Filosofia, por Mauricio Pagotto Marsola
    08 aulas | (3h03)

    Este curso traça um bom caminho para efetivamente iniciar os estudos na área.

    Você será apresentado a obras fundamentais que servem como base para o aprendizado da Filosofia, como “O Banquete”, de Platão, e terá um panorama sobre pensadores e ideias que alicerçam o pensamento filosófico.

  • Assistir ao curso



Cursos sobre as áreas de estudo da Filosofia

Vimos anteriormente neste texto, que a Filosofia tem algumas áreas de estudo. Seguem abaixo algumas opções de cursos relacionados às áreas de investigação da disciplina para que você possa se debruçar:

  • Jornada da Filosofia: Ética, por Douglas Rodrigues Barros
    06 aulas | (2h57)

    Como a ética pode contribuir para uma vida boa para o todo na sociedade?

    Reflita sobre público e privado, certo e errado, justo e injusto e desenvolva recursos de pensamento a partir da introdução às ideias de diferentes pensadores a respeito do tema.

  • Assistir ao curso



  • Jornada da Filosofia: O que é Beleza?, por Eduardo Wolf
    06 Aulas | (3h03)

    Como entender a Beleza para além do gosto pessoal? Seja introduzido à história do conceito de beleza ocidental.

    Entenda como os gregos a enxergavam, tenha um panorama sobre o ponto de vista da Filosofia e compreenda a importante relação da beleza com a maneira como lidamos com o mundo e a vida em sociedade.

  • Assistir ao curso



  • Jornada da Filosofia: Saber, por Suze Piza
    07 aulas | (3h56)

    Por que as afirmações e hipóteses de alguns têm mais espaço e aceitação do que outras?

    Debruce-se pela epistemologia, área de estudo da Filosofia que investiga o conhecimento, suas origens e conceitos sobre a verdade e tenha uma perspectiva da filosofia refletida sobre ela mesma e outros saberes.

  • Assistir ao curso


Cursos sobre períodos históricos da Filosofia

Nesta série, o professor Paulo Niccoli Ramizes apresenta o "Guia Essencial da Filosofia", traçando um panorama com os pontos mais importantes, mudanças, grandes pensadores e as questões trabalhadas no período destacado no curso.

Cursos sobre grandes pensadores da Filosofia

Uma boa maneira de estudar Filosofia é compreender a vida, obra e visão de mundo do filósofo em específico. Confira algumas indicações de cursos neste sentido:

  • Os pensadores: Aristóteles, por Franklin Leopoldo e Silva
    04 aulas | (1h51)

    Entenda a importância e legado de Aristóteles para a Filosofia.

    O curso aborda o pensamento aristotélico e mostra que ele entendia a virtude como a melhor maneira de agir nas ocasiões que se apresentam durante a vida, pois depende, em grande parte, do uso da razão.

  • Assistir ao curso



  • Um dia com Spinoza, por Clóvis de Barros Filho
    07 aulas | (2h54)

    Nascido em Amsterdã em uma família de origem portuguesa, Espinosa (1632-1677) é um dos nomes mais importantes da filosofia moderna.

    Neste curso, os conceitos do pensador sobre ética, Deus e paixões são abordados pelo professor Clóvis de Barros Filho.

  • Assistir ao curso



  • Nietzsche: Vida, Obra e Legado, por Scarlett Marton
    08 aulas | (1h35)

    Seja introduzido ao pensamento de um dos filósofos mais conhecidos (e mais controversos) da história: Friedrich Nietzsche.

    Criador do termo "Übermensch" e da concepção filosófica do "Eterno Retorno" , acreditava que o homem precisava superar seus próprios valores para alcançar a evolução.

  • Assistir ao curso


Cursos de Filosofia sobre temas atuais

A Filosofia permanece viva e atual, trazendo uma visão crítica sobre o modo que vivemos, levantando questões importantes sobre a dinâmica neoliberal, feminismo, questões ecológicas, entre outros assuntos. Conheça alguns cursos de filosofias interessantes para se debater os dilemas contemporâneos abaixo:

Esperamos que este texto tenha te ajudado a compreender melhor sobre o que é Filosofia, suas áreas de estudo, períodos e grandes pensadores.

Se você tem sede por conhecimento e deseja aprender mais sobre Filosofia com professores de referência, conte com os cursos da plataforma Casa do Saber +!




O que é o estoicismo? Entenda os pilares, conceitos e significados
Tainá Voltas
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O que é o estoicismo? Entenda os pilares, conceitos e significados
Criado há mais de 2000 anos, o estoicismo encontra adeptos ainda hoje. Entenda mais sobre a corrente filosófica marcada pela resiliência ao inevitável

Como reagir à imprevisibilidade da vida e qual o seu sentido? Essas são as principais questões do estoicismo, uma escola filosófica potente na Grécia Antiga, mas que ainda hoje produz efeitos significativos ao incentivar reflexões acerca da felicidade, desapego e apatia.

Neste texto você viajará rumo ao período helenístico, nos séculos IV, III e II a.C, para conhecer a importante filosofia estoica e o seu significado. Faremos isso a partir do seguinte roteiro:

  • O que é o Estoicismo
  • Os Pilares do Estoicismo
  • Estoicismo vs. Cinismo: Diferenças Essenciais
  • Os Principais Filósofos Estoicos: Sêneca, Epicteto e Marco Aurélio


Pintura de Epicteto, um dos expoentes filósofos do estoicismo.
Ao lado de Marco Aurélio e Sêneca, Epicteto foi um dos expoentes filósofos estoicos (Fonte: Domínio Público)


O que é o Estoicismo?

A observação da vida e a busca pela explicação de seus fenômenos é um traço comum na história da Filosofia Ocidental, independentemente da sua escola. Cada uma delas se empenhou para explicar essa equação (e ainda o faz) por meio de argumentos complexos e bastante aprofundados.

No estoicismo não foi diferente. A doutrina filosófica, fundada durante o período helenístico, sobretudo nas leis da natureza, se debruçava sobre a compreensão do sentido da vida, tendo a lógica e a razão como aliadas para esse processo.

De forma geral, a abordagem estoica tinha a felicidade com um fim último e acreditava alcançá-la através da aceitação da inevitabilidade da vida e do cultivo de uma resiliência emocional diante das adversidades e do que era imprevisível.

Ou seja, para o estoicismo a felicidade poderia ser palpável a partir do momento em que as emoções eram racionalizadas, os episódios da vida eram entendidos como pertencentes a uma teia natural e inevitável de causas e efeitos, e os esforços/desejos de mudança humanos eram direcionados para as coisas passíveis de serem controladas e não para aquelas alheias à nossa vontade, tal qual a morte.

Por esse motivo, a felicidade estoica figura como um dos temas mais difundidos e importantes da filosofia. Mas como essa escola foi idealizada?

De que forma o Estoicismo começou?

Zenão de Cítio (333 a.C - 263 a.C), seu precursor, foi influenciado pela Escola de Cínica, a qual defendia o desapego aos bens materiais e deu origem à expressão cinismo*, a estruturar uma corrente de pensamento alicerçada na ideia de uma vida simples, distante dos vícios e medos e mais próxima da virtude.

* A ideia de cinismo associado à falsidade trata-se de uma perspectiva contemporânea acerca do tema, afastada da sua concepção original. Na Grécia Antiga, o cinismo descrevia, na verdade, o movimento dos “filósofos do desapego”, ou seja, aqueles não aficionados com a matéria/bens.

Para isso, praticava o ensino por meio de uma lógica cosmopolita - realizada em um ambiente aberto chamado "stoá", que traduzido dá conta de algo como Pórtico (uma ágora utilizada para difundir os pensamentos filosóficos da época e para propiciar discussões intelectuais sobre os mais variados temas).

Ágoras, espaços nos quais os filósofos estoicos disseminavam suas ideias. Estrutura arquitetônica romana.
O Stoá Poikilé, ou Pórtico Pintado, era o espaço destinado à transmissão das reflexões estoicas, em uma estrutura de pensamento livre e dinâmico (Designed by Freepik)



É dessa tradição, praticada por Zenão e outros filósofos, que a palavra estoicismo toma forma e que a doutrina, criada inicialmente na Grécia Antiga, se populariza para outras regiões, tal qual Roma, sendo, inclusive, uma das bases do cristianismo

A partir disso, a filosofia estoica foi abraçada por grandes nomes, como Marco Aurélio, Epicteto e Sêneca, expandindo seu significado conforme as especificidades de cada tempo.

Na era moderna, por exemplo, Foucault usou o pensamento estoico para destacar a relevância do desenvolvimento de uma escuta bem conduzida¹.

"Aprender a Viver: Como a Sabedoria Pode ser o Caminho para uma Vida Melhor"

Um convite às descobertas do pensamento de expoentes que moldaram a filosofia, desde Platão, Sêneca, Aristóteles e Tomás de Aquino, a Descartes, Espinosa, Nietzsche


Características do estoicismo

Em resumo, o estoicismo acredita que o ser humano faz parte e é habitado pela natureza (physis - Φύσις, em grego), de modo que acompanhá-la é, de igual modo, agir segundo nosso próprio ser (GAZOLLA, 2006).

Por esse motivo, a perfeição e virtuosidade está na compreensão de uma ligação intrínseca entre homem e natureza, que orienta a busca pela felicidade a partir da negativa aos desejos e do estabelecimento de uma razão em conformidade com as leis naturais do universo.

De acordo com a escola, o ser humano é a própria natureza, afastando-se dela quando atormentado pelas paixões:

(...) se a natureza é dita perfeita, se é divina, se todos os seres são excelentes por ela e nela, e seu modo de mover-se é eterno, o reverso é perguntar sobre as perturbações da perfeição e como são possíveis. Ora, as perturbações do mover-se perfeito têm nome na Stoa: são as paixões pleonásticas ou exacerbadas (GAZOLLA, 2006, p. 189).


Assim, para entender o que é o estoicismo, basta que compreendamos também a sua perspectiva ética baseada na ataraxia (ou indiferença/apatia) como forma de driblar a tendência humanoide ao afastamento da physis (natureza).

Para seus pensadores, a vida era determinada inafastavelmente por uma força cósmica equilibrada e harmoniosa, sobre a qual a virtude se estabeleceria em uma existência experienciada conforme desígnios da physis.

Desse modo, deveriam ser evitados os desejos vazios, os excessos, as paixões perturbadoras e as coisas supérfluas, à medida que a razão e a lógica seriam privilegiadas.

Na filosofia estoica, então, agir virtuosamente seria reconhecer o potencial do ciclo cósmico infindável, aceitando as mudanças sobre as quais não se teria controle, posicionando-se com resiliência frente à elas, e dedicando-se a alterar somente aquilo que fosse possível, como, por exemplo, as reações ao “não programável”.

Por essa razão, a máxima estoica é descrita como “a vida deve seguir a natureza", tese de autoria de Zenão.

Leis da Natureza Imutáveis O agir estoico
Morte Priorizar a qualidade de vida
Mudanças Aceitar a impermanência
Sofrimento Cultivar resiliência emocional
Incerteza Focar no controle sobre as próprias reações
Limitações humanas Buscar autoconhecimento e desenvolvimento pessoal
Destino Agir com virtude, aceitando o que não se pode mudar
Ciclo da vida Viver no presente. Valorizar cada momento


O estoicismo, estruturado há mais de 2 mil anos, continua reverberando suas reflexões e conquistando adeptos ao longo da história

Nos tempos contemporâneos, marcados pelos excessos (de informação, produção, consumo, acúmulo, entre outros), oferece respostas apaziguadoras para o ambiente caótico, pressionado cada vez mais pelo ritmo acelerado das transformações digitais.

Leia também:

“Por que estamos tão esgotados? Como a filosofia de Byung-Chul Han (Sociedade do Cansaço) nos oferece uma resposta!”


Assim, podemos definir o estoicismo como uma escola filosófica que procura dar respostas à inquietação humana, propondo um modo de vida sereno e guiado pela racionalização.

Trata-se de um exercício para privilegiar a razão como ferramenta para lidar com as emoções, afastando os vícios e cultivando as virtudes.

Mauricio Marsola , professor de história e filosofia da Unifesp, contribui para a acepção do conceito, em um material produzido pela Casa do Saber:

“Para o estoicismo o mundo é um grande sistema composto de relações causais necessárias. É uma racionalidade plena, na qual todas as coisas concorrem para uma harmonia maior. A isso os estoicos chamam de logos (o que também pode ser compreendido como physis, ou Deus). Cabe a nós criarmos uma harmonia em nossa alma que reproduza a harmonia do cosmos”

Assista na íntegra:



Os componentes e os pilares do estoicismo

Como vimos, o estoicismo propõe uma lógica de pensamento realista, que não idealiza o mundo, mas sim o aceita tal como é.

Nesse contexto, a apatheia (indiferença às emoções perturbadoras da paixão) é compreendida como um pré-requisito para um estado de paz interior, conhecido como ataraxia.

Componentes do estoicismo

Para concretizar a sua doutrina e tornar o objetivo acima factível, o estoicismo sugere ainda um sistema para pensar a filosofia, metaforicamente, como um organismo vivo, interconectado e interdependente, assim como formado por três componentes:

"Os antigos estóicos, como se sabe, criam um interessante sistema para pensar a Filosofia no qual todas as partes, absolutamente interligadas, são metaforicamente expostas como se fosse um organismo. Uma das metáforas é a de que os ossos e nervos seriam a Lógica, a carne seria a Ética e a alma, a Física" (GAZOLLA, 2006, p. 185)


Pilares do estoicismo

Além disso, a sabedoria estoica se traduz no exercício de um trabalho de consciência interior, que leva em consideração os campos que podem ser realmente modificados pelo ser humano.

Nesse sentido, surgem as virtudes cardeais, também enquadradas como os 4 pilares ou modos de atuação do estoicismo, quais sejam:

  1. Sabedoria: entender as dinâmicas do mundo de uma maneira lógica e calma, com discernimento sobre o que é realmente importante. Fazemos isso por meio da meditação, da leitura de textos filosóficos, do ensino, e através das nossas experiências.

  2. Justiça: agir com equidade e sem impulsividade, considerando as consequências das ações em relação ao próximo.

  3. Coragem: ter o conhecimento do que deve ser temido e o que deve ser suportado, sendo uma ferramenta incrível para o enfrentamento das adversidades com bravura.

  4. Moderação (ou Temperança): equilibrar os desejos, minimizar os vícios e experimentar as virtudes. Trata-se de evitar os excessos e buscar constantemente a harmonia.


Para o estoicismo, esses 4 pilares, que se complementam e se retroalimentam, performam a base da virtuosidade plena.

Estoicismo vs. Cinismo: Diferenças Essenciais

As duas correntes emergiram na Grécia Antiga, compondo as chamadas filosofias helenísticas - as quais são caracterizadas por se preocuparem com a ética, felicidade e bem-viver.

Porém, embora se entrelacem e se aproximem em uma ideia central (busca por uma harmonia com a natureza), tais escolas possuem diferenças significativas, sobretudo quanto à radicalidade das suas percepções.

Enquanto o cinismo enfatiza o desapego e a rejeição total das convenções sociais, o estoicismo busca uma aceitação ativa da realidade, propondo a virtude como um caminho para a felicidade.

Estoicismo Cinismo
Principais Expoentes Sêneca, Epicteto, Marco Aurélio. Diógenes de Sinop, Crates de Tebas.
Visão de Mundo Harmonia entre homem e universo. Rejeição das normas e convenções sociais
Relação com a Virtude Aceitação e racionalidade. Desprezo pelas convenções e comodidades.
Conceito de Felicidade Alcançada por meio da aceitação do inevitável e da busca pela mudança daquilo que pode ser controlado. Encontrada na harmonia com a natureza.
Autonomia Aceitação do que não se pode controlar. Autarquia e controle sobre a própria vida.


Os Principais Filósofos Estoicos

1) Sêneca

Nascido em 4 a.C, Sêneca foi um dos mais influentes filósofos e o principal expoente do estoicismo no Império Romano.

Faleceu em Roma, no ano 65 d.c, acusado de conspiração contra o imperador Nero, mesmo que tivesse sido seu preceptor anteriormente. O episódio é narrado no quadro “A Morte de Sêneca”, de Jacques-Louis David (1748–1825).

Pintura a morte de Sêneca
La morte di Seneca, olio su tela, Musée du Petit-Palais, Parigi, de Jacques-Louis David (1748–1825) (Fonte: Domínio Público). Acusado, junto a Pisão, de conspiração para o assassinato planejado de Nero, Sêneca foi obrigado a tirar a própria vida. Não houve qualquer tipo de julgamento. O quadro retrata o momento em que o filósofo cumpre seu destino na presença de amigos.



Entrou para a história não só como um exímio filósofo, como também um humanista dedicado, além de excelente orador, escritor, advogado e político.

Enfatizava a importância da razão e do autoconhecimento, acreditando ser a reflexão sobre a vida o caminho para a verdadeira felicidade.

Além disso, como diferencial, preocupou-se e se indispôs contra as desigualdades entre os homens, sendo avesso à escravidão e à distinção social.

Tem como umas de suas principais obras a "Sobre a brevidade da vida", um ensaio moral dedicado a seu amigo Paulino, pelo qual o autor discrimina vários princípios estoicos - entre eles a natureza do tempo e o tempo gasto na perseguição de objetivos sem valor.

"Nós sofremos mais na imaginação do que na realidade." - Sêneca
Banner curso A Filosofia como forma de vida: Estoicos, Epicuristas e Cínicos

2) Epicteto

Epicteto (55 d.C - 135 d.C), é um dos mais respeitados filósofos estoicos da Antiguidade e, ao lado de Sêneca e Marco Aurélio, faz parte da terceira fase estoica, chamada de “Novos Estoicos”*.

Escravo por muito tempo em Roma, após ser libertado dedicou sua vida à filosofia e aos ensinamentos sobre a verdadeira liberdade. Para ele, ser livre não dependia da posição social, mas da capacidade de controlar as próprias reações diante dos eventos da vida.

Na sua perspectiva, a essência do estoicismo estava na separação clara entre o que está sob o controle humano (ações, pensamentos e atitudes) e o que não está (as circunstâncias externas).

Seu ensinamento foi registrado principalmente no texto Manual e em alguns discursos assinados por seu discípulo Flávio Arriano, tendo em vista que ele próprio, assim como Sócrates, não deixou nada escrito.

Em tais obras o filósofo explora a importância da aceitação das adversidades com serenidade, refletindo em uma postura prática para enfrentar os desafios cotidianos.

Depois de exilado pelo imperador Domiciano, junto com outros filósofos romanos, decidiu abrir a própria escola, em Nicópolis, local onde faleceu anos mais tarde.

  • *A primeira fase do estoicismo é representada Zenão de Cítio, Cleantes de Asso e Crisipo de Solunte (ou de Sole);
  • A segunda fase, ou médio estoicismo, é caracterizada pelos nomes de Panécio de Rodes e Posidônio.


“A felicidade e a liberdade começam com a clara compreensão de um princípio: algumas coisas estão sob nosso controle, outras não” - Epicteto



3) Marco Aurélio

Marco Aurélio (121 d.C.a 180 d.C.) foi um dos mais célebres imperadores romanos, responsável pela autoria de uma obra bastante aclamada no estoicismo: o livro Meditações, um conjunto de reflexões pessoais que escreveu ao longo de sua vida.

Como líder do maior império da época, enfrentou inúmeras adversidades, tanto políticas quanto militares, o que o orientou ao estoicismo como ferramenta para contornar os desafios

Por esse motivo, ficou conhecido como o “monarca-filósofo”, cujo traço proeminente era valorizar os prazeres da alma e face daqueles do mundo material. Para ele, a vida se apresentava como uma oportunidade para agir de forma ética e virtuosa, independentemente das circunstâncias externas.

Embora fosse o homem mais poderoso de seu tempo, defendia uma visão mais humilde da existência, com a crença de que tudo na vida, inclusive a morte, deveria ser aceito com serenidade, uma vez que faria parte da ordem natural do universo.

"A felicidade da vida depende da qualidade de nossos pensamentos." - Marco Aurélio



Conheça também o que pensava Santo Agostinho, um dos mais importantes nomes da história da filosofia e teologia

Os três pensadores foram essenciais para o desenvolvimento e disseminação do estoicismo e também para a filosofia Ocidental, influenciando a observação do mundo e da vida ainda hoje.






Referências:

¹SANTOS, Kleys Jesuvina dos. A influência do estoicismo na filosofia de Foucault. Kinesis, Marília, v. 11, n. 28. 2019. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/kinesis/article/view/9140. Acesso em: 25 set. 2024.


GAZOLLA, Rachel. Representação compreensiva: critério de verdade e virtude no Estoicismo Antigo. Revista da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos, v. 19, n. 2, 2006. Disponível em: https://www-periodicos-capes-gov-br.ez40.periodicos.capes.gov.br/index.php/acervo/buscador.html?task=detalhes&source=&id=W1511359753. Acesso em: 25 set. 2024.







Antropocentrismo: o que é, conceitos, bases e controvérsias
Tainá Voltas
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Antropocentrismo: o que é, conceitos, bases e controvérsias
Entenda o que é o antropocentrismo, como essa doutrina filosófica influenciou as ciências ocidentais e porquê ela é questionada atualmente.

Se você busca um resumo sobre o antropocentrismo, seus conceitos, ideias, além de um aporte sobre qual visão essa corrente defende, está no lugar certo. Ao longo desse artigo, vamos destrinchar o tema a partir do seguinte guia:



De forma geral, podemos definir o antropocentrismo como um conceito filosófico que acredita na importância e preponderância do potencial humano, principalmente em comparação às demais coisas que compõem o universo.

Ou seja, tem como objeto de estudo o ser humano, compreendendo-o como um ser dotado de inteligência e que, por isso, é capaz de usar a razão para explicar o cosmos, a vida e os elementos que estão ao seu redor.

Trata-se de uma visão de mundo que usa o “homem” como principal referencial, ou que interpreta a realidade sob uma perspectiva dos valores, feitos e experiências humanas.

Desenho homem Vitruviano.
Desenhado por Leonardo da Vinci em 1490, o Homem Vitruviano é um dos mais conhecidos símbolos do antropocentrismo e do renascimento. As proporções matemáticas da imagem são destacadas como forma de enaltecer a simetria básica do corpo humano, destacando o olhar cuidadoso do pintor para o ser humano e para as medidas matemáticas. (Fonte: Leonardo Da Vinci - Photo from Luc Viatour.. 2007-09-08)


Qual o conceito de antropocentrismo e como ele influenciou a Filosofia Moderna?

Para compreender o que é o antropocentrismo é necessário, primeiro, saber sobre quais bases essa filosofia foi desenvolvida.

A visão antropocêntrica está associada diretamente à queda da Idade Média, da acepção medieval de mundo e do referencial predominante à época - o teocentrismo. Enquanto este acreditava em uma realidade totalmente orientada por e para Deus, advindo daí o termo "teo (Deus) + centrismo (centro)", o antropocentrismo propunha uma crítica direta a tal modelo.

Dessa forma, utilizava o "homem" como seu ponto de partida para a compreensão do universo, explicando os fenômenos cosmológicos e naturais não mais pela lógica da fé, mas sim pela racionalidade.

Assim, podemos definir o antropocentrismo como uma visão de mundo racionalista e científica, que tem o ser humano como figura central, priorizando a experimentação como seu método oficial de checagem dos fatos.

Quando surgiu o antropocentrismo?

O antropocentrismo foi estruturado em meados do século XV e XVI, enquanto a Europa passava por grandes transformações, tais quais as navegações, a reforma protestante, o surgimento da burguesia, entre outros marcos históricos que indicavam a ruptura do sistema feudal com a passagem para a dinâmica mercantil/capitalista.

Na prática, o conceito filosófico fez parte do movimento humanista renascentista, que buscava incentivar a reflexão a partir da cientificidade, afastando-se diametralmente da crença de uma realidade condicionada às vontades de uma divindade.

Por fazer tal crítica ao teocentrismo e por estabelecer novos caminhos para a filosofia moderna em geral, o antropocentrismo influenciou significativamente o desenvolvimento de diversas áreas do conhecimento, como as ciências naturais, a política e a arte.

Figura de Nicolau Copérnico
Nicolau Copérnico (1473 - 1543) é reconhecido por ter desenvolvido a teoria do “Heliocentrismo”, a qual acreditava que a Terra girava ao redor do sol e não o contrário - como se acreditava até então. A partir dessa perspectiva, o teocentrismo e o geocentrismo (defendidos pela Igreja Católica) passaram a ser questionados tecnicamente, o que contribui para uma transformação dos paradigmas de compreensão do mundo e da humanidade. Os estudos Copérnicos são considerados marcos pioneiros do antropocentrismo.(Fonte: Domínio Público)


Esse pensamento voltado ao ser humano foi essencial para a consolidação do racionalismo, abrindo espaço, inclusive, para que outras escolas filosóficas importantes prosperassem, como o empirismo e o iluminismo. Ambas valorizavam a razão e a experiência humana como fontes de conhecimento, adequando suas pautas aos ideais antropocêntricos.

Assim, a partir da sistematização do antropocentrismo, a sociedade ocidental passou a se organizar de modo a objetivar o progresso humano, o desenvolvimento tecnológico e a exploração dos recursos naturais para benefício da humanidade e do seu avanço.

Nesse contexto, a subordinação a uma ordem divina foi abdicada, ao passo que outras fontes de verdade, que não aquelas dispostas nas liturgias religiosas, passaram a ser consideradas legítimas.

Ainda que a fé continuasse como parte constitutiva da realidade da época, não sendo deixada de lado, o antropocentrismo possibilitou que a realidade também fosse confrontada com a racionalização.

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Diferença entre teocentrismo e antropocentrismo

Tanto o antropocentrismo quanto o teocentrismo desempenharam papeis fundamentais na formação do pensamento ocidental ao longo dos séculos, mas diferem-se essencialmente em seu ponto de partida para interpretar a realidade.

No teocentrismo, Deus é o centro absoluto e ocupa uma posição de superioridade hierárquica em relação a todas as outras coisas no universo, sendo a divindade a única fonte legítima para explicar o mundo natural e a vida humana. Essa visão teocêntrica foi amplamente promovida pela Igreja Católica durante a Idade Média, reforçando sua autoridade e influência sobre a sociedade.

Com o surgimento do antropocentrismo, porém, a centralidade foi transferida do divino para o ser humano, destacando a racionalidade e a experimentação científica como as principais formas de interpretar a realidade.

Aspectos Teocentrismo Antropocentrismo
Conceito Visão de mundo que coloca Deus como o centro de tudo, sendo a divindade a fonte de explicação do universo e da vida humana. Perspectiva filosófica que coloca o ser humano como o centro do universo, explicando a realidade a partir da racionalidade e da experiência humana.
Período Predominou durante a Idade Média (séculos V-XV). Surgiu no Renascimento (séculos XV-XVI), com forte influência nas eras subsequentes.
Fundamentos Explicação dos fenômenos a partir da fé e das escrituras sagradas. Busca pela explicação científica, racional e metodológica dos fenômenos.
Figura central Deus e as divindades. O ser humano, com ênfase em sua capacidade de raciocínio.
Relação com a ciência A ciência subordinada à teologia e aos dogmas religiosos. A ciência desvinculada da religião, centrada na observação, experimentação e raciocínio lógico.
Expoentes Santo Agostinho (354-430), Tomás de Aquino (1225-1274). Leonardo da Vinci (1452-1519), Nicolau Copérnico (1473-1543), René Descartes (1596-1650).



O filósofo alemão Ludwig Feuerbach (1804 - 1872), em sua crítica às religiões e ao teocentrismo, sugeria que ambos os paradigmas não seriam necessariamente opostos, mas sim duas faces de uma mesma moeda.

Para ele, as religiões teriam sido criadas para atender às necessidades humanas, funcionando como uma projeção dos anseios e fragilidades do ser humano.

Nesse sentido, mesmo o teocentrismo, que colocava Deus no centro, serviria indiretamente ao homem oferecendo consolo e explicações que ajudassem a minimizar suas angústias existenciais.

Contudo, a maioria dos estudiosos e a visão comum tendem a interpretar o antropocentrismo e o teocentrismo como entendimentos contrastantes, alicerçados nas diferenças evidenciadas na tabela acima.

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Resumo do Antropocentrismo em 10 tópicos

Para sistematizarmos o conhecimento, vamos compreender o que é o antropocentrismo por meio de um resumo do que apresentamos até aqui.

Dizemos, assim, que o antropocentrismo refere-se à uma visão e a um conjunto de ideias que tem o ser humano como seu referencial de compreensão de mundo.

É uma das principais críticas ao teocentrismo, tendo como objetivo a observação das relações humanas, sociais e naturais a partir da racionalidade, da cientificidade e da experimentação.

Ao promover essa ruptura com a perspectiva teocêntrica, o antropocentrismo se tornou um pilar fundamental do pensamento moderno, moldando disciplinas como a ciência, a política, a filosofia e a ética.

Antropo (homem) + centrismo (centro).

Assim:

  1. É estruturado em meio à queda da Idade Média, do sistema feudal e da crise do teocentrismo (séculos XV e XVI);
  2. Faz parte do humanismo renascentista e tem na figura de Nicolau Copérnico um de seus marcos criadores;
  3. Prioriza o ser humano como figura central;
  4. Distancia-se da visão de mundo subordinada às vontades de uma divindade e das escrituras religiosas (teocentrismo);
  5. Difunde o pensamento científico, tecnicista e metodológico;
  6. Propõe uma perspectiva na qual o ser humano é o ponto central.
  7. Marca o início da Idade Moderna e também do sistema econômico mercantil (capitalista).
  8. Impactou as artes e as culturas, refletindo em uma produção artística que se preocupava com a representação do corpo humano, das perspectivas geométricas e do indivíduo como centro das obras.
  9. Influenciou um novo olhar para a ética e a moral, assim como a filosofia moderna, afastando esses conceitos dos preceitos religiosos de bom e ruim, bem e mal.
  10. Foi abordado por diversas áreas para além da filosofia, utilizado, inclusive, como discurso de justificação para a exploração dos recursos naturais e do meio ambiente.

Dicionário Michaelis



antropocentrismo

an·tro·po·cen·tris·mo

sm


Filos, Rel Sistema filosófico ou crença religiosa que considera o homem como o fato central ou mais significativo do Universo ou, ainda, como objetivo último de toda a realidade.




Qual a principal ideia do antropocentrismo?

A principal ideia do antropocentrismo é a valorização do ser humano como o centro de todas as coisas.

O homem deixa de ser um espectador passivo dos desígnios divinos, tornando-se um agente ativo da busca pelo conhecimento e da transformação da realidade.

Para isso, utiliza a inteligência e a razão, desenvolvendo condições ideias para que as diversas hipóteses acerca do que ocorre à nossa volta sejam empiricamente testadas e validadas.

Além disso, estabelece uma crítica robusta ao teocentrismo e aos ideais da Igreja Católica, assim como é um dos grandes marcos da filosofia moderna, das ciências, artes, cultura, entre outros campos.

Qual é a visão antropocêntrica?

A visão antropocêntrica é fundamentada na crença de que o ser humano ocupa uma posição privilegiada no universo, dotado de inteligência e racionalidade para moldar e transformar seu ambiente.

Nessa perspectiva, a humanidade não é mais subjugada por forças místicas ou divinas, mas, sim, torna-se o centro da reflexão filosófica, científica e moral.

Críticas modernas e as controvérsias do antropocentrismo

Ainda que o modelo antropocêntrico tenha guiado significativamente a filosofia ocidental, a necessidade de uma nova relação entre a humanidade e a natureza, na qual não há mais a sobreposição da primeira à segunda, propicia o debate acerca da sua falibilidade.

Na prática, o crescimento da consciência ecológica moderna, as urgências climáticas constantes e as questões ambientais refletem também na reavaliação das bases antropocêntricas e na proposição de outros paradigmas, tais quais o biocentrismo - uma visão mais holística e inclusiva, que reconhece a importância de todos os seres vivos e da natureza como um todo.

O biocentrismo questiona a centralidade do ser humano e defende que a natureza e o meio ambiente possuam acesso à dignidade e proteção, sendo sujeitos de direitos em sua própria essência.

Tal mudança de referencial é exemplificada, por exemplo, na Constituição do Equador de 2008 - a primeira do mundo a reconhecer a natureza como sujeito de direitos, equiparando-a à dignidade humana.

esquema que explica a lógica antropocêntrica e biocêntrica.
Na dinâmica estabelecida à esquerda (antropocêntrica), o ser humano encontra-se em posição de superioridade em relação aos demais elementos; já no biocentrismo, há uma proposta para que todos os seres da natureza/meio ambiente coexistam em harmonia e com iguais direitos.


Além disso, as críticas contemporâneas ao antropocentrismo não se limitam apenas à sua visão restrita sobre a natureza, como também apontam para a sua origem e implicações sociais.

Em muitos de seus desdobramentos, o antropocentrismo é frequentemente associado a uma perspectiva eurocêntrica, que privilegia a experiência e a visão de mundo do "homem europeu", deslegitimando outras culturas, etnias, gêneros e formas de vida.

Por isso, as perspectivas que têm emergido nos últimos anos representam um convite à construção de novos modelos e conceitos que priorizam a sustentabilidade, a justiça social e o respeito mútuo.

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Referências:

DAITX, Vanessa Vitcoski. O ensino de ciências e a visão antropocêntrica. 2010. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Biociências, Comissão de Graduação do Curso de Ciências Biológicas, Porto Alegre, 2010. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/35277#:~:text=O%20antropocentrismo%20consiste%20na%20vis%C3%A3o,n%C3%A3o%20sustent%C3%A1vel%20dos%20recursos%20naturais Acesso em: 20 out. 2024.







Autores

Max Weber foi um dos fundadores da Sociologia, ao lado de Émile Durkheim e Karl Marx. Ficou conhecido, sobretudo, por seu trabalho sobre a sociologia da religião. Sociólogo e economista alemão, Weber formou-se em direito, economia política e história.

Em sua obra mais célebre, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, ele analisa a relação entre economia e religião, afirmando que a filosofia protestante causou impactos significativos no desenvolvimento do sistema capitalista. Max Weber foi o criador de uma nova abordagem sociológica, chamada de sociologia compreensiva e suas teorias desafiavam as visões tradicionais sobre a economia.

Quem foi Max Weber?

O cientista social alemão Maximilian Karl Emil Weber nasceu na cidade de Erfurt, na Alemanha, no dia 21 de abril de 1864. De origem burguesa, ele era o filho mais velho dos sete filhos do casal Max Weber e Helene Fallenstein.

Max Weber cresceu em um ambiente intelectual, influenciado por seu pai, que era um deputado protestante do Partido Nacional Liberal e convivia com importantes historiadores, filósofos e juristas da época.

Ele se formou na Universidade de Heidelberg, onde estudou direito, economia e história e teve contato com pensadores como Karl Jaspers.

Em 1889, concluiu seu doutorado em direito com uma tese de história econômica sobre as sociedades comerciais na Idade Média. No outono de 1893, Max Weber casou com Marianne Schitger, uma das primeiras feministas da Alemanha.

Em 1909, funda a Sociedade Alemã de Sociologia, ao lado de Ferdinand Tönnies e Georg Simmel.

A vida de Weber também foi marcada por crises pessoais, incluindo depressões que o acompanharam ao longo de sua carreira. Sua saúde fragilizada não impediu que ele deixasse um legado intelectual impressionante, refletindo sobre as complexidades da vida social.

Em 14 de Junho de 1920, Max Weber faleceu em Munique, vítima de uma pneumonia severa aos 56 anos de idade.

Em vida, o sociólogo tinha publicado os livros A ética protestante e o espírito do capitalismo (1905), Economia e sociedade (1910) e A ciência como vocação (1917). Sua esposa Marianne Schnitger Weber foi a responsável pela publicação póstuma do segundo volume de Economia e sociedade (1921) e dos livros A metodologia das ciências sociais (1922) e História econômica geral (1923).

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Contexto Histórico

Weber presenciou o processo de unificação da Alemanha, que culminou em 1871 sob a liderança de Otto von Bismarck. Esse movimento resultou na criação de um estado forte e autoritário, centralizado em um governo que buscava consolidar a identidade nacional e fortalecer a posição da Alemanha no cenário europeu.

Simultaneamente, o país experimentava uma rápida urbanização e modernização, impulsionadas pela Revolução Industrial, que transformou radicalmente as estruturas sociais e econômicas do país. Além disso, Max Weber vivenciou a Primeira Guerra Mundial e, em 1919, chegou a atuar como conselheiro da delegação alemã nas conferências que antecederam o Tratado de Versalhes. Foi nesse contexto que ele desenvolveu suas reflexões, analisando as complexas interações entre o indivíduo, a sociedade e as novas instituições que emergiam.

Max Weber: Formação Acadêmica e Início de Carreira

Em 1881, Weber inicia seu curso de direito na Universidade de Heidelberg, onde também estuda economia e teologia. No ano de 1889, obtém o doutorado em direito pela Universidade de Berlim e, poucos anos depois, em 1893 é nomeado professor de economia política na Universidade de Freiburg.

Max Weber possuía conflitos com o pai e essa relação iria culminar com a expulsão do pai de sua própria casa, quando a mãe fora visitá-lo. Por não deixá-la ir sozinha, o pai de Weber a acompanha, mas o filho não o recebe em casa. Pouco tempo depois, o pai morre e Max Weber entra em depressão.

Ele fica sem conseguir trabalhar e faz algumas viagens, principalmente à Itália. O sociólogo tenta retornar às salas de aula, sem sucesso devido à doença. A Universidade, então lhe concede diversas licenças. Mas, o intelectual pede demissão por não conseguir retornar à docência. É quando o Ministério o nomeia professor honorário e declara sua aposentadoria, incluindo apenas um reduzido número de aulas. Ele volta a trabalhar em 1903 e as leituras que fizera durante o período de afastamento o ajudaram a estruturar suas teorias comparativas.

Nesse período de retorno ao trabalho, Weber volta a escrever e é quando conclui sua obra prima, o livro A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (1905).

Além da carreira acadêmica, Max Weber também trabalhou como membro da comissão que escreveu a Constituição de Weimar, documento oficial que marcou a República de Weimar, período compreendido entre 1919 e 1933, quando o país deixou de ser um império para tornar-se uma democracia representativa

Weber se tornou um dos primeiros pensadores a aplicar métodos científicos ao estudo da sociedade e buscou analisar a ação social a partir da perspectiva subjetiva dos indivíduos.

O que é Sociologia?

A sociologia é a ciência que estuda as relações sociais e as estruturas que organizam a vida em sociedade. Ela analisa como os indivíduos interagem uns com os outros e como essas interações são influenciadas por fatores culturais, econômicos, políticos e históricos.

A sociologia busca entender fenômenos sociais como a desigualdade, a violência, a religião, a família e o comportamento coletivo, utilizando métodos qualitativos e quantitativos para investigar a complexidade das relações humanas. Como disciplina, ela se diferencia de outras ciências sociais pela sua ênfase na compreensão das dinâmicas sociais e nos significados que os indivíduos atribuem às suas ações.

Principais Conceitos de Max Weber

O principal fenômeno que Max Weber buscava compreender era o capitalismo moderno. E foi através da sociologia compreensiva que ele lançou o seu olhar a respeito do sistema capitalista e das relações sociais existentes dentro dele. Os textos Sobre Algumas Categorias da Sociologia Compreensiva, de 1913 e a versão escrita após a I Guerra Mundial, de Economia e Sociedade trazem grande parte de sua teoria sociológica fundamental.

Ele também analisou questões relacionadas à política, incluindo um ensaio sobre a política como vocação. Nessa obra, ele defende que o estado é a entidade que possui o monopólio do uso legítimo da ação coercitiva. Weber explorou uma variedade de temas em seus estudos, dentre eles:

  • Ação Social: Um conceito central em sua sociologia, que enfatiza que as ações dos indivíduos são sempre orientadas por significados e são influenciadas pelas ações de outros.
  • Racionalização: A ideia de que a modernidade leva a uma maior racionalidade nas práticas sociais, substituindo tradições e sentimentos por procedimentos lógicos e científicos.
  • Burocracia: Weber analisou como as instituições burocráticas se tornaram essenciais para a administração moderna, promovendo eficiência e organização, através de sistemas hierárquicos e regras formais.
  • Relação entre Protestantismo e Capitalismo: Sua famosa obra, A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, investiga como as crenças protestantes influenciaram o desenvolvimento do capitalismo moderno.
  • Sociologia da Religião: O estudo de como as diferentes religiões influenciam as sociedades e os comportamentos dos indivíduos


Por que ainda devemos estudar religião na atualidade se o mundo está desencantado, como preconizou Weber, e se Deus está morto, como afirmou Nietzsche?

Se esse é um questionamento que te intriga, descubra respostas no curso Por que ainda estudar religião no mundo contemporâneo? O conteúdo tenta dar uma resposta a esta intrincada questão, que ainda é fruto de muita controvérsia, e mostrar que o estudo da religião nos aponta um desejo ancestral que ainda paira sobre o humano: o desejo de sentido.

thumb do curso Por que ainda estudar religião?, por Andrei Venturini Martins

Saiba mais sobre o curso




Max Weber e a Teoria da Ação Social

Um dos conceitos basilares na obra de Weber é o de ação social, que ele define como qualquer ação que leva em conta o comportamento de outros indivíduos. Ele classificou a ação social em quatro tipos, sendo duas delas racionais:

TIPO DE AÇÃO SIGNIFICADO DA AÇÃO
Ação racional com relação a fins Ações calculadas que visam a alcançar objetivos específicos
Ação racional com relação a valores Ação guiada por princípios éticos ou valores pessoais, como um médico que se dedica a ajudar os necessitados
Ação afetiva Ações motivadas por emoções e sentimentos
Ação tradicional Ações guiadas por hábitos e costumes, como rituais familiares



O Método Weberiano

Max Weber criticou o positivismo e afirmou que os métodos científicos das ciências naturais eram incompatíveis com as investigações feitas pelas ciências sociais. Para ele, essas últimas têm especificidades que exigem abordagens diferentes. Nesse sentido, ele desenvolveu a Sociologia Compreensiva, que busca entender as ações sociais a partir da perspectiva dos indivíduos, levando em conta o significado que eles atribuem às suas ações.

Weber acreditava que, ao analisar fenômenos sociais, era fundamental entender o contexto e as intenções por trás das ações, em vez de se limitar apenas aos dados quantitativos.

Principais Obras de Max Weber

Max Weber escreveu livros que consolidaram a sociologia como ciência e que analisaram profundamente as estruturas sociais. Suas teorias continuam a influenciar a sociologia e outras áreas do conhecimento. É autor de obras como Conceitos Sociológicos Fundamentais e Sobre Algumas Categorias da Sociologia Compreensiva. Algumas de suas principais publicações incluem:

  • A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo (1905): Esta obra aborda a relação entre economia e religião, argumentando que o capitalismo se desenvolveu a partir de elementos específicos relacionados à filosofia protestante.


  • Economia e Sociedade (1910 e 1921): O primeiro volume foi publicado em 1910 e o segundo volume postumamente, em 1921. Reúne diversos artigos do autor, explorando questões sobre a sociedade, a economia e as instituições sociais.


  • Ciência e Política: Duas Vocações (1920): Nesta obra, Weber examina como as práticas científica e política podem ser entendidas como uma vocação


  • A Ética Econômica das Religiões Mundiais: Escrito em 1917, este trabalho apresenta ensaios comparados de sociologia da religião, refletindo sobre como diferentes tradições religiosas influenciam práticas econômicas.





Pensadores que Dialogam com Weber

Weber estabeleceu diálogos críticos com diversos pensadores. Entre eles:

  • Karl Marx: Embora ambos compartilhassem o interesse em entender as estruturas sociais, Weber discordava da ideia marxista de que a economia era o principal determinante da sociedade, enfatizando a importância da cultura e da religião.
  • Émile Durkheim: Enquanto Durkheim focava na influência da sociedade sobre o indivíduo, Weber enfatizava a agência individual e a influência recíproca entre indivíduos e sociedade. Apesar de suas abordagens diferentes, Durkheim e Weber discutiram a importância de métodos científicos na sociologia e o papel das estruturas sociais.
  • Georg Simmel: Outro contemporâneo que também explorou a vida social, mas com ênfases diferentes nas interações sociais, especialmente em temas como a urbanização e a sociabilidade.



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Áreas do Conhecimento e Contribuições de Max Weber

Weber desenvolveu um trabalho que abarcou sociologia, economia e filosofia. Sua contribuição principal reside na análise da ação social e da racionalização nas sociedades modernas. As principais áreas de estudo de Weber incluem:

  • Sociologia: Como um dos fundadores da sociologia moderna, ele enfatizou a importância da ação social e dos significados que os indivíduos atribuem a suas ações.
  • Economia: Suas análises sobre a relação entre religião e economia influenciaram o entendimento do desenvolvimento do capitalismo.
  • Política: Weber examinou as estruturas burocráticas e sua influência na administração pública, refletindo sobre a natureza do poder.



Linhas de Pensamento de Max Weber

Weber construiu uma obra que abarcou ideais como a racionalização, a burocracia e a relação entre os valores culturais e a economia. Seus pensamentos questionam como as instituições são capazes de limitar as experiências individuais e coletivas.

Ele também foi um grande crítico do materialismo histórico, que definia as relações entre as formas de produção e de trabalho e as demais manifestações culturais da sociedade. Para Weber, a sociologia poderia analisar esse intercâmbio entre a estrutura social e a superestrutura sob outra perspectiva: reconhecendo que as expressões culturais, como a religião, por exemplo, podem sim, ter grande impacto sobre a estrutura econômica.

Impacto e Legado de Max Weber

A análise que Max Weber fez do capitalismo e sua crítica à burocracia continuam sendo debatidas na academia. O legado dele afetou áreas do conhecimento como sociologia, ciências políticas, economia e história. Sua abordagem interdisciplinar dos fenômenos econômicos, que interagiam com a religião, com o direito e com a cultura em geral, fez com que sua obra se tornasse fonte de interesse para historiadores, filósofos, cientistas políticos, economistas, musicólogos e juristas.


Perguntas Frequentes sobre Max Weber

O que é ação social para Max Weber?
Para Weber, a ação social é aquela realizada pelos indivíduos, que possui significado e é orientada em relação às ações de outros. Conceito essencial para entender a dinâmica das interações sociais.

Como Weber analisa a relação entre religião e economia?
Weber argumenta que as crenças religiosas, especialmente no contexto do protestantismo, moldam práticas econômicas e contribuem para o desenvolvimento do capitalismo moderno.




Referências:

https://www.fflch.usp.br/

https://www.ihu.unisinos.br/images/stories/cadernos/formacao/003cadernosihuemformacao.pdf

https://www.deutschland.de/pt-br

https://revistacult.uol.com.br/home/a-atualidade-de-max-weber-no-brasil/

Jane Austen é uma das mais consagradas escritoras da literatura inglesa. Ela viveu entre o final do século XVIII e início do XIX e sua obra se tornou um verdadeiro fenômeno da cultura de massas. Escreveu seis romances, que foram publicados entre 1811 e 1817. Suas narrativas oferecem um retrato irônico e crítico da sociedade britânica da época.

Obras como Orgulho e Preconceito e Razão e Sensibilidade continuam a ser lidas e celebradas por sua sátira às convenções sociais e aos papéis de gênero. O legado de Jane Austen é amplamente adaptado para diversos formatos, especialmente televisão e cinema, o que contribui para a crescente popularidade de seus romances.

Um dos exemplos mais notáveis é o filme Orgulho e Preconceito (2005), que recebeu quatro indicações ao Oscar, incluindo a de Melhor Atriz para Keira Knightley. A adaptação, dirigida por Joe Wright, também conta com a atuação de Matthew Macfadyen no papel de Mr. Darcy, reforçando o apelo atemporal da obra literária de Austen ao conquistar novas gerações de fãs.

Jane Austen: Biografia

Jane Austen nasceu em 16 de dezembro de 1775, no pequeno vilarejo rural de Steventon, Hampshire, na Inglaterra, em uma família de classe média. Seu pai, George Austen, era um reverendo anglicano e também oferecia aulas particulares a jovens que buscavam ingressar em universidades. Sua mãe, Cassandra Leigh, vinha de uma família da pequena nobreza. Jane era a sétima de oito filhos e, junto com sua irmã mais velha Cassandra, eram as duas únicas meninas entre os irmãos. Jane cresceu em um ambiente intelectualmente ativo e afetuoso, onde teve acesso desde cedo à rica biblioteca de seu pai, que possuía cerca de 500 volumes. As leituras faziam parte do cotidiano da família, com discussões literárias após o jantar, o que alimentou o gosto precoce de Jane pela escrita.

Embora Jane Austen tenha frequentado escolas para meninas em dois momentos distintos de sua vida, aos sete e aos dez anos de idade, sua educação foi majoritariamente feita em casa, sob a supervisão de seu pai e irmãos mais velhos. As trocas intelectuais constantes com a família e os jovens aprendizes que seu pai recebia contribuíram para a formação literária da futura escritora. Desde os 12 anos de idade, Jane começou a escrever pequenos esboços e peças curtas para entreter sua família, revelando seu talento para a criação de personagens e histórias cativantes.

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Ela viveu a maior parte da vida no campo, compartilhando grande proximidade com sua irmã Cassandra. Vivia em um pequeno vilarejo e frequentava os ambientes familiares daquela província. Chegou a viajar algumas vezes para Londres, onde teve a oportunidade de observar a vida em um convívio social mais amplo que o dela.

Quando tinha 20 anos, Jane Austen teve um breve romance que marcou sua juventude, com Tom Lefroy, um jovem irlandês que aspirava à carreira de advogado, mas o affair não resultou em casamento.

Mais tarde, ela chegou a aceitar uma proposta de casamento de Harris Bigg-Wither em 1802, mas desistiu no dia seguinte, um episódio que foi retratado no filme Amor e Inocência (2007), com Anne Hathaway no papel de Austen. Mas, a escritora nunca se casou.

Aos 25 anos, mudou-se com a família para Bath, e em 1803, ela vendeu sua primeira obra, Lady Susan, por 10 libras, embora esta nunca tenha sido publicada na época. Anos depois, Jane iria comprar de volta os direitos deste pequeno romance.

A escrita de Jane Austen sempre foi feita em casa e quem ficava responsável pela negociação de seus livros eram seu pai e irmãos. Com a morte do pai, em 1805, Jane, Cassandra e sua mãe precisaram da ajuda dos irmãos para se manter, já que as mulheres não podiam trabalhar. Foi então que se mudaram para um chalé em Chawton, cedido pelo irmão Edward Austen. Hoje, o local abriga a Casa Museu Jane Austen.

É no período em que mora em Chawton que Jane se dedica intensamente à escrita e, em 1811, com a ajuda de outro irmão, Henry, conseguiu publicar seu primeiro romance, Razão e Sensibilidade, de forma anônima, sob o título "By a Lady".

Jane Austen continuou a publicar obras notáveis, incluindo Orgulho e Preconceito (1813), Mansfield Park (1814) e Emma (1815), todas marcadas por sua visão sagaz a respeito das tradições da sociedade inglesa, recheadas de humor, ironia e romance. Suas obras ganharam imensa popularidade após sua morte.

Jane faleceu em 18 de julho de 1817, aos 41 anos, e a causa de sua morte é até hoje incerta, embora muitos estudiosos acreditem que ela tenha sofrido do mal de Addison, uma doença degenerativa. Após sua morte, seus irmãos Cassandra e Henry publicaram conjuntamente os romances A Abadia de Northanger e Persuasão, em dezembro de 1817. Jane Austen foi sepultada na Catedral de Winchester, e, apesar de não ter recebido o devido reconhecimento durante sua vida, ela se tornaria, com o passar do tempo, uma das escritoras inglesas mais lidas do mundo.

Formação e Início de Carreira

Embora Jane Austen nunca tenha recebido uma educação formal como era comum para os homens de sua época, ela foi bem instruída em casa e teve acesso à vasta biblioteca de seu pai. A leitura de obras clássicas e os saraus literários que realizava com sua família contribuíram para a formação do seu repertório.

Austen começou a escrever suas primeiras versões de Razão e Sensibilidade e Orgulho e Preconceito ainda na juventude, refinando essas obras ao longo dos anos até suas publicações. Seus primeiros manuscritos, que incluem contos e peças de teatro escritas para entreter a família, foram reunidos no compilado que se chama Juvenília.

Capas do livro Orgulho e Preconceito, de Jane Austen, publicado pela Penguin Companhia. A capa traz uma ilustração clássica de duas mulheres em vestidos de época sentadas, uma cena típica do romance do século XIX. Esta edição faz parte da coleção de clássicos da literatura mundial. Capas do livro Razão e Sensibilidade, de Jane Austen, publicado pela Penguin Companhia. A capa apresenta uma arte estilizada com duas mulheres em um ambiente campestre, vestidas com trajes da época regencial. A edição integra a série de clássicos da autora que marcou a literatura romântica inglesa.

Contexto Histórico

Jane Austen viveu de 1775 a 1817, período conhecido na Inglaterra como a era georgiana, época do reinado dos Hanôver. Nesse momento, também estava acontecendo o início da Revolução Industrial, que iria transformar a economia do país e do mundo. Em relação aos conflitos internacionais, ela foi contemporânea das Guerras Napoleônicas, que afetaram a Inglaterra de maneira significativa.

Foi um período de grandes mudanças sociais, incertezas e transformações. Ao mesmo tempo, a sociedade inglesa ainda estava fortemente estratificada por divisões de classe e pelos rígidos papéis de gênero, temas que Austen explorou de maneira sarcástica em suas obras.

Principais Livros de Jane Austen

Os romances de Jane Austen continuam a ser amplamente estudados e admirados por seu estilo inovador, pela subjetividade de seus personagens e por sua sutil crítica à sociedade. Seus seis romances completos — Razão e Sensibilidade, Orgulho e Preconceito, Mansfield Park, Emma, A Abadia de Northanger e Persuasão — são hoje reconhecidos como clássicos da literatura. Seu último trabalho, Sanditon, permaneceu inacabado.

Embora Razão e Sensibilidade tenha sido publicado em 1811, Austen já escrevia manuscritos desta obra desde o final dos anos 1780. Todos os seus romances trazem como protagonistas jovens moças, que assim como ela, tinham poucas oportunidades, e estavam sempre sob a vigilância de membros mais velhos da família, o que limitava sua liberdade. A vida social dessas mulheres restringia-se a pequenos bailes e encontros familiares, refletindo a falta de autonomia feminina.

Em suas narrativas, Austen traz o casamento como tema central. No entanto, as personagens criadas por ela casam por amor, desafiando as convenções sociais que viam o casamento como uma questão de conveniência e status.

O caminho para a publicação de suas obras não foi simples. No início, seus manuscritos chegaram a ser rejeitados por editoras. Foi com o apoio da família que Jane Austen conseguiu publicar anonimamente seus romances. A autoria feminina não era amplamente aceita, especialmente entre o final do século XVIII e início do século XIX, razão pela qual as poucas escritoras que chegaram a publicar neste período tiveram que optar pelo anonimato.

Apenas no início do século XX é que os romances de Austen passaram a ser plenamente reconhecidos como obras de sua autoria. Escrito por Jane Austen, Emma, traz uma história curiosa a respeito da autoria: a contragosto, a escritora teve que dedicar esse seu quarto romance ao príncipe regente, o futuro rei George IV, que era fã de sua obra e que havia solicitado a ela uma dedicatória.

Além dos romances, suas cartas são uma rica fonte de informações sobre o cotidiano das mulheres da sua época. Com observações minuciosas a respeito das vestimentas e do comportamento humano, elas revelam o quanto a escritora se inspirava na vida ao seu redor.

As obras de Jane Austen tratam de conflitos familiares, de intrigas e relacionamentos que aconteciam na área rural. Em suas narrativas, ela também faz sutis críticas sociais à escravidão e à igreja. Confira a seguir um breve resumo de seus seis romances.

OBRA RESUMO DA OBRA ANO DE PUBLICAÇÃO
Razão e Sensibilidade As irmãs Elinor e Marianne Dashwood, após a morte de seu pai, precisam lidar com questões financeiras e emocionais enquanto buscam um casamento que lhes assegure estabilidade. 1811
Orgulho e Preconceito
(Pride and Prejudice)
O romance mais famoso de Austen narra a história de Elizabeth Bennet, uma jovem de forte personalidade, e seu relacionamento complicado com o orgulhoso Sr. Darcy. A obra explora temas como a classe social, o casamento e a moralidade. 1813
Mansfield Park A história gira em torno de Fanny Price, uma jovem de origem humilde que, aos dez anos, é enviada para viver com seus parentes ricos, os Bertram, na propriedade de Mansfield Park. Fanny cresce em meio a uma família abastada, mas sente-se inferior devido à sua posição social. 1814
Emma Narra a vida da jovem Emma Woodhouse, uma personagem rica e mimada que se intromete na vida amorosa de seus amigos, muitas vezes com resultados cômicos. 1815
Persuasão Romance póstumo centrado em Anne Elliot, uma jovem que se reencontra com o homem que amou anos antes e foi persuadida a não se casar. O romance trata de temas como arrependimento, segundas chances e o poder das pressões sociais. 1817
A Abadia de Northanger Romance póstumo, que acompanha a vida de Catherine, uma jovem ingênua e sonhadora, fascinada por romances góticos, que é convidada a passar uma temporada em Bath, uma cidade conhecida por sua agitada vida social. Lá, ela é convidada a visitar a abadia, despertando sua imaginação para histórias de mistério e horror. 1817


Áreas de Conhecimento e Contribuições de Jane Austen

Jane Austen elevou o gênero romance ao incorporar análises sutis e realistas da vida cotidiana, ao mesmo tempo em que introduziu uma nova sensibilidade em relação à psicologia de seus personagens. Apesar de suas histórias falarem sobre amor, ela não idealizava o amor romântico e mostrava suas personagens vivendo frustrações amorosas e perspectivas de futuro limitadas à dependência do casamento.

Sua escrita é frequentemente associada à crítica social, à análise das convenções de classe e às limitações impostas às mulheres. As áreas de conhecimento que ela mais contribuiu incluem:

  • Estética Literária e Inovação no Romance: ela é considerada uma precursora do romance moderno, principalmente porque foi uma das primeiras autoras a utilizar o discurso indireto livre. Ou seja, a voz do narrador flui livremente em suas histórias, permitindo que ela entrasse nos pensamentos e sentimentos dos personagens.
  • Reflexões sobre Gênero: mesmo que ela não fosse uma feminista propriamente dita, seus livros trazem uma visão crítica ao cerceamento da liberdade feminina. Seus diálogos brilhantes expõem as dificuldades das mulheres na sociedade patriarcal e sua luta por maior autonomia no que diz respeito ao casamento, à educação e aos direitos de herança. Suas protagonistas, como Elinor Dashwood, de Razão e Sensibilidade, desafiam as normas ao valorizarem a inteligência, a integridade e a independência.
  • Amor Romântico como uma forma de crescimento: em relação ao amor romântico, Austen mostra que os relacionamentos são veículos para nos ajudar a superar nossas falhas e a nos tornar mais maduros e honestos.
  • Valores morais: sua habilidade de criar personagens complexos emocionalmente foi inovadora. Ela aprofundou o psicológico dos seus personagens, explorando sua moralidade, autoconsciência e escolhas pessoais, principalmente no contexto dos relacionamentos amorosos e familiares. Austen traz uma percepção de que o casamento deve ser pautado pelo afeto e pela compatibilidade verdadeira, ao invés de ser guiado pelo interesse financeiro e pelo status.
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Impacto e Legado de Jane Austen

Jane Austen, uma escritora nascida no século XVIII, continua a influenciar a literatura e a cultura popular até os dias de hoje. Suas obras, ricas em nuances psicológicas e sociais, seguem conquistando novos públicos. Suas personagens femininas fortes e a ironia que perpassa suas narrativas oferecem uma crítica atemporal às normas sociais e continuam a ressoar em debates contemporâneos sobre feminismo e igualdade de direitos das mulheres em relação aos homens.

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Perguntas Frequentes sobre Jane Austen

O que Jane Austen criticava em seus romances?

Austen criticava principalmente as convenções sociais de sua época, especialmente o papel restrito das mulheres e a centralidade do casamento como meio de garantir segurança financeira.

Qual a importância de Jane Austen para a literatura?

Jane Austen foi vanguardista na introdução de uma visão mais introspectiva e psicológica no romance, utilizando a sátira e a ironia para criticar a sociedade e os papéis de gênero.



Referências:

https://janeaustenbrasil.com.br/

https://janeaustens.house

https://www.janeausten.org/

Simone de Beauvoir, uma das mais influentes pensadoras do século XX, foi uma filósofa e escritora francesa que revolucionou os estudos sobre a condição feminina e o feminismo. Em sua obra mais famosa, O Segundo Sexo, ela investiga o que significa ser mulher, destacando que "ninguém nasce mulher, torna-se mulher", e desafiando as noções tradicionais que limitavam o comportamento feminino à biologia.

Simone de Beauvoir: Livros, Feminismo e Biografia

Sua filosofia existencialista, ao afirmar que "a existência precede a essência", influenciou sua análise da mulher como um ser moldado pelas experiências e pela sociedade patriarcal. Além de sua contribuição intelectual, Beauvoir foi uma ativista, participou da resistência francesa contra o nazismo e manteve um relacionamento aberto com o filósofo Jean-Paul Sartre, com quem compartilhou suas reflexões sobre liberdade e identidade.

Biografia de Simone de Beauvoir

Simone Lucie Ernestine Marie Bertrand de Beauvoir nasceu em Paris, no dia 9 de janeiro de 1908, em uma família burguesa. Seu pai, o advogado Georges Bertrand de Beauvoir se interessava por dramaturgia e encorajava a filha a pensar criticamente e a desafiar as convenções sociais, o que a influenciou desde jovem. Sua mãe, Françoise Brasseur, por sua vez, era uma católica fervorosa, o que levou Simone a experimentar uma rígida educação religiosa, que logo seria rejeitada pela escritora.

Simone e sua irmã, Hélène, estudaram na Adeline Désir Institut, uma tradicional escola católica, voltada exclusivamente para meninas. Desde criança, a futura escritora já se destacava na família devido à sua dedicação aos estudos e à leitura.

Com cerca de 9 anos de idade, Simone conhece Zaza (Elisabeth Lacoin) que seria sua melhor amiga até a morte precoce, em 1929. Inclusive, um dos livros de Simone de Beauvoir, intitulado As Inseparáveis, aborda a amizade das duas.

Entre as influências que marcaram a jovem intelectual, uma personagem da literatura ganha destaque: Jo March, do clássico romance Adoráveis Mulheres, escrito por Louisa May Alcott. A personagem, assim como a própria Simone de Beauvoir, não queria casar, pois tinha o sonho de seguir a carreira de escritora. A independência intelectual de Simone já refletia precocemente um desejo de romper com as expectativas tradicionais impostas às mulheres.

Formação Acadêmica e Início de Carreira

Apesar de crescer em um ambiente familiar religioso e tradicional, Simone conseguiu despertar sua curiosidade intelectual e levar a cabo seu sonho de adolescente: tornar-se escritora. Em 1925, aos 17 anos, foi aprovada no exame que dava acesso às universidades e licenciou-se em Matemática e Letras Clássicas.

Em 1927, conquistou o certificado em História, Filosofia, Filosofia Geral e Grego pela Sorbonne, em Paris. Ela foi uma das primeiras mulheres a estudar filosofia na universidade, numa época em que as mulheres ainda não tinham o direito ao voto na França nem acesso a esse tipo de educação. Foi na Sorbonne que ela conheceu o filósofo Jean-Paul Sartre, com quem teria um relacionamento amoroso não convencional pelo resto da vida. Inclusive, os dois estão enterrados no mesmo túmulo no Cemitério de Montparnasse, em Paris.

Simone de Beauvoir e o filósofo Jean-Paul Sartre juntos na praia de Copacabana.
Apesar do companheirismo de uma vida inteira com o pensador existencialista, Simone não se casou e não era favorável ao casamento. Para ela, o casamento era uma condição “imoral” imposta às mulheres, por ser definido como um laço eterno, sem levar em consideração que as vontades das partes podem modificar com o passar do tempo.


Aos 21 anos de idade, Simone de Beauvoir torna-se a pessoa mais jovem a ser aprovada no rigoroso exame nacional Agregatión, um concurso para se tornar professora do ensino público francês. E no ano de 1929, torna-se a primeira mulher a ensinar em um Liceu masculino, um marco do início de uma nova era das mulheres no mercado de trabalho.

Foi nessa mesma época que ela e Sartre fizeram um pacto amoroso: ela aos 21 e ele aos 24 anos, decidiram ser sempre verdadeiros e leais um com o outro, mesmo sem estabelecer um vínculo matrimonial. Esse pacto causou curiosidade nos setores mais conservadores da sociedade e até hoje é motivo de polêmica.

De 1931 a 1935, Simone trabalhou como professora nas cidades provincianas de Marselha e Rouen. Ela volta a Paris em 1936, aos 27 anos, para ensinar no Liceu Molière. Foi lá que aconteceram seus famosos casos amorosos com alunas. Simone teria se relacionado com as estudantes Olga, de 19 anos, Bianca, de 17 anos e Nathalie, de 20 anos. E manteve uma amizade com elas por toda a vida.

Contexto Histórico

Diante desse cenário de poliamor vivido por Simone de Beauvoir, eclode em 1939 a Segunda Guerra Mundial. Jean-Paul Sartre é convocado junto com seu amigo Jacques-Laurent Bost para servir às forças francesas. É nessa época que Simone começa a apresentar suas primeiras crises nervosas que permaneceriam pelo resto de sua vida.

Em 1940, os alemães invadem Paris e Simone foge para o interior com a família da sua aluna Bianca. Sartre acaba sendo preso e só volta à liberdade em 1941, quando se reúne com Simone, já de volta a Paris, e outros intelectuais para organizar a resistência francesa contra a ocupação nazista.

É durante a guerra que Simone começa a escrever o seu primeiro romance, A Convidada, cujo lançamento aconteceria apenas em 1943. A história é inspirada no relacionamento entre ela, sua aluna Olga, Sartre e seu amigo Jacques-Laurent Bost.

Neste mesmo ano, a filósofa perde o seu cargo de funcionária pública do ensino francês, após sofrer uma acusação da mãe de Nathalie Sorokine, uma de suas alunas com quem mantinha uma relação amorosa. Porém, no tribunal, Nathalie negou as acusações de sua mãe contra Simone, ao afirmar que já era maior de idade e que as relações entre as duas eram consensuais. Apesar de não ser condenada pelo governo nazista, Simone de Beauvoir perdeu o emprego devido aos seus casos amorosos com estudantes e ao seu relacionamento aberto com Sartre.

Daí em diante, a escritora passa a trabalhar numa rádio. Existiam apenas duas rádios nacionais na época: a Rádio Paris e a rádio Vichy. Ambas estavam sob o domínio nazista. Mas, apesar disso, Simone não colaborou com propagandas do regime. Seu trabalho era como pesquisadora de música na Idade Média.

Quando a guerra acabou, em 1945, Simone de Beauvouir fundou uma revista política, filosófica e literária chamada Les Temps Modernes, ao lado de Jean-Paul Sartre e Maurice Merleau-Ponty. A revista teve suas publicações encerradas em 2019, após 74 anos de atividade.

Em 1986, Simone de Beauvoir viria a falecer vítima das complicações decorrentes da pneumonia em Paris, com 78 anos de idade.


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Zélia Gattai Amado, Jean-Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Jorge Amado e Mãe Senhora durante visita de Sartre e Simone ao Brasil.
Simone de Beauvoir também era uma viajante e conheceu grande parte do mundo. Rodou basicamente toda a Europa, foi para a Ásia, para a África, para as Américas. Conheceu o Brasil em 1960, com Sartre. Eles permaneceram dois meses aqui e conheceram o Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo, Ouro Preto, Fortaleza e Manaus, em uma visita organizada por Jorge Amado e Zélia Gattai. Créditos: A exposição Jorge Amado e Zélia Gattai, Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir: Memórias de Viagem / Fundação Casa de Jorge Amado.


Principais Obras de Simone de Beauvoir

As obras de Simone de Beauvoir englobam uma vasta gama de gêneros, incluindo romances, ensaios filosóficos, textos jornalísticos e autobiografias. Dentre os livros de Simone de Beauvoir, o mais importante é O Segundo Sexo, mas há outras publicações igualmente fundamentais para entender seu pensamento e legado.

Ela também escreveu uma peça de teatro, intitulada As Bocas Inúteis - que é uma crítica aos regimes políticos totalitários - e vários romances, como O Sangue dos Outros e Todos Os Homens São Mortais.

O Segundo Sexo

Em sua obra mais famosa, O Segundo Sexo, onde investiga o que é ser mulher, ela inaugura um novo campo de estudo, trazendo à tona temas que não eram considerados relevantes para a filosofia, como a liberdade da mulher e sua objetificação diante do sujeito, que seria o homem.

Simone de Beauvoir toma por base para suas reflexões a filosofia existencialista, cujo preceito central é a ausência de uma essência primordial que moldaria a existência humana. Assim, ao lado de Jean-Paul Sartre, ela concordava com a premissa “a existência precede a essência”. Ou seja, que o ser humano é formado a partir de suas experiências. Primeiro, ele surge no mundo, se descobre e vai se responsabilizando pelo que se torna. Nesse sentido, para a filosofia existencialista não existe determinismo.

A filósofa incorpora essa ideia primordial do existencialismo para abordar a questão da formação social da mulher, colocando em xeque antigos conceitos que definiam o comportamento feminino a partir da biologia.

Desde muito jovem, ela refletia sobre o que significava ser mulher para ela e para a sociedade. E esse pensamento, ao lado de suas críticas sobre a liberdade no contexto do existencialismo, se tornou a base para a criação de O Segundo Sexo, publicado em 1949. Dividido em dois volumes, o livro faz uma análise histórica e filosófica da situação das mulheres ao longo dos séculos. No primeiro volume, "Fatos e Mitos", Beauvoir discute como as mulheres foram vistas na literatura, filosofia e religião. No segundo volume, "A Experiência Vivida", ela explora como a mulher é tratada e moldada pela sociedade desde o nascimento até a velhice.

O livro, que posteriormente seria considerada sua obra prima, foi duramente criticado, tanto pela direita quanto pela esquerda. Mas, até hoje é considerado um marco no feminismo moderno, sendo uma obra fundamental para compreender de que forma a opressão de gênero foi historicamente construída.

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Demais livros de Simone de Beauvoir

Além de O Segundo Sexo, a filósofa deixou uma vasta obra escrita, contendo romances, ensaios, uma peça de teatro e textos autobiográficos. Confira a seguir um breve resumo de outras de suas principais publicações.

OBRA RESUMO DA OBRA ANO DE PUBLICAÇÃO
Memórias de uma Moça Bem Comportada Autobiografia que aborda os primeiros anos de sua vida, da infância à juventude. 1958
Todos os Homens são Mortais Romance filosófico que explora questões sobre o tempo, o sentido da vida e a busca pela imortalidade. 1946
Os Mandarins Romance vencedor do prêmio Goncourt que mostra um grupo de intelectuais em busca de recompor suas vidas no pós-Segunda Guerra 1954
A Velhice Ensaio que reflete sobre o processo de envelhecimento e suas implicações sociais e psicológicas 1970


Áreas do Conhecimento e Contribuições de Simone de Beauvoir

Simone de Beauvoir desenvolveu um trabalho interdisciplinar, que cruzou as fronteiras da filosofia, sociologia, literatura e feminismo. Sua contribuição principal reside em sua análise da liberdade individual e da opressão social, especialmente no que se refere às mulheres.

As principais áreas de estudo de Simone de Beauvoir incluem:

  • Filosofia Existencialista: ao lado de Jean-Paul Sartre, ela contribuiu significativamente para esta corrente filosófica, especialmente no aprofundamento de ideias sobre liberdade, responsabilidade individual e construção do significado da vida.
  • Feminismo: O feminismo foi uma das principais áreas de estudo e ativismo de Simone de Beauvoir. O Segundo Sexo marcou o início de uma nova era no pensamento feminista, ao sugerir que a opressão das mulheres não era natural, mas socialmente construída.
  • Ética e Moral: ele propõe uma ética existencialista em seu livro A Moral da Ambiguidade, onde rejeita a ideia de uma moral absoluta e acredita na ação responsável, reconhecendo as ambiguidades da vida e a necessidade de construir relações justas a partir da responsabilidade nas ações.
  • Literatura: ela escreveu romances e suas próprias memórias, usando a escrita criativa para falar sobre questões existenciais, feministas e éticas.
  • Política: escreveu ensaios filosóficos e políticos, que trazem à tona o contexto das lutas por liberdade e justiça no século XX. O romance O Sangue dos Outros, de 1945, mostra como as decisões políticas afetam os indivíduos e a coletividade , especialmente em tempos de guerra.


Linhas de Pensamento de Simone de Beauvoir

Principais Ideias e Conceitos

Beauvoir construiu uma obra que abarcou diversas ideias e conceitos filosóficos. Mas, a liberdade individual, o feminismo e o existencialismo estão entre seus temas centrais. Suas obras questionam como as pessoas, especialmente as mulheres, podem conquistar essa liberdade ao desafiar as normas sociais. Sua obra critica a redução das mulheres a meros objetos e propõe uma nova visão de mundo, onde a mulher é um sujeito livre para definir seu próprio destino.

Influência e Relevância no Mundo

As ideias de Simone de Beauvoir tiveram um impacto profundo no movimento feminista mundial, especialmente na segunda onda do feminismo com seu livro O Segundo Sexo. Essa segunda fase do movimento feminista, que começou em 1960 e foi até 1970, ficou marcada pela luta pelos direitos das mulheres pela igualdade sexual, social e reprodutiva.

Ela influenciou gerações de pensadores e ativistas, como Betty Friedan e Gloria Steinem, nos Estados Unidos. Seu trabalho ajudou a articular as demandas dos movimentos feministas no mundo, que começaram a questionar as formas de opressão vivenciadas pelas mulheres em diferentes sociedades.

Além de influenciar o feminismo, Simone de Beauvoir também foi influenciada por outros pensadores e escritores. Sua influência mais óbvia é o filósofo Jean-Paul Sartre, principal nome do existencialismo. Além dele, a fenomenologia de Edmund Husserl também está entre suas referências. Outro pensador com quem Simone de Beauvoir manteve contato foi o médico Frantz Fanon, que manteve um forte engajamento com as questões relacionadas ao racismo e ao colonialismo. Ela também era muito fã de Virginia Woolf, chegou a ler todos os seus livros e a considerava uma grande influência intelectual.

Impacto e Legado de Simone de Beauvoir

Simone de Beauvoir é uma pensadora cujo impacto transcende sua época. De Paris ao resto do mundo, suas ideias permanecem poderosas, influenciando tanto a academia quanto os movimentos sociais. A contribuição de Beauvoir vai além do feminismo, ela também questionou as estruturas de poder, a condição humana e a moralidade. Deixou um legado transformador, tanto na filosofia quanto na literatura.

Perguntas Frequentes sobre Simone de Beauvoir

O que é existencialismo para Simone de Beauvoir?

Para Beauvoir, o existencialismo é uma filosofia que coloca a liberdade individual e a responsabilidade no centro da experiência humana.

Como Simone de Beauvoir enxerga a velhice?

Beauvoir descreveu a velhice como uma fase da vida marcada pela marginalização e invisibilidade, tema que explorou profundamente em seu livro A Velhice. Sua análise da velhice foi inovadora ao destacar como o envelhecimento pode se transformar em mais uma forma de opressão, sobretudo para as mulheres, que enfrentam uma dupla marginalização: como mulheres e como idosas.






Referências

https://brasil.elpais.com/brasil/2019/07/05/cultura/1562337766_757567.html

https://www.fflch.usp.br/113381

https://revistacult.uol.com.br/home/pensamento-filosofico-feminista-de-beauvoir/

https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2018/01/5-reflexoes-para-entender-o-pensamento-de-simone-de-beauvoir.html

https://www.bbc.com/portuguese/geral-47380084



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