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Envelhecimento Saudável: Qualidade de Vida na Longevidade
Xavana Celesnah
Envelhecimento Saudável: Qualidade de Vida na Longevidade
Descubra como alcançar um envelhecimento saudável, entender as principais mudanças no corpo e evitar a velhice precoce para ter mais longevidade.

O envelhecimento saudável é uma construção relativamente recente na humanidade. Práticas de exercícios físicos, bons hábitos alimentares, sono restaurador e relações interpessoais benéficas, aliadas ao avanço da medicina, têm permitido um aumento na expectativa de vida.

Para se ter uma ideia, aqui no Brasil, na década de 1950, a expectativa de vida era de apenas 46 anos de idade, de acordo com dados do IBGE. Atualmente, passou a ser de 76 anos. E é muito provável que esses números melhorem ainda mais. Neste artigo, vamos mostrar quais práticas contribuem para a longevidade e qualidade de vida.



O Que é Ter Um Envelhecimento Saudável?

A partir de 2020, o Brasil passou a apoiar a declaração da Assembleia Geral das Nações Unidas, que anunciou a Década do Envelhecimento Saudável, compreendida entre os anos de 2021 e 2030. De acordo com o relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre essa década, o envelhecimento saudável é o processo de desenvolver e manter a habilidade funcional que permite o bem-estar na idade mais avançada.

Nesse sentido, existe todo um esforço que reúne os governos, a sociedade civil, a mídia, a comunidade acadêmica e o setor privado com o mesmo objetivo: colaborar para a melhoria da vida das pessoas idosas. Para isso, é essencial o combate ao etarismo, a entrega de serviços de cuidados integrados e de atenção primária à saúde adequados à pessoa idosa. Para além das ações propostas pelas Nações Unidas, as pessoas podem adotar certos hábitos que vão contribuir para envelhecer bem.

Quando falamos em envelhecimento saudável, não nos referimos apenas a viver mais, mas a viver melhor. O envelhecimento saudável envolve a manutenção da saúde física e mental ao longo do tempo. Significa viver com autonomia, aproveitar os momentos ao lado de quem amamos e manter o prazer nas atividades diárias. Isso implica fazer escolhas de vida que favoreçam a saúde.

Além disso, entender o processo de envelhecimento e suas mudanças fisiológicas nos ajuda a viver com mais aceitação. Ao longo dos anos, o corpo passa por transformações inevitáveis, mas isso não significa que devemos perder a qualidade de vida. Pelo contrário, os anos podem ser uma oportunidade para viver de maneira mais consciente e apreciar o que a vida oferece.



Fases e Alterações Fisiológicas do Envelhecimento

Envelhecer é um processo inevitável e natural, que se desdobra ao longo das diversas fases da vida. Cada uma dessas etapas é marcada por transformações fisiológicas distintas, que, embora inescapáveis, podem ser vivenciadas de maneira equilibrada.

A forma como enfrentamos essas mudanças tem o poder de impactar profundamente nossa qualidade de vida na terceira idade. Veja a seguir as principais fases do envelhecimento humano:

Fase Inicial (Até os 50 anos): Durante os primeiros anos da vida adulta, o corpo atinge seu auge físico. A energia é abundante, a regeneração celular é eficiente e a capacidade de recuperação após esforços intensos é notável. Contudo, mesmo nesse estágio de vitalidade, começam a surgir as primeiras preocupações com os sinais iniciais do envelhecimento.

Para as mulheres, além das mudanças gerais, a preocupação com o impacto da saúde reprodutiva é um fator relevante porque é nessa fase que se inicia a menopausa e as mudanças hormonais no corpo feminino acarretam diversas transformações físicas e emocionais.

Meia-Idade (50 a 65 anos): Este período marca o início das mudanças mais visíveis e significativas no corpo. A perda gradual de massa muscular, o declínio da elasticidade da pele e o desequilíbrio hormonal são algumas das transformações mais notáveis.

Além disso, o metabolismo pode desacelerar, e a resistência a doenças começa a diminuir. Apesar disso, essa fase ainda permite que a saúde seja bem preservada, especialmente para aqueles que adotam hábitos saudáveis ao longo dos anos. O cuidado preventivo, tanto físico quanto psicológico, é crucial para manter a vitalidade e garantir um envelhecimento saudável.

Velhice (Acima dos 65 anos): A partir dessa fase, os sinais do envelhecimento tornam-se mais evidentes e frequentes. A perda de massa óssea, o enfraquecimento do sistema imunológico e a diminuição da capacidade cognitiva são algumas das alterações que podem ocorrer. Entretanto, é importante destacar que a qualidade de vida não se resume apenas à saúde física.

A vivência emocional, social e a manutenção de conexões significativas continuam a desempenhar um papel fundamental no bem-estar geral. Manter uma rede de apoio, cultivar relacionamentos e praticar atividades que estimulem o intelecto e as emoções podem ser decisivas para um envelhecimento mais pleno.

É fundamental compreender que o envelhecimento de cada indivíduo pode ser mais ou menos marcante dependendo dos cuidados que foram tomados ao longo da vida.

Adotar uma rotina saudável desde a juventude e na meia-idade, com alimentação equilibrada, atividades físicas regulares e cuidados com a saúde mental, pode fazer toda a diferença na forma como encaramos o envelhecer. Além disso, a aceitação e a adaptação a essas mudanças são essenciais para manter uma boa qualidade de vida e aproveitar as diversas experiências que cada fase da vida nos oferece.


Longevidade e Qualidade de Vida: Como Alcançar

Frequentemente associamos a longevidade saudável ao número de anos vividos, mas é essencial compreender que a verdadeira longevidade diz respeito à qualidade de vida que conseguimos manter ao longo do tempo.

Para alcançar uma vida longa e saudável, é necessário adotar um estilo de vida que favoreça o bem-estar físico, emocional e social em todas as etapas da vida. A longevidade não deve ser vista apenas como a soma de anos, mas como a soma de momentos vividos de forma plena, com saúde e satisfação. Para isso, existem certos hábitos indispensáveis.

A Alimentação Balanceada é um dos mais importantes. Uma nutrição adequada é a base para uma vida longa e saudável. Alimentar-se com uma dieta rica em nutrientes essenciais, como vitaminas, minerais, fibras e antioxidantes, é fundamental para manter a saúde cardiovascular, óssea e cerebral.

Alimentos frescos e naturais, como frutas, legumes, grãos integrais e proteínas magras, são aliados poderosos na prevenção de doenças crônicas e no fortalecimento do sistema imunológico. Uma alimentação equilibrada também ajuda a controlar o peso, a manter níveis saudáveis de colesterol e a regular a pressão arterial.

Outro segredo da longevidade é a prática regular de exercícios físicos. O movimento é vital para a longevidade. A prática constante de atividades físicas, como caminhada, natação, yoga ou musculação, fortalece o corpo, melhora a circulação sanguínea e previne doenças. Além disso, os exercícios promovem a liberação de substâncias que melhoram o humor, como endorfinas, e ajudam a reduzir o risco de doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e osteoporose. O exercício regular também mantém a energia, a flexibilidade e a resistência física, permitindo que você se mantenha ativo e independente por mais tempo.

Um fator que merece atenção no processo de envelhecimento é a saúde mental. O equilíbrio emocional é uma peça fundamental para garantir uma vida longa e saudável. Estresse, ansiedade, sensação de angústia e depressão podem afetar profundamente a qualidade de vida, e, portanto, cuidar da saúde mental é imprescindível.

Práticas como meditação e relaxamento contribuem para a redução dos níveis de estresse e aumentam a sensação de bem estar. Além disso, momentos de descontração, como hobbies, leituras e convivência com amigos, são essenciais para manter a saúde emocional e a satisfação pessoal.

Somos seres sociais. Portanto, os laços afetivos com amigos e familiares são de extrema importância ao longo da vida. Estudos mostram que manter amizades e relacionamentos saudáveis ajuda a combater a solidão, a depressão e a ansiedade, promovendo um envelhecimento mais feliz e equilibrado.

Interações sociais enriquecem nossas vidas, oferecem suporte emocional e ajudam a manter a mente ativa. Participar de atividades sociais e manter contato com familiares e amigos é uma das melhores maneiras de manter a qualidade de vida, especialmente na velhice.

A verdadeira qualidade de vida na velhice não está relacionada apenas à ausência de doenças, mas à capacidade de adaptação às mudanças, ao esforço contínuo para manter-se ativo, e ao cuidado em manter bons relacionamentos e um equilíbrio emocional estável. Ao adotar hábitos saudáveis e manter uma mentalidade positiva, podemos construir uma vida mais significativa.


O Segredo da Longevidade: Dicas para Envelhecer Bem

Se você deseja saber como envelhecer bem, saiba que o segredo da longevidade está em atitudes simples, mas que podem fazer uma grande diferença ao longo dos anos. Aqui estão algumas dicas que você incluir na sua rotina para prevenir o envelhecimento precoce:

DICA PARA ENVELHECER DE FORMA SAUDÁVEL DESCRIÇÃO
Gestão do estresse Práticas de relaxamento e meditação ajudam a reduzir o impacto do estresse.
Autoestima e Amor Próprio Valorizar a si mesmo e manter o equilíbrio entre trabalho, descanso e lazer.
Alimentação balanceada Manter uma dieta rica em nutrientes essenciais para o corpo e a mente.
Exercício físico regular Praticar atividades físicas regularmente para fortalecer o corpo e a mente.
Sono de qualidade Dormir o suficiente para permitir a recuperação do corpo e da mente.
Manter relacionamentos sociais Cultivar amizades e laços afetivos ajuda a combater a solidão e a depressão.
Desafiar a mente Estimular o cérebro com leitura, jogos e novos aprendizados para manter a mente ativa.
Controle do peso Manter o peso dentro de uma faixa saudável reduz o risco de doenças crônicas.
Exposição ao sol de forma moderada Tomar sol de forma moderada é importante para a saúde dos ossos e a produção de vitamina D.
Hidratação adequada Beber água regularmente mantém o corpo hidratado e as funções vitais em dia.
Prevenção de doenças Consultar médicos regularmente para exames preventivos e cuidados com a saúde.
Fazer atividades prazerosas Incorporar hobbies e interesses pessoais ao dia a dia proporciona bem-estar.
Evitar o tabagismo e o álcool excessivo Evitar substâncias prejudiciais contribui para a saúde a longo prazo.
Adaptar-se ao envelhecimento Aceitar as mudanças naturais com uma visão positiva e adaptar-se a elas com serenidade.


O Que é o Estoicismo e Como Ele Pode Ajudar a Lidar com o Medo do Envelhecimento

O medo de envelhecer e o medo da morte são desafios profundos que afligem muitas pessoas à medida que o tempo avança. A simples consciência de que nossa vida é finita pode gerar uma sensação de desconforto existencial, levando a questionamentos sobre o propósito e a relevância de nossa jornada.

Nesse cenário, filosofias como o estoicismo oferecem uma abordagem reconfortante, sugerindo que, ao invés de lutar contra o que não podemos controlar, devemos concentrar nossa energia nas atitudes e reações que estão ao nosso alcance — especialmente no que diz respeito ao envelhecimento.

O estoicismo nos ensina a arte de aceitar o inevitável com serenidade, promovendo a paz interior através do domínio sobre nossas emoções e pensamentos. Em vez de resistir ao envelhecimento ou à morte, somos incentivados a abraçá-los como aspectos naturais da vida, reconhecendo que nossa verdadeira liberdade reside na forma como reagimos a essas realidades.

Ao adotar essa perspectiva, podemos transformar a ansiedade que o envelhecer desperta em uma oportunidade de viver com mais presença, gratidão e dignidade, independentemente da idade.

Além disso, o estoicismo nos orienta a cultivar virtudes essenciais, como a sabedoria, a coragem e a moderação, que são fundamentais para um envelhecimento pleno e consciente. Essas virtudes nos ajudam a encarar a finitude com tranquilidade e nos permitem também aproveitar cada fase da vida de maneira mais rica e significativa. Ao aplicarmos os princípios estoicos, somos capazes de viver de forma mais profunda, com menos medos e fobias e mais aceitação, encontrando paz na impermanência e celebrando a sabedoria que vem com o passar do tempo.



Conclusão

O envelhecimento saudável vai muito além de simplesmente cuidar do corpo físico. É uma jornada de aceitação das mudanças naturais que a vida nos impõe e de encontrar maneiras de viver de forma plena, significativa e gratificante, independentemente da idade. Envelhecer com saúde requer cuidados com o corpo, mas também com o lado emocional. A qualidade de vida e a longevidade saudável são conquistadas através de escolhas conscientes, como manter um estilo de vida ativo, cultivar relações positivas e praticar a gratidão.

Perguntas Frequentes sobre Envelhecimento

O que é ter um envelhecimento saudável?

Ter um envelhecimento saudável significa viver a velhice de maneira ativa e plena, mantendo o equilíbrio entre saúde física, mental e emocional. Envolve cuidar do corpo com uma alimentação balanceada, exercícios regulares, sono adequado e gestão do estresse. Também está relacionado à manutenção de uma mentalidade positiva e ao cultivo de relacionamentos saudáveis, o que ajuda a manter a qualidade de vida ao longo do tempo.

Como ter longevidade e qualidade de vida?

Para alcançar longevidade e qualidade de vida, é fundamental adotar hábitos saudáveis desde cedo. Isso inclui uma alimentação nutritiva, atividade física regular, cuidados com a saúde mental e emocional, e o cultivo de conexões sociais. Além disso, praticar a aceitação das mudanças naturais do envelhecimento e procurar viver com propósito e gratidão pode fazer toda a diferença na qualidade de vida, proporcionando bem-estar e uma velhice mais saudável e feliz.





Referências

https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/41984-em-2023-expectativa-de-vida-chega-aos-76-4-anos-e-supera-patamar-pre-pandemia#:~:text=Destaques,mulheres%20de%2079%2C7%20anos

https://www.em.com.br/saude/2024/10/6954965-7-dicas-para-envelhecer-de-forma-saudavel.html

https://www.cnnbrasil.com.br/saude/quais-sao-os-melhores-exercicios-para-envelhecer-bem-especialistas-respondem/

https://www.cnnbrasil.com.br/saude/estilo-de-vida-afeta-mais-o-envelhecimento-do-que-a-genetica-diz-estudo/

https://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/documentacao_e_divulgacao/doc_biblioteca/bibli_servicos_produtos/BibliotecaDigital/BibDigitalLivros/TodosOsLivros/Decada-do-envelhecimento-saudavel_relatorio-de-linha-de-base.pdf

O que é dependência emocional? Sinais, sintomas e como tratar
Xavana Celesnah
O que é dependência emocional? Sinais, sintomas e como tratar
Descubra os sinais da dependência emocional, como identificá-los e quais estratégias ajudam a superar esse padrão nos relacionamentos.

Um dos sentimentos mais desejados pela humanidade é o amor. Esse sentimento está entre os mais presentes na literatura, nas letras de música, nos estudos psicológicos, no cinema. Acontece que esse sentimento que supostamente deveria gerar as melhores emoções, muitas vezes é vivenciado de formas que não são saudáveis. A dependência emocional é uma das manifestações doentias que podem acontecer nas relações amorosas e este artigo será dedicado a entendermos melhor o que é a dependência emocional, quais são os sintomas e como tratar a dependência emocional.



O que é Dependência Emocional?

Um aspecto que tem chamado atenção dos estudiosos da psicologia e da neurociência são os mecanismos mentais desencadeados pelas relações amorosas. Constatou-se que os sentimentos amorosos usam as mesmas vias neurais das substâncias psicoativas, ativando o sistema de recompensa do cérebro. Isso significa que o sentimento amoroso tem a capacidade de causar sintomas de dependência semelhantes aos do uso de substâncias ou drogas psicoativas.

Isso explica o uso da expressão Dependência Emocional ou Dependência de Relacionamentos. Apesar do termo “dependência” ser usado tradicionalmente para designar o uso de substâncias ou drogas psicoativas, ele também é utilizado para apresentar o comportamento de pessoas que possuem um padrão crônico de necessidades afetivas que precisam ser realizadas através de relacionamentos interpessoais.

Portanto, a dependência emocional é um transtorno mental caracterizado pela criação de vínculos afetivos patológicos. Ela pode causar prejuízos significativos, como a falta de iniciativa e de autonomia do dependente, o isolamento e danos psicológicos.

O laço afetivo existente entre o dependente e a pessoa amada é disfuncional, pois o dependente busca preencher algum vazio emocional através do apego ao outro, colocando nessa pessoa toda a sua capacidade afetiva.

A falta de autoconhecimento e a baixa autoestima são dois fatores que contribuem para a manutenção desses comportamentos dependentes. Geralmente, o dependente emocional apresenta uma carência extrema, que pode ter sido causada por alguma rejeição sofrida no passado, cujas causas podem ser investigadas através de diversas abordagens terapêuticas, como a psicanálise, por exemplo.



Sinais de Dependência Emocional

A dependência emocional é um transtorno psicológico caracterizado pela necessidade excessiva de aprovação, atenção e afeto de outras pessoas, frequentemente em contextos de relacionamento amoroso. Indivíduos com dependência emocional tendem a sentir-se inseguros e incapazes de tomar decisões sem a validação ou presença de outra pessoa.

Esse comportamento pode ser observado em relacionamentos amorosos, familiares ou até mesmo amizades, e está geralmente relacionado à dificuldade de lidar com a solidão, carência afetiva e inseguranças internas. A pessoa dependente emocionalmente frequentemente sente-se incapaz de viver de forma autônoma, dependendo sempre do outro para se sentir segura, amada e completa.

Os principais sinais da dependência emocional incluem idealização excessiva, submissão, baixa autoestima, relações desequilibradas e medo constante do abandono. Em muitos casos, a baixa autoestima e a carência afetiva levam a pessoa a acreditar que não pode ser feliz ou realizada sem a aprovação constante de outra pessoa.

A dependência emocional pode gerar grande sofrimento, pois quem a sofre muitas vezes coloca o bem-estar do outro acima do seu, sacrificando sua própria identidade para atender às expectativas alheias.

A forma mais comum de dependência emocional se manifesta em relacionamentos amorosos, onde a pessoa busca incessantemente o amor, afeto e aprovação de seu parceiro, frequentemente à custa de sua própria felicidade e saúde mental.

A busca constante por validação e o medo do abandono podem levar a comportamentos manipulativos, de controle e a uma perda de identidade. A pessoa dependente emocionalmente tende a viver em função do outro, acreditando que sua felicidade e bem-estar dependem exclusivamente da presença e da aceitação do parceiro.

A carência afetiva muitas vezes está no cerne da dependência emocional. Quando essa carência não é atendida, a pessoa pode se sentir vazia, incompleta e incapaz de estabelecer uma conexão saudável consigo mesma, o que a leva a buscar incessantemente a presença e aprovação do outro para preencher esse vazio emocional.



Sintomas de Dependência Emocional

É essencial reconhecer os sinais de dependência emocional para buscar ajuda e tratamento. Abaixo estão alguns sintomas de dependência emocional comuns:

  • Baixa autoestima: A pessoa sente-se constantemente insegura e acredita que não é capaz de alcançar seus objetivos ou tomar decisões importantes.
  • Medo de abandono: Um medo irracional de ser rejeitado ou deixado sozinho, o que pode levar a atitudes de controle e manipulação.
  • Satisfação apenas na presença do outro: A pessoa não se sente completa ou feliz sem estar com alguém, o que pode levar à perda de interesse por outras atividades ou amizades.
  • Sacrifício constante: A pessoa coloca suas próprias necessidades em segundo plano, muitas vezes negligenciando sua saúde emocional, física ou social para agradar o outro.
  • Necessidade de aprovação: Constantemente busca a validação do outro, seja para suas decisões ou comportamentos.
  • Ciúmes excessivos: Sentimentos de posse ou controle sobre a outra pessoa, com o medo constante de perdê-la.



Como Identificar a Dependência Emocional em Relacionamentos

Quando se trata de dependência emocional em relacionamentos, o comportamento de uma pessoa pode se tornar obsessivo. Ela pode sentir uma necessidade constante da presença do parceiro para se sentir bem consigo mesma, frequentemente agindo de maneira possessiva ou manipuladora para manter essa proximidade.

Identificar a dependência emocional em um relacionamento pode ser desafiador, pois seus sinais muitas vezes se manifestam de forma sutil. Isso torna difícil reconhecê-la, especialmente quando gestos afetivos são confundidos com amor genuíno.

Portanto, é fundamental observar certos comportamentos, pois a dependência emocional, muitas vezes camuflada sob atitudes de carinho, pode ser um reflexo de insegurança e carência afetiva. Dentre as características predominantes da dependência emocional, destacamos:

  • Falta de autonomia: A pessoa não consegue tomar decisões importantes sem consultar ou pedir aprovação do parceiro.
  • Desprezo por limites: Frequentemente invade o espaço do parceiro, sem respeitar a privacidade e os limites emocionais do outro.
  • Comportamento de "salvador": Tende a assumir a responsabilidade pelos problemas do parceiro, tentando "salvá-lo", mesmo que isso prejudique sua própria saúde emocional.



Como Tratar a Dependência Emocional?

A terapia de casal é uma abordagem essencial nesse processo, especialmente quando a dependência emocional afeta o relacionamento como um todo. Ela oferece um espaço seguro onde os parceiros podem explorar suas dinâmicas emocionais, identificar comportamentos disfuncionais e aprender a se comunicar de forma mais saudável.

A terapia ajuda o casal a estabelecer limites, promover o respeito mútuo e fortalecer a confiança, aspectos essenciais para superar a dependência emocional e construir uma relação equilibrada.

Além disso, a terapia de casal também trabalha aspectos como o medo do abandono e a insegurança emocional, que muitas vezes estão no cerne da dependência. Com a orientação do terapeuta, os parceiros podem desenvolver uma maior autonomia emocional, aprendendo a lidar com suas próprias necessidades sem depender do outro para validação. Com isso, o casal não só supera a dependência emocional, mas também fortalece a relação, criando uma base mais sólida para um amor saudável e duradouro.

Além da terapia de casal, existem outras abordagens que ajudam a superar a dependência emocional e curar o coração. Com o tratamento adequado, é totalmente possível alcançar a autonomia emocional e estabelecer relacionamentos mais saudáveis. A seguir, estão algumas outras opções de tratamento para a dependência emocional:

  • Psicoterapia: A psicoterapia, especialmente a psicanálise, é uma ferramenta poderosa no tratamento da dependência emocional. Ela permite que a pessoa explore as causas profundas de seu comportamento, muitas vezes relacionadas a experiências passadas, traumas ou padrões de apego disfuncionais. O ambiente terapêutico oferece um espaço seguro para que o indivíduo compreenda suas emoções e trabalhe na resolução de questões inconscientes que alimentam a dependência.
  • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC): A TCC é uma abordagem eficaz para tratar a dependência emocional, pois foca em modificar os padrões de pensamento que sustentam a dependência. Essa terapia ajuda a pessoa a identificar e desafiar crenças disfuncionais, como a ideia de que sua felicidade depende do outro. A TCC também auxilia no desenvolvimento da autoestima e na construção de independência emocional, proporcionando ferramentas práticas para lidar com pensamentos negativos e fortalecer o senso de autossuficiência emocional.
  • Estabelecimento de limites saudáveis: Desenvolver habilidades para estabelecer e respeitar limites nas relações é fundamental para romper com a dependência emocional. Estabelecer limites saudáveis permite que a pessoa preserve sua individualidade e mantenha relacionamentos equilibrados, sem cair em comportamentos possessivos ou submissos. Saber dizer "não", respeitar o espaço do outro e proteger o próprio bem-estar emocional são aspectos essenciais nesse processo.
  • Suporte familiar e grupos de apoio: Além do acompanhamento terapêutico, o suporte de familiares e amigos pode ser fundamental. Muitas vezes, o entendimento e o apoio de pessoas próximas ajudam a fortalecer a jornada de recuperação. Grupos de apoio, onde indivíduos com experiências semelhantes podem compartilhar suas histórias, também oferecem um ambiente acolhedor e encorajador. Nessas comunidades, é possível aprender com a experiência dos outros, obter conselhos práticos e sentir-se menos isolado no processo de recuperação.
  • Práticas de autocuidado e bem-estar: Incorporar práticas de autocuidado na rotina, como meditação, exercícios físicos, hobbies e atividades relaxantes, é uma forma importante de fortalecer a saúde emocional. Ao aprender a cuidar de si mesma, a pessoa começa a perceber que pode encontrar satisfação e felicidade em suas próprias ações, sem depender exclusivamente de outro para seu bem-estar.
  • Educação emocional: Aprender sobre emoções e como gerenciá-las adequadamente é essencial para tratar a dependência emocional. A educação emocional ensina como reconhecer, compreender e lidar com sentimentos de maneira saudável, sem que eles se tornem uma fonte de sofrimento ou dependência.


Essas são algumas opções de tratamento para a dependência emocional, permitindo que o indivíduo reconquiste sua autonomia, desenvolva relacionamentos mais saudáveis e aprenda a viver de forma mais equilibrada e independente. O caminho para superar a dependência emocional exige paciência, comprometimento e, acima de tudo, o desejo de se curar e crescer emocionalmente.



Diferença entre Amor e Dependência Emocional

Muitas vezes, as pessoas confundem amor com dependência emocional, mas é importante entender que existe uma diferença significativa entre os dois. Enquanto o amor saudável promove a autonomia e o respeito mútuo, a dependência emocional está frequentemente associada à carência e à busca constante por validação. A seguir, apresentamos uma tabela que destaca as principais diferenças entre o amor genuíno e a dependência emocional:

ASPECTO AMOR SAUDÁVEL DEPENDÊNCIA EMOCIONAL
Independência Cada parceiro mantém sua individualidade e autonomia Há uma necessidade constante de validação e aprovação do parceiro
Relacionamento O amor é baseado em respeito mútuo e confiança, sem o medo constante de perda O relacionamento é caracterizado por medo excessivo de abandono e insegurança
Saúde emocional Ambos os parceiros são emocionalmente equilibrados e independentes A pessoa dependente sente-se incompleta sem o parceiro e tem baixa autoestima
Interesses e amizades Cada parceiro pode ter seus próprios interesses e amizades, sem conflitos O dependente muitas vezes abandona seus próprios interesses e amizades para agradar ao parceiro
Comportamento O amor saudável permite o espaço para o crescimento pessoal de ambos O comportamento pode ser possessivo e controlador, muitas vezes sacrificando a identidade
Autocuidado e bem-estar Ambos os parceiros se cuidam emocionalmente e fisicamente A pessoa dependente negligencia seu próprio bem-estar em favor do outro


A principal diferença entre amor e dependência emocional reside na maneira como as pessoas se relacionam consigo mesmas e com o outro. O amor saudável promove equilíbrio, autonomia e respeito, enquanto a dependência emocional é marcada pela insegurança, carência e a necessidade de validação constante, o que pode prejudicar o bem-estar de ambos os parceiros na relação.


Como Evitar a Dependência Emocional?

A dependência emocional não precisa ser uma sentença permanente. Para evitar cair nessa armadilha, considere as seguintes estratégias:

  • Fortalecer a autoestima: Desenvolver uma boa relação consigo mesmo é o primeiro passo para evitar a dependência emocional. Isso pode ser feito por meio de autoconhecimento, cuidados com a saúde mental e física, e construindo confiança em suas próprias decisões.
  • Promover a independência: Busque construir uma vida pessoal rica e significativa, com hobbies, interesses e amizades que não dependam de outra pessoa.
  • Estabelecer limites saudáveis: Aprenda a respeitar seus próprios limites e os dos outros, desenvolvendo relações baseadas no respeito mútuo e na autonomia emocional.




Conclusão

A dependência emocional é uma condição que pode afetar profundamente a vida de quem a experimenta, tornando difícil encontrar equilíbrio e felicidade nas relações. Reconhecer os sinais de dependência emocional e buscar ajuda, seja por meio da psicoterapia ou de outras formas de apoio, é fundamental para superar essa dificuldade e aprender a viver de forma mais auto suficiente.

Com o tratamento adequado e o comprometimento pessoal, é possível restaurar o equilíbrio emocional e criar relações mais maduras e satisfatórias, baseadas no respeito mútuo e na independência.

Perguntas Frequentes sobre Dependência Emocional

O que causa a dependência emocional?

A dependência emocional pode ser causada por uma série de fatores, incluindo traumas de infância, falta de modelos de relacionamento saudável, e uma baixa autoestima. Além disso, questões emocionais como a ansiedade e o medo de abandono podem contribuir para o desenvolvimento da dependência emocional.

Como saber se a pessoa é dependente emocional?

A pessoa dependente emocionalmente geralmente demonstra sinais como o medo constante de ser abandonada, a incapacidade de tomar decisões sozinha, e uma necessidade incessante de validação e aprovação do parceiro.

Referências:

https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/e-possivel-superar-a-dependencia-emocional,75dd2dd317017b49953d686d4368a737yd8z0gh4.html

https://www.em.com.br/app/noticia/saude-e-bem-viver/2023/06/12/interna_bem_viver,1505850/dependencia-emocional-em-relacionamentos-amorosos-sinais-e-como-superar.shtml

https://www.metropoles.com/vida-e-estilo/e-amor-ou-dependencia-emocional-psicanalista-ensina-como-identificar

O que é compulsão e quais são os tipos ? Sexual, mental, por jogo
Xavana Celesnah
O que é compulsão e quais são os tipos ? Sexual, mental, por jogo
Quais são os tipos de compulsão? Tipos de compulsão alimentar, por sexo, por doce, por jogos, mentira, compra. Veja os sintomas e como tratar.

Provavelmente você conhece alguém que sofre por conta da compulsão. Sabe aquela pessoa que tenta parar de jogar e não consegue? Ou que vive fazendo compras, mesmo sem precisar ou sem poder? Esses são apenas dois exemplos de como a compulsão pode se manifestar.

Ela é um comportamento repetitivo e impulsivo em que as pessoas sentem uma necessidade incontrolável de realizar ações ou pensamentos específicos, apesar de saber que esses comportamentos podem trazer prejuízos.

A compulsão é um transtorno e geralmente está ligado a estados emocionais como ansiedade, angústia e estresse, dificultando o controle do impulso. Além disso, as transformações sociais das últimas décadas contribuíram para a construção de tempos compulsivos, onde as pessoas buscam de todas as formas aliviar suas tensões internas e acabam entrando em ciclos viciosos como as compulsões alimentares, por compras, por jogos, por sexo.

Compreender os diferentes tipos de compulsão e como eles afetam as nossas vidas é essencial para identificar o problema e buscar tratamentos adequados. Neste artigo, vamos abordar o que é compulsão, os tipos mais comuns e as formas de tratamento.



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O que é Compulsão?

A compulsão é um transtorno emocional caracterizado pela repetição excessiva de comportamentos ou pensamentos, mesmo quando esses atos causam prejuízos à pessoa. Embora o indivíduo saiba que seu comportamento não é saudável, ele se sente incapaz de interrompê-lo.

Esse impulso repetitivo frequentemente ocorre como uma tentativa de aliviar um sofrimento psíquico ou uma angústia profunda, originados de emoções difíceis como ansiedade, estresse ou frustração. O comportamento compulsivo se manifesta como uma forma de lidar com sentimentos de desconforto interno, buscando um alívio imediato. No entanto, ao invés de solucionar o problema, esse comportamento só intensifica o sofrimento emocional a longo prazo, podendo inclusive desencadear quadros depressivos.

Por exemplo, a pessoa com compulsão alimentar pode sentir a necessidade de comer grandes quantidades de comida, mesmo sem fome, para tentar escapar de sentimentos de vazio ou desamparo. Da mesma forma, alguém com compulsão por compras pode buscar adquirir objetos desnecessários para aliviar uma sensação de frustração ou insatisfação.

Os sintomas mais frequentes dessa condição incluem a dificuldade para controlar a própria vontade, o alívio momentâneo quando o impulso é satisfeito, sentimentos de culpa e vergonha após a ação compulsiva, além de um pensamento obsessivo sobre o comportamento.

A irritação surge quando o indivíduo não consegue realizar o ato compulsivo, e muitas vezes ele recorre a mentiras para esconder a verdadeira extensão do problema. O uso excessivo de palavras como “preciso” indica a urgência que a pessoa sente em ceder à compulsão.

É fundamental entender a natureza da compulsão para iniciar um tratamento adequado. Muitas vezes, ela está associada a outros transtornos psiquícos, como a depressão e a ansiedade, e requer uma abordagem que considere esses aspectos emocionais simultaneamente. O tratamento pode envolver psicoterapias como a psicanálise, que ajuda a identificar as causas inconscientes do comportamento, além de estratégias que utilizam a abordagem comportamental, que auxiliam a pessoa a desenvolver o autocuidado com exercícios práticos.



Quais são os Tipos de Compulsão?

Os tipos de compulsão podem variar de acordo com a área da vida afetada, mas todos possuem características semelhantes de repetição e falta de controle.

A seguir, veremos alguns dos tipos mais comuns de compulsão, cada um com seus próprios desafios.

Tipo de Compulsão Descrição CID (Classificação Internacional de Doenças)
Compulsão Alimentar Caracteriza-se pelo impulso de comer em excesso, muitas vezes sem fome, como uma forma de lidar com emoções negativas. Pode levar à obesidade e distúrbios alimentares. F50.8 – Outros Transtornos da alimentação
Compulsão Sexual Envolve uma busca incessante por atividades sexuais, independentemente das consequências. Pode levar a problemas nas relações e afetar a saúde emocional. F52.7 – Apetite Sexual Excessivo
Compulsão por Jogos Caracteriza-se pela dependência dos jogos de azar ou jogos eletrônicos, que afetam a vida financeira e social da pessoa. F63.0 – Jogo patológico (compulsão por jogos)
Compulsão por Doces O desejo incontrolável de consumir doces ou alimentos açucarados, muitas vezes ligado a uma tentativa de controlar as emoções. F50 – Transtornos alimentares
Compulsão por Mentira (Mitomania) Impulso de mentir sem necessidade, muitas vezes para manipular ou evitar confrontos, criando uma realidade distorcida. 6D10 – Transtornos de personalidade
Compulsão por Compras (Oniomania) Envolve a compra excessiva de itens, sem necessidade real, muitas vezes para aliviar sentimentos de insatisfação ou ansiedade. F63.8 – Outros transtornos do controle de impulsos



Compulsão Alimentar

A compulsão alimentar é uma das formas mais comuns e é frequentemente associada a um desejo de aliviar sofrimentos psíquicos.

O comportamento compulsivo de comer em excesso, muitas vezes sem fome, é um subterfúgio utilizado como uma maneira de lidar com sentimentos de ansiedade, tristeza ou frustração. As pessoas com esse transtorno podem consumir grandes quantidades de comida em um curto período de tempo, se sentindo incapazes de controlar o impulso.

Esses problemas alimentares podem ter consequências físicas graves, como ganho de peso excessivo, obesidade, diabetes e outros distúrbios. Psicologicamente, a pessoa pode começar a se sentir culpada ou envergonhada de seus hábitos alimentares, o que pode intensificar o ciclo de compulsão.

O tratamento da compulsão alimentar envolve uma associação entre a mudança dos hábitos alimentares com o tratamento dos aspectos emocionais que levam a esse comportamento. Muitas vezes, é necessário um acompanhamento psicológico para tratar a angústia e a ansiedade que alimentam esse impulso, além de estratégias para promover o autocuidado saudável.



Compulsão Sexual

A compulsão sexual é uma busca constante e descontrolada por atividades sexuais. Indivíduos com essa condição costumam se envolver em comportamentos sexuais de risco, independentemente das consequências, como no caso de relacionamentos destrutivos ou até mesmo vícios em pornografia.

A pessoa que sofre com a compulsão sexual geralmente não sente satisfação duradoura com a atividade sexual, o que leva a uma busca constante por mais.

Assim como na compulsão alimentar, a compulsão sexual pode ser uma forma de aliviar sofrimentos psíquicos ou a sensação de vazio. Muitas vezes, esse comportamento está relacionado a questões emocionais não resolvidas ou a um desejo inconsciente de se conectar com algo mais profundo.

Compulsão por Compras

A compulsão por compras, ou oniomania, é caracterizada pela compra incessante, muitas vezes sem necessidade. As pessoas com esse transtorno frequentemente compram objetos como uma forma de buscar uma satisfação e alegria que não encontram no seu dia a dia.

A satisfação momentânea de adquirir algo novo logo se dissipa, o que leva o indivíduo a repetir o comportamento, muitas vezes gerando dívidas e problemas financeiros.

O tratamento da compulsão por compras envolve a compreensão dos gatilhos emocionais que levam o indivíduo a esse comportamento, além de abordagens que ensinem maneiras mais saudáveis de lidar com a angústia e outras emoções difíceis.

Compulsão por Jogos

A compulsão por jogos, também conhecida como jogo patológico, é caracterizada pela necessidade incontrolável de se envolver com jogos de azar, como cassinos, apostas esportivas, jogos virtuais ou jogos de cartas.

Indivíduos com esse transtorno frequentemente se sentem impelidos a continuar jogando, mesmo diante das consequências negativas, como perdas financeiras, problemas familiares e sociais.

Essa compulsão se manifesta por um desejo constante de buscar mais emoção ou satisfação, resultando em um ciclo vicioso difícil de interromper.

A compulsão por jogos pode ser desencadeada por fatores emocionais, como a busca por uma forma de escapar de problemas, sofrimentos psíquicos ou angústia.

Muitas vezes, o jogo é visto como uma maneira de obter alívio temporário ou de sentir uma sensação de controle sobre a vida. Contudo, à medida que o comportamento se intensifica, o prazer diminui, criando a necessidade de apostar mais para atingir a mesma "descarga" emocional.

Entre os possíveis tratamentos para esse tipo de compulsão, existem grupos de apoio, como os Jogadores Anônimos, que são uma opção eficaz no processo de recuperação.

Compulsão por Drogas

A compulsão por drogas, ou dependência química, é uma condição caracterizada pela necessidade incontrolável de consumir substâncias psicoativas, como álcool, maconha, cocaína, opioides ou outras drogas.

Esse comportamento compulsivo vai além do simples desejo de prazer, envolvendo a busca constante pela substância. O uso repetido e excessivo de substâncias pode levar a sérios problemas físicos, sociais e psicológicos, afetando a saúde mental e as relações interpessoais.

Pessoas com compulsão por drogas frequentemente enfrentam dificuldades em interromper o uso, mesmo quando estão cientes dos danos que isso causa. O cérebro de um dependente químico sofre mudanças estruturais e químicas, o que aumenta a dificuldade de abandonar o vício.

Além disso, a dependência muitas vezes está ligada a traumas, questões emocionais não resolvidas ou predisposição genética, tornando a recuperação um processo complexo e desafiador.

O tratamento da compulsão por drogas envolve intervenções terapêuticas intensivas, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que ajuda o paciente a desenvolver novas estratégias de enfrentamento e controle da compulsão.

Além disso, programas de desintoxicação, apoio familiar e grupos de ajuda, como Narcóticos Anônimos, desempenham um papel importante no processo de recuperação. O uso de medicamentos também pode ser necessário para controlar os sintomas de abstinência e prevenir recaídas.

Compulsão por Mentiras

A compulsão por mentiras, também conhecida como mitomania, é um transtorno psicológico caracterizado pela tendência repetitiva e incontrolável de mentir.

A pessoa com essa compulsão pode mentir para evitar confrontos, ganhar atenção, manipular situações ou simplesmente por hábito. Essas mentiras podem variar de pequenas inverdades a grandes falsidades que afetam gravemente a vida pessoal, profissional e social do indivíduo.

A compulsão por mentiras pode estar relacionada a uma série de fatores emocionais e psicológicos, incluindo baixa autoestima, medo de rejeição, insegurança ou desejo de aprovação.

Muitas vezes, a pessoa que mente sente que, ao inventar uma história ou alterar a verdade, pode se proteger de críticas ou de situações desconfortáveis. A mentira, nesse caso, funciona como uma "defesa" contra o medo de ser julgada ou rejeitada. O tratamento da compulsão por mentiras exige uma abordagem terapêutica focada em identificar as causas subjacentes dessa necessidade de mentir.



Qual a Diferença entre Compulsão e Obsessão?

Embora a compulsão e a obsessão sejam frequentemente associadas, elas são condições distintas, mas interligadas, especialmente no contexto de transtornos como o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC).

A obsessão envolve pensamentos, imagens ou impulsos intrusivos que surgem repetidamente na mente da pessoa, muitas vezes de forma indesejada e fora de seu controle. Esses pensamentos são, em sua maioria, perturbadores, causando desconforto emocional, como angústia e medo.

A pessoa sente uma necessidade constante de afastar esses pensamentos, mas, apesar de seus esforços, eles continuam retornando, gerando um ciclo de ansiedade.

Já a compulsão refere-se ao comportamento repetitivo ou à ação que a pessoa sente que deve realizar para aliviar a ansiedade ou algum tipo de vazio emocional. A compulsão pode se manifestar de várias formas, como a compulsão alimentar, por compras, por jogos ou até por mentiras.

O comportamento compulsivo é uma tentativa de neutralizar ou reduzir a tensão interna, mas o alívio proporcionado é geralmente temporário, o que leva a uma repetição do ciclo, agravando o sofrimento e a dificuldade em controlar os impulsos.

A principal diferença entre essas compulsões e o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) está no fato de que, no TOC, a obsessão e a compulsão estão diretamente relacionadas e se reforçam mutuamente.

No TOC, os pensamentos obsessivos são tão intensos que a pessoa sente que precisa realizar uma compulsão para aliviar a ansiedade. No entanto, mesmo que a pessoa saiba que a compulsão não resolve o problema, ela não consegue evitar o comportamento repetitivo.

Em contraste, em outros tipos de compulsão, como as alimentares ou por compras, o impulso de ceder ao comportamento compulsivo pode não estar necessariamente ligado a pensamentos obsessivos, mas sim a outros fatores emocionais ou psicológicos, como a busca por alívio de tensões internas, estresse ou desejo de escapar de emoções negativas.

Assim, enquanto as compulsões no TOC estão profundamente enraizadas em um ciclo de obsessão e compulsão, outras compulsões podem ser mais focadas no comportamento repetitivo em si, sem necessariamente serem desencadeadas por pensamentos intrusivos.

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Como Tratar a Compulsão?

O tratamento da compulsão é um processo individualizado, pois cada tipo de compulsão tem causas, sintomas e consequências diferentes. No entanto, todas as abordagens terapêuticas têm em comum a busca por interromper o ciclo vicioso do comportamento compulsivo, proporcionando ao indivíduo as ferramentas necessárias para lidar de maneira mais saudável com seus sentimentos e impulsos.

A combinação de terapias cognitivas, comportamentais e, em alguns casos, o uso de medicação, tem se mostrado eficaz no tratamento da compulsão, ajudando a promover um controle mais equilibrado sobre os comportamentos e emoções.

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), uma das abordagens mais indicadas para o tratamento de transtornos compulsivos, foca na identificação e modificação dos padrões de pensamento que alimentam os comportamentos compulsivos.

Esse tipo de terapia auxilia o paciente a reconhecer os pensamentos disfuncionais que precedem a compulsão e a substituí-los por estratégias mais adaptativas. A TCC também ensina técnicas de enfrentamento que ajudam o indivíduo a lidar com as emoções intensas, como a ansiedade e o estresse, que frequentemente desencadeiam o comportamento compulsivo.

Além disso, a TCC tem como objetivo ajudar o paciente a entender as consequências a longo prazo de seus impulsos e a tomar decisões mais saudáveis para enfrentar os desafios emocionais sem recorrer ao comportamento compulsivo.


Por outro lado, a psicanálise oferece uma visão mais profunda das causas inconscientes que podem estar por trás do comportamento compulsivo. Através da exploração das experiências passadas, dos traumas e dos conflitos internos, o paciente pode começar a compreender como certos padrões de comportamento, muitas vezes relacionados a desejos reprimidos ou medos inconscientes, influenciam suas ações no presente.

A psicanálise permite que o paciente se conecte com seus sentimentos mais profundos, descobrindo gatilhos emocionais que não estavam claramente conscientes. Esse processo de autoexploração pode ajudar a liberar o paciente de padrões de comportamento compulsivos, proporcionando uma nova maneira de lidar com as emoções sem precisar recorrer à compulsão para buscar alívio.

Embora a psicanálise geralmente exija um período mais longo para mostrar resultados, ela pode ser fundamental para aqueles que desejam entender as raízes profundas de suas compulsões.

Em alguns casos, quando a compulsão está fortemente ligada a condições como a ansiedade ou a depressão, o uso de medicação pode ser uma parte importante do tratamento.

Medicamentos ansiolíticos, antidepressivos ou estabilizadores de humor podem ser prescritos para ajudar a regular os sintomas emocionais que impulsionam os comportamentos compulsivos. Esses medicamentos podem auxiliar na redução da intensidade da ansiedade ou da depressão, proporcionando ao paciente um estado mais equilibrado e uma maior capacidade de se engajar em terapias.

No entanto, o uso de medicação deve sempre ser supervisionado por um profissional de saúde, que determinará a melhor abordagem para cada caso individual. A medicação, por si só, não resolve o comportamento compulsivo, mas pode ser uma ferramenta importante quando usada como parte de um tratamento integrado.


Conclusão

A compulsão é um transtorno complexo que pode afetar diferentes áreas da vida, seja por meio de comportamentos alimentares, compras, jogos ou outros impulsos.

Esse comportamento repetitivo e incontrolável geralmente surge como uma tentativa de aliviar emoções negativas, como a ansiedade ou o estresse. No entanto, embora ofereça alívio temporário, a compulsão acaba intensificando o sofrimento e criando um ciclo vicioso difícil de quebrar.

É essencial reconhecer a compulsão como um sinal de que algo mais profundo está afetando o bem-estar emocional da pessoa, seja um transtorno mental subjacente, um evento traumático ou uma insatisfação interna.

Felizmente, existem diversas abordagens terapêuticas que podem ajudar a pessoa a lidar com as causas emocionais da compulsão e desenvolver formas mais saudáveis de enfrentar as dificuldades emocionais. Com o tratamento adequado e o apoio certo, é possível interromper o ciclo da compulsão e promover uma vida mais equilibrada e satisfatória.

Perguntas Frequentes sobre Compulsão

1. O que é compulsão mental?

A compulsão mental refere-se ao ato de repetidamente pensar ou fixar-se em ideias ou imagens, muitas vezes relacionadas ao medo, à culpa ou à ansiedade. Esses pensamentos se tornam dominantes e difíceis de controlar, o que pode gerar sofrimentos psíquicos significativos. A compulsão mental é frequentemente observada no Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC).

2. Qual é a principal diferença entre obsessão e compulsão?

A obsessão é um pensamento intrusivo que surge de forma repetitiva na mente, muitas vezes sem controle e causando desconforto emocional. A compulsão, por sua vez, é a ação impulsiva de realizar um comportamento ou ritual com o objetivo de aliviar a ansiedade gerada por algum pensamento indesejado ou por outras questões emocionais, criando um ciclo difícil de interromper.




Referências

https://bvsms.saude.gov.br/transtorno-obsessivo-compulsivo-toc/

Psicanálise
Neurose, psicose e perversão: qual a diferença?
Gabriel Cravo Prado
Neurose, psicose e perversão: qual a diferença?
Saiba diferenciar as estruturas psíquicas neurose, psicose e perversão e identifique os seus sintomas pela teoria de Freud sobre as origens inconscientes

A compreensão de neurose, psicose e perversão é fundamental para entender os conceitos centrais da teoria psicanalítica. Essas estruturas clínicas descrevem diferentes maneiras pelas quais o sujeito se relaciona com o mundo externo. Neste artigo, vamos explorar as principais diferenças entre neurose, psicose e perversão, suas origens e nas manifestações clínicas.



Neurose: conflito e recalque

É uma estrutura clínica que os sintomas manifestados funcionam como uma expressão simbólica de um conflito psíquico subjacente, cujas raízes podem ser rastreadas na história infantil do indivíduo. Esse conflito origina-se de um compromisso entre os desejos inconscientes e os mecanismos de defesa, os quais buscam mitigar o impacto do desejo reprimido ou não realizado. Esse fenômeno é muitas vezes interpretado como um reflexo de tensões internas não resolvidas, que emergem na forma de distúrbios psicológicos ou somáticos.

Na estrutura neurótica, encontram-se dois possíveis diagnósticos que auxiliam o psicanalista na direção do tratamento, a histeria e a neurose obsessiva. Ambas representam características e sintomas específicos e se distinguem pelos mecanismos de defesa e por maneiras particulares de manifestação do conflito psíquico.

Histeria As duas formas sintomáticas mais comuns da histeria são a histeria de conversão e a histeria de angústia. Na histeria de conversão, o conflito psíquico se manifesta por meio de sintomas corporais diversos, que podem ter um caráter mais exacerbado. Já na histeria de angústia, a angústia tende a se fixar em um objeto específico do mundo externo, resultando em fobias. Mesmo na ausência de sintomas evidentes, como fobias ou conversões físicas, a especificidade da histeria está ligada a certos mecanismos psicológicos, especialmente o recalque (muitas vezes perceptível), e à predominância de determinadas identificações. Além disso, a histeria está profundamente associada ao conflito edipiano, com seus desdobramentos nos registros libidinais fálico e oral, que desempenham um papel central na dinâmica emocional do sujeito.
Neurose Obsessiva Nessa condição, o conflito psíquico manifesta-se por meio de sintomas compulsivos, como pensamentos obsessivos, a compulsão para realizar atos indesejados, resistência interna a essas tendências, rituais repetitivos, entre outros. Além disso, um traço distintivo desse tipo de neurose é a predominância de um modo de pensar caracterizado pela ruminação mental, pela dúvida constante, pelos escrúpulos, o que frequentemente resulta em inibições tanto do pensamento quanto da ação. Freud, ao longo do tempo, foi refinando sua definição das neuroses obsessivas, considerando suas manifestações e origens psíquicas, com ênfase nos conflitos inconscientes que geram essas condições.



Os sintomas neuróticos são, muitas vezes, uma representação simbólica de conflitos não resolvidos. São manifestações de uma luta interna entre o desejo e as exigências do mundo externo, ou seja, uma expressão de um desejo que não pode ser satisfeito diretamente e com isso se instaura o sintoma como uma formação de compromisso entre essas forças conflitantes.

Quanto você conhece Sigmund Freud?

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O que é psicose: a perda de contato com a realidade

Para Freud, a psicose se caracteriza por uma ruptura fundamental entre o sujeito e a realidade externa, indo além de simples sintomas de sofrimento psíquico, como ocorre nas neuroses. A principal distinção entre a psicose e a neurose, segundo Freud, é que o psicótico não possui a capacidade de reconhecer sua distorção da realidade. Enquanto o neurótico é capaz de perceber a disfunção de seus pensamentos e emoções, o psicótico vivencia um mundo completamente alterado, frequentemente marcado por delírios e alucinações.

Freud via a psicose como uma reconstrução inconsciente de uma realidade delirante ou alucinatória, onde o sujeito, isolado em sua própria interpretação do mundo, perde a conexão com a experiência compartilhada pela sociedade. Nesse sentido, a psicose foi entendida como uma reorganização psíquica que busca substituir a realidade externa por uma versão interna.

Afinal, o que é loucura?

O que a ideia de “normalidade” realmente significa? A psicanálise, desde seu início, desafia a ideia de “normalidade” como uma condição vista como “natural” do ser humano, e apresenta uma concepção mais nuançada dessa ideia. O professor, psiquiatra e psicanalista Marcelo Veras desvenda esses pensamentos no curso Somos Todos Loucos? De Perto, Ninguém é Normal.

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O que é perversão: desejo e transgressão

Freud reformula a concepção de perversão, distanciando-a das interpretações populares que a viam como um simples desvio da norma socialmente estabelecida. Embora a palavra "perversão" já fosse utilizada antes de Freud para descrever comportamentos que se afastavam do que era considerado sexualmente normal ou aceitável em uma determinada sociedade, Freud atribui a essa noção um significado mais profundo, relacionado aos processos inconscientes da pulsão. Para ele, a perversão não é apenas um desvio do comportamento socialmente esperado, mas um desvio da própria pulsão, que, em vez de alcançar o objeto tradicional de desejo, se desvia para outras formas de satisfação.

Ele também articula a perversão dentro de uma estrutura clínica mais ampla. Nesse contexto, a perversão é associada à maneira como o sujeito lida com a castração, um conceito fundamental na psicanálise. Ao contrário da neurose e da psicose, onde a castração é enfrentada de outras formas, a perversão é uma maneira de negar a castração. Essa negação não é uma simples rejeição, mas um modo de estruturar a sexualidade de forma a evitar o reconhecimento da falta, substituindo-a por uma busca incessante por objetos que permitam uma satisfação contínua, muitas vezes sem finalização.




Como aprender mais sobre a teoria psicanalítica

Se você se interessa em compreender melhor os complexos conceitos de neurose, psicose e perversão, fundamentais para a psicanálise, uma excelente maneira de aprofundar seus conhecimentos é através de um estudo estruturado e guiado.

Além disso, a Casa do Saber + e o Programa + Psicanálise oferecem cursos que constituem uma excelente oportunidade para aprofundar o entendimento de outros conceitos essenciais da psicanálise. Esses cursos são cuidadosamente estruturados para proporcionar uma análise aprofundada e uma discussão instigante, permitindo aos participantes explorar as complexidades e as implicações teóricas da psicanálise de forma mais ampla e detalhada.

Resumo sobre neurose, psicose e perversão

A neurose, envolve os sintomas de angústia, compulsões e conflitos inconscientes; a psicose é caracterizada pela perda de contato com a realidade, e a perversão, envolve desvios da pulsão e a negação da castração.




Referências Bibliográficas:

LAPLANCHE, Jean; PONTALIS, Jean-Bertrand. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

ROUDINESCO, Elisabeth; Plon, Michel. Dicionário de Psicanálise, Rio de Janeiro: Zahar, 1998.

Cursos de psicanálise: saiba quais são e como começar a estudar
Carolina Tosetti
Cursos de psicanálise: saiba quais são e como começar a estudar
Um guia para começar a estudar psicanálise ou atualizar sua formação. Conheça os melhores cursos, professores e as instituições de referência na área.

Você sabe o que estuda a psicanálise? Ou, se você já se interessa por essa área de conhecimento, sabe como fazer para começar a se aprofundar nas teorias e ideias dos maiores autores da psicanálise?

Neste artigo, vamos te explicar o passo a passo para aprender alguns dos principais conceitos da psicanálise criados por grandes personalidades reconhecidas mundialmente por suas contribuições à compreensão da psique humana, como Sigmund Freud e Jacques Lacan. Você também irá conhecer alguns dos mais renomados professores e especialistas em psicanálise do Brasil e as instituições que são referência nesta disciplina.

O que é psicanálise?

A psicanálise, desenvolvida por Sigmund Freud, é um método de investigação dos processos mentais, que se utiliza da associação livre para acessar, por inferência, os conteúdos inconscientes do paciente a partir de seus relatos à um analista, a fim de identificar possíveis causas e se utilizar da transferência estabelecida na relação analítica para tratamento dos sintomas.



imagem com diversos cursos da plataforma Casa do Saber


Esta prática é frequentemente associada à ideia de deitar no divã e falar livremente, mas vai muito além disso. A teoria e a prática clínica hoje permitem que o psicanalista interprete padrões, desejos, intenções, pensamentos e comportamentos do paciente. Neste sentido, um dos objetivos da psicanálise é trazer à consciência as questões do inconsciente que afetam o sujeito, sendo efetiva para uma melhora para a saúde mental, o senso crítico e o bem-estar pessoal do analisando. Entretanto, os objetivos de uma análise podem variar entre as escolas. Em maior escala, o impacto de uma análise bem desenvolvida pode ser notado na tomada de consciência e no poder decisão dos pacientes para deixarem de seguir determinados padrões, por exemplo, bem como no relacionamento consigo mesmo e com os outros.

Quais são as principais abordagens e escolas da psicanálise?

A psicanálise é uma área de conhecimento que perdura há mais de 100 anos. Existem várias abordagens dentro da psicanálise, refletindo diferentes escolas de pensamento sobre como os processos inconscientes afetam o comportamento e a vida humana. Abaixo listamos, em resumo, as principais linhas de pensamento da psicanálise e suas características essenciais. As principais incluem a Freudiana, a Lacaniana e a Kleiniana, por exemplo. Dentre as escolas podemos citar principalmente a inglesa, representada por Donald Winnicott e Wilfred Bion, e a francesa associada à Jacques Lacan.

Escola Características
Escola Freudiana Destacam-se os temas do inconsciente, as pulsões de vida e morte, a sexualidade, as estruturas psíquicas (neurose, psicose e perversão), o Complexo de Édipo, os mecanismos de defesa, as resistências, as transferências e as contratransferências em uma análise. Dentre os principais autores estão Sigmund Freud e Anna Freud.
Escola Kleiniana Também conhecida como escola das relações objetais, é a escola fundada pela austríaca Melanie Klein, cujas principais contribuições teóricas são a posição esquizo-paranóide, a posição depressiva, as fantasias infantis e os primitivos mecanismos de defesa, com destaque para a identificação projetiva. Klein é pioneira em análise de crianças, e seus estudos pensam o indivíduo desde o nascimento, acompanhando o seu desenvolvimento principalmente desde a infância.
Escola Francesa Jacques Lacan propôs um retorno a Freud e fez inúmeras contribuições, sobretudo se utilizando da Linguística e da Filosofia. Para Lacan, o inconsciente é estruturado como linguagem, e através dos ditos do sujeito teremos indícios de como ele se posiciona no mundo, nas relações com os outros, de suas alienações a certos ideais e de seus modos de desejar. Dentre diversos conceitos originais destacam-se os significantes, significados, objetos, o estágio do espelho e o corte lacaniano.
Escola de Winnicott Donald Winnicott teve uma vasta experiência no tratamento de crianças como pediatra, e desenvolveu sua teoria com ênfase na relação cuidador-bebê, com conceitos como mãe suficientemente boa: nem perfeita, nem negligente na criação do bebê, e a ideia de que a elaboração imaginativa do corpo e suas funções é que moldam a psique, não sendo uma estrutura pré-existente, mas sim, fruto dos cuidados recebidos. O inconsciente winnicottiano seria uma experiência que a imaturidade do bebê não tornou possível criar uma representação, e não o reprimido da teoria freudiana. Alguns de seus conceitos fundamentais são: holding, handling e integração de objetos, personalização e realização e desenvolvimento emocional primitivo.
Escola de Bion Wilfred Bion foi analisando e discípulo de Klein, mas criou diversos conceitos originais. Dentre suas principais contribuições estão a psicoterapia psicanalítica de grupo, o enfoque nos vínculos e a dinâmica do campo analítico, em que existe uma mútua influência entre analisando e analista e vice-versa.
Escola da Psicologia do Ego Heinz Hartmann é o principal nome ligado a esta escola. Nesta abordagem, o ego desenvolve-se a partir do id enquanto a criança passa a entender a diferença do seu corpo-mente em relação ao mundo e atenção se volta para o “eu”. Funções como percepção, afeto, memória, conhecimento e juízo crítico passam a ter valor para o analista nesta abordagem.
Escola da Psicologia do Self Nesta abordagem, Heinz Kohut (EUA) traz a introspecção e empatia como principais instrumentos da psicanálise, seguidos da tese das “falhas dos self-objetos primitivos”. Retira-se também a hegemonia do conceito de Complexo de Édipo e trata o Narcisismo como importante etapa do desenvolvimento.


Além das escolas mencionadas na tabela anterior, ainda há a psicanálise do húngaro Sándor Ferenczi, que surge a partir da escola freudiana. Ou seja, há muitas abordagens, e cada uma delas oferece uma perspectiva única sobre a estrutura da mente e os métodos de tratamento, influenciando significativamente as ementas dos cursos de psicanálise. Além disso, práticas modernas como a psicanálise relacional e conceitos como a intersubjetividade também estão ganhando espaço, mostrando a evolução e atualização contínua desta área.





Como estudar psicanálise hoje?

Para aqueles interessados em se tornar profissionais nesta área, há diversas opções de formação em psicanálise clínica. Os cursos podem variar, desde:

  • Workshops introdutórios
  • Pós-graduações
  • Programas de mestrado
  • Programas de doutorado
  • Residências


Atualmente, também existem cursos de psicanálise clínica disponíveis online, proporcionando flexibilidade para estudar de acordo com as próprias necessidades e ritmos. Um curso de psicanálise típico cobre fundamentos teóricos, técnicas e manejos terapêuticos e práticas supervisionadas, essenciais para quem busca uma compreensão profunda da mente humana e deseja praticar clinicamente.

Quem pode estudar psicanálise?

Enquanto área de conhecimento, todos! Para saber como começar a estudar psicanálise, acreditamos que o primeiro passo é entender qual é o seu perfil. Na Casa do Saber, sabemos que há variados tipos de interesse em aprender sobre esta disciplina. Abaixo, detalharemos um pouco sobre cada um deles. Veja qual é o seu caso:

1. "Sou psicanalista e quero aprofundar minha formação"

A psicanálise é uma área de estudo constante, por isso, tanto se você é um psicanalista em formação, quanto se você já tem muitos anos de experiência clínica é preciso tomar conhecimento das novas tendências culturais, das obras e dos autores relevantes para ter leituras fundamentais ao trabalho de analista. Mesmo após a conclusão de um curso de psicanálise, é essencial que o profissional continue em um processo de aprendizado contínuo, supervisionado por psicanalistas experientes e se mantenha em constante atualização.





2. "Sou estudante e quero me tornar um psicanalista"

Já que é considerada uma ocupação, a profissão de psicanalista pode ser exercida por qualquer pessoa que tenha concluído um curso de graduação em alguma das mais diversas áreas do saber. A atividade psicanalítica é independente de cursos regulares acadêmicos, sendo os seus profissionais formados pelas sociedades e instituições psicanalíticas.

Qualquer pessoa pode fazer um curso de psicanálise, desde que atenda aos pré-requisitos estabelecidos pela instituição de ensino que oferece o curso, como a exigência de se ter uma graduação completa, por exemplo. Além dos tradicionais cursos de psicologia e medicina associados à prática psicanalítica, têm destaque áreas dialógicas como ciências sociais, filosofia, antropologia, entre outras. O psicanalista em formação precisa também ter, é claro, interesse e afinidade com a área da saúde mental e da psicanálise.

Para exercer o ofício de psicanalista, ou seja, clinicar, dar aulas, entre outros, é recomendado que a pessoa interessada tenha uma formação específica em psicanálise, oferecida por uma instituição reconhecida e que realize um curso completo, com supervisão e análise pessoal. A formação em psicanálise é profunda, demandando uma capacidade de reflexão crítica, de análise, de leitura e de interpretação. No entanto, é possível fazer cursos de introdução à psicanálise, participar de encontros ao vivo, workshops e eventos acadêmicos para absorver conhecimento sobre teoria e prática psicanalítica.

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3. "Gosto de aprender sobre diversas áreas para compreender o mundo"

A psicanálise permite uma profunda reflexão sobre a condição humana, influenciando várias áreas do conhecimento. Profissionais com noções em psicanálise utilizam suas habilidades não apenas em contextos clínicos, mas também em áreas como literatura, filosofia e estudos culturais. Ao entender como os processos inconscientes determinam comportamentos, decisões e relações sociais, a psicanálise oferece perspectivas interessantes para perceber a complexidade humana em diversos aspectos da vida, ampliando a compreensão sobre como pensamos e interagimos em diferentes contextos. Você só tem a ganhar aprendendo mais sobre essa disciplina extremamente versátil e profunda.





Confira algumas das principais áreas de estudo da psicanálise atualmente:

  • Psicanálise e Saúde Mental: focada no tratamento de distúrbios emocionais e psicológicos, essa área é a pedra angular da prática clínica.
  • Psicanálise e Literatura: utiliza teorias psicanalíticas para analisar textos literários, desvendando os aspectos inconscientes que moldam as narrativas.
  • Psicanálise e Cultura: examina como as normas culturais são internalizadas e como influenciam a identidade e o comportamento social ao longo da história.
  • Psicanálise e Educação: aplica conceitos psicanalíticos para entender dinâmicas de aprendizagem e desenvolvimento em ambientes educacionais.
  • Psicanálise e Arte: investiga a expressão inconsciente na criação e interpretação artística, proporcionando uma compreensão mais aprofundada dos movimentos e obras de arte.

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A Casa do Saber + é a plataforma que permite que você conheça as ideias dos grandes pensadores como Sigmund Freud, Melanie Klein, Jacques Lacan, Donald Winnicott, Wilfred Bion, Sándor Ferenczi e muito mais, aprofundando o seu olhar sobre si mesmo e as suas relações.





Como aprender a teoria psicanalítica?

Se você quer complementar sua formação, se atualizando nos temas contemporâneos, revisitando conceitos importantes, aplicando-os à sua clínica e entendendo as contextualizações necessárias com a teoria das principais referências na área e abordagens é preciso aprender com bons profissionais ou professores. Conheça os grandes nomes da psicanálise no Brasil hoje:

Contardo Calligaris


Alexandre Patrício


Pedro de Santi


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Marcelo Veras


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Sociedades Escolas Pós-graduações e especializações
Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo – SBPSP Fórum do Campo Lacaniano - São Paulo Universidade de São Paulo (USP)
Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro – SBPRJ Fórum do Campo Lacaniano - Rio de Janeiro Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Sociedade Brasileira de Psicanálise de Ribeirão Preto - SBPRP Escola Brasileira de Psicanálise - Salvador Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Escola Brasileira de Psicanálise - Florianópolis Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ)




Para começar a entender Freud, Lacan, Melanie Klein e os principais autores da psicanálise

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Começar a entender a psicanálise não precisa ser uma tarefa complexa, e aprender com os maiores professores do país não é algo distante ou inacessível. Além disso, ao tornar a sua rotina de estudos adaptável ao seu tempo, espaço e momento você garante mais chances de continuar aprendendo continuamente.

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Esperamos que este artigo tenha te ajudado a conhecer mais sobre o universo de conhecimento que te aguarda estudando psicanálise com a Casa do Saber.

O que é narcisismo? Entenda a partir da teoria de Freud
Gabriel Cravo Prado
O que é narcisismo? Entenda a partir da teoria de Freud
Você é uma pessoa narcisista? Entenda o que é narcisismo, suas características e conheça o Mito de Narciso através da psicanálise e da obra de Freud.

Vamos percorrer neste texto algumas ideias de Sigmund Freud, o fundador da psicanálise, que fez contribuições fundamentais para a compreensão do narcisismo.

Freud explorou como o narcisismo se relaciona ao desenvolvimento do eu e à formação da identidade, discutindo a transição entre o amor próprio e o amor aos outros. Suas reflexões sobre a libido e as fases do desenvolvimento infantil estão intrinsecamente ligadas à constituição do sujeito. Através de conceitos como o "narcisismo primário", "narcisismo secundário" e "libido", Freud lançou as bases para o entendimento contemporâneo desse fenômeno.



O que é o mito de Narciso?

O mito de Narciso, oriundo da mitologia grega, narra a trágica trajetória de um jovem de beleza ímpar, filho da ninfa Liríope e do deus do rio Céfiso. Segundo a narrativa, Narciso, ao se inclinar para beber água, se depara com sua própria imagem refletida e, em um ato de deslumbramento, se vê tragicamente consumido por uma obsessão por sua beleza.

Depois desse apaixonamento pela sua imagem, ele se torna surdo à Eco, uma ninfa que estava apaixonada por ele, e não corresponde essa paixão. Narciso então é tragado pela sua própria imagem refletida no lago e morre afogado. E é a partir do mito de narciso que Freud propõe um modelo para entender o que seria a origem do Eu.

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O que é narcisismo para a psicanálise?

O conceito de narcisismo possui características que divergem significativamente do que é geralmente discutido no senso comum, conforme descreveu Freud no artigo de 1914 Introdução ao Narcisismo:

"O narcisismo não seria uma perversão, mas o complemento libidinal do egoísmo do instinto de autoconservação, do qual justificadamente atribuímos uma porção a cada ser vivo" (FREUD, 2010/1914, p. 15)

Para Freud, o narcisismo é uma etapa crucial no desenvolvimento do eu, representando a transição do autoerotismo — onde o prazer é centrado no próprio corpo — para a escolha de outro ser como objeto de amor. Neste estágio, o indivíduo ainda não se distingue plenamente das demais pessoas e do mundo ao seu redor, refletindo uma fase em que a identificação com o eu é predominante.

Investimento libidinal e objeto

É importante observar que na teoria psicanalítica:

  • Investimento libidinal: refere-se à canalização da energia psíquica, ou libido, para objetos ou aspectos da realidade, como pessoas, ideias ou o próprio eu.
  • Objeto: é empregado para designar pessoas ou coisas do ambiente externo, do mesmo modo, a relação de objeto consiste na maneira que o sujeito lida com o mundo exterior.


Quanto você conhece Sigmund Freud?

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Narcisimo Primário e Narcisismo Secundário

Assim, para a psicanálise, narcisismo é compreendido como um investimento libidinal no próprio eu, essencial para a formação dele. Esses investimentos necessitam ser direcionados para outros objetos, para o mundo exterior, ou seja, o sujeito precisa fazer investimentos que vão para além de si. Como diz Freud “ É preciso amar para não adoecer" (FREUD, 2010/1014, p. 29) .

A teoria freudiana divide o narcisismo em duas partes, sendo narcisismo primário e narcisismo secundário.

Narcisismo primário Seria o estado precoce em que a criança investe toda a sua libido em si mesma. Essa é a fase do desenvolvimento que a libido está dirigida ao próprio eu. Pode-se dizer que é o reservatório da libido, para onde ela faz o seu retorno, trabalhando no autoerotismo.
Narcisismo secundário Aqui é quando a libido não está somente no eu, ela passa a ir em direção aos objetos externos, porém, acontece o fracasso da pulsão ao tentar obter satisfação por meio de objetos externos, levando o sujeito a novamente redirecionar essa energia para o próprio eu. É quando acontece um recolhimento dos investimentos objetais.


A escolha objetal para Freud

Ainda no mesmo texto, Freud descreve um breve sumário dos caminhos para a escolha de objeto, onde diz que uma pessoa pode amar (FREUD, 2010/1914: p. 36):

Conforme o tipo narcísico:

  • o que ela mesma é (a si mesma),
  • o que ela mesma foi,
  • o que ela mesma gostaria de ser,
  • a pessoa que foi parte dela mesma.

Em contrapartida, ao tipo de escolha narcísica, a escolha anaclítica pode recair sobre:

Conforme o tipo “de apoio”:

  • a mulher nutriz,
  • o homem protetor


A escolha anaclítica é vista como uma forma de projetar necessidades afetivas em outras pessoas que pode caracterizar esse tipo de amor. Essa escolha se contrasta com o amor narcísico, onde a própria pessoa é tomada como modelo e a escolha é segundo a sua imagem e semelhança. Cabe dizer que os dois tipos de escolha estão, ao mesmo tempo, presentes no sujeito.

Retrato de Freud feito por Salvador Dali
Sigmund Freud (1938) | Salvador Dali
Retrato de Freud feito por Salvador Dali



O que é uma pessoa narcisista?

O narcisismo é uma fase necessária da evolução da libido, antes que o sujeito se volte para um objeto sexual externo. É o que estrutura da subjetividade, é um aspecto da condição humana, assim, de algum modo, todos são narcisistas, pois todo sujeito possui uma porção de libido que pode ser investida em si mesmo e para outros objetos. Ela é investida parcialmente nos objetos e parcialmente no eu.


Em suma, pode-se dizer que todos possuem narcisismo, tendo em vista que ele atua como uma forma de organização para o sujeito, garantindo a própria preservação dele. Com isso pode-se afastar a ideia de estigmas associados a comportamentos considerados excessivamente egocêntricos ou vaidosos, pois o narcisismo é um investimento do sujeito em si mesmo.

Assim o narcisismo é importante para a psicanálise tendo em vista que nos estágios iniciais da vida, não se percebe os objetos como algo externo, gradativamente ao longo dos primeiros meses é que o infante aprende a se distinguir de outros objetos. Até aqui pode-se perceber que uma pessoa sem narcisismo seria uma pessoa com uma grave questão, tendo em vista que ela não teria empatia e não conseguiria se identificar com os objetos externos.




Como se aprofundar nos estudos sobre narcisismo?

O conceito de narcisismo é fundamental na psicanálise e, além disso, requer uma análise cuidadosa. Para aprofundar-se, é fundamental investigar a obra de Freud, que estabelece as bases teóricas do narcisismo e suas implicações no desenvolvimento do eu.

É recomendada a leitura de textos clássicos, como Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade (1905), Introdução ao Narcisismo (1914), Luto e Melancolia (1917 [1915]). Jacques Lacan também teorizou sobre o tema no O Seminário 1 - Os Escritos Técnicos de Freud - Jacques Lacan e no escrito O Estádio do Espelho como Formador da Função do Eu.

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Aqui vão 2 cursos essenciais para entender a teoria do narcisismo:





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREUD, Sigmund. Introdução ao Narcisismo (1914). Companhia das Letras: São Paulo, 2010.

GARCIA-ROZA, Luiz Alfredo. Freud e o Inconsciente. Zahar: Rio de Janeiro, 1985.

ROUDINESCO, Elisabeth; Plon, Michel. Dicionário de Psicanálise, Rio de Janeiro: Zahar, 1998.







Psicologia
Ciúmes: Significado, Tipos de ciúme, Retroativo, Relacionamentos
Xavana Celesnah
Ciúmes: Significado, Tipos de ciúme, Retroativo, Relacionamentos
O que é ciúmes, suas causas e tipos, como esse sentimento impacta os relacionamentos românticos e como as redes sociais agravam a insegurança.

O ciúme é um sentimento presente em todo ser humano e é considerado normal até certo ponto. Ele indica que o outro é importante em um relacionamento e que a pessoa que sente ciúmes tem medo de perder aquele relacionamento. Porém, o ciúme se torna um problema quando ele passa a ser uma obsessão. Nesse ponto, a pessoa ciumenta busca controlar a vida do parceiro, prejudicando a qualidade da relação. Neste artigo, vamos abordar o significado dos ciúmes, suas causas, tipos e de que maneira ele impacta os relacionamentos. Além disso, vamos discutir a influência das redes sociais sobre esse sentimento.

O que é Ciúmes?

O ciúme pode ser definido como um sentimento de insegurança emocional que surge quando uma pessoa teme perder o afeto de seu parceiro devido à presença de uma terceira pessoa ou a percepções de diminuição de sua importância. A palavra "ciúmes" tem origem no latim zelumen e no grego zelozus, que significam um desejo ardente, calor ou zelo. Em essência, os ciúmes estão intimamente relacionados ao medo de perder algo ou alguém que consideramos valioso, o que inclui nossos relacionamentos amorosos.

De acordo com o dicionário Aurélio, a palavra ciúme é definida como um “sentimento doloroso que as exigências de um amor inquieto, o desejo de posse da pessoa amada, a suspeita ou a certeza de sua infidelidade, fazem nascer em alguém; zelos; angústia provocada por sentimento exacerbado de posse”.

Este sentimento pode ser natural e até mesmo saudável em algumas situações. Um certo grau de ciúmes pode sinalizar que a pessoa valoriza o relacionamento e tem medo de perdê-lo. No entanto, o ciúmes se torna problemático quando a insegurança e o medo de perda se transformam em obsessão. Neste ponto, a pessoa ciumenta busca controlar a vida do parceiro, o que pode prejudicar a confiança mútua e a qualidade do relacionamento.

Para entender melhor sobre o tema, assista a seguir a aula gratuita sobre ciúmes com a psicanalista e escritora Ana Suy. A autora dos livros “A gente mira no amor e acerta na solidão” e “Não pise no meu vazio”, Ana Suy esclarece sobre as origens do ciúmes e seu significado.

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Tipos de Ciúmes: Quando o Sentimento Se Torna Prejudicial

Sigmund Freud, o pai da psicanálise, acreditava que o ciúmes seria um estado emocional natural, mas que sua manifestação exacerbada causaria uma patologia. Ele identificou três níveis de ciúmes: o competitivo ou normal, o projetado e o delirante, cada um com suas características e intensidades.

Os ciúmes podem se manifestar de várias formas, desde uma preocupação momentânea até uma obsessão destrutiva. Conhecer os diferentes tipos de ciúmes é essencial para entender como esse sentimento pode afetar um relacionamento, de que forma a dependência emocional pode estar relacionada ao ciúmes e como ele pode ser tratado.

Ciúmes Normal ou Competitivo

Este tipo de ciúmes é o mais comum e natural. Ocorre quando uma pessoa percebe uma ameaça à sua relação, geralmente devido à presença de uma terceira pessoa que disputa a atenção ou o afeto do parceiro. O ciúme competitivo, também definido como normal, é desencadeado por situações reais e específicas, como um parceiro que passa mais tempo com um amigo(a) ou tem interações constantes com um ex-namorado(a).

O ciúme competitivo é, em muitos casos, uma reação à percepção de que outra pessoa pode estar ocupando um espaço importante ou oferecendo algo que a pessoa teme não poder oferecer, como atenção ou carinho. Esse tipo de ciúmes está relacionado a uma insegurança temporária e pode ser agravado pela dependência emocional. Mas, é possível ser superado por meio de diálogos abertos e pelo fortalecimento da confiança mútua.

Ciúmes Projetado

O ciúme projetado ocorre quando a pessoa que sente ciúmes transfere suas próprias inseguranças para o parceiro. Em vez de perceber seus próprios medos e desejos, ela começa a projetar essas emoções no outro. Por exemplo, uma pessoa pode suspeitar que seu parceiro está atraído por alguém, quando, na verdade, ela mesma está experimentando sentimentos de atração por outra pessoa. O ciúme projetado reflete uma desconfiança infundada e pode levar a um comportamento possessivo e controlador, sem base na realidade.

Freud acreditava que esse tipo de ciúmes está relacionado a processos inconscientes, onde a pessoa, ao sentir algo negativo sobre si mesma, começa a "enxergar" esse comportamento no parceiro, mesmo quando não há evidências concretas.

Ciúmes Delirante

O ciúme delirante é o tipo mais extremo e patológico de ciúmes. Nesse caso, o indivíduo sente uma obsessão irracional e sem fundamentos de que está sendo traído, mesmo na ausência de qualquer prova concreta. O ciúme delirante pode levar a distúrbios emocionais graves, como raiva, depressão, paranóia e até comportamentos obsessivos de vigilância, como o monitoramento constante do parceiro.

Nesse caso, a pessoa não apenas sente ciúmes de maneira exagerada, mas acredita de forma delirante e sem fundamento que o parceiro está constantemente sendo infiel. O ciúme delirante pode levar o indivíduo a criar fantasias e acreditar em situações inexistentes, como ter convicções firmes de que o parceiro está escondendo algo, mesmo sem nenhuma evidência concreta.

Esse tipo de ciúmes está frequentemente associado a transtornos psiquiátricos, como o transtorno delirante, em que a pessoa se torna obcecada por uma crença infundada. Muitas vezes, esse comportamento é uma forma de defesa contra sentimentos profundos de insegurança, baixa autoestima ou medo da perda. O ciúmes delirante pode destruir um relacionamento, pois a pessoa afetada vive imersa em fantasias e crenças distorcidas, tornando-se cada vez mais difícil para ela distinguir o que é real do que é imaginário.

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Como as Redes Sociais Intensificam os Ciúmes nos Relacionamentos

O surgimento das redes sociais tem adicionado uma nova camada de complexidade ao ciúmes nos relacionamentos. Plataformas como Instagram, Facebook e WhatsApp por exemplo, permitem uma exposição constante de nossas interações sociais e de momentos da nossa vida privada, o que pode alimentar a insegurança e a desconfiança no parceiro. Além disso, esses aplicativos surgem como uma fonte inesgotável de mal entendidos e de comparações, especialmente quando um parceiro interage com outras pessoas de forma aberta ou “excessiva” na internet.

A facilidade com que podemos monitorar as atividades online do outro gera o fenômeno conhecido como "stalking digital" ou ou monitoramento das redes sociais. Esse comportamento é cada vez mais comum e envolve desde a análise de fotos e postagens do parceiro até a investigação de mensagens privadas. Em alguns casos, o parceiro começa a criar cenários e conclusões baseadas em interpretações das interações online, o que pode gerar uma espiral de insegurança e desconfiança, prejudicando o fluir do amor.

Para muitas pessoas, esse tipo de comportamento provoca sofrimento emocional e pode até levar ao fim de um relacionamento saudável, já que o foco passa a ser no mal estar e insegurança gerados pelas redes sociais e não nos sentimentos reais entre os parceiros.

Ciúmes e a Psicanálise: A Profundidade das Motivações Inconscientes

Na psicanálise, o ciúme é frequentemente relacionado a uma manifestação de conflitos emocionais inconscientes, muitas vezes, enraizados em experiências passadas e dinâmicas familiares. Assim, a complexidade e os contratempos das relações amorosas teriam origens muito mais profundas. Segundo Freud, o ciúmes pode ser um reflexo de rivalidades internas, como aquelas com pais ou irmãos, ou até mesmo um desejo inconsciente de controle ou possessividade.

A psicanálise e suas diferentes perspectivas, seja através das concepções de Jacques Lacan, pela psicologia analítica de Carl Jung e de Freud, sugere que, para entender profundamente os ciúmes, é necessário examinar as emoções reprimidas e os mecanismos de defesa que as pessoas utilizam para lidar com suas inseguranças. O ciúme excessivo pode, muitas vezes, ser um reflexo de um medo profundo de abandono ou uma sensação de inadequação, que a pessoa projeta no parceiro.

O que é Ciúmes Retroativo?

O ciúme retroativo é um tipo de ciúmes que surge quando uma pessoa sente insegurança ou desconforto em relação ao passado amoroso ou sexual de seu parceiro. Ao contrário do ciúme tradicional, que geralmente está relacionado ao medo de uma ameaça no presente — como uma terceira pessoa que pode estar competindo pela atenção do parceiro — o ciúme retroativo é alimentado por sentimentos de possessividade ou inveja sobre experiências passadas.

Esse tipo de ciúmes pode ser desencadeado por conversas sobre relacionamentos anteriores, a presença de objetos ou recordações do passado (como fotos ou presentes de ex-namorados), ou até mesmo a comparação constante entre o parceiro atual e ex-parceiros. Também é possível surgir a partir de relacionamentos tóxicos com narcisistas, que costumam realizar triangulações com a intenção de desestabilizar o parceiro e causar ciúmes propositalmente. A pessoa com ciúmes retroativo pode sentir que o parceiro ainda tem uma conexão emocional com os ex, o que cria uma sensação de insegurança ou inadequação.

Por que os Ciúmes Retroativos Surgem?

O ciúme retroativo geralmente está ligado a questões de autoestima e insegurança. Quando uma pessoa não consegue se sentir completamente segura ou valorizada no relacionamento amoroso atual, pode começar a projetar suas próprias inseguranças sobre o que o parceiro viveu anteriormente. Esse sentimento é muitas vezes exacerbado por um desejo de "ser a única" pessoa ou a mais importante na vida do parceiro, levando a uma idealização de uma relação sem passado.

Além disso, pessoas com dificuldades em lidar com sentimentos de abandono ou rejeição são mais propensas a desenvolver o ciúmes retroativo, uma vez que se sentem ameaçadas pela ideia de que o parceiro possa ter experimentado um sentimento de amor mais intenso e significativo com outra pessoa no passado.

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Como o Ciúmes Retroativo Afeta o Relacionamento?

Quando não tratado, o ciúme retroativo pode causar tensão e desconfiança no relacionamento. Ele pode levar a conflitos frequentes, onde o parceiro ciumento questiona o outro sobre detalhes do passado, exige explicações ou tenta apagar símbolos da história anterior do parceiro, como fotos ou presentes de ex-namorados. Isso cria um ambiente de controle e possessividade, onde o foco não está na construção de um relacionamento saudável, mas em tentar apagar ou substituir o passado.

Além disso, o ciúmes retroativo pode gerar uma sensação de culpabilização no parceiro que tem um passado amoroso. Esse parceiro pode se sentir constantemente acusado ou pressionado a se desvincular de suas experiências anteriores, o que é um comportamento injusto e prejudicial à autoestima e à liberdade individual.

Como Lidar com o Ciúme Retroativo?

Autoconhecimento: Entender a origem do ciúme retroativo é fundamental. Muitas vezes, esse sentimento está relacionado a inseguranças próprias, como o medo de não ser bom o suficiente ou a ideia de que o parceiro teve experiências melhores no passado. Trabalhar esses sentimentos pode ajudar a reduzir o impacto do ciúmes.

Diálogo honesto: É importante que o parceiro que sente ciúmes retroativo converse de forma verdadeira e respeitosa com o outro, explicando suas inseguranças sem acusar ou culpar. O diálogo construtivo pode ajudar a esclarecer mal-entendidos e fortalecer a confiança.

Aceitação do Passado: Todo relacionamento tem um passado, e é saudável aceitar que o parceiro teve experiências antes de estar com você. Tentar apagar ou negar esse passado prejudica a relação. O respeito pelo passado do outro é fundamental para o fortalecimento do vínculo no presente.

Desenvolvimento da Autoestima: Investir em melhorar a autoestima e autoconfiança é essencial para quem sente ciúmes retroativo. O parceiro que se sente inseguro deve focar no seu próprio crescimento e entender que seu valor não depende das comparações com outras pessoas.

Conclusão

O ciúmes é um sentimento humano natural, mas quando se torna uma obsessão leva a comportamentos prejudiciais que afetam profundamente os relacionamentos românticos. Compreender suas origens, seus tipos e os efeitos que ele pode ter nas nossas interações é essencial para lidar com esse sentimento de forma saudável.

Se você se vê constantemente sentindo ciúmes e nota que isso está prejudicando sua vida amorosa e suas relações pessoais, a psicanálise pode ser uma boa ferramenta para entender suas causas mais profundas. Um relacionamento saudável é construído com base na confiança, no respeito mútuo e no amor, não na posse ou controle.




Perguntas Frequentes sobre o Ciúmes

  1. O que causa o ciúmes em um relacionamento?
    O ciúmes é causado por insegurança emocional, medo de perder o parceiro, baixa autoestima, e, em alguns casos, traumas devido à experiências passadas de traição ou rejeição.
  2. Como controlar o ciúmes de maneira saudável?
    Para controlar o ciúmes, é importante desenvolver a autoestima, estabelecer uma comunicação aberta com o parceiro e procurar ajuda psicológica, quando necessário.




Referências:

https://curadoria.casadosaber.com.br/curso/287/amor-e-solidao-uma-psicanalise-das-conexes-humanas

https://curadoria.casadosaber.com.br/curso/476/vocabulario-dos-afetos

https://curadoria.casadosaber.com.br/curso/311/as-relaces-amorosas-e-seus-contratempos-uma-abordagem-interdisciplinar

https://www.filosofiaepsicanalise.org/2013/11/freud-explica-o-ciume.html

Ansiedade: Sintomas, Causas, Crise de Ansiedade e Transtornos
Xavana Celesnah
Ansiedade: Sintomas, Causas, Crise de Ansiedade e Transtornos
Saiba o que é ansiedade, crise de pânico e transtornos relacionados. O tratamento da ansiedade com psicólogo e psiquiatra e a melhora da saúde mental

A ansiedade é uma emoção humana universal caracterizada por sentimentos de preocupação, medo e apreensão, geralmente despertados em situações de incerteza ou pressão. Todos nós a experimentamos em algum momento. Em si, ela não é uma doença.

Apesar de ser uma reação natural e muitas vezes útil, que nos prepara para enfrentar desafios, a ansiedade pode se tornar um problema quando ganha proporções excessivas e se transforma em um transtorno, passando a interferir no cotidiano, afetando o sono, o humor e as relações interpessoais.

Os casos de sofrimento psíquico, exigem cuidado especializado. Assim como todos os problemas de saúde mental, os transtornos de ansiedade precisam ser tratados com mais naturalidade, retirando-se o preconceito e o estigma tão culturalmente arraigados em relação a tudo o que diz respeito às questões de ordem emocional.

O Que é Ansiedade?

A ansiedade é uma reação emocional do corpo diante de situações que envolvem incerteza ou perigo. De acordo com o psiquiatra Rodrigo Bressan, “nosso corpo, através dos sistemas nervosos autônomo e simpático, está preparado para situações de luta ou fuga”, por possuir um mecanismo biológico capaz de lidar com situações de perigo. Mas, existem contextos de estresse que ultrapassam a capacidade de regulação emocional do corpo, fazendo com que as pessoas saiam do eixo e causando diversos problemas de saúde mental, como os transtornos de ansiedade.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os transtornos de ansiedade são os transtornos mentais mais comuns do mundo e afetaram aproximadamente 301 milhões de pessoas em 2019, o que corresponde a cerca de 4% da população mundial. Ainda segundo a OMS, as mulheres são mais afetadas por este tipo de transtorno do que os homens e os sintomas começam a surgir na infância e na adolescência.

Os transtornos de ansiedade, além de provocarem sofrimento, interferem de forma significativa nas atividades cotidianas, causando grande impacto no nível de incapacitação da nossa sociedade. Quando não tratados, esses sintomas podem persistir por anos, impactando ainda mais na saúde mental e emocional do indivíduo.

A boa notícia é que grande parte dos transtornos mentais, como os de ansiedade, são tratáveis e existem terapias e intervenções altamente eficazes, como a psicoterapia e o uso de medicamentos, que podem ajudar a controlar os sintomas e permitir que a pessoa recupere o bem estar e a qualidade de vida.

Apesar da alta prevalência e do impacto significativo desses transtornos, estima-se que apenas 1 em cada 4 pessoas com os sintomas busque tratamento. A falta de conscientização sobre a natureza tratável da condição, o baixo investimento público em serviços de saúde mental, a falta de profissionais de saúde qualificados para este tipo de atendimento e o estigma social em torno do tema são algumas das barreiras que dificultam o acesso a um tratamento adequado, segundo a OMS.

A conectividade moderna tem um impacto direto na nossa saúde mental. Acordar, checar notificações, rolar feeds infinitos, adiar o sono... Isso soa familiar? Se sim, é hora de refletir sobre como as redes sociais podem estar afetando o seu equilíbrio emocional.

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Sintomas de Ansiedade

Os sintomas de ansiedade podem variar de pessoa para pessoa, mas geralmente incluem manifestações físicas e emocionais. É importante entender que a ansiedade não é um fenômeno exclusivamente psicológico. Ela também afeta o corpo e muitas pessoas com transtornos de ansiedade experimentam uma série de sintomas físicos que podem ser tão intensos ao ponto de se confundirem com outros problemas de saúde. Assim, os transtornos de ansiedade podem provocar sintomas físicos, emocionais e comportamentais.

Sintomas Físicos da Ansiedade

Os sintomas físicos mais recorrentes dos transtornos de ansiedade incluem:

  • Tensão muscular: A musculatura do corpo, especialmente nas regiões do pescoço, ombros e mandíbula, tende a se contrair, causando desconforto.
  • Taquicardia: O aumento da frequência cardíaca é o sintoma clássico da ansiedade. As palpitações e a sensação de coração acelerado são muito frequentes.
  • Falta de ar: A dificuldade para respirar ou "respiração curta" é recorrente em episódios de ansiedade, especialmente durante ataques de pânico.
  • Suor excessivo: Suor demasiado, especialmente nas palmas das mãos, axilas ou testa, mesmo em situações sem estresse imediato.
  • Tremores nas mãos: O nervosismo pode causar tremores involuntários nas mãos ou até mesmo em outras partes do corpo
  • Boca seca: A ansiedade pode diminuir a produção de saliva, resultando em boca seca e desconforto.
  • Dores no peito: O estresse físico pode provocar dores no peito ou uma sensação de pressão, frequentemente confundida com problemas cardíacos.
  • Náuseas e desconforto abdominal: O estômago e o sistema digestivo podem reagir de maneira exacerbada ao estresse, causando náuseas, cólicas ou diarreia.


Sintomas Emocionais e Psicológicos da Ansiedade

Os transtornos de ansiedade, além de causarem sintomas físicos, manifestam-se no emocional do indivíduo, afetando o seu bem-estar e a qualidade dos seus relacionamentos. Dentre os sintomas psicológicos da ansiedade, as pessoas experimentam:

  • Preocupação excessiva: A mente fica sem paz, devido à preocupação permanente com todas as atividades cotidianas. Tarefas do trabalho, problemas familiares, atividades pessoais, tudo está sendo processado com muita velocidade e os pensamentos estão sempre direcionados à próxima atividade que deve ser realizada, retirando o indivíduo do presente. Nesses casos, a meditação mindfulness pode auxiliar como uma terapia complementar e trazer a mente de volta ao presente.
  • Medo iminente: A sensação angustiante de que algo terrível pode acontecer a qualquer momento é outro sintoma comum. Esse medo pode não ter um motivo claro, mas também pode estar associado a algum evento na vida do indivíduo, como uma viagem, uma apresentação importante, algum evento social.
  • Irritabilidade: Pessoas ansiosas tendem a se tornar mais irritadas e impacientes, agindo de maneira ríspida no cotidiano.
  • Dificuldade de concentração: Como a mente está repleta de pensamentos voltados para o futuro, é comum que haja uma dificuldade de concentração em tarefas do dia a dia. Esse fator é particularmente prejudicial à produtividade, afetando o indivíduo no trabalho.
  • Nervosismo ou inquietação: As pessoas tendem a se sentir em alerta constante, sem relaxar. Daí a sensação de inquietude, pois vivem como se estivessem prestes a ter uma crise a qualquer momento.




Sintomas Comportamentais da Ansiedade

Todos os sintomas da ansiedade estão interligados, mas de maneira didática eles são divididos nesses três tipos: físicos, emocionais e comportamentais. Em relação ao comportamento, os indivíduos acometidos com o transtorno podem começar a adotar certos padrões com o desejo de evitar o desconforto da ansiedade. Veja exemplos de como a ansiedade afeta o comportamento:

  • Dificuldade para dormir (insônia): As pessoas com transtornos de ansiedade geralmente têm dificuldades para relaxar e adormecer. A mente hiperativa, cheia de preocupações, impede o descanso adequado.
  • Isolamento: Uma das respostas mais comuns à ansiedade é evitar situações que possam desencadear medo ou desconforto. Assim, alguém com transtorno de ansiedade pode evitar encontros sociais ou eventos públicos.
  • Procrastinação: A ansiedade provoca dificuldade de tomada de decisões e acaba deixando as pessoas sem realizar suas atividades. O medo do fracasso é outro motivo que gera a procrastinação.
  • Comportamentos de fuga: Em alguns casos, a pessoa pode buscar formas de "escapar" da ansiedade, como o abuso de substâncias.


O que é uma Crise de Ansiedade?

Uma crise de ansiedade é um episódio intenso e súbito em que os sintomas de ansiedade atingem um pico, causando grande desconforto e aflição. Geralmente, essas crises estão relacionadas a eventos estressantes. Elas costumam ter uma duração limitada, por volta de 30 minutos, mas podem deixar a pessoa com uma sensação de cansaço extremo ou vulnerabilidade quando passam.

Durante uma crise de ansiedade, a pessoa normalmente vivencia sintomas emocionais e físicos. Entre os sintomas psicológicos estão: sensação de medo, angústia, nervosismo, apreensão, sensação de estar fora de si mesma e de que o mundo ao redor não é real. A mente tende a se concentrar nas piores possibilidades, com o medo iminente de perder o controle ou até mesmo de morrer.

Já os sintomas físicos são consequência da liberação de hormônios como o cortisol e a adrenalina, que são ativados pelo sistema nervoso simpático em situações de estresse. Eles podem incluir:

  • Aceleração do batimento cardíaco e palpitações
  • Sensação de sufocamento ou falta de ar
  • Tontura e sensação de desmaio
  • Formigamento nas extremidades
  • Aumento da pressão arterial
  • Suor excessivo, boca seca, mãos geladas e pele fria
  • Náuseas, podendo até levar ao vômito
  • Vontade frequente de urinar


Durante uma crise, as pessoas sentem dificuldade em realizar tarefas cotidianas, e ficam incapazes de retomar a normalidade até que o episódio termine. Existem tratamentos eficazes para as crises de ansiedade, que podem ser feitos através de atendimentos psicológicos. Além disso, as técnicas de relaxamento e atenção plena podem reduzir os sintomas do transtorno.

Diferença entre Crise de Ansiedade e Crise de Pânico

A crise de pânico é um tipo específico de ataque de ansiedade e ambos possuem sintomas semelhantes. O que costuma diferenciá-los é a causa. A crise de pânico normalmente ocorre sem um motivo identificável, sem uma causa óbvia e costuma ser acompanhada de um medo súbito de morrer.

Uma crise de pânico, pode ocorrer de forma inesperada, sem qualquer aviso, e se caracteriza por ser extremamente aterrorizante.

Já a crise de ansiedade é desencadeada por algum estímulo estressante específico. A síndrome do pânico, por sua vez, é a recorrência de ataques de pânico, que acontecem com frequência e de forma imprevisível.

Os sintomas da crise de pânico incluem:

  • Aumento súbito do batimento cardíaco
  • Dificuldade para respirar ou sensação de sufocamento
  • Suor excessivo, calafrios ou tremores
  • Sensação de morte iminente ou perda de controle


Embora assustadoras, as crises de pânico geralmente não apresentam risco físico imediato. No entanto, quando são recorrentes, elas podem levar ao desenvolvimento de um transtorno de pânico, que prejudica significativamente a qualidade de vida da pessoa.

Tipos de Transtornos de Ansiedade

Pela visão da psiquiatria, os transtornos de ansiedade podem se manifestar de várias formas e cada tipo tem características específicas que afetam a vida cotidiana de maneira distinta. Os transtornos mais comuns incluem o transtorno de ansiedade generalizada (TAG), o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), a fobia social e o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT). Veja a seguir os principais tipos de transtornos de ansiedade, com suas particularidades e sintomas típicos.

TIPOS DE TRANSTORNO DE ANSIEDADE SINTOMAS
Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) É caracterizado por preocupações persistentes e exageradas com as situações do cotidiano. As pessoas com esse tipo de transtorno se sentem ansiosas em relação ao trabalho, à saúde, aos relacionamentos, às finanças. Ou seja, o medo abrange basicamente todos os aspectos da vida e causa um forte desgaste emocional e físico no indivíduo.
Transtorno de Pânico É identificado quando a pessoa tem o histórico de vários episódios de ataque de pânico. A sensação de perda de controle, falta de ar, desespero, medo da morte são constantes.
Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social) Diz respeito a um medo de ser julgado, rejeitado ou humilhado em situações sociais. Ademais, a pessoa com fobia social tem pavor de apresentações em público ou reuniões. É um transtorno que prejudica as relações interpessoais e o desenvolvimento profissional.
Agorafobia É um transtorno relacionado ao medo de estar em lugares desconhecidos ou onde o indivíduo sente que não tem o controle sobre a situação. O medo de não conseguir escapar ou de não conseguir obter ajuda limitam o deslocamento de quem tem esse tipo de transtorno. Viajar de ônibus ou avião, estar em espaços fechados, como cinemas, lojas, ou mesmo no transporte público podem ser extremamente difíceis para quem tem agorafobia.
Fobias Específicas São medos irracionais e intensos de objetos ou situações específicas, como medo de voar, de aranhas, de cobras, de locais fechados ou de altura. Esses medos podem ser tão paralisantes que a pessoa afetada fará o possível para evitar enfrentar a situação ou objeto temido. Apesar de serem inconscientes, essas fobias podem gerar grande sofrimento emocional e interferir nas atividades diárias.
Mutismo Seletivo É um transtorno que afeta principalmente crianças e é mais comum em meninas. Caracteriza-se pela incapacidade de falar em determinadas situações sociais. As crianças com mutismo seletivo têm dificuldade em interagir fora do seu círculo familiar próximo, atrapalhando sua adaptação escolar e social.
Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) Ocorre após a pessoa viver uma situação traumatizante, como um acidente grave, um abuso ou violência. Ela se manifesta através de flashbacks, pesadelos e uma sensação de alerta. A pessoa fica revivendo o trauma e tende a evitar lugares e atividades que lembrem o evento traumático.
Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) Envolve a presença de pensamentos repetitivos: ideias, imagens ou impulsos que surgem de forma repetitiva e incontrolável. Para aliviar a ansiedade causada por esses pensamentos, a pessoa pode desenvolver comportamentos compulsivos, como lavar as mãos repetidamente, verificar várias vezes se a porta está trancada ou realizar constantes rituais de organização.



Vivemos em uma cultura que proporciona o desenvolvimento da ansiedade. Estamos sempre consumidos com as próximas tarefas que precisam ser realizadas e existe uma competitividade extrema por desempenho. Nesse sentido, mesmo que não ocorram fatores estressantes diretos, é possível que as pessoas desenvolvam algum transtorno de ansiedade devido ao estilo de vida que levam.

Além disso, a ansiedade pode ser causada por relacionamentos abusivos, ambientes familiares e profissionais tóxicos, traumas e estresse crônico. O histórico familiar também pode aumentar as chances de desenvolver o problema.

Relação entre Ansiedade e Depressão

É comum a coexistência da ansiedade com a depressão em uma mesma pessoa. Os sintomas de um transtorno acabam agravando os do outro, gerando um ciclo vicioso. Transtornos de ansiedade podem causar uma preocupação intensa em relação ao futuro que acabam gerando uma descrença no próprio potencial.

Além disso, pessoas deprimidas podem tentar usar substâncias como uma forma de anestesiar suas dores e acabam desenvolvendo crises de ansiedade devido ao consumo de drogas.

Psicólogo ou Psiquiatra: Quando Consultar Cada Um?

A escolha entre consultar um psicólogo ou um psiquiatra depende das necessidades e características de cada caso. Ambos os profissionais têm papeis complementares, mas com enfoques diferentes no tratamento da ansiedade.

  • Psicólogo: O psicólogo trabalha com o paciente para explorar e compreender as causas emocionais e comportamentais da ansiedade. Ele pode utilizar diversas abordagens terapêuticas, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que foca em identificar e modificar padrões de pensamento disfuncionais que alimentam a ansiedade.
  • Psiquiatra: O psiquiatra, por sua vez, tem a capacitação necessária para diagnosticar transtornos mentais e, quando necessário, prescrever medicamentos, como antidepressivos ou ansiolíticos, para controlar os sintomas da ansiedade. Embora os psiquiatras também realizem sessões de psicoterapia, sua especialização é focada no tratamento medicamentoso e no diagnóstico de condições relacionadas a outros transtornos de saúde mental, como depressão, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) ou transtornos de pânico.


A Psicanálise e o Tratamento da Ansiedade

A análise pessoal, por meio da psicanálise, também é eficaz no tratamento dos transtornos de ansiedade, pois trata a questão a partir do inconsciente. De acordo com a psicanálise, existe uma parte da mente humana que armazena conteúdos que o sujeito não consegue perceber conscientemente. Isso ocorre, dentre outros aspectos, porque esses elementos podem entrar em conflito com a imagem que a pessoa construiu a respeito de si mesma.

Para a psicanálise, a ansiedade excessiva ou patológica está frequentemente associada a esses conteúdos inconscientes. Em vez de ver os eventos estressores como a causa direta da ansiedade, a psicanálise considera que eles funcionam como gatilhos, que desencadeiam reações emocionais intensas. Esses gatilhos, na verdade, estão relacionados a experiências ou conflitos reprimidos no inconsciente, que ainda não foram processados.

Nesse sentido, a psicanálise entende que grande parte de nossas questões e conflitos mais profundos estão guardados no inconsciente, e, por isso, somos incapazes de reconhecê-los por conta própria. Isso é mais evidente ainda em relação aos traumas e emoções reprimidos durante a infância ou adolescência, que, mais tarde, podem se manifestar como sintomas de ansiedade na vida adulta.

O trabalho do psicanalista é ajudar o paciente a perceber que a situação imediata, que ele acredita ser a causa da ansiedade, é apenas um gatilho que ativa questões mais profundas e inconscientes. Durante a análise, por meio do discurso, o paciente passa a trazer suas questões e o psicanalista o ajuda a elaborar essas conexões.

Esse processo gradual permite que o paciente entre em contato com os conteúdos reprimidos do inconsciente, os reconheça e, ao fazer isso, reduza a sua ansiedade e insegurança. Portanto, pessoas que sofrem de ansiedade podem se beneficiar significativamente de um tratamento baseado nos princípios da psicanálise.

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Como tratar a ansiedade?

O tratamento para os transtornos de ansiedade é eficaz e pode ser realizado por meio de diferentes abordagens, incluindo terapias, o processo de análise, intervenções medicamentosas orientadas por um psiquiatra e mudanças no estilo de vida. O sucesso do tratamento depende não apenas das intervenções, mas também da qualidade da relação entre o paciente e o profissional de saúde.

A confiança e o vínculo terapêutico são fundamentais, pois ajudam no processo de autoconhecimento, essencial para o enfrentamento da ansiedade. Como explica o Dr. Rodrigo Bressan, “se a gente entende como a gente funciona, é mais fácil se autorregular emocionalmente e estabelecer estratégias de superação”. Isso significa que, quanto mais uma pessoa compreende seus próprios mecanismos emocionais, mais preparada ela estará para lidar com situações estressantes.

Perguntas Frequentes sobre Ansiedade

Pergunta 1: Ansiedade tem cura?

Sim, já existem vários tratamentos eficazes para os transtornos de ansiedade, que incluem intervenções e tratamentos psicológicos, psicanálise, medicamentos e técnicas de mindfulness. Pessoas com sintomas de ansiedade devem procurar atendimento, além de aliar a prática de exercícios físicos regulares e uma alimentação saudável.

Pergunta 2: Quais são os tratamentos disponíveis para a ansiedade?

Os tratamentos mais comuns incluem psicoterapia, medicamentos (como ansiolíticos e antidepressivos) e técnicas específicas, como a prática de mindfulness e a gestão do estresse.

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Referências:

https://www.who.int/

https://curadoria.casadosaber.com.br/cursos/174/a-ciencia-dos-sentimentos-alcancando-bem-estar-psicologico

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/224_ansiedade.html

https://www.paho.org/pt/noticias/17-6-2022-oms-destaca-necessidade-urgente-transformar-saude-mental-e-atencao

Medo: o que é, os tipos de medo e fobia, superação e bem-estar
Xavana Celesnah
Medo: o que é, os tipos de medo e fobia, superação e bem-estar

O medo é uma emoção natural, que faz parte dos nossos mecanismos de defesa para sobreviver. Quando sentimos medo, nosso corpo entra em um estado de alerta, nos preparando para agir ou fugir diante de uma ameaça.

Embora o medo seja uma reação fundamental para nossa proteção, ele também pode tornar-se doentio, ao se manifestar de forma excessiva. Assim, ele pode se tornar uma fobia, emoção que interfere no bem estar e na saúde mental dos indivíduos. Neste artigo, vamos explicar o que é o medo, por que sentimos medo, como lidar com ele e como ele pode se apresentar em forma de fobias. Além disso, vamos discutir as terapias mais eficazes para tratar dessas fobias.

O Que é Medo?

O medo é uma resposta emocional do nosso organismo a uma ameaça percebida, que pode ser real ou imaginada. Ele é, portanto, uma reação orgânica de perturbação emocional diante da exposição a algum tipo de perigo. Dessa maneira, o medo aciona o sistema límbico cerebral, responsável pelas emoções, e deixa o corpo num estado de alerta para decidir rapidamente entre lutar ou fugir da ameaça.

Portanto, o medo desperta os mecanismos de defesa corporais, aumentando os batimentos cardíacos e deixando a respiração mais acelerada. Nesse sentido, o medo é natural e faz parte de um organismo saudável.

De acordo com o psicanalista Christian Dunker, uma pessoa que não tem medo seria uma presa fácil do mundo, alguém que não consegue se defender. Assim, o medo seria, para ele, “um afeto que levanta e mantém o indivíduo numa espécie de estado decisional”.

Ou seja, o medo nos levaria a produzir rápidas interpretações e hipóteses a respeito da situação, de modo que o indivíduo afetado pelo medo consiga gerar decisões para se proteger. Ainda de acordo com Dunker, apesar do medo ser comumente associado à covardia, o que de fato acontece é que a pessoa corajosa não é aquela que não tem medo, mas sim a que é capaz de senti-lo e enfrentá-lo. Já que o medo seria uma emoção essencial para o desenvolvimento do pensamento lógico e da inteligência.

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Por Que Sentimos Medo?

Sentimos medo porque o nosso organismo deseja sobreviver. O medo é uma resposta adaptativa e decisiva para a nossa sobrevivência. Aliás, não apenas para a sobrevivência humana, mas os demais animais também possuem essa emoção como uma defesa para enfrentar situações perigosas.

O medo nos prepara para agir rapidamente, seja através da fuga do perigo ou por meio do enfrentamento. Ademais, essa resposta fisiológica envolve a liberação de adrenalina, acelerando o coração, a respiração e preparando os músculos para ação.

Em suma, sentimos medo porque ele é uma estratégia de sobrevivência. Ele aciona nossa capacidade de responder ao perigo. Sem essa sensação, estaríamos mais propensos a nos expor a situações arriscadas, como ficar perto de animais selvagens ou atravessar avenidas movimentadas sem a atenção necessária.

Muitas vezes, a ansiedade antecede o medo, como uma forma de alertar o corpo para algo que ainda vai acontecer. A ansiedade e o medo estão intrinsecamente relacionados, sendo que a ansiedade estaria mais ligada à antecipação de um risco. O medo, por sua vez, seria a reação imediata a uma ameaça concreta.

Embora o medo seja uma emoção natural e benéfica para nossa proteção, ele pode se tornar disfuncional em algumas situações, levando a uma sensação de paralisia ou a um comportamento excessivo de evitação.

Como Lidar com o Medo?

Apesar de o medo ser uma emoção natural e benéfica para a proteção da vida, ele pode se transformar em um problema quando passa a ser excessivo, e com os limites saudáveis sendo ultrapassados pode se transformar em uma fobia. Nesses casos, a saúde mental e o bem-estar do indivíduo ficam significativamente prejudicados. É aí que as estratégias e abordagens terapêuticas são necessárias para ajudar a lidar com o medo, compreender sua origem e reduzir seu impacto no dia a dia. Aqui estão algumas estratégias para lidar com o medo:

  1. Aceitação do Medo: O primeiro passo para lidar com o medo é aceitá-lo como uma parte natural da vida. Em vez de tentar suprimir ou negar os sentimentos de medo, é importante reconhecê-los e compreender sua função.
  2. Terapias: Para medos excessivos, como fobias, o tratamento é fundamental. Entre as abordagens terapêuticas, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) tem a proposta de ajudar as pessoas a reestruturarem sua relação com o medo e encontrarem maneiras mais saudáveis de lidar com ele. A Dessensibilização Sistemática é uma técnica de exposição gradual utilizada no tratamento de fobias, onde o paciente é progressivamente exposto à situação que causa medo, até que a resposta emocional se torne mais controlável.
  3. Identificar a Causa:

    Compreender o que está por trás do medo é essencial. O medo é uma reação a algo que percebemos como ameaça, mas essa percepção pode ser distorcida ou projetada. Por isso, as psicoterapias e a psicanálise são indicadas para ajudar o paciente a identificar as causas do medo até que tenha os recursos para trazê-las à tona e superá-las.

  4. Mindfulness e Respiração:

    Práticas de meditação como o mindfulness são aliados no controle do medo e da ansiedade. As técnicas de respiração profunda auxiliam na promoção da calma, reduzindo a ativação do sistema nervoso nos casos de medo. Os exercícios de mindfulness levam a pessoa a se concentrar no momento presente, evitando assim que o medo se amplifique por pensamentos catastróficos voltados para o futuro.

  5. Rede de Apoio Social: Conversar sobre seus medos com amigos, familiares ou profissionais é uma maneira eficaz de reduzir a ansiedade e o pavor. O suporte social ajuda a aliviar a carga emocional e também permite que a pessoa perceba que não está sozinha em seus sentimentos.



O Medo de Perder e o Medo da Solidão?

O medo de perder está profundamente ligado à nossa necessidade de controle e segurança. Esse medo surge em contextos variados, mas é extremamente comum nos relacionamentos amorosos. A perda do companheiro/a pode despertar uma sensação de desespero e impotência. Na maioria das vezes, esse tipo de perda causa um grande vazio interior e as pessoas não estão preparadas para lidar com isso. Daí, sentimentos como o ciúme podem surgir a partir do medo de perder o parceiro e também do medo da solidão.

A conectividade moderna tem um impacto direto na nossa saúde mental. Acordar, checar notificações, rolar feeds infinitos, adiar o sono... Isso soa familiar? Se sim, é hora de refletir sobre como as redes sociais podem estar afetando o seu equilíbrio emocional.

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A quebra da rotina, a frustração em relação à idealização do amor, além, é claro, da ausência do companheiro, podem desestruturar o lado emocional. Assim, o medo de que o relacionamento termine, acaba alimentando a ansiedade e a insegurança em algumas pessoas, podendo gerar um ciclo repetitivo de preocupações. Esse contexto é um terreno propício para a evitação ou o apego excessivo àquilo que se teme perder.

Por outro lado, o medo da solidão está associado ao sentimento de desconexão e à busca por aprovação social. A solidão é vista como uma experiência angustiante e digna de pena. Portanto, a hipótese de ser rejeitado ou de não ser amado é sentida como aterrorizante. O medo de ficar sozinho pode afetar a saúde mental, contribuindo para o desenvolvimento de transtornos como a depressão e a ansiedade. Esse medo está intimamente ligado à necessidade de pertencimento, uma das necessidades humanas mais básicas.

Tanto o medo da perda quanto o da solidão podem desencadear a dependência emocional. Devido a esses medos, algumas pessoas acabam permanecendo em relacionamentos tóxicos, apenas para evitar o vazio emocional. O autoconhecimento e o fortalecimento da autoestima podem contribuir para a superação desses medos.

Aprender a lidar com a possibilidade da perda e entender que a solidão não significa necessariamente abandono ou fracasso são pensamentos a serem incorporados para que o sujeito entenda e acolha melhor suas emoções.

Como Diferenciar Tipos de Medo?

Embora todos nós experimentemos o medo de alguma forma, existem diferentes maneiras pelas quais ele se manifesta e intensifica. O medo pode ser classificado em medos comuns, que são reações naturais a situações perigosas, e em fobias, que são medos excessivos e irracionais.

Segundo o psicanalista Christian Dunker, as fobias são mais frequentes em crianças e apresentam-se como “um tipo de sintoma no qual a pessoa mostra um medo muito forte, dirigido a um objeto. Esse objeto pode ser um animal, tipo um rato ou uma cobra; pode ser uma situação, como estar dentro de um elevador, que é a claustrofobia; pode ser uma cor, como a eritrofobia, medo da cor vermelha.” Veja na tabela abaixo alguns tipos comuns de medo e de fobia:

TIPOS DE MEDO TIPOS DE FOBIA
Medo de falar em público É um dos medos mais frequentes, afetando muitas pessoas em contextos profissionais e sociais.
Fobia social Medo intenso de ser julgado ou criticado em situações sociais. Esse tipo de fobia pode levar ao isolamento e prejudicar relacionamentos.
Medo de altura (acrofobia) Sensação de vertigem em grandes altitudes, como ao olhar de um prédio alto ou ao viajar de avião.
Claustrofobia Medo de espaços fechados, como elevadores, salas pequenas ou ambientes sem ventilação.
Medo de animais Cachorros, cobras, aranhas e outros animais podem gerar medo em muitas pessoas, em graus que variam de desconforto a pânico.
Agorafobia Medo de espaços abertos, lugares públicos ou situações onde a fuga seria difícil. Pessoas com agorafobia podem evitar sair de casa ou ter dificuldade em frequentar lugares lotados.



Como Diferentes Terapias Podem Ajudar a tratar do Medo?

Nos casos em que o medo se torna excessivo, irracional e impede a execução normal das atividades diárias, buscar ajuda terapêutica é fundamental. Além das fobias, outros transtornos também podem ter o medo e o estado de alerta como característica predominante. O Transtorno de Pânico, o Transtorno de Estresse Pós-Traumático e até distúrbios alimentares como anorexia e bulimia são exemplos que envolvem uma reação exagerada de medo ou ansiedade, afetando o bem-estar físico e psicológico. Algumas abordagens terapêuticas indicadas para tratar o medo incluem:

  1. Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC):

    Essa abordagem ajuda a identificar e reestruturar padrões de pensamento disfuncionais que alimentam o medo, permitindo que a pessoa desenvolva formas mais saudáveis de reagir.

  2. Dessensibilização Sistemática:

    É uma técnica de terapia de exposição gradual. A pessoa é exposta de forma controlada ao objeto ou situação que causa o medo, começando com uma forma menos intensa e progredindo até enfrentar a situação real. Esse processo ajuda a diminuir a intensidade da resposta de medo ao longo do tempo.

  3. Psicanálise:

    A psicanálise aborda as fobias como manifestações de conflitos inconscientes, que podem estar ligados a traumas, desejos reprimidos ou sentimentos de culpa. Assim, esses medos não estariam ligados apenas a ameaças concretas, mas também a causas simbólicas vindas de questões emocionais mais profundas que o paciente não consegue compreender conscientemente. Esse tipo de tratamento visa ajudar o paciente a integrar e superar os traumas emocionais subjacentes, proporcionando uma cura mais profunda e duradoura.


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O que é o medo considerado normal e necessário para nós?

O medo é visto como normal e saudável quando acontece para nos ajudar a identificar situações de risco. Por fazer parte do nosso mecanismo de defesa, ele é uma emoção normal e necessária. É uma emoção essencial para nos ajudar a evitar perigos e a tomar decisões rápidas. Quando o medo é moderado e alinhado com uma ameaça real, ele representa uma parte necessária do nosso funcionamento emocional.

Porém, ao se tornar desproporcional, como nas fobias, o medo se torna um transtorno que deixa de ser útil à sobrevivência e se torna problemático. Nesses casos, o medo não prepara o indivíduo para agir, mas o paralisa, impedindo-o de se relacionar com a fonte do medo, e afetando sua qualidade de vida.

Conclusão:

O medo em si não é uma emoção que precise de tratamento. Apenas quando se torna irracional ou desmedido é que passa a afetar negativamente a nossa vida. Por isso, é importante saber diferenciar o medo saudável das fobias, já que essas precisam de ajuda profissional. Entender o medo e suas manifestações é o primeiro passo para superá-lo e viver uma vida mais equilibrada.




Perguntas Frequentes:

Quando Buscar Ajuda para o Medo?

Quando o medo se torna excessivo, contínuo e interfere nas atividades diárias, como em casos de fobia, é importante procurar ajuda profissional. As psicoterapias ou a psicanálise podem ajudar a reduzir o impacto do medo e restaurar o equilíbrio emocional, permitindo que a pessoa recupere o controle de sua vida.

O que fazer para vencer o medo de falar em público?

Para vencer o medo de falar em público, é importante se preparar bem e ensaiar a apresentação, o que aumenta a sensação de confiança. Focar na mensagem, em vez de se preocupar com o próprio desempenho, também ajuda a diminuir a ansiedade. Técnicas de respiração profunda e relaxamento podem acalmar os nervos antes e durante a fala. Se o medo for muito intenso, procurar apoio profissional pode ser útil para superar o medo de forma eficaz.



Referências:

https://brasilescola.uol.com.br/psicologia/medo.htm

https://curadoria.casadosaber.com.br/cursos/476/vocabulario-dos-afetos

https://www.youtube.com/watch?v=E1BzzharV14

https://www.nationalgeographicbrasil.com/ciencia/2023/09/como-o-corpo-reage-quando-sentimos-medo







Filosofia
É possível praticar o estoicismo hoje? Livros, caminhos e dicas para seguir a filosofia
Tainá Voltas
É possível praticar o estoicismo hoje? Livros, caminhos e dicas para seguir a filosofia
O estoicismo tem reaparecido como uma resposta ao mundo moderno. Mas será realmente possível aplicar a filosofia aos dias atuais? Descubra!

Embora tenha se desenvolvido e aprofundado suas raízes há mais de 2000 anos, o estoicismo tem reaparecido como uma resposta ao complexo e desconfortável mundo moderno, marcado pelo esgotamento coletivo e pelas frustrações geracionais.

Tal filosofia, que é banhada em uma ideia de felicidade resiliente às adversidades e às influências externas, ganha adeptos e curiosos, cuja motivação se dá em direção comum: é realmente possível aplicar a práxis estoica nos dias de hoje?

Neste artigo vamos destacar algumas obras, cursos e dicas que podem oferecer uma resposta certeira ao questionamento, além de mostrar como viver de um modo mais estoico, mesmo em meio a tantas distrações.

Mulher deitada sobre a mesa, aparentando cansaço, com peso de pedras nas costas. Alusão ao estoicismo
O Estoicismo aplicado à modernidade surge como uma alternativa para amenizar os efeitos comuns da experiência humana superestimulada, oferecendo uma nova interpretação possível para a vida, para os desafios e para os problemas do cotidiano. Trata-se de uma filosofia que apresenta ferramentas para aprimorar a resiliência ao inevitável, incentivando a clareza emocional.


Recordação: o que é o estoicismo?

“A felicidade e a liberdade começam com a clara compreensão de um princípio: algumas coisas estão sob nosso controle, outras não”. A expressão, de autoria um dos maiores filósofos estoicos da antiguidade - Epicteto, define com bastante clareza os pilares que sustentam o estoicismo.

Criada durante o período helenístico, ainda na Grécia Antiga, e tendo como pano de fundo a crença nas leis da natureza, essa vertente filosófica buscou explicar o sentido da vida a partir da racionalização e de uma proposta de aceitação do inevitável.

Na prática, estruturou um entendimento acerca da "felicidade" como um resultado dado àqueles que conseguiam desvencilhar-se das paixões avassaladoras e das emoções exageradas.

Ou seja, para o estoicismo a felicidade se materializava quando as emoções eram racionalizadas, assim como quando os episódios da vida eram entendidos como pertencentes todos à uma teia natural e inevitável de causas e efeitos.

Nessa perspectiva, os esforços e desejos de mudança humanos deveriam ser direcionados para as coisas passíveis de serem controladas e não para aquelas alheias à vontade dos homens, tal qual a morte.

Dessa forma, o estoicismo passou a ser caracterizado como uma filosofia prática, que orientava os indivíduos a viverem em harmonia com a natureza e a razão, buscando a virtude como um bem maior.

Para os estoicos, a vida virtuosa seria aquela baseada no agir lógico, ético e sereno, capaz de enfrentar os desafios com resiliência por entendê-los como pertencentes a uma ordem natural das coisas.

A abordagem, rigorosa e libertadora na mesma medida, faz com que o estoicismo seja uma ferramenta resgatada na modernidade para lidar com os novos desafios e contornos sociais, oportunizando a busca pelo equilíbrio mesmo em cenários turbulentos.


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O que é agir com estoicismo nos dias atuais?

A pergunta "é possível praticar o estoicismo nos dias atuais?" depende essencialmente da compreensão do que é o agir estoico nesse novo contexto.

Em meio à Era da Informação, aos dados gerados em velocidade exponencial, às demandas por performance e resultado e ao excesso de estímulos, o estoicismo apresenta uma bússola mental, que cultiva a clareza e a resiliência emocional como forma de melhor viver e sobreviver a este cenário.

Trata-se de uma aplicação da abordagem que incentiva o foco àquilo que é controlável, como as ações e reações individuais, ao passo que pratica a compreensão serena daquilo que escapa ao domínio pessoal.

Homem segurando um guarda-chuva, virado para parede com metas e planejamentos. Reflete a necessidade de entrega e resultado.
O estoicismo moderno incentiva uma leitura de mundo focada no controle do que se é controlável, ajudando a redefinir prioridades e a encontrar clareza em meio às exigências incessantes por desempenho e resultados.


Assim, no mundo contemporâneo, essas ideias podem se traduzir em práticas, como:

Gerenciar o tempo e a atenção Evitar dispersar energia com distrações ou preocupações improdutivas, dedicando-se ao que realmente importa, bem como ao autocuidado e auto escuta.
Reavaliar o conceito de sucesso Adotar uma perspectiva baseada na virtude e no progresso interno, afastando-se da busca contínua por uma validação externa ou padrões sociais inatingíveis.
Cultivar o autocontrole Responder às adversidades com calma e reflexão, resistindo aos impulsos imediatos ou a emoções exageradas, as quais podem comprometer o senso crítico e a tomada de decisão racional.
Praticar a gratidão e a perspectiva Reconhecer o valor das coisas e aprender a ressignificar os desafios como oportunidades de crescimento pessoal.



No cotidiano moderno, o estoicismo, uma filosofia para tempos de crise, continua emergindo como um consolo e como uma libertação de ilusões. Por isso, oferece uma base sólida para enfrentar crises pessoais ou profissionais, promovendo uma atitude resiliente frente a desafios inevitáveis.

Mauricio Marsola , professor de história e filosofia da Unifesp, contribui para a acepção do conceito, em um material produzido pela Casa do Saber:

“Para o estoicismo o mundo é um grande sistema composto de relações causais necessárias. É uma racionalidade plena, na qual todas as coisas concorrem para uma harmonia maior. A isso os estoicos chamam de logos (o que também pode ser compreendido como physis, ou Deus). Cabe a nós criarmos uma harmonia em nossa alma que reproduza a harmonia do cosmos”

Assista na íntegra:




3 livros para entender o estoicismo

Livros são uma excelente maneira de transportar as ideias filosóficas estoicas da Antiguidade para contemporaneidade, indicando um caminho para a prática da filosofia no cotidiano.

Nesse sentido, as obras selecionadas abaixo repercutem os princípios estoicos em seus diferentes tempos, além de apresentarem aplicações palpáveis do conceito e contextos históricos que ajudam na compreensão do pensamento filosófico em sua totalidade.

1) Diário estoico: 366 lições sobre sabedoria, perseverança e a arte de viver - Ryan Holiday e Stephen Hanselman

Uma das mais populares obras do movimento moderno de resgate ao estoicismo, o Diário Estoico propõe a leitura de 366 meditações baseadas em ensinamentos de grandes filósofos estoicos, como Sêneca, Marco Aurélio e Epicteto.

Seu objetivo é funcionar como um guia prático e acessível para quem deseja introduzir o agir estoico à sua rotina, cultivando a arte de viver bem. Para isso, Ryan Holiday e Stephen Hanselman instigam os leitores a expandir a compreensão do mundo e a experimentar novas maneiras de agir e pensar.

Encontrar o propósito da vida, lidar com perdas irreparáveis e o caminho para a felicidade verdadeira são apenas alguns dos tópicos abordados no texto.

Com os ensinamentos dos antigos estoicos, em uma metodologia meditativa a cada dia do ano, o livro proporciona uma reavaliação das percepções, atitudes e metas de vida.

2) Meditações - Marco Aurélio

Uma das mais influentes obras filosóficas de todos os tempos, Meditações transforma-se em uma janela direta para a mente de Marco Aurélio, o imperador romano conhecido como "imperador filósofo".

Escrito como um diário pessoal, o livro reúne reflexões sobre a busca pela virtude, a compreensão do universo e a arte de viver em harmonia com a natureza, mesmo em cenários inconstantes e desequilibrados.

Mesmo que inicialmente não tenha sido destinado à publicação, o texto se tornou um verdadeiro mantra para a prática estoica, atemporal e requisitada ao longo de várias décadas.

No projeto, Marco Aurélio menciona a necessidade da ponderação em meio às pressões, sobretudo aquelas relacionadas ao poder, assim como destaca os desafios do enfrentamento das incertezas e das dores inevitáveis da existência humana, priorizando a serenidade e o autocontrole.

As lições valiosas apresentadas, como a importância de aceitar o que não se pode controlar, focar no presente e viver de acordo com princípios éticos, têm sido incorporadas neste novo momento do estoicismo, guiando os adeptos a uma forma de praticar a filosofia de forma flexível e adaptada.




3) Sobre a Brevidade da Vida (De Brevitate Vitae) – Sêneca

Escrita por outro grande pensador estoico, esta obra concisa, mas profundamente impactante, aborda um dos temas centrais para o estoicismo: a natureza do tempo e as armadilhas de uma vida perpassada pelo negligenciamento.

Para Sêneca, a duração da vida importa à medida que escolhemos como iremos vivê-la. Ou seja, ele convida o leitor a refletir sobre a urgência do cultivo da totalidade interior, contrastando os valores culturais modernos guiados pela prosperidade material e pela produtividade incessante.

Argumenta ser o tempo o bem mais precioso existente, embora seja frequentemente tratado como infinito. Assim, o filósofo critica, sobretudo, a tendência humana de procrastinar, acumular riquezas sem propósito e buscar validação externa, ao invés de focar no desenvolvimento interno e nas relações significativas.

“A vida que recebemos não é curta, mas a tornamos desse modo; tampouco a temos de sobra, mas a desperdiçamos” - Sêneca


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4 cursos para aprender de forma rápida sobre o estoicismo

Os cursos são outra excelente oportunidade para mergulhar mais profundamente nos conceitos do estoicismo, a partir da orientação de especialistas que conectam essa filosofia ao mundo contemporâneo, entendendo como e onde aplicá-la. Veja três cursos recomendados para esse propósito:

  1. Aprender a Viver: Como a Sabedoria Pode Ser o Caminho para uma Vida Melhor

    Este curso explora como a sabedoria filosófica pode transformar o cotidiano. Para isso, oferece uma visão geral sobre as escolas filosóficas, com destaque para os estoicos, mostrando como seus ensinamentos podem ajudar a superar os desafios da vida moderna, como o tédio e a banalidade. “Como a sabedoria pode ser o caminho para uma vida melhor? Como aprender a viver e superar o tédio e a banalidade da vida cotidiana?”, essas são algumas das perguntas que a ementa do texto se dedica a responder.

  2. A Filosofia Como Forma de Vida: Estoicos, Epicuristas e Cínicos

    Focado na relação entre filosofia e prática de vida, este curso apresenta Sócrates e escolas como o Estoicismo, o Epicurismo e o Cinismo, refletindo sobre suas diferentes concepções de mundo e suas consequentes formas de vida. O curso explora, principalmente, como os pensadores dessas escolas propunham exercícios espirituais e uma arte de viver, conceitos que permanecem relevantes nos dias de hoje.

  3. Jornada da Filosofia: Vida e Morte no Ocidente

    Com uma abordagem interdisciplinar, este curso examina como o pensamento ocidental lida com a finitude humana. Ele conecta as raízes filosóficas do estoicismo com questões psicológicas e políticas, oferecendo uma compreensão mais ampla sobre como viver e morrer com significado e serenidade.

  4. Trilha da Filosofia | 2ª Temporada

    Esta série propõe uma jornada que aborda, de maneira introdutória, alguns dos principais pensadores, temas e conceitos da história do pensamento filosófico. Com a orientação dos professores Franklin Leopoldo e Silva e Oswaldo Giacoia Junior, o curso esclarece questões fundamentais para o aprendizado da filosofia. Como é o caso do pensamento de Aristóteles (384-322 a.C.) e Santo Agostinho (354-430), do estoicismo e epicurismo do período helenístico. O curso também inclui temas como a Teoria do Justo Meio, os conceitos de Transcendência e Imanência, e a questão do espírito como a fonte principal de todo conhecimento, assim como Deus como fundamento radical do conhecimento.

Explore essas leituras e cursos para aprofundar seu conhecimento sobre o estoicismo e aprender a como praticar essa filosofia em sua vida cotidiana!

A plataforma Casa do Saber + tem uma categoria de cursos inteiramente dedicada ao estudo da filosofia, desde a antiguidade até os dias atuais. Acesse para assistir a todos os cursos indicados acima e muito mais.

Conclusão:

Ao final da leitura, devemos nos perguntar: é então possível praticar o estoicismo nos dias de hoje ou estamos condicionados a sucumbir às pressões de uma sociedade que prioriza o imediatismo e o materialismo?

Ou ainda, é realmente viável pensar em uma filosofia de práxis individual em meio a um sistema com falhas estruturais?

A resposta depende do ponto de vista a ser abordado, compreendendo que as filosofias apontam não para a solução absoluta de todos os dilemas humanos, mas para caminhos que auxiliam na reflexão, no enfrentamento das adversidades e na busca por uma vida mais alinhada aos próprios valores.

O estoicismo, nesse sentido, se destaca como uma prática acessível e adaptável ao cotidiano moderno, reconhecido por promover a resiliência individual diante das incertezas externas.

Embora seja interessante reconhecermos as limitações impostas pelo contexto social, destaca-se que o estoicismo também desafia o indivíduo a agir com virtude e propósito, independentemente das circunstâncias.

Em última análise, o estoicismo oferece um convite para olharmos mais profundamente para nós mesmos e para as circunstâncias à nossa volta.

Assim, mais do que uma resposta definitiva, essa escola filosófica antiga nos faz refletir sobre como podemos moldar nossas escolhas e atitudes para encontrar significado em meio ao caos.




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Referências

¹SANTOS, Kleys Jesuvina dos. A influência do estoicismo na filosofia de Foucault. Kinesis, Marília, v. 11, n. 28. 2019. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/kinesis/article/view/9140. Acesso em: 25 set. 2024.


GAZOLLA, Rachel. Representação compreensiva: critério de verdade e virtude no Estoicismo Antigo. Revista da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos, v. 19, n. 2, 2006. Disponível em: https://www-periodicos-capes-gov-br.ez40.periodicos.capes.gov.br/index.php/acervo/buscador.html?task=detalhes&source=&id=W1511359753. Acesso em: 25 set. 2024.

Antropocentrismo: o que é, conceitos, bases e controvérsias
Tainá Voltas
Antropocentrismo: o que é, conceitos, bases e controvérsias
Entenda o que é o antropocentrismo, como essa doutrina filosófica influenciou as ciências ocidentais e porquê ela é questionada atualmente.

Se você busca um resumo sobre o antropocentrismo, seus conceitos, ideias, além de um aporte sobre qual visão essa corrente defende, está no lugar certo. Ao longo desse artigo, vamos destrinchar o tema a partir do seguinte guia:



De forma geral, podemos definir o antropocentrismo como um conceito filosófico que acredita na importância e preponderância do potencial humano, principalmente em comparação às demais coisas que compõem o universo.

Ou seja, tem como objeto de estudo o ser humano, compreendendo-o como um ser dotado de inteligência e que, por isso, é capaz de usar a razão para explicar o cosmos, a vida e os elementos que estão ao seu redor.

Trata-se de uma visão de mundo que usa o “homem” como principal referencial, ou que interpreta a realidade sob uma perspectiva dos valores, feitos e experiências humanas.

Desenho homem Vitruviano.
Desenhado por Leonardo da Vinci em 1490, o Homem Vitruviano é um dos mais conhecidos símbolos do antropocentrismo e do renascimento. As proporções matemáticas da imagem são destacadas como forma de enaltecer a simetria básica do corpo humano, destacando o olhar cuidadoso do pintor para o ser humano e para as medidas matemáticas. (Fonte: Leonardo Da Vinci - Photo from Luc Viatour.. 2007-09-08)


Qual o conceito de antropocentrismo e como ele influenciou a Filosofia Moderna?

Para compreender o que é o antropocentrismo é necessário, primeiro, saber sobre quais bases essa filosofia foi desenvolvida.

A visão antropocêntrica está associada diretamente à queda da Idade Média, da acepção medieval de mundo e do referencial predominante à época - o teocentrismo. Enquanto este acreditava em uma realidade totalmente orientada por e para Deus, advindo daí o termo "teo (Deus) + centrismo (centro)", o antropocentrismo propunha uma crítica direta a tal modelo.

Dessa forma, utilizava o "homem" como seu ponto de partida para a compreensão do universo, explicando os fenômenos cosmológicos e naturais não mais pela lógica da fé, mas sim pela racionalidade.

Assim, podemos definir o antropocentrismo como uma visão de mundo racionalista e científica, que tem o ser humano como figura central, priorizando a experimentação como seu método oficial de checagem dos fatos.

Quando surgiu o antropocentrismo?

O antropocentrismo foi estruturado em meados do século XV e XVI, enquanto a Europa passava por grandes transformações, tais quais as navegações, a reforma protestante, o surgimento da burguesia, entre outros marcos históricos que indicavam a ruptura do sistema feudal com a passagem para a dinâmica mercantil/capitalista.

Na prática, o conceito filosófico fez parte do movimento humanista renascentista, que buscava incentivar a reflexão a partir da cientificidade, afastando-se diametralmente da crença de uma realidade condicionada às vontades de uma divindade.

Por fazer tal crítica ao teocentrismo e por estabelecer novos caminhos para a filosofia moderna em geral, o antropocentrismo influenciou significativamente o desenvolvimento de diversas áreas do conhecimento, como as ciências naturais, a política e a arte.

Figura de Nicolau Copérnico
Nicolau Copérnico (1473 - 1543) é reconhecido por ter desenvolvido a teoria do “Heliocentrismo”, a qual acreditava que a Terra girava ao redor do sol e não o contrário - como se acreditava até então. A partir dessa perspectiva, o teocentrismo e o geocentrismo (defendidos pela Igreja Católica) passaram a ser questionados tecnicamente, o que contribui para uma transformação dos paradigmas de compreensão do mundo e da humanidade. Os estudos Copérnicos são considerados marcos pioneiros do antropocentrismo.(Fonte: Domínio Público)


Esse pensamento voltado ao ser humano foi essencial para a consolidação do racionalismo, abrindo espaço, inclusive, para que outras escolas filosóficas importantes prosperassem, como o empirismo e o iluminismo. Ambas valorizavam a razão e a experiência humana como fontes de conhecimento, adequando suas pautas aos ideais antropocêntricos.

Assim, a partir da sistematização do antropocentrismo, a sociedade ocidental passou a se organizar de modo a objetivar o progresso humano, o desenvolvimento tecnológico e a exploração dos recursos naturais para benefício da humanidade e do seu avanço.

Nesse contexto, a subordinação a uma ordem divina foi abdicada, ao passo que outras fontes de verdade, que não aquelas dispostas nas liturgias religiosas, passaram a ser consideradas legítimas.

Ainda que a fé continuasse como parte constitutiva da realidade da época, não sendo deixada de lado, o antropocentrismo possibilitou que a realidade também fosse confrontada com a racionalização.

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Diferença entre teocentrismo e antropocentrismo

Tanto o antropocentrismo quanto o teocentrismo desempenharam papeis fundamentais na formação do pensamento ocidental ao longo dos séculos, mas diferem-se essencialmente em seu ponto de partida para interpretar a realidade.

No teocentrismo, Deus é o centro absoluto e ocupa uma posição de superioridade hierárquica em relação a todas as outras coisas no universo, sendo a divindade a única fonte legítima para explicar o mundo natural e a vida humana. Essa visão teocêntrica foi amplamente promovida pela Igreja Católica durante a Idade Média, reforçando sua autoridade e influência sobre a sociedade.

Com o surgimento do antropocentrismo, porém, a centralidade foi transferida do divino para o ser humano, destacando a racionalidade e a experimentação científica como as principais formas de interpretar a realidade.

Aspectos Teocentrismo Antropocentrismo
Conceito Visão de mundo que coloca Deus como o centro de tudo, sendo a divindade a fonte de explicação do universo e da vida humana. Perspectiva filosófica que coloca o ser humano como o centro do universo, explicando a realidade a partir da racionalidade e da experiência humana.
Período Predominou durante a Idade Média (séculos V-XV). Surgiu no Renascimento (séculos XV-XVI), com forte influência nas eras subsequentes.
Fundamentos Explicação dos fenômenos a partir da fé e das escrituras sagradas. Busca pela explicação científica, racional e metodológica dos fenômenos.
Figura central Deus e as divindades. O ser humano, com ênfase em sua capacidade de raciocínio.
Relação com a ciência A ciência subordinada à teologia e aos dogmas religiosos. A ciência desvinculada da religião, centrada na observação, experimentação e raciocínio lógico.
Expoentes Santo Agostinho (354-430), Tomás de Aquino (1225-1274). Leonardo da Vinci (1452-1519), Nicolau Copérnico (1473-1543), René Descartes (1596-1650).



O filósofo alemão Ludwig Feuerbach (1804 - 1872), em sua crítica às religiões e ao teocentrismo, sugeria que ambos os paradigmas não seriam necessariamente opostos, mas sim duas faces de uma mesma moeda.

Para ele, as religiões teriam sido criadas para atender às necessidades humanas, funcionando como uma projeção dos anseios e fragilidades do ser humano.

Nesse sentido, mesmo o teocentrismo, que colocava Deus no centro, serviria indiretamente ao homem oferecendo consolo e explicações que ajudassem a minimizar suas angústias existenciais.

Contudo, a maioria dos estudiosos e a visão comum tendem a interpretar o antropocentrismo e o teocentrismo como entendimentos contrastantes, alicerçados nas diferenças evidenciadas na tabela acima.

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Resumo do Antropocentrismo em 10 tópicos

Para sistematizarmos o conhecimento, vamos compreender o que é o antropocentrismo por meio de um resumo do que apresentamos até aqui.

Dizemos, assim, que o antropocentrismo refere-se à uma visão e a um conjunto de ideias que tem o ser humano como seu referencial de compreensão de mundo.

É uma das principais críticas ao teocentrismo, tendo como objetivo a observação das relações humanas, sociais e naturais a partir da racionalidade, da cientificidade e da experimentação.

Ao promover essa ruptura com a perspectiva teocêntrica, o antropocentrismo se tornou um pilar fundamental do pensamento moderno, moldando disciplinas como a ciência, a política, a filosofia e a ética.

Antropo (homem) + centrismo (centro).

Assim:

  1. É estruturado em meio à queda da Idade Média, do sistema feudal e da crise do teocentrismo (séculos XV e XVI);
  2. Faz parte do humanismo renascentista e tem na figura de Nicolau Copérnico um de seus marcos criadores;
  3. Prioriza o ser humano como figura central;
  4. Distancia-se da visão de mundo subordinada às vontades de uma divindade e das escrituras religiosas (teocentrismo);
  5. Difunde o pensamento científico, tecnicista e metodológico;
  6. Propõe uma perspectiva na qual o ser humano é o ponto central.
  7. Marca o início da Idade Moderna e também do sistema econômico mercantil (capitalista).
  8. Impactou as artes e as culturas, refletindo em uma produção artística que se preocupava com a representação do corpo humano, das perspectivas geométricas e do indivíduo como centro das obras.
  9. Influenciou um novo olhar para a ética e a moral, assim como a filosofia moderna, afastando esses conceitos dos preceitos religiosos de bom e ruim, bem e mal.
  10. Foi abordado por diversas áreas para além da filosofia, utilizado, inclusive, como discurso de justificação para a exploração dos recursos naturais e do meio ambiente.

Dicionário Michaelis



antropocentrismo

an·tro·po·cen·tris·mo

sm


Filos, Rel Sistema filosófico ou crença religiosa que considera o homem como o fato central ou mais significativo do Universo ou, ainda, como objetivo último de toda a realidade.




Qual a principal ideia do antropocentrismo?

A principal ideia do antropocentrismo é a valorização do ser humano como o centro de todas as coisas.

O homem deixa de ser um espectador passivo dos desígnios divinos, tornando-se um agente ativo da busca pelo conhecimento e da transformação da realidade.

Para isso, utiliza a inteligência e a razão, desenvolvendo condições ideias para que as diversas hipóteses acerca do que ocorre à nossa volta sejam empiricamente testadas e validadas.

Além disso, estabelece uma crítica robusta ao teocentrismo e aos ideais da Igreja Católica, assim como é um dos grandes marcos da filosofia moderna, das ciências, artes, cultura, entre outros campos.

Qual é a visão antropocêntrica?

A visão antropocêntrica é fundamentada na crença de que o ser humano ocupa uma posição privilegiada no universo, dotado de inteligência e racionalidade para moldar e transformar seu ambiente.

Nessa perspectiva, a humanidade não é mais subjugada por forças místicas ou divinas, mas, sim, torna-se o centro da reflexão filosófica, científica e moral.

Críticas modernas e as controvérsias do antropocentrismo

Ainda que o modelo antropocêntrico tenha guiado significativamente a filosofia ocidental, a necessidade de uma nova relação entre a humanidade e a natureza, na qual não há mais a sobreposição da primeira à segunda, propicia o debate acerca da sua falibilidade.

Na prática, o crescimento da consciência ecológica moderna, as urgências climáticas constantes e as questões ambientais refletem também na reavaliação das bases antropocêntricas e na proposição de outros paradigmas, tais quais o biocentrismo - uma visão mais holística e inclusiva, que reconhece a importância de todos os seres vivos e da natureza como um todo.

O biocentrismo questiona a centralidade do ser humano e defende que a natureza e o meio ambiente possuam acesso à dignidade e proteção, sendo sujeitos de direitos em sua própria essência.

Tal mudança de referencial é exemplificada, por exemplo, na Constituição do Equador de 2008 - a primeira do mundo a reconhecer a natureza como sujeito de direitos, equiparando-a à dignidade humana.

esquema que explica a lógica antropocêntrica e biocêntrica.
Na dinâmica estabelecida à esquerda (antropocêntrica), o ser humano encontra-se em posição de superioridade em relação aos demais elementos; já no biocentrismo, há uma proposta para que todos os seres da natureza/meio ambiente coexistam em harmonia e com iguais direitos.


Além disso, as críticas contemporâneas ao antropocentrismo não se limitam apenas à sua visão restrita sobre a natureza, como também apontam para a sua origem e implicações sociais.

Em muitos de seus desdobramentos, o antropocentrismo é frequentemente associado a uma perspectiva eurocêntrica, que privilegia a experiência e a visão de mundo do "homem europeu", deslegitimando outras culturas, etnias, gêneros e formas de vida.

Por isso, as perspectivas que têm emergido nos últimos anos representam um convite à construção de novos modelos e conceitos que priorizam a sustentabilidade, a justiça social e o respeito mútuo.

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Referências:

DAITX, Vanessa Vitcoski. O ensino de ciências e a visão antropocêntrica. 2010. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Biológicas) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Instituto de Biociências, Comissão de Graduação do Curso de Ciências Biológicas, Porto Alegre, 2010. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/35277#:~:text=O%20antropocentrismo%20consiste%20na%20vis%C3%A3o,n%C3%A3o%20sustent%C3%A1vel%20dos%20recursos%20naturais Acesso em: 20 out. 2024.







O que é o estoicismo? Entenda os pilares, conceitos e significados
Tainá Voltas
O que é o estoicismo? Entenda os pilares, conceitos e significados
Criado há mais de 2000 anos, o estoicismo encontra adeptos ainda hoje. Entenda mais sobre a corrente filosófica marcada pela resiliência ao inevitável

Como reagir à imprevisibilidade da vida e qual o seu sentido? Essas são as principais questões do estoicismo, uma escola filosófica potente na Grécia Antiga, mas que ainda hoje produz efeitos significativos ao incentivar reflexões acerca da felicidade, desapego e apatia.

Neste texto você viajará rumo ao período helenístico, nos séculos IV, III e II a.C, para conhecer a importante filosofia estoica e o seu significado. Faremos isso a partir do seguinte roteiro:

  • O que é o Estoicismo
  • Os Pilares do Estoicismo
  • Estoicismo vs. Cinismo: Diferenças Essenciais
  • Os Principais Filósofos Estoicos: Sêneca, Epicteto e Marco Aurélio


Pintura de Epicteto, um dos expoentes filósofos do estoicismo.
Ao lado de Marco Aurélio e Sêneca, Epicteto foi um dos expoentes filósofos estoicos (Fonte: Domínio Público)


Entenda o que é Filosofia, como surgiu, área de estudo,principais pensadores e melhores cursos para estudar online neste artigo!

O que é o Estoicismo?

A observação da vida e a busca pela explicação de seus fenômenos é um traço comum na história da Filosofia Ocidental, independentemente da sua escola. Cada uma delas se empenhou para explicar essa equação (e ainda o faz) por meio de argumentos complexos e bastante aprofundados.

No estoicismo não foi diferente. A doutrina filosófica, fundada durante o período helenístico, sobretudo nas leis da natureza, se debruçava sobre a compreensão do sentido da vida, tendo a lógica e a razão como aliadas para esse processo.

De forma geral, a abordagem estoica tinha a felicidade com um fim último e acreditava alcançá-la através da aceitação da inevitabilidade da vida e do cultivo de uma resiliência emocional diante das adversidades e do que era imprevisível.

Ou seja, para o estoicismo a felicidade poderia ser palpável a partir do momento em que as emoções eram racionalizadas, os episódios da vida eram entendidos como pertencentes a uma teia natural e inevitável de causas e efeitos, e os esforços/desejos de mudança humanos eram direcionados para as coisas passíveis de serem controladas e não para aquelas alheias à nossa vontade, tal qual a morte.

Por esse motivo, a felicidade estoica figura como um dos temas mais difundidos e importantes da filosofia. Mas como essa escola foi idealizada?

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De que forma o Estoicismo começou?

Zenão de Cítio (333 a.C - 263 a.C), seu precursor, foi influenciado pela Escola de Cínica, a qual defendia o desapego aos bens materiais e deu origem à expressão cinismo*, a estruturar uma corrente de pensamento alicerçada na ideia de uma vida simples, distante dos vícios e medos e mais próxima da virtude.

* A ideia de cinismo associado à falsidade trata-se de uma perspectiva contemporânea acerca do tema, afastada da sua concepção original. Na Grécia Antiga, o cinismo descrevia, na verdade, o movimento dos “filósofos do desapego”, ou seja, aqueles não aficionados com a matéria/bens.

Para isso, praticava o ensino por meio de uma lógica cosmopolita - realizada em um ambiente aberto chamado "stoá", que traduzido dá conta de algo como Pórtico (uma ágora utilizada para difundir os pensamentos filosóficos da época e para propiciar discussões intelectuais sobre os mais variados temas).

Ágoras, espaços nos quais os filósofos estoicos disseminavam suas ideias. Estrutura arquitetônica romana.
O Stoá Poikilé, ou Pórtico Pintado, era o espaço destinado à transmissão das reflexões estoicas, em uma estrutura de pensamento livre e dinâmico (Designed by Freepik)



É dessa tradição, praticada por Zenão e outros filósofos, que a palavra estoicismo toma forma e que a doutrina, criada inicialmente na Grécia Antiga, se populariza para outras regiões, tal qual Roma, sendo, inclusive, uma das bases do cristianismo

A partir disso, a filosofia estoica foi abraçada por grandes nomes, como Marco Aurélio, Epicteto e Sêneca, expandindo seu significado conforme as especificidades de cada tempo.

Na era moderna, por exemplo, Foucault usou o pensamento estoico para destacar a relevância do desenvolvimento de uma escuta bem conduzida¹.

"Aprender a Viver: Como a Sabedoria Pode ser o Caminho para uma Vida Melhor"

Um convite às descobertas do pensamento de expoentes que moldaram a filosofia, desde Platão, Sêneca, Aristóteles e Tomás de Aquino, a Descartes, Espinosa, Nietzsche


Características do estoicismo

Em resumo, o estoicismo acredita que o ser humano faz parte e é habitado pela natureza (physis - Φύσις, em grego), de modo que acompanhá-la é, de igual modo, agir segundo nosso próprio ser (GAZOLLA, 2006).

Por esse motivo, a perfeição e virtuosidade está na compreensão de uma ligação intrínseca entre homem e natureza, que orienta a busca pela felicidade a partir da negativa aos desejos e do estabelecimento de uma razão em conformidade com as leis naturais do universo.

De acordo com a escola, o ser humano é a própria natureza, afastando-se dela quando atormentado pelas paixões:

(...) se a natureza é dita perfeita, se é divina, se todos os seres são excelentes por ela e nela, e seu modo de mover-se é eterno, o reverso é perguntar sobre as perturbações da perfeição e como são possíveis. Ora, as perturbações do mover-se perfeito têm nome na Stoa: são as paixões pleonásticas ou exacerbadas (GAZOLLA, 2006, p. 189).


Assim, para entender o que é o estoicismo, basta que compreendamos também a sua perspectiva ética baseada na ataraxia (ou indiferença/apatia) como forma de driblar a tendência humanoide ao afastamento da physis (natureza).

Para seus pensadores, a vida era determinada inafastavelmente por uma força cósmica equilibrada e harmoniosa, sobre a qual a virtude se estabeleceria em uma existência experienciada conforme desígnios da physis.

Desse modo, deveriam ser evitados os desejos vazios, os excessos, as paixões perturbadoras e as coisas supérfluas, à medida que a razão e a lógica seriam privilegiadas.

Na filosofia estoica, então, agir virtuosamente seria reconhecer o potencial do ciclo cósmico infindável, aceitando as mudanças sobre as quais não se teria controle, posicionando-se com resiliência frente à elas, e dedicando-se a alterar somente aquilo que fosse possível, como, por exemplo, as reações ao “não programável”.

Por essa razão, a máxima estoica é descrita como “a vida deve seguir a natureza", tese de autoria de Zenão.

Leis da Natureza Imutáveis O agir estoico
Morte Priorizar a qualidade de vida
Mudanças Aceitar a impermanência
Sofrimento Cultivar resiliência emocional
Incerteza Focar no controle sobre as próprias reações
Limitações humanas Buscar autoconhecimento e desenvolvimento pessoal
Destino Agir com virtude, aceitando o que não se pode mudar
Ciclo da vida Viver no presente. Valorizar cada momento


O estoicismo, estruturado há mais de 2 mil anos, continua reverberando suas reflexões e conquistando adeptos ao longo da história

Nos tempos contemporâneos, marcados pelos excessos (de informação, produção, consumo, acúmulo, entre outros), oferece respostas apaziguadoras para o ambiente caótico, pressionado cada vez mais pelo ritmo acelerado das transformações digitais.

Leia também:

“Por que estamos tão esgotados? Como a filosofia de Byung-Chul Han (Sociedade do Cansaço) nos oferece uma resposta!”


Assim, podemos definir o estoicismo como uma escola filosófica que procura dar respostas à inquietação humana, propondo um modo de vida sereno e guiado pela racionalização.

Trata-se de um exercício para privilegiar a razão como ferramenta para lidar com as emoções, afastando os vícios e cultivando as virtudes.

Mauricio Marsola , professor de história e filosofia da Unifesp, contribui para a acepção do conceito, em um material produzido pela Casa do Saber:

“Para o estoicismo o mundo é um grande sistema composto de relações causais necessárias. É uma racionalidade plena, na qual todas as coisas concorrem para uma harmonia maior. A isso os estoicos chamam de logos (o que também pode ser compreendido como physis, ou Deus). Cabe a nós criarmos uma harmonia em nossa alma que reproduza a harmonia do cosmos”

Assista na íntegra:



Os componentes e os pilares do estoicismo

Como vimos, o estoicismo propõe uma lógica de pensamento realista, que não idealiza o mundo, mas sim o aceita tal como é.

Nesse contexto, a apatheia (indiferença às emoções perturbadoras da paixão) é compreendida como um pré-requisito para um estado de paz interior, conhecido como ataraxia.

Componentes do estoicismo

Para concretizar a sua doutrina e tornar o objetivo acima factível, o estoicismo sugere ainda um sistema para pensar a filosofia, metaforicamente, como um organismo vivo, interconectado e interdependente, assim como formado por três componentes:

"Os antigos estóicos, como se sabe, criam um interessante sistema para pensar a Filosofia no qual todas as partes, absolutamente interligadas, são metaforicamente expostas como se fosse um organismo. Uma das metáforas é a de que os ossos e nervos seriam a Lógica, a carne seria a Ética e a alma, a Física" (GAZOLLA, 2006, p. 185)


Pilares do estoicismo

Além disso, a sabedoria estoica se traduz no exercício de um trabalho de consciência interior, que leva em consideração os campos que podem ser realmente modificados pelo ser humano.

Nesse sentido, surgem as virtudes cardeais, também enquadradas como os 4 pilares ou modos de atuação do estoicismo, quais sejam:

  1. Sabedoria: entender as dinâmicas do mundo de uma maneira lógica e calma, com discernimento sobre o que é realmente importante. Fazemos isso por meio da meditação, da leitura de textos filosóficos, do ensino, e através das nossas experiências.

  2. Justiça: agir com equidade e sem impulsividade, considerando as consequências das ações em relação ao próximo.

  3. Coragem: ter o conhecimento do que deve ser temido e o que deve ser suportado, sendo uma ferramenta incrível para o enfrentamento das adversidades com bravura.

  4. Moderação (ou Temperança): equilibrar os desejos, minimizar os vícios e experimentar as virtudes. Trata-se de evitar os excessos e buscar constantemente a harmonia.


Para o estoicismo, esses 4 pilares, que se complementam e se retroalimentam, performam a base da virtuosidade plena.




Estoicismo vs. Cinismo: Diferenças Essenciais

As duas correntes emergiram na Grécia Antiga, compondo as chamadas filosofias helenísticas - as quais são caracterizadas por se preocuparem com a ética, felicidade e bem-viver.

Porém, embora se entrelacem e se aproximem em uma ideia central (busca por uma harmonia com a natureza), tais escolas possuem diferenças significativas, sobretudo quanto à radicalidade das suas percepções.

Enquanto o cinismo enfatiza o desapego e a rejeição total das convenções sociais, o estoicismo busca uma aceitação ativa da realidade, propondo a virtude como um caminho para a felicidade.

Estoicismo Cinismo
Principais Expoentes Sêneca, Epicteto, Marco Aurélio. Diógenes de Sinop, Crates de Tebas.
Visão de Mundo Harmonia entre homem e universo. Rejeição das normas e convenções sociais
Relação com a Virtude Aceitação e racionalidade. Desprezo pelas convenções e comodidades.
Conceito de Felicidade Alcançada por meio da aceitação do inevitável e da busca pela mudança daquilo que pode ser controlado. Encontrada na harmonia com a natureza.
Autonomia Aceitação do que não se pode controlar. Autarquia e controle sobre a própria vida.


Os Principais Filósofos Estoicos

1) Sêneca

Nascido em 4 a.C, Sêneca foi um dos mais influentes filósofos e o principal expoente do estoicismo no Império Romano.

Faleceu em Roma, no ano 65 d.c, acusado de conspiração contra o imperador Nero, mesmo que tivesse sido seu preceptor anteriormente. O episódio é narrado no quadro “A Morte de Sêneca”, de Jacques-Louis David (1748–1825).

Pintura a morte de Sêneca
La morte di Seneca, olio su tela, Musée du Petit-Palais, Parigi, de Jacques-Louis David (1748–1825) (Fonte: Domínio Público). Acusado, junto a Pisão, de conspiração para o assassinato planejado de Nero, Sêneca foi obrigado a tirar a própria vida. Não houve qualquer tipo de julgamento. O quadro retrata o momento em que o filósofo cumpre seu destino na presença de amigos.



Entrou para a história não só como um exímio filósofo, como também um humanista dedicado, além de excelente orador, escritor, advogado e político.

Enfatizava a importância da razão e do autoconhecimento, acreditando ser a reflexão sobre a vida o caminho para a verdadeira felicidade.

Além disso, como diferencial, preocupou-se e se indispôs contra as desigualdades entre os homens, sendo avesso à escravidão e à distinção social.

Tem como umas de suas principais obras a "Sobre a brevidade da vida", um ensaio moral dedicado a seu amigo Paulino, pelo qual o autor discrimina vários princípios estoicos - entre eles a natureza do tempo e o tempo gasto na perseguição de objetivos sem valor.

"Nós sofremos mais na imaginação do que na realidade." - Sêneca
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2) Epicteto

Epicteto (55 d.C - 135 d.C), é um dos mais respeitados filósofos estoicos da Antiguidade e, ao lado de Sêneca e Marco Aurélio, faz parte da terceira fase estoica, chamada de “Novos Estoicos”*.

Escravo por muito tempo em Roma, após ser libertado dedicou sua vida à filosofia e aos ensinamentos sobre a verdadeira liberdade. Para ele, ser livre não dependia da posição social, mas da capacidade de controlar as próprias reações diante dos eventos da vida.

Na sua perspectiva, a essência do estoicismo estava na separação clara entre o que está sob o controle humano (ações, pensamentos e atitudes) e o que não está (as circunstâncias externas).

Seu ensinamento foi registrado principalmente no texto Manual e em alguns discursos assinados por seu discípulo Flávio Arriano, tendo em vista que ele próprio, assim como Sócrates, não deixou nada escrito.

Em tais obras o filósofo explora a importância da aceitação das adversidades com serenidade, refletindo em uma postura prática para enfrentar os desafios cotidianos.

Depois de exilado pelo imperador Domiciano, junto com outros filósofos romanos, decidiu abrir a própria escola, em Nicópolis, local onde faleceu anos mais tarde.

*

  • A primeira fase do estoicismo é representada Zenão de Cítio, Cleantes de Asso e Crisipo de Solunte (ou de Sole);
  • A segunda fase, ou médio estoicismo, é caracterizada pelos nomes de Panécio de Rodes e Posidônio.


“A felicidade e a liberdade começam com a clara compreensão de um princípio: algumas coisas estão sob nosso controle, outras não” - Epicteto



3) Marco Aurélio

Marco Aurélio (121 d.C.a 180 d.C.) foi um dos mais célebres imperadores romanos, responsável pela autoria de uma obra bastante aclamada no estoicismo: o livro Meditações, um conjunto de reflexões pessoais que escreveu ao longo de sua vida.

Como líder do maior império da época, enfrentou inúmeras adversidades, tanto políticas quanto militares, o que o orientou ao estoicismo como ferramenta para contornar os desafios

Por esse motivo, ficou conhecido como o “monarca-filósofo”, cujo traço proeminente era valorizar os prazeres da alma e face daqueles do mundo material. Para ele, a vida se apresentava como uma oportunidade para agir de forma ética e virtuosa, independentemente das circunstâncias externas.

Embora fosse o homem mais poderoso de seu tempo, defendia uma visão mais humilde da existência, com a crença de que tudo na vida, inclusive a morte, deveria ser aceito com serenidade, uma vez que faria parte da ordem natural do universo.

"A felicidade da vida depende da qualidade de nossos pensamentos." - Marco Aurélio



Conheça também o que pensava Santo Agostinho, um dos mais importantes nomes da história da filosofia e teologia

Os três pensadores foram essenciais para o desenvolvimento e disseminação do estoicismo e também para a filosofia Ocidental, influenciando a observação do mundo e da vida ainda hoje.






Referências:

¹SANTOS, Kleys Jesuvina dos. A influência do estoicismo na filosofia de Foucault. Kinesis, Marília, v. 11, n. 28. 2019. Disponível em: https://revistas.marilia.unesp.br/index.php/kinesis/article/view/9140. Acesso em: 25 set. 2024.


GAZOLLA, Rachel. Representação compreensiva: critério de verdade e virtude no Estoicismo Antigo. Revista da Sociedade Brasileira de Estudos Clássicos, v. 19, n. 2, 2006. Disponível em: https://www-periodicos-capes-gov-br.ez40.periodicos.capes.gov.br/index.php/acervo/buscador.html?task=detalhes&source=&id=W1511359753. Acesso em: 25 set. 2024.







Artes, Literatura e História
Impressionismo: Obras, Características, Claude Monet, Pinturas
Xavana Celesnah
Impressionismo: Obras, Características, Claude Monet, Pinturas
Impressionismo: Movimento artístico, obras de Monet, Degas, Renoir, estilo impressionista, pinceladas rápidas e captura de momentos

Impressionismo: O que é, Características, Principais Artistas

O impressionismo foi um divisor de águas na arte do mundo ocidental do final do século XIX. Os artistas que criaram esse movimento na França estavam insatisfeitos com as limitações impostas pela academia, que definia quais deveriam ser os temas das obras de arte, bem como as cores utilizadas e a técnica aplicada. Até mesmo o local onde os artistas produziriam suas telas era imposto: tinha que ser no atelier.

Os impressionistas bateram de frente com esses “dogmas” acadêmicos e foram em busca da liberdade criativa. Nomes como Claude Monet e Pierre-Auguste Renoir estudaram a fundo as cores e a luminosidade, percebendo que os contornos nítidos das pinturas feitas até ali não condiziam com a realidade. Assim, criaram pinturas com pinceladas mais soltas, abandonando a nitidez e criando efeitos visuais inovadores a partir da indefinição dos contornos e do uso de cores variadas, inclusive nas sombras. Inicialmente, o movimento foi depreciado pela crítica, mas logo as pessoas passariam a compreender a proposta impressionista que marcou um ponto de virada na História da Arte.

Como surgiu a Pintura Impressionista?

O impressionismo nasceu na segunda metade do século XIX, na França. O contexto histórico da época foi marcado pelas consequências da Revolução Francesa do final do século XVIII, que tinha promovido uma verdadeira ruptura com a tradição. A quebra de paradigmas sociais abriu espaço para os artistas questionarem também os preceitos das Escolas de Belas Artes.

A primeira metade do século havia sido marcada pela volta ao clássico, com o neoclassicismo. Esse movimento iria conviver com o romantismo, expressão artística que, dentre outras características, se voltou bastante para a natureza, com o desenvolvimento de muitas pinturas de paisagens. É nesse cenário que surge o impressionismo.

Os artistas não estavam mais interessados em pintar temas históricos ou mitológicos. Agora, havia um interesse maior pelas cenas do cotidiano, que não estavam entre os grandes temas acadêmicos. Aliás, chocar a burguesia a partir da escolha de novos temas e do uso de técnicas diferenciadas acabou virando uma espécie de desejo dos jovens artistas da época, que se consideravam uma espécie de classe à parte da sociedade.

É nesse momento que entra em jogo a representação da realidade e os artistas do impressionismo ousaram ao inventar novas soluções criativas que desafiavam as convenções artísticas da época. O maior interesse da pintura impressionista era capturar a luz e o movimento, da maneira como os vemos, com toda a sua fugacidade. Assim, os artistas passaram a pintar ao ar livre e criaram novas imagens, voltadas para temas do cotidiano, onde realizavam seus estudos de cor, luz e movimento. Com suas pinturas, questionam os contornos bem delineados da pintura feita nos ateliês, pois percebem que na natureza, ao ser observada ao ar livre, não existiam essas linhas tão definidas.

As pinceladas desmembradas, a mistura de cores vibrantes e as novas concepções a respeito da representação do mundo fizeram com que o impressionismo influenciasse todas as futuras expressões da arte moderna. A ideia era confiar nos próprios olhos e não mais seguir as receitas prontas dadas pela academia sobre o que é a arte.

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A primeira exposição Impressionista

A Academia de Belas Artes, que organizava a curadoria do tradicional Salão Oficial de Paris, no ano de 1874, recusou obras de diversos artistas. Foi assim que aconteceu o Salão dos Recusados. No dia 15 de abril deste mesmo ano, cerca de 30 artistas que não haviam sido selecionados para a mostra oficial, dentre eles Claude Monet, Edgar Degas, Pierre-Auguste Renoir, Édouard Manet, Berthe Morisot e Paul Cézanne resolvem expor no atelier do fotógrafo Félix Nadar.

É quando Monet expõe o seu quadro Impressão: Nascer do Sol que causa bastante polêmica. Era uma pintura rápida, quase um esboço, cujo objetivo era captar as impressões daquele momento. Tornou-se a pintura mais marcante do impressionismo e foi justamente a ela que um crítico de arte se referiu ao desqualificar as obras da exposição. No livro A História da Arte, do historiador Ernst Gombrich, uma crítica ao movimento foi transcrita:

“A Rua Le Peletier é uma sucessão de desastres. Após o incêndio na Ópera, temos agora uma outra catástrofe. Acaba de ser lançada uma exposição na Durand-Ruel que supostamente contém pinturas.

Entro, e meus olhos horrorizados são assombrados por uma visão terrível. Cinco ou seis lunáticos, entre eles uma mulher, reuniram-se para expor suas obras. Vi gente chorando de rir diante das telas, mas meu coração verteu sangue quando as vi. Esses pretensos artistas autointitulam-se revolucionários, “impressionistas”. Pegam um pedaço de tela, tinta e pincel, besutam-na com manchas aleatórias e assinam seu nome. É uma ilusão como se internos de um hospício pegassem algumas pedras na rua e julgassem ter encontrado diamantes.”

(Nota publicada em uma revista humorística semanal em 1876)

Quadro 'Impressão: Sol Nascente' de Claude Monet, pintado em 1872. Retrata uma cena ao amanhecer, com sol laranja brilhante refletindo na água, cercado por barcos e uma névoa suave, utilizando pinceladas soltas e cores vibrantes.
Impressão: Sol Nascente, Claude Monet. 1872. Óleo sobre tela, 48X63 cm. Museu Marmottan, Paris.


Apesar da crítica pejorativa, os artistas acabam adotando o termo para se autodenominarem. E assim como aconteceu com outros movimentos, como o cubismo e o barroco, o impressionismo foi batizado a partir de um comentário negativo.

A pintura impressionista estava interessada no instante, no momento imediato que pode ser captado pelo olhar sensível. Os artistas deste movimento tinham uma percepção fenomenológica da realidade, eles não estavam preocupados com o que pensamos ser a realidade, mas sim em como ela aparece diante dos nossos olhos.

Por isso, eles são considerados revolucionários na arte. Foram os primeiros a perceber a mistura das cores na natureza e a pintá-las. A questão do movimento também foi essencial para os pintores. Eles mostraram o movimento a partir de uma nova perspectiva: focavam em um único acontecimento da cena e o restante aparecia de forma desfocada, como um amontoado de formas indefinidas. Isso tudo demonstra o interesse desses artistas pelo estudo de óptica. Possivelmente, o surgimento da fotografia no início do século XIX contribuiu para as novas concepções desses artistas a respeito da captação da realidade a partir dos nossos olhos.

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Quais são as características do Impressionismo?

O movimento impressionista ficou marcado por suas inovações técnicas e ideológicas. Os artistas do movimento se inspiraram em cenas do dia a dia, observando paisagens, pessoas e atividades sociais, como danças e festividades.

Ao invés de produzir imagens que traziam os tradicionais temas históricos ou mitológicos, as obras impressionistas mostravam momentos efêmeros, como encontros de pessoas em tardes ensolaradas. Dentre as principais características do movimento, destacam-se:

  • A inovação nas pinceladas: os artistas pintam de uma forma diferente, fazendo pinceladas mais curtas e livres na tela. Assim, criam uma sensação de movimento e uma maior dinâmica de cores, que deixam de ser estáticas e frias.
  • Abandono dos Contornos Nítidos: os contornos das obras impressionistas são propositalmente indefinidos, sugerindo as formas, em vez de criar delineados.
  • Uso de cores vibrantes: as cores dos impressionistas se misturam e são aplicadas muitas vezes diretamente na tela. Isso porque os artistas pintavam o efêmero e não tinham mais tempo para realizar uma minuciosa mistura de cores. A ideia agora era captar o instante.
  • Pintura ao ar livre: influenciados por Monet, que era um grande defensor da pintura ao ar livre, os impressionistas saem dos ateliês para observarem as cenas in loco.
  • Estudo da luz: a luz natural estava entre os temas centrais para os impressionistas. Em todas as composições, o elemento da luminosidade era central. A partir do estudo da luz, os artistas criaram obras com uma nova percepção das cores. Isso se refletiria, inclusive, nas sombras que ganharam nuances e deixaram de ser um reflexo amorfo e uniforme.
  • Momentos Efêmeros: o artista agora estava pela primeira vez tendo a liberdade de escolher os seus temas. Não precisava mais fazer uma pintura oficial. Dessa maneira, tudo poderia ser fonte de inspiração, como o nascer do sol ou um passeio de barco.
  • Representação do Movimento: no impressionismo, o movimento ganha um novo brilho. As cenas não parecem estáticas, pois com o uso das novas técnicas, os artistas conseguem capturar o instante de uma maneira mais dinâmica.

Principais Artistas do Impressionismo

Aqui está uma pequena tabela com os principais pintores do movimento impressionista.

Pintores Impressionistas Características Principais Obras
Claude Monet Foi o primeiro grande nome da pintura impressionista. A partir do quadro dele intitulado Impressão: Nascer do Sol, o movimento foi nomeado. Teve influência da arte japonesa e chegou a cultivar um jardim aquático japonês. - Impressão: Nascer do Sol (1872)

- Mulher com sombrinha (1875)
Pierre-Auguste Renoir Conhecido pelo seu estudo da luz, o pintor ficou famoso por pintar pessoas banhadas em uma luminosidade vibrante, preferencialmente em cenas ao ar livre. - O Baile no Moulin de la Galette (1876)

- O Almoço dos Barqueiros (1881)
Edgar Degas Consagrado por suas pinturas de balé clássico, Degas costumava frequentar os teatros para criar suas composições. - Sala de Ensaio do Balé no Teatro da Ópera (1872)

- Bailarinas no Palco (1879)
Edouard Manet Trouxe cenas do cotidiano para a pintura, abordando a nudez de forma crua e não idealizada. Trabalha muito bem o jogo de luz e sombras. - O Almoço na Relva (1863)

- Claude Monet pintando no seu barco-ateliê (1874)
Camille Pissarro Destaca-se pela captura da vida cotidiana e das paisagens, utilizando uma técnica de pinceladas rápidas e uma paleta rica em luz, que transmite os efeitos das mudanças sazonais e da luz natural. - O Boulevard Montmartre em uma Manhã de Inverno (1897)

- Praça do Teatro Francês (1898)
Berthe Morisot Uma das poucas mulheres do movimento, suas obras exploram a vida privada das mulheres, além de uma abordagem intimista e emocional que captura momentos efêmeros do cotidiano. - O Berço (1872)

- Mulher Jovem Tricotando (1885)


Principais Obras Representativas do Impressionismo

Confira a seguir algumas das principais obras impressionistas, além da já citada Impressão: Nascer do Sol, de Monet.

Mulher com Sombrinha (1875) | Claude Monet

Uma mulher elegante, vestida com um vestido claro é vista ao lado de um menino enquanto segura uma sombrinha em um dia ensolarado. Ela está em um campo florido, cercada por uma paisagem verdejante. A luz suave e difusa cria sombras delicadas e destaca os detalhes do vestido, transmitindo uma sensação de movimento e leveza, típica da estética impressionista.
Mulher com Sombrinha, Claude Monet. 1875. Óleo sobre Tela, 100 x 81cm. National Gallery of Art em Washington, Estados Unidos.


O Almoço dos Remadores (1880) | Pierre-Auguste Renoir

Um grupo de pessoas realiza uma celebração da vida social e o pintor capta a alegria e a luz do verão. As figuras estão em poses descontraídas, conversando e rindo, enquanto bebidas e pratos estão sobre a mesa.
O Almoço dos Remadores, Auguste Renoir, 1880. Óleo sobre tela, 130x173cm. The Phillips Collection, Washington, EUA.


Bailarina Balançando (1879) | Edgar Degas

Retrata uma cena das bailarinas dançando durante um espetáculo, destacando o movimento e o figurino.
Bailarina balançando (bailarina verde), Edgar Degas, 1879. Pastel e guache sobre papel, 64x36cm. Museu Nacional Thyssen-Bornemisza, Madrid.


Boulevard Montmartre, Manhã, Tempo Nublado (1897) | Camille Pissarro

Uma cena urbana retrata o Boulevard Montmartre em um dia nublado, com pessoas caminhando nas calçadas e carruagens na rua. Edifícios históricos cercam a área, e a paleta de cores suaves, com tons de cinza e marrom, reflete a atmosfera melancólica do clima. Pissarro utiliza pinceladas soltas para capturar a vida cotidiana e a luz difusa, criando uma sensação de movimento e dinamismo na cena.
Boulevard Montmartre, Manhã, Tempo Nublado, Camille Pissarro, 1897. Óleo sobre tela, 73 x 92 cm. National Gallery of Victoria, NGV. Melbourne , Victoria , Austrália.



O Berço (1872) | Berthe Morisot

Um delicado retrato da maternidade, com uma mulher diante do berço observando um bebê, refletindo um momento cotidiano da vida feminina.
O Berço, Camille Pissarro, 1872. Óleo sobre tela, 46 x 56 cm. Museu de Orsay, Paris, França.


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Impacto e Legado do Impressionismo

O movimento impressionista revolucionou a arte do final do século XIX, abrindo espaço para uma nova forma de ver e representar o mundo. O pintor Claude Monet, que foi um dos pioneiros do movimento, mostrou a importância da captura da luz in loco. Além disso, a abordagem inovadora da pintura impressionista teve influência das gravuras japonesas. Foi dessa arte oriental que os artistas beberam para elaborar composições sem uma perspectiva central e com enquadramentos diferentes do habitual. Inclusive, o próprio Monet cultivava um jardim aquático de inspiração japonesa, de onde tirou a inspiração para pintar a série de quadros da sua ponte japonesa.

Quadro 'Ponte sobre um lago de nenúfares' de Claude Monet, pintado em 1899. A obra apresenta uma ponte curva sobre um lago repleto de nenúfares, com reflexos vibrantes na água e uma rica paleta de verdes.
Ponte sobre um lago de nenúfares, 1899, Claude Monet. 1872. Óleo sobre tela, 92,7 x 73,7 cm. Coleção HO Havemeyer, legado da Sra. HO Havemeyer, 1929


Monet e seus contemporâneos perceberam que a natureza não era apenas um objeto a ser retratado, mas uma experiência a ser vivida e transmitida. Ao adotar uma abordagem mais subjetiva, os impressionistas estabeleceram as bases para a Arte Moderna, permitindo que os artistas explorassem novas formas e técnicas que ainda não haviam sido concebidas. O uso de pinceladas curtas e rápidas, que parecem caóticas de perto, revela, ao serem observadas à distância, uma harmonia e vitalidade que desafia a percepção tradicional.

A resistência inicial ao Impressionismo foi significativa, com muitos críticos e o público não compreendendo imediatamente a proposta dos artistas. Era necessário um novo olhar, uma nova maneira de ver a arte. Essa necessidade de distância física para que a obra "ganhasse vida" demonstra a ruptura com as expectativas anteriores. Contudo, com o passar do tempo, o Impressionismo foi ganhando espaço e respeito, e artistas como Monet e Renoir alcançaram fama e reconhecimento em vida, consolidando seu legado em importantes coleções públicas.

Além disso, o Impressionismo preparou o terreno para movimentos subsequentes, como o Pós-Impressionismo e o Modernismo. Artistas como Paul Cézanne e Vincent van Gogh, que foram influenciados pelos impressionistas, continuaram a explorar novas formas de expressão, cada um à sua maneira. O pontilhismo, uma técnica desenvolvida no Pós-Impressionismo, exemplifica a evolução da experiência estética proposta pelos impressionistas.

O Impressionismo iniciou uma nova forma de perceber e representar o mundo, mas continuou querendo representá-lo. As transformações estéticas revolucionaram o fazer artístico, mas os artistas continuavam buscando ilustrar a realidade. A arte impressionista abriu caminhos para a inovação criativa que, posteriormente, iria se manifestar nas vanguardas europeias.

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Perguntas Frequentes sobre Impressionismo

O que é Impressionismo?
O Impressionismo é um movimento artístico que surgiu no final do século XIX, na França. É caracterizado pela captura da luz e do movimento através de pinceladas soltas e cores vivas.

Quais são as principais características do Impressionismo?
As características do movimento incluem o abandono dos contornos nítidos e o uso de pinceladas aleatórias, o uso de cores puras, a observação da natureza e a captura da luz do instante observado. Além disso, os artistas buscavam representar cenas simples do cotidiano.

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Referências:

https://www.marmottan.fr/en/

https://mam.org.br/

https://www.musee-orsay.fr/en

GOMBRICH, E.H. A História da Arte



Expressionismo: Características, obras, O Grito, Van Gogh, artistas
Xavana Celesnah
Expressionismo: Características, obras, O Grito, Van Gogh, artistas
Expressionismo alemão:arte anterior à I Guerra Mundial, principais obras, cinema, expressionismo abstrato, o que é a arte expressionista, artistas.

O expressionismo foi um movimento artístico que surgiu na Alemanha, no ano de 1905, como uma reação à proposta estética do impressionismo, que buscava realizar uma arte baseada em estudos de óptica, retratando a luminosidade e as imagens da maneira como as vemos. Ao contrário do impressionismo, o expressionismo procurava realizar uma arte onde a emoção do artista tivesse mais espaço do que a técnica.

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A expressão dos pintores, seus sentimentos e sua visão de mundo importavam mais do que o realismo para essa vanguarda modernista. A obra O Grito (1893), do norueguês Edvard Munch, é precursora do expressionismo e traz muitas de suas características, como a deformação das figuras e a temática pessimista. O movimento não ficou restrito à pintura, mas também se manifestou na literatura, no cinema, na arquitetura e na fotografia.

Neste artigo, vamos mostrar como surgiu a arte expressionista, seus principais artistas e cursos para você aprofundar seus conhecimentos na Arte Moderna. O artigo passará pelos seguintes conteúdos:



O que é Expressionismo?

O expressionismo foi um movimento artístico que emergiu no início do século XX, com origem na Alemanha, que valorizava a visão particular de mundo de cada artista, bem como suas emoções íntimas. O movimento refletia um mundo em crise, marcado pela Revolução Industrial, pela urbanização crescente e por tensões sociais e políticas intensas.

Os artistas distorciam formas, cores e perspectivas para expressar sentimentos profundos de angústia, sofrimento e desespero, em vez de retratar a realidade de maneira fiel. Em contraste com estilos artísticos anteriores, como o impressionismo, que se concentrava na representação objetiva e realista do mundo, os expressionistas buscaram transmitir a subjetividade e as turbulências internas do indivíduo.

Grandes nomes do expressionismo, como Edvard Munch e Egon Schiele, usaram essas distorções para capturar as intensas emoções humanas e o impacto psicológico das mudanças da sociedade moderna. O expressionismo é considerado uma das primeiras vanguardas históricas, ao lado do fauvismo francês. As vanguardas europeias da arte modernista foram um conjunto de movimentos artísticos que surgiram entre o início do século XX, antes da Primeira Guerra Mundial até o final da Segunda Guerra Mundial

Esses movimentos desafiavam as convenções estéticas tradicionais e traziam novas formas de expressão, abordando questões psicológicas, existenciais e sociais de maneira inovadora e muitas vezes perturbadora. Surgia uma nova era na arte ocidental com a mudança da mentalidade acerca do que faz um trabalho artístico uma obra de arte.

Como surgiu o Expressionismo?

O expressionismo surgiu em uma Alemanha imersa em uma profunda crise, cujas tensões sociais e políticas acabariam por culminar na eclosão da Primeira Guerra Mundial. As consequências da Revolução Industrial, o crescimento das áreas urbanas e os conflitos políticos criaram um cenário de angústia que se refletiu na arte expressionista.

Os artistas expressionistas reagiram a esse ambiente com uma paleta cromática agressiva, utilizando cores intensas e contrastantes para transmitir suas emoções internas. As temáticas centrais do movimento incluem a solidão, o sofrimento e a miséria, refletindo a crise existencial vivida pela sociedade.

O pintor norueguês Edvard Munch, com obras como O Grito (1893), tornou-se um ícone do expressionismo, retratando o desespero e a incomunicação humanas em um cenário de opressão psicológica. Seu trabalho, marcado por uma forte carga emocional e uma paleta de cores intensas, foi uma das principais inspirações para o movimento.

Além de Munch, outros artistas, como o francês Paul Cézanne, cujas experimentações com a desfragmentação da realidade e os pós-impressionistas Vincent van Gogh e Paul Gauguin, também foram precursores do expressionismo, trazendo à tona uma ênfase na subjetividade, na distorção das formas e na expressão de emoções profundas.

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O Expressionismo Alemão na Pintura

O movimento expressionista teve início em 1905, com a formação do grupo Die Brücke (A Ponte), fundado em Dresden por artistas como Ernst Ludwig Kirchner, Karl Schmidt-Rottluff e Erich Heckel. Este grupo se propôs a romper com as tradições artísticas acadêmicas e buscar uma expressão mais direta e emocional da realidade. Influenciados por movimentos como o pós-impressionismo e o primitivismo, os membros do Die Brücke usaram cores intensas e distorções nas formas para retratar temas como a angústia e o sofrimento causados pelas transformações sociais e culturais da época. A arte expressionista visava, assim, representar a subjetividade humana e os sentimentos conflitantes do indivíduo. O fazer artístico estava se transformando, bem como o perfil do consumo da arte.

Em 1911, o termo "expressionismo" foi formalmente associado ao movimento pela primeira vez ao ser escrito na revista Der Sturm (A Tempestade), uma das mais importantes publicações da vanguarda alemã. Ao mesmo tempo, o movimento se expandiu com a formação do grupo Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul), em Munique, composto por artistas como Wassily Kandinsky e Franz Marc. Embora ambos os grupos compartilhassem a ideia de distorcer a realidade e explorar a subjetividade, o Der Blaue Reiter adotou uma abordagem mais espiritual, buscando expressar realidades metafísicas por meio da arte.

O Nazismo contra o Expressionismo

O regime nazista teve um impacto devastador sobre a arte expressionista, considerando-a "degenerada" e incompatível com seus valores nacionalistas e tradicionais. O movimento de censura do nazismo visava eliminar formas de arte modernas, como o expressionismo, o cubismo e o futurismo, que eram vistas como antinacionais e subversivas. Em 1937, os nazistas organizaram a Exposição de Arte Degenerada em Munique, onde obras de artistas como Ernst Ludwig Kirchner, foram expostas de forma grotesca, sendo ridicularizadas como expressão da loucura e usadas como exemplo do que o regime considerava corrompido. Muitas dessas obras foram retiradas de museus, destruídas ou vendidas a colecionadores estrangeiros, enquanto outras foram armazenadas fora do alcance do público.

O regime nazista tentou eliminar o expressionismo da cena artística alemã e ainda associou esse movimento ao comunismo e o rotulou de imoral e subversivo. Em 1937, cerca de 16.500 obras de arte foram confiscadas, incluindo trabalhos de artistas renomados como Van Gogh, Pablo Picasso e Matisse, muitas das quais foram vendidas em leilões ou destruídas, resultando em um prejuízo irreparável para a arte alemã e mundial.

3 Cursos Para Você Entender tudo sobre Arte Moderna

Para você que deseja entender profundamente o que é a arte, o que é Arte Moderna e, consequentemente, o movimento Expressionista, listamos três cursos essenciais da Casa do Saber que vão te fornecer uma visão mais abrangente sobre esses temas. São eles:

  1. A Arte Moderna Pelas Obras de Van Gogh, Picasso, Duchamp e Pollock
  2. Introdução à História da Arte
  3. O que é Arte?



A Arte Moderna Pelas Obras de Van Gogh, Picasso, Duchamp e Pollock

O curso "A Arte Moderna Pelas Obras de Van Gogh, Picasso, Duchamp e Pollock" oferece uma análise profunda das transformações que ocorreram na arte moderna entre o final do século XIX e a primeira metade do século XX.

Através das obras e vidas de artistas icônicos como Van Gogh, Picasso, Duchamp e Pollock, o curso revela como a arte moderna rompeu com as convenções estéticas anteriores e aborda o impacto desse movimento nas instituições, na crítica de arte e no mercado.

O curso é ministrado pelo doutor em História da Arte pela Unicamp e pesquisador de pós-doutorado no Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC-USP), Felipe Martinez. Com vasta experiência acadêmica e profissional, Felipe Martinez é especialista na obra de Van Gogh e tem atuação em instituições renomadas, como o MASP e o MAM de São Paulo. Confira a seguir uma prévia do curso:

Thumb curso 'A Arte Moderna Pelas Obras de Van Gogh, Picasso, Duchamp e Pollock' com Felipe Martinez


Introdução à História da Arte

O curso "Introdução à História da Arte" oferece uma visão abrangente dos principais marcos e transformações na arte ocidental, desde o Renascimento até a arte moderna e contemporânea. Ministrado pelo doutor em História da Arte pela Unicamp e pesquisador da USP (MAC-USP), Felipe Martinez, o curso mostra como nossos conceitos de beleza e arte são construídos a partir do contexto histórico.

As aulas cobrem uma vasta gama de movimentos e artistas, como Michelangelo, Caravaggio, Monet, Degas, Van Gogh e Matisse, além de discutir as influências estéticas, técnicas e sociais que formaram cada período. A arte moderna e as vanguardas europeias fazem parte do conteúdo do curso e você pode conferir um pouco das aulas dando play no vídeo abaixo:

Thumb curso 'Introdução à História da Arte' com Felipe Martinez


O que é Arte?

O curso "O Que é Arte?" busca responder a essa pergunta, que permanece relevante e aberta a diversas interpretações. Através de uma abordagem crítica, o pesquisador Felipe Martinez investiga a arte a partir de seus diferentes sentidos, funções e efeitos, analisando como ela se conecta com a sociedade e provoca reflexões. As aulas envolvem obras e autores de períodos clássicos, modernos e contemporâneos, oferecendo novas formas de compreender e questionar o papel da arte em nosso mundo. Assista abaixo um trecho de uma das aulas para se familiarizar com o conhecimento compartilhado:

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Quais são as Características do Expressionismo?

Influenciado pelo gótico alemão, o movimento expressionista é caracterizado pela distorção das formas, uso de cores intensas para refletir emoções, e ênfase no impacto psicológico sobre a realidade objetiva. O expressionismo também se concentra no isolamento urbano, alienação e solidão do indivíduo, além de usar linhas dramáticas e angulares para aumentar a tensão emocional. Embora tenha sido um movimento heterogêneo, com grupos e artistas apresentando grandes diferenças estilísticas e temáticas, sua influência se estendeu por várias décadas, até a Segunda Guerra Mundial, e alcançou outros países além da Alemanha.

Principais características do expressionismo:

  • Distorção das formas para expressar emoções, não a realidade
  • Uso de cores vibrantes e intensificadas
  • Foco nas emoções e tensões interiores, não na objetividade
  • Representação de cenas urbanas e do isolamento
  • Linhas dramáticas e angulares para aumentar a intensidade emocional
  • Impacto psicológico mais importante que a beleza visual
  • Diversidade estilística e temática entre os grupos e artistas



Principais Artistas do Expressionismo

Abaixo, apresentamos uma tabela com alguns dos principais artistas do movimento expressionista, suas características e obras mais representativas. Além disso, incluímos artistas do pós-impressionismo, cujas obras influenciaram diretamente o surgimento e o desenvolvimento do expressionismo. Confira:

PINTORES EXPRESSIONISTAS CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS OBRAS
Edvard Munch Conhecido por expressar emoções de angústia e ansiedade, especialmente a solidão humana O Grito (1893)
Egon Schiele Famoso por suas representações distorcidas do corpo humano, explorando temas de desejo e morte Retrato de Wally (1912)
Ernst Ludwig Kirchner Membro do grupo Die Brücke, seus trabalhos eram caracterizados por distorções de figuras e cores vibrantes Autorretrato com Modelos (1910)
Wassily Kandinsky Pioneiro da arte abstrata, ele acreditava que a arte deveria expressar a espiritualidade e a emoção Composição VII (1913)


Pintura Expressionista

Aqui estão algumas das principais obras expressionistas, que exemplificam a distorção da realidade e a ênfase nas emoções, tão características do expressionismo:

O Grito (1893) | Edvard Munch

Quadro 'O Grito' de Edvard Munch, pintado em 1893. Retrata, de forma distorcida, uma pessoa gritando em cima de uma ponte, com expressão de aflição.
O Grito, Edvard Munch. 1893. Têmpera e pastel oleoso sobre cartão, 91 x 73,5 cm. Galeria Nacional de Oslo, Noruega.


O Grito é uma das obras mais icônicas do expressionismo, capturando a angústia e o desespero humano. A distorção da figura e a explosão de cores vibrantes transmitem a sensação de uma crise emocional profunda.

Mulher Sentada com Joelhos Dobrados (1917) | Egon Schiele

Quadro 'Mulher Sentada com Joelhos Dobrados' de Egon Schiele, pintado em 1917. Retrata uma mulher sentada, com as pernas abertas, encostando a cabeça em um dos joelhos dobrados.
Mulher Sentada com Joelhos Dobrados, Egon Schiele, 1917. Guache, aquarela e giz de cera preto sobre papel. Galeria Nacional de Praga, Praga.


Mulher Sentada com Joelhos Dobrados é uma das imagens mais conhecidas de Schiele e revela uma mulher representada de uma maneira que destoava completamente dos padrões convencionais da arte da época. Ele mistura um ângulo nada convencional com uma estética erótica.

Composição VII(1913) | Wassily Kandinsky

Quadro 'Composição VII' de Wassily Kandinsky, pintado em 1913. É uma pintura abstrata, de traços fortes e marcantes, com uso de cores intensas e contrastantes.
Composição VII, Wassily Kandinsky, 1913. Óleo sobre tela, 200,6 cm x 302,2 cm. Galeria Tretyakov , Moscou.


Kandinsky foi um dos primeiros artistas a criar a arte abstrata. "Composição VII" é uma obra caótica, com cores vibrantes. O quadro não faz uma representação figurativa da realidade e traz uma composição complexa que cria novos caminhos e possibilidades para a arte modernista.

O Expressionismo no Brasil

O Expressionismo no Brasil, embora não tenha se consolidado como um movimento dominante, surgiu no início do século XX influenciado pelas inovações da vanguarda europeia e deixou uma marca significativa nas artes, especialmente na pintura. Artistas como Cândido Portinari , Tarsila do Amaral, Emiliano Di Cavalcanti e Anita Malfatti buscaram transmitir emoções intensas e subjetivas por meio da distorção das formas, cores fortes e contrastantes, além de uma representação mais psicológica e emocional do ser humano. Obras como Retirantes e Guerra, de Portinari, exemplificam a busca por representar o sofrimento e as tensões sociais, refletindo as angústias de sua época.

Quadro 'Retirantes' de Cândido Portinari, pintado em 1944. Mostra uma família de camponeses em fuga, com rostos expressando sofrimento e fadiga, em uma composição de cores fortes que transmite a dor e a luta das dificuldades sociais.
Retirantes, Cândido Portinari, 1944. Óleo sobre tela, 190 cm x 180 cm. Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (SP)


Impacto e Legado do Expressionismo

O expressionismo, embora inicialmente rejeitado, desempenhou um papel fundamental na reconfiguração da arte moderna, abrindo caminho para movimentos como o surrealismo e a arte abstrata. Sua ênfase na distorção das formas e na representação do mundo interior desafiou as convenções estéticas da época e transformou a concepção da arte de uma mera representação da realidade externa para uma expressão profunda das experiências humanas. O legado do expressionismo, com suas inovações e reflexões sobre a condição humana, continua a influenciar as artes visuais e outras formas criativas até os dias de hoje. Além disso, o movimento também deixou uma marca significativa no cinema, especialmente nos gêneros de horror e suspense.

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Perguntas Frequentes sobre Expressionismo

O que é o expressionismo?

O expressionismo é um movimento artístico que começou no início do século XX, focado na expressão das emoções do artista através da distorção de formas e do uso intensivo de cores vibrantes.

Quais são as principais características do expressionismo?

As características do expressionismo incluem distorção das formas para expressar emoções, uso de cores intensas e vibrantes, e a exploração de temas como alienação, angústia e a tensão interior do ser humano.

Referências:

https://enciclopedia.itaucultural.org.br/termos/80046-expressionismo

Cubismo: Obras, Características, Pablo Picasso, Fase Sintética
Xavana Celesnah
Cubismo: Obras, Características, Pablo Picasso, Fase Sintética
Cubismo: Pinturas, Desenho, Arte Moderna, Picasso, Formas cubistas, cubismo sintético, cubismo analítico e colagem, comportamento e personalidade.

O que é Cubismo? Entenda as características desta vanguarda europeia que marcou a Arte Moderna

Nos anos que antecederam a Primeira Guerra Mundial, estava acontecendo uma grande transformação no meio artístico europeu. Os artistas visuais da época passaram a questionar a relevância de retratar a realidade tal como ela é. Nesse sentido, começaram a criar inovações técnicas, iniciadas com o Impressionismo do final do século XIX, que trazia pinturas feitas com contornos imprecisos.

Essa nova perspectiva de elaboração das imagens culminou nas vanguardas artísticas do início do século XX, dentre as quais o Cubismo foi uma das mais significativas. Nascido em Paris, o movimento cubista bebeu nas ideias do expressionismo, outra vanguarda que buscava representar a expressão de sentimentos por meio das cores e linhas, sem dar importância à perspectiva e ao jogo de luz e sombras. Mas, o Cubismo, diferente do expressionismo, trazia uma inovação: os artistas passaram a transformar a representação dos objetos, através de sua fragmentação em formas. Dessa maneira, o movimento fomentou uma nova concepção do que é a arte e iniciou uma mudança radical em relação a toda a tradição da pintura feita no ocidente.

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Arte Cubista: História e Principais Obras

O Cubismo nasceu de uma conexão de artistas no início do século XX. O principal nome deste movimento é o pintor espanhol Pablo Picasso, que era filho de um desenhista e havia estudado desde criança na Escola de Arte de Barcelona. Aos 19 anos, ele foi morar em Paris. Ali, entrou em contato com diversos outros artistas e as ideias do pintor francês Paul Cézanne o influenciaram a mudar a maneira como vinha pintando até então.

Em 1906, um ano após a morte de Cézanne, houve em Paris uma grande exposição retrospectiva com suas obras. Nesse momento, Picasso é impactado pelas ideias de Cézanne, que recomendava a observação da natureza a partir de sólidos geométricos, como cilindros, esferas e cones.

Daí em diante, Picasso começa a “brincar” de desmembrar os objetos e realizar pinturas que os mostravam a partir de suas principais formas geométricas. Em 1907, já imerso nessa nova concepção criativa, ele pinta o quadro Les Demoiselles d'Avignon, um trabalho pré-cubista, mas que, didaticamente, é considerado o marco inicial do cubismo.

A obra traz um grupo de mulheres nuas e deixa claras as intenções do artista ao inovar na técnica: ele criou corpos humanos a partir de formas geométricas, característica que se tornaria uma marca do desenho cubista. Além disso, nessa obra, Picasso também revela a influência da arte africana em seu imaginário, ao incluir duas máscaras africanas na composição. A pintura causou grande impacto ao ser exposta. Para alguns, foi percebida como uma obra prima, mas muitos setores mais conservadores da sociedade a tomaram como obscena e imoral.

Em Les Demoiselles d'Avignon, Picasso rompe com as convenções de perspectiva linear e representação realista que dominaram a pintura ocidental desde o Renascimento. Ele fragmenta as figuras e planos, sugerindo várias perspectivas ao mesmo tempo, o que se tornaria uma característica essencial do cubismo.

Pintura Cubista de Pablo Picasso intitulada Les Desmoiselles D’Avignon. A tela retrata cinco mulheres nuas com corpos e rostos angulosos e distorcidos. As figuras são representadas com características faciais que lembram máscaras africanas. O quadro rompe com a tradição artística ocidental, modificando a representação naturalista da figura humana.
Les Desmoiselles D’Avignon, 1907. Pablo Picasso. Óleo sobre Tela, 244 X 234 cm. O quadro está exposto no MoMa, em Nova York.


O Cubismo é considerado um divisor de águas na arte ocidental, por recusar fazer uma arte que imitasse a natureza. O movimento tornou-se um dos marcos iniciais da Arte Moderna e dava liberdade total à imaginação, sem criar limites acadêmicos para a criação artística.

Quem nomeou o movimento cubista foi o crítico de arte Louis Vauxcelles (1870-1943), após referir-se às composições de outro pintor expoente da nova corrente artística: George Braque. Em 1908, no jornal Gil Blas, o crítico se refere às obras dele como uma realidade construída com cubos. Uma das imagens que representa bem a inovação trazida pelo cubismo é o quadro a seguir, Casas em L´Estaque, de George Braque, feito em 1908.

A pintura Maisons à l'Estaque (1908) de Georges Braque é uma obra cubista que apresenta um grupo de casas em uma colina na vila de L'Estaque, França. As construções são representadas de forma geométrica e angulosa, com planos simplificados e sobrepostos, criando uma sensação de fragmentação espacial. A paleta de cores é dominada por tons terrosos, como verdes, marrons e ocres, que reforçam a atmosfera natural da paisagem. A obra exemplifica a abordagem inovadora de Braque ao cubismo, desafiando a perspectiva tradicional e transformando o espaço em uma composição dinâmica e abstrata.
Georges Braque | Maisons à l'Estaque (Casas em L'Estaque), 1908. Óleo sobre tela, 73×59,5 cm, Kunst Museum Bern.


O cubismo emergiu em um contexto de grandes mudanças, impulsionado pela Segunda Revolução Industrial, que trouxe inovações tecnológicas e transformou a vida urbana na Europa. As cidades estavam crescendo rapidamente e uma nova era chegava com a popularização da eletricidade, do automóvel e da fotografia, sendo esta última de grande impacto para o mundo da arte.

Os pintores cubistas, na sua empreitada de elaborar um novo método de construção de imagens, optaram por motivos familiares. Instrumentos musicais, garrafas, pessoas estão entre os temas escolhidos para o novo jogo estético criado por eles: transmitir a imagem de um objeto palpável a partir de fragmentos geométricos planos na tela.

Além disso, o movimento incorporou o imaginário urbano industrial em suas obras, refletindo as mudanças sociais e culturais da época. Em contraste com os movimentos anteriores, o cubismo optou por uma representação da realidade que priorizava a geometrização das formas e a multiplicidade de perspectivas.

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Cubismo | Características

A ideologia que permeava os artistas do Cubismo era a da não aceitação das técnicas formais acadêmicas. Isso significa que a construção de composições imagéticas com a perspectiva clássica, a proporção realista, o sombreamento e a figuração naturalista estavam sendo destituídas como pilares da pintura. Outras características importantes do cubismo que podemos destacar são:

  • Geometrismo: ênfase na representação da realidade por meio de formas geométricas, como cubos, cilindros e esferas
  • Fundo abstrato: as imagens trazem um fundo sem perspectiva linear, sem profundidade e sem que haja uma identificação do local onde acontece a cena
  • Ruptura com a perspectiva tradicional: abandono das noções convencionais de perspectiva e proporção, criando uma representação plana e escultórica dos objetos
  • Múltiplos pontos de vista: apresentação de um objeto sob várias perspectivas ao mesmo tempo, exibindo suas diferentes dimensões em uma única composição bidimensional
  • Abstração: simplificação da natureza, priorizando formas geométricas e abstraindo detalhes estéticos tradicionais.
  • Temas urbanos e industriais: forte inspiração na vida urbana e nos cenários industriais do início do século XX
  • Paleta de cores sóbrias: predomínio de cores opacas e escuras, como branco, preto, cinza, verde escuro, castanho, ocre, laranja escuro e vermelho escuro
  • Uso de colagem: incorporação de materiais do cotidiano, como recortes de jornal, madeira, vidro e outros objetos, para criar cenas e composições inovadoras
  • Rompimento com conceitos de harmonia e beleza tradicionais: a estética cubista desafiou convenções, criando formas inovadoras que não se encaixavam no conceito tradicional de beleza
  • Representação não convencional de objetos e pessoas: não comprometimento com uma representação exata, priorizando a dissociação das partes de um mesmo objeto e explorando sua totalidade em uma superfície plana, bidimensional
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Fases do Cubismo

O cubismo, movimento artístico revolucionário do início do século XX, é frequentemente dividido em três fases principais: a fase cezannista, o cubismo analítico e o cubismo sintético. Cada uma dessas etapas apresenta características distintas que refletem a transformação dos experimentos visuais dos artistas envolvidos, principalmente Pablo Picasso e Georges Braque. Confira a seguir as principais características de cada uma dessas fases:

FASES DO CUBISMO CARACTERÍSTICAS PERÍODO
Fase Cezannista A fase cezannista é marcada pela influência direta do pintor francês Paul Cézanne, que buscou simplificar as formas e a representação da realidade. Os cubistas, inspirados nele, iniciaram uma experimentação que permitia sobrepor diversos ângulos e perspectivas de um objeto em um único plano pictórico. Essa abordagem não apenas inovou a forma como os objetos eram representados, mas também questionou a noção tradicional de espaço e profundidade na pintura. (1907-1909)
Cubismo Analítico
Nesta fase, Picasso e Braque exploram a fragmentação das formas de maneira ainda mais intensa e utilizam uma paleta de cores moderadas, predominantemente composta por tons de marrom, cinza e ocre. As figuras tornam-se cada vez mais difíceis de reconhecer, refletindo um movimento em direção à abstração. A fragmentação dos temas e o foco no plano das figuras caracterizam essa fase, onde as representações visuais se tornam complexas e enigmáticas. (1910-1912)
Cubismo Sintético Na fase sintética, as figuras tornam-se mais reconhecíveis, mas sem retornar ao realismo tradicional. A paleta de cores se torna mais vibrante e diversificada, com tons mais fortes e vivos. Um aspecto inovador dessa fase é o uso da colagem, onde elementos heterogêneos, como recortes de jornais, pedaços de madeira e objetos do cotidiano, são agregados à superfície das obras. (1913-1914)


Veja abaixo obras que representam cada uma das três etapas do cubismo:

Obra da Fase Cezannista (1907-1909)

Fábrica no Horto de Ebro é uma pintura a óleo de 1909 por Pablo Picasso, criada durante sua visita a Horta de Sant Joan, na Catalunha. A obra retrata uma paisagem industrial com uma fábrica e palmeiras, apresentadas em um estilo geométrico simplificado. Considerada uma obra proto cubista, pertence ao Período Cezzanista de Picasso e faz parte da coleção do Museu Estatal Hermitage em São Petersburgo.
Fábrica no Horto de Ebro, 1909, Pablo Picasso. Óleo sobre tela, 50,7 cm × 60,2 cm. Museu Estatal Hermitage , São Petersburgo , Rússia.


Obra da Fase Analítica (1910-1912)

A Guitarra, de Georges Braque, 1911. A obra apresenta uma composição cubista em tons de marrom e cinza, com formas geométricas que representam uma guitarra de forma fragmentada. As partes da guitarra são decompostas em planos sobrepostos e angulares, refletindo a técnica cubista de desdobrar a realidade em múltiplas perspectivas, criando uma sensação de profundidade e movimento. O fundo é abstrato, permitindo que a guitarra seja o foco principal da pintura
A Guitarra, Georges Braque, 1909-10. Tate Modern, Londres, Inglaterra.


Obra da Fase Sintética (1913-1914)

A Mesa do Músico, de Juan Gris, é uma pintura cubista que combina colagem e pintura, retratando instrumentos musicais e objetos cotidianos em um estilo geométrico. Criada em 1914, a obra destaca a sobreposição de formas e perspectivas, incorpora elementos como partituras e uma guitarra, refletindo a estética inovadora de Gris
A Mesa do Músico, Juan Gris, 1914. Colagem feita com lápis de cera conté, lápis de cera, guache, papel de parede impresso recortado e colado, papéis vergê azuis e brancos, papel transparente, jornal e papel de embrulho marrom; envernizado seletivamente sobre tela. The Metropolitan Museum of Art, Nova York.


O Cubismo no Brasil

O cubismo chegou ao Brasil principalmente após a Semana de Arte Moderna de 1922, que inaugurou uma nova fase do modernismo no país. Artistas como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Cândido Portinari e Lasar Segall adotaram elementos cubistas, mas também buscaram integrar referências nacionais e uma estética mais autoral, bem típica da filosofia antropofágica.

As obras influenciadas pelo movimento causaram polêmica na Semana de Arte Moderna de 1922 e contribuíram para a abertura de novos horizontes na arte brasileira.

Nu Cubista, de Anita Malfatti, retrata uma mulher nua com formas difusas e sobrepostas, onde figura e fundo se fundem em tons similares. A pintura reflete a influência do cubismo, mas é reinterpretada com a visão única de Malfatti, que mistura fragmentação e suavidade em sua representação da figura feminina
Nu Cubista Nº 1, Anita Malfatti, 1915. Óleo sobre tela, 51 cm x 39 cm


Impacto e Legado do Cubismo

O cubismo estabeleceu novas bases para a análise da arte, permitindo que futuras gerações de artistas experimentassem criar a partir de formas e conceitos inovadores. O movimento revolucionou a pintura, mas também influenciou a escultura, a arquitetura e o design gráfico, expandindo o seu legado na cultura visual. Além disso, também repercutiu na poesia e na música, a exemplo da escrita de Guillaume Apollinaire e das composições de Stravinsky.

Museus Dedicados ao Cubismo

Existem vários museus e instituições que celebram o cubismo e suas obras. Um dos mais notáveis é o Museu Picasso em Paris, que abriga uma vasta coleção de obras de Pablo Picasso, incluindo muitos exemplos do cubismo. No Brasil, o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), frequentemente realiza exposições dedicadas ao cubismo e seus desdobramentos.

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Perguntas Frequentes sobre Cubismo

O que é cubismo?

O cubismo é um movimento artístico que começou no início do século XX, caracterizado pela fragmentação das formas e pela apresentação de múltiplas perspectivas em uma tela plana.

Quais são as características do cubismo?

As características do cubismo incluem a decomposição de formas em planos geométricos, a utilização de um fundo abstrato e a exploração de novas formas de representação visual.

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Referências:

https://www.pablopicasso.org/

https://enciclopedia.itaucultural.org.br/

https://www.metmuseum.org/




Autores

Candido Portinari foi um pintor brasileiro e uma das figuras centrais da arte moderna no Brasil. Sua obra se caracteriza pela representação de temas sociais e pela maneira como utilizou a pintura para transmitir uma visão crítica da realidade brasileira, com especial ênfase à desigualdade social.

Com suas pinceladas expressivas e um olhar atento às questões populares, Portinari se tornou um dos maiores expoentes do modernismo brasileiro. Neste artigo, você vai conhecer um pouco sobre a trajetória de Candido Portinari, suas obras mais famosas e sua significativa contribuição para a História da Arte no Brasil.



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Biografia de Candido Portinari

Candido Portinari nasceu em 29 de dezembro de 1903, numa fazenda de Café chamada Santa Rosa, que ficava na cidade de Brodowski, interior de São Paulo. Era filho de imigrantes italianos, de origem pobre e viveu até os 15 anos de idade na área rural, onde obteve apenas a educação primária.

Desde criança demonstrava interesse pelo desenho e pintura. Ao completar 15 anos, foi morar no Rio de Janeiro, onde iniciou seus estudos na Escola Nacional de Belas Artes. Quando tinha 25 anos, ganhou o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro da Exposição Geral de Belas-Artes e foi para Paris.

Na Europa, teve contato com as grandes correntes de vanguarda da época, como o cubismo e o surrealismo. Ao voltar para o Brasil, em 1931, desenvolveu um estilo mais experimental, que ia além das regras acadêmicas. Passou a pintar inspirado em temas de cunho social, revelando a realidade de desigualdade social do Brasil, em quadros como Café (1935) e, posteriormente, as famosas pinturas Criança Morta (1944) e Os Retirantes (1944).

Foi com o quadro Café que Portinari recebeu seu primeiro reconhecimento internacional. A obra recebeu uma menção honrosa nos Estados Unidos, durante a exposição internacional do Carnegie Institute de Pittsburgh. E, em 1939, o Museu de Arte Moderna de Nova York comprou o seu quadro O Morro (1933), que mostra o surgimento das favelas cariocas e a dualidade entre os casebres do morro e os prédios que despontavam à beira mar do Rio de Janeiro.

Quadro 'Morro' de Candido Portinari, pintado em 1933. Retrata o surgimento das favelas cariocas.

Morro, Candido Portinari, 1933. Óleo sobre tela, 146 x 114 cm.


Portinari realizou inúmeras exposições internacionais, em países como Estados Unidos, França, Argentina, Uruguai, Israel, Alemanha e Venezuela. A relevância de sua obra foi tamanha que, em 1940, a Universidade de Chicago, nos EUA, publicou o primeiro livro sobre ele, intitulado “Portinari, His Life and Art”.

Ao longo de sua carreira, a pintura de painéis se consolidou como uma das suas principais técnicas artísticas. Destacam-se os oito murais da Série Bíblica, produzidos entre 1942 e 1944, com forte influência da obra Guernica, de Picasso. A Série Bíblica de Portinari foi uma obra encomendada por Assis Chateaubriand para a sede da Rádio Tupi, em São Paulo. Posteriormente, os painéis foram doados ao Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand.

Portinari faleceu em 6 de fevereiro de 1962, prestes a realizar uma grande exposição na Itália, a convite da prefeitura de Milão. Ele morreu em decorrência de problemas relacionados à intoxicação pelas tintas que usava em seu trabalho.

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A Pintura Social de Candido Portinari

Foi a partir da década de 1930 que Portinari começou a investir em uma arte mais voltada para a questão social, refletindo a situação do Brasil, com sua forte desigualdade social.

Seu olhar se voltou para o cotidiano dos trabalhadores, principalmente dos camponeses. Ao mesmo tempo, ele passou a incorporar as influências das correntes modernistas europeias em suas composições, como o cubismo e o surrealismo, mas dando um toque pessoal e genuinamente brasileiro.

Uma das suas obras mais importantes dessa fase é o painel Retirantes (1944), onde o pintor retrata a migração forçada de nordestinos em busca de melhores condições de vida. A pintura, com suas cores fortes e figuras dramáticas, simboliza a miséria e o sofrimento das pessoas que eram forçadas a deixar suas casas em busca de trabalho.

Portinari e a Arte Pública: Os Painéis da ONU

Uma das maiores contribuições de Portinari para a arte mundial foi sua participação na criação dos famosos painéis que adornam o edifício da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Em 1952, ele foi escolhido para pintar um grande painel que representasse o Brasil na sede da ONU. A obra, intitulada Guerra e Paz, é composta por dois painéis gigantescos que abordam temas de grande relevância, como a violência e a busca pela paz no mundo.

Este projeto é um exemplo da capacidade de Portinari de utilizar a arte como uma ferramenta de reflexão política e social. Guerra e Paz continua a ser uma das mais admiradas e importantes expressões artísticas do século XX, sendo reconhecida internacionalmente por sua potência visual e seu conteúdo simbólico.

O Legado de Portinari na Arte Brasileira

Portinari é uma figura central na história da arte moderna no Brasil. Sua capacidade de capturar as realidades do Brasil rural e urbano, ao mesmo tempo em que se mantinha fiel à sua técnica única e expressão artística, fez dele um dos maiores nomes da pintura brasileira.

Além de suas obras públicas, Portinari também foi um grande influenciador para novas gerações de artistas. Sua busca por uma arte autenticamente brasileira, que falasse das questões do povo, e sua paixão pela pintura, com o uso de cores intensas e formas potentes, continuam a ser um modelo para muitos artistas contemporâneos.

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Principais Obras de Candido Portinari

A carreira de Portinari é marcada por uma enorme produção, composta por telas, painéis e murais de grande importância. Aqui estão algumas das suas obras mais célebres:

Os Retirantes (1944)

Quadro 'Retirantes' de Candido Portinari, pintado em 1944. Retrata uma família de migrantes em uma paisagem de sertão.
Retirantes, Candido Portinari, 1944. Óleo sobre tela, 190 x 180 x 2,5 cm. Masp - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand.


O Lavrador de Café (1939)

Esta pintura retrata um trabalhador rural dedicado ao cultivo do café, uma das maiores riquezas do Brasil na época. A obra reflete a força e a dignidade do trabalhador e a importância do café para a economia nacional.

Quadro 'O Lavrador de Café' de Candido Portinari, pintado em 1934. Retrata um trabalhador brasileiro da lavoura de café.
O Lavrador de Café, Candido Portinari, 1934. Óleo sobre tela, 100 x 80 x 2,5 cm. Masp - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand.


Guerra e Paz (1952)

Os famosos painéis na sede da ONU, que retratam a luta entre a guerra e a busca pela paz. A obra é uma das mais importantes de Portinari, com uma mensagem universal e atemporal sobre os horrores da guerra e a esperança por uma convivência pacífica.

Dois paineis intitulados 'Guerra e Paz', de Candido Portinari, pintado entre 1952 e 1956. Um dos paineis mostra a guerra e o outro representa a paz.
Guerra e Paz, Candido Portinari, 1952 - 1956. Óleo sobre madeira, 1400 x 1000 cm. Assembleia Geral das Nações Unidas.


Futebol (1954)

Portinari, grande admirador do esporte, criou a obra "Futebol" para celebrar o futebol como uma das maiores paixões nacionais. A pintura traz uma representação vibrante da energia e da emoção do esporte, com um olhar artístico e dinâmico.

Quadro intitulado 'Futebol', de Candido Portinari, pintado em 1935. Mostra um grupo de crianças jogando futebol em uma paisagem rural, utilizando troncos de madeira para demarcar as traves onde se faz o gol.
Futebol, Candido Portinari, 1935. Óleo sobre tela, 97 x 130 cm. Museu Casa de Portinari.

Empinando Pipas (1941)

Em "Empinando Pipas", Portinari retrata uma brincadeira muito popular da infância dos brasileiros, que é empinar pipas . A obra traz um momento lúdico, de alegria e movimento, simbolizando a leveza de ser criança, apesar das adversidades do Brasil da época.

Quadro 'Empinando Pipas', de Candido Portinari, pintado em 1941. Mostra um grupo de meninos soltando pipas em um descampado num ambiente rural, num dia de céu bem azul.
Empinando Pipas, Candido Portinari, 1941. Têmpera, 50.9


Meninos Brincando (1955)

A obra reflete o olhar do pintor sobre a infância, com uma cena de crianças brincando. Portinari, ao retratar a infância, expressa a pureza e a simplicidade da vida, revelando brincadeiras populares que fazem parte da cultura brasileira.

Quadro 'Meninos Brincando', de Candido Portinari, pintado em 1955. A obra mostra dois meninos brincando, dando cambalhotas, com uma bola ao centro e um bezerrinho no meio deles.
Meninos Brincando, Candido Portinari, 1955. Óleo sobre tela, 72.5 x 60 cm. Galeria de Arte Ipanema.


Qual foi a primeira obra de Candido Portinari?

A tela “Baile na Roça” foi reconhecida como a primeira obra de Candido Portinari, feita em 1924, quando ele estudava na Escola Nacional de Belas Artes. O quadro foi pintado em óleo sobre tela e mostra um sanfoneiro tocando enquanto os casais dançam no salão. O quadro apresenta técnicas acadêmicas de pintura, com jogo de luz e sombra.

Quadro 'Baile na Roça', primeira grande obra de Candido Portinari, feita em 1924. A pintura foi inspirada nas festas do interior paulista, onde Portinari passou sua infância e mostra uma festa com casais dançando e um safoneiro tocando ao fundo.
Baile na Roça, Candido Portinari, 1924. Óleo sobre tela, 97,00 cm x 134,00 cm.

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Conclusão

Candido Portinari deixou um legado profundo para arte brasileira e mundial. Sua obra, marcada por uma intensa crítica social, revelou as desigualdades e os desafios do Brasil, sempre com um olhar atento à realidade do povo. Ao longo de sua carreira, Portinari se consolidou como um ícone do modernismo brasileiro, utilizando sua arte como uma poderosa ferramenta de reflexão política e social.

Perguntas Frequentes

Quem foi Candido Portinari?

Candido Portinari foi um dos maiores pintores brasileiros, conhecido por sua habilidade em representar temas sociais, históricos e culturais do Brasil. Ele foi um dos expoentes do modernismo brasileiro e usou a arte como uma ferramenta para expressar suas críticas sociais e revelar a realidade do povo brasileiro

O que Candido Portinari retrata em suas obras?

Candido Portinari é amplamente reconhecido por retratar a realidade social brasileira, com um olhar focado na vida dos trabalhadores, da pobreza, das desigualdades sociais e das condições de vida do povo.

Suas obras refletem as tensões do Brasil no período modernista, com ênfase em temas como a exploração do trabalhador rural, a luta do povo nordestino e a beleza e a dor da infância. Portinari também tratou de questões universais, como a paz e a guerra, utilizando a arte para fazer críticas sociais e humanitárias, além de retratar momentos de grande simbolismo cultural brasileiro, como o futebol e a vida no campo.

Referências

https://enciclopedia.itaucultural.org.br/obras/82619-futebol

https://masp.org.br/acervo/obra/o-lavrador-de-cafe

John Locke foi um filósofo iluminista do século XVII, conhecido por seus pensamentos acerca dos direitos naturais e sua teoria do conhecimento. Nascido na Inglaterra, John Locke combateu o absolutismo na política e defendeu a criação de um Estado liberal, criado pela humanidade através de leis que garantissem o direito à vida, à liberdade e à propriedade privada.

Locke foi um dos pensadores do contrato social e desenvolveu a ideia de que a mente humana nasce como uma “tábula rasa” e adquire conhecimento a partir das experiências vividas. Foi, portanto, um filósofo empirista e escreveu obras fundamentais como o Ensaio sobre o Entendimento Humano e O Segundo Tratado sobre o Governo Civil. Formulou conceitos que continuam a ser debatidos e aplicados até hoje. Neste artigo, vamos abordar a biografia de John Locke e suas principais ideias.



Quem foi John Locke?

John Locke nasceu em 29 de agosto de 1632, na pequena cidade de Wrington, no condado de Somerset, na Inglaterra. Filho de um advogado puritano dono de uma pequena propriedade de terras, Locke cresceu em uma época de intensas tensões políticas, marcadas pelas Guerras Civis Inglesas, que influenciaram profundamente suas ideias.

A educação de Locke foi privilegiada, ele estudou na Westminster School, uma das melhores escolas da Inglaterra, e, em 1652, ingressou na renomada Christ Church College da Universidade de Oxford. Embora seu pai desejasse que ele seguisse a carreira eclesiástica, Locke se formou em medicina e dedicou-se à filosofia e às ciências naturais. Durante sua formação, teve contato com as ideias filosóficas de René Descartes e com o trabalho científico de Robert Boyle, com quem desenvolveria uma estreita amizade e colaboração.

Em 1667, Locke tornou-se médico particular de Lord Ashley Cooper, futuro conde de Shaftesbury, fato que o aproximou das discussões políticas e lhe permitiu desenvolver suas ideias sobre o liberalismo e o governo. Durante esse período, Locke também se interessou pelo movimento científico da época, tornando-se membro da Royal Society de Londres em 1668 e realizando experimentos em diversas áreas do conhecimento, incluindo meteorologia e física dos gases.

Em 1681 o conde de Shaftesbury foi acusado de conspirar contra o rei Carlos II e John Locke de colaborar com seu mentor. Ambos foram exilados na Holanda. Durante os cinco anos em que permaneceu na Holanda, Locke escreveu grande parte de suas obras mais importantes.

Entre elas, destacam-se Cartas sobre a Tolerância, onde Locke defendeu a separação entre Igreja e Estado e a necessidade de tolerância religiosa, e Tratado Sobre o Governo Civil, onde formulou suas ideias sobre os direitos naturais do ser humano (vida, liberdade e propriedade) e o governo legítimo, baseado no consentimento dos governados. John Locke voltou à Inglaterra após a Revolução Gloriosa de 1688 e começou a publicar suas obras sobre filosofia política.

O pensador também teve um papel significativo na evolução do empirismo, defendendo que o conhecimento humano se origina da experiência sensorial e que a mente, ao nascer, é uma tábula rasa, sem ideias inatas. Essa teoria teve grande influência no desenvolvimento do Iluminismo na modernidade. Suas ideias tiveram consequências em diversas áreas do conhecimento, como filosofia, política e economia.

Locke faleceu em 28 de outubro de 1704, na cidade de High Lavre, na Inglaterra, onde passou seus últimos anos. Seu legado perdura até hoje, e suas ideias continuam a ser fundamentais para a compreensão dos direitos humanos, da liberdade política e das bases da democracia moderna. Os sistemas jurídico e político dos Estados Unidos foram criados a partir das ideias de Locke, feito copiado por diversas outras democracias.

O que John Locke defendia?

John Locke, ao lado de Rousseau e Thomas Hobbes, pertence à linha dos filósofos do jusnaturalismo, ou teóricos dos direitos naturais. Para ele, os seres humanos, ao viverem inicialmente no estado de natureza, possuíam direitos naturais inalienáveis, como a vida, a liberdade e a propriedade privada, sendo este último um direito conquistado por meio do trabalho.

Ao contrário de Hobbes, que via o estado de natureza como um cenário de guerra constante, Locke acreditava que o estado natural da humanidade era originalmente equilibrado, no qual os indivíduos possuíam a capacidade de criar normas, julgar e condenar. Esses direitos e capacidades foram fundamentais para a construção da sociedade civil, que seria formada por meio de um contrato social.

Esse pacto não significava que os direitos naturais eram abandonados, mas passavam a ser reconhecidos e protegidos pela sociedade. Para Locke, o Estado deveria garantir a proteção desses direitos, o que gerou uma visão do governo como um meio de assegurar a liberdade, a segurança e a propriedade de seus cidadãos. Nesse processo, o contrato social não eliminava os direitos naturais dos indivíduos, mas os delegava ao Estado. Isso resultava em uma tensão entre os direitos privados e as funções públicas do Estado, algo que Locke não deixou de considerar em sua teoria.

Além de suas contribuições à teoria política, Locke também é conhecido por sua influência no campo do conhecimento, como um dos primeiros defensores do empirismo na filosofia. Em sua obra Ensaio sobre o Entendimento Humano, ele argumenta que a mente humana é uma tábula rasa ao nascer, sem ideias inatas, e que todo o conhecimento provém da experiência sensorial.

Locke acreditava que, por meio dos sentidos e da reflexão sobre essas experiências, formávamos nossas ideias e, assim, nossa compreensão do mundo. Ele via a razão e a experiência como elementos essenciais para a construção do saber.

No campo político, ele foi um dos primeiros a propor a separação dos poderes, defendendo que os poderes executivo, legislativo e federativo deveriam ser exercidos distintamente. Mas, diferente do que foi proposto na teoria da separação dos poderes de Montesquieu, John Locke estabelece uma relação de subordinação entre os poderes, onde todos estariam submetidos ao poder legislativo.

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Principais Livros de John Locke

John Locke escreveu diversas obras que se tornaram fundamentais para a filosofia, abordando temas que vão desde a teoria do conhecimento até a teoria política. Seus escritos influenciaram profundamente a formação do liberalismo e do empirismo, além de terem deixado um legado duradouro no pensamento ocidental. A seguir, listamos alguns de seus principais livros:

  • Ensaio sobre o Entendimento Humano (1689)
  • Primeiro Tratado sobre o Governo Civil (1689)
  • Segundo Tratado sobre o Governo Civil (1689)
  • Carta sobre a Tolerância (1689-92)
  • Alguns Pensamentos sobre a Educação (1693)
  • Razoabilidade do Cristianismo (1695)
  • Da Conduta do Entendimento (1706)



Carta sobre a Tolerância (1689 - 92)

capa do livro Carta Sobre a Tolerância, de John Locke

Carta sobre a Tolerância, de John Locke, foi publicada pela primeira vez em 1689, em um contexto de grande agitação religiosa e política na Inglaterra, onde o medo de um domínio crescente do catolicismo gerava tensões entre protestantes e católicos. Essa obra surge como uma resposta ao problema das disputas religiosas e à crescente interferência da religião nas questões políticas e sociais. Locke defende a ideia de que a autoridade do governo deve ser limitada à proteção da lei civil e que as questões religiosas pertencem à esfera privada do indivíduo. Ele argumenta que a tolerância religiosa é essencial para a convivência pacífica e que o governo não deve impor ou interferir nas crenças religiosas das pessoas. O filósofo também enfatiza que as leis devem ser elaboradas de forma coletiva pelos cidadãos, refletindo uma visão de liberdade e respeito pelas diferenças. A obra teve grande impacto na promoção da liberdade religiosa e influenciou profundamente o pensamento sobre os direitos individuais e a separação entre igreja e Estado.

Ensaio sobre o Entendimento Humano (1689)

capa do livro Ensaio sobre o Entendimento Humano, de John Locke

Ensaio sobre o Entendimento Humano é uma das obras mais importantes de John Locke, fundamental para o desenvolvimento da epistemologia moderna. Publicada em 1689, nesta obra Locke rejeita a ideia platônica de que nascemos com ideias inatas e propõe uma nova concepção sobre o conhecimento humano. Ele argumenta que a mente humana é uma "tábula rasa" (uma folha em branco) ao nascer, ou seja, não possui ideias ou conhecimento pré-existentes. Para Locke, todo conhecimento deriva da experiência, que ocorre de duas formas principais: as sensações, que nos fornecem ideias simples sobre o mundo externo, e a reflexão, que nos permite formar ideias mais complexas a partir dessas experiências sensoriais. Assim, Locke estabelece a base para uma teoria empírica do conhecimento, segundo a qual a experiência é a única fonte confiável de todo saber humano. A obra teve grande impacto no empirismo e influenciou o pensamento filosófico sobre como adquirimos e construímos o conhecimento.

Segundo Tratado sobre o Governo Civil (1689)

capa do livro Segundo Tratado Sobre o Governo Civil, de John Locke

Segundo Tratado sobre o Governo Civil é uma publicação significativa de John Locke e uma das principais fontes do surgimento do liberalismo moderno. Escrito de forma anônima, o livro foi publicado com o objetivo de combater o absolutismo monárquico, que defendia o poder divino dos reis. Locke argumenta que os indivíduos possuem direitos naturais inalienáveis, como a vida, a liberdade e a propriedade, e que a principal função do governo é proteger esses direitos. Ele refuta a ideia de que o governo se origina da vontade divina e propõe que o poder político surge de um contrato social entre os indivíduos. Para Locke, o Estado é formado por homens que se reúnem para garantir a preservação da liberdade, que é assegurada pela inviolabilidade do corpo, pelo respeito às leis e pela proteção do direito à propriedade. Além disso, Locke introduz a ideia de separação dos poderes, propondo que os poderes executivo, legislativo e federativo estejam em “mãos” distintas. O livro defende que o governo deve ser limitado, baseado no consentimento dos governados, e que sua principal função é garantir os direitos naturais.

O que são os Direitos Naturais para John Locke?

Para John Locke, os direitos naturais são direitos fundamentais que todo ser humano possui desde o nascimento, independentemente de qualquer autoridade ou sistema legislativo. Locke identificou três direitos naturais essenciais: o direito à vida, à liberdade e à propriedade privada. Esses direitos são considerados inalienáveis, ou seja, não podem ser retirados de um indivíduo, nem mesmo pelo governo. O filósofo acreditava que a principal função de um governo legítimo era proteger esses direitos, e que qualquer governo que violasse tais direitos perderia sua legitimidade. A proteção desses direitos era a base para a formação de uma sociedade justa e para a preservação da liberdade individual.

O que é a Tábula Rasa de John Locke?

A “tábula rasa” é um conceito central na epistemologia de John Locke, apresentado em sua obra Ensaio sobre o Entendimento Humano (1689), e refere-se à ideia de que, ao nascer, a mente humana é semelhante a uma "folha em branco", sem qualquer conteúdo ou ideias inatas. Locke rejeita, assim, a concepção cartesiana e platônica de que certos conhecimentos ou ideias são inatos, argumentando que todos os conceitos e saberes do ser humano provêm da experiência. Segundo Locke, a mente humana, ao invés de ter ideias pré-existentes, é um receptáculo vazio que vai sendo preenchido ao longo da vida através de duas fontes principais de experiência: as sensações e a reflexão.

As sensações referem-se às percepções que o indivíduo recebe do mundo externo por meio dos sentidos, enquanto a reflexão diz respeito à experiência interna, ou seja, ao processo de pensar sobre as próprias percepções e experiências sensoriais. A partir dessas fontes de experiência, Locke sustenta que as ideias se formam e evoluem, sendo, portanto, adquiridas e não inatas.

A teoria da tábula rasa tem implicações profundas na concepção de conhecimento de Locke. Ela coloca a ênfase na experiência como a única fonte válida de conhecimento, o que é uma pedra angular do empirismo, corrente filosófica da qual Locke é um dos principais expoentes.

Além disso, o conceito de tábula rasa também tem consequências na filosofia política de Locke, especialmente em sua defesa da liberdade e da igualdade natural dos indivíduos. Se as ideias e os comportamentos são moldados pela experiência, então não há uma natureza humana fixa e determinada desde o nascimento, o que justifica a visão de Locke de que a sociedade deve ser construída com base no consentimento e na experiência dos indivíduos, e não em hierarquias ou modelos predeterminados.

Qual a diferença entre o pensamento de Hobbes e Locke?

A principal diferença entre John Locke e Thomas Hobbes reside em suas visões sobre a natureza humana e o papel do governo. Hobbes, em sua obra Leviatã, tem uma visão pessimista da natureza humana, acreditando que, sem a autoridade central de um soberano absoluto, os seres humanos viveriam em uma "guerra de todos contra todos", motivados pelo egoísmo e pela busca de autopreservação. Para ele, o contrato social implicava a entrega total do poder a um governante centralizado, o "Leviatã", cuja autoridade deveria ser absoluta para garantir a paz e a ordem.

Locke, em contraste, tinha uma visão mais otimista sobre a natureza humana. Embora reconhecesse o egoísmo humano, ele acreditava que as pessoas eram racionais e podiam viver em harmonia no estado de natureza, desde que respeitassem os direitos dos outros. Para Locke, o contrato social tinha como objetivo proteger os direitos naturais à vida, liberdade e propriedade, e o governo deveria ser limitado e baseado no consentimento dos governados. Ao contrário de Hobbes, Locke não defendia um governo absoluto, mas sim um sistema de separação dos poderes, onde o governo poderia ser deposto caso violasse os direitos naturais dos cidadãos.

Em relação à propriedade, enquanto Hobbes acreditava que a propriedade só surgiria com a criação do Estado, Locke via a propriedade como um direito natural inalienável, que já existia no estado de natureza e deveria ser protegida pelo governo. Assim, a propriedade era adquirida por meio do trabalho e da utilização dos recursos naturais, e o governo tinha o dever de protegê-la.

Portanto, enquanto Hobbes defendia um governo absoluto e centralizado para evitar o caos, Locke propunha um governo limitado, baseado na proteção dos direitos naturais e no consentimento dos governados. Ambos influenciaram profundamente o pensamento político moderno, com as ideias de Hobbes sendo mais relevantes para o absolutismo e as de Locke para o liberalismo e os direitos humanos.

Locke e os Pensadores Iluministas

John Locke foi uma figura central entre os pensadores do Iluminismo, cujas ideias influenciaram profundamente o desenvolvimento do pensamento moderno. Ele defendeu a importância da razão e da experiência sensorial como fontes do conhecimento, estabelecendo as bases para o empirismo. Sua teoria dos direitos naturais, que inclui os direitos à vida, liberdade e propriedade, teve grande impacto na formação das ideias iluministas sobre os direitos humanos e o papel do governo.

Pensadores iluministas como Voltaire, Montesquieu e Rousseau foram fortemente influenciados por Locke, especialmente em suas críticas ao absolutismo e na defesa da liberdade individual. Immanuel Kant, embora crítico do empirismo de Locke, também reconheceu sua importância. Kant desafiou a visão lockeana ao argumentar que a mente humana não é passiva, mas ativa na organização do conhecimento, introduzindo a ideia de categorias a priori que moldam nossa percepção da realidade. Apesar das divergências, tanto Locke quanto Kant foram fundamentais para a epistemologia.

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Conclusão

John Locke foi um dos pensadores mais importantes da filosofia iluminista, com suas ideias sobre conhecimento, direitos naturais e governo limitado, influenciando profundamente as teorias políticas e filosóficas subsequentes. Seu legado é especialmente marcante no campo do liberalismo, onde suas ideias sobre a liberdade individual, estado laico e separação dos poderes formaram as bases das sociedades democráticas.

Perguntas Frequentes sobre John Locke

Quais são as principais obras de John Locke e suas contribuições filosóficas?

As principais obras de John Locke incluem “Ensaio sobre o Entendimento Humano”, “Segundo Tratado sobre o Governo Civil” e “Carta sobre a Tolerância”. Locke foi fundamental para o desenvolvimento do empirismo, defendendo que todo o conhecimento deriva da experiência. Na política, suas ideias sobre os direitos naturais e o governo baseado no consentimento dos governados influenciaram profundamente o liberalismo e as democracias modernas.

Como a visão de Locke sobre o governo difere da de Hobbes?

John Locke acreditava que o governo deveria ser limitado e baseado no consentimento dos governados, com o objetivo de proteger os direitos naturais, como a vida, liberdade e propriedade. Em contraste, Thomas Hobbes defendia um governo absoluto e centralizado, acreditando que a humanidade necessitava de um soberano forte para evitar o caos e a guerra de todos contra todos. Locke via o governo como um guardião da liberdade, enquanto Hobbes o via como uma necessidade para garantir a ordem.





Referências

https://www.worldhistory.org/trans/pt/1-20857/john-locke/

https://pt.wikipedia.org/wiki/John_Locke

https://www.britannica.com/biography/John-Locke

Michel Foucault foi um filósofo e psicólogo francês do século XX, que estudou profundamente o conceito de poder na sociedade contemporânea. Desenvolveu a ideia de microfísica do poder, demonstrando que instituições como escolas, hospitais, quarteis e até mesmo grupos de amigos estão permeados por relações de poder, que pretendem docilizar os corpos através da disciplina.

Foucault escreveu obras marcantes como História da Loucura e História da Sexualidade e seu legado é de suma importância não apenas para a Filosofia, mas também para as Ciências Sociais, a Psicologia, a Psiquiatria e a História. Neste artigo, vamos abordar a vida e os principais livros de Michel Foucault, além de conceitos como microfísica do poder, biopoder e panóptico. Confira!



Quem é Michel Foucault?

Paul-Michel Foucault foi um pensador francês que nasceu no dia 15 de outubro de 1926, na cidade de Poitiers, em uma família tradicional de médicos. Ele não atendeu às expectativas de seu pai, Paul Foucault, médico cirurgião e professor de anatomia, que desejava que o filho seguisse a carreira de medicina. Desde jovem, Michel Foucault já revelava um forte interesse por História e Filosofia. Sua mãe, Anna Malapert, ao contrário de seu pai, o apoiou em sua decisão de estudar filosofia.

Em 1945, mudou-se para Paris e no ano seguinte ingressou na Escola Normal Superior de Paris, onde se formou em filosofia. Foi aluno do filósofo Jean Hippolyte, que o introduziu aos trabalhos de Hegel e de Louis Althusser. Foucault se interessou profundamente por psicologia, psiquiatria e psicanálise, além de ter estudado as obras de filósofos como Platão, Hegel, Marx, Nietzsche, Freud e Kant.

Após concluir sua graduação em Filosofia, em 1951, Foucault obteve o diploma em Psicologia no ano seguinte. Aos 28 anos, publicou Doença Mental e Psicologia. Trabalhou alguns anos como diplomata cultural no exterior e, ao retornar à França, publicou o livro A História da Loucura, que o consagraria entre os maiores pensadores contemporâneos. Atuou como psicólogo em hospitais e prisões, além de exercer a docência universitária.

Ao longo de sua trajetória, ministrou palestras em diversas universidades europeias e norte-americanas, incluindo duas passagens pela Universidade de São Paulo (USP), a primeira em 1965 e a segunda em 1975.

Entre 1966 e 1968, Foucault lecionou na Universidade de Túnis, na Tunísia, antes de retornar à França, onde assumiu a direção do departamento de Filosofia na Universidade Paris VIII. Em 1970, foi nomeado professor no Collège de France, onde ocupou a cátedra de História dos Sistemas do Pensamento até sua morte, em 1984.

Sua trajetória intelectual foi marcada por uma incessante busca para compreender as diferentes formas de poder e como elas se manifestam na sociedade. Foucault dedicou-se a investigar como os discursos, instituições e práticas sociais moldam e disciplinam os indivíduos e as sociedades. Sua experiência prática como psicólogo em hospitais e penitenciárias contribuiu para a elaboração de obras como Vigiar e Punir e História da Loucura.

Antes de falecer, ele publicou O Uso dos Prazeres, que analisa a sexualidade na Grécia Antiga, e O Cuidado de Si. Foucault morreu em 25 de junho de 1984, aos 57 anos, em decorrência de complicações relacionadas à AIDS, mas seu legado continua vivo, influenciando as ciências sociais e a filosofia contemporânea.

Se você quiser entender melhor a noção do “cuidado de si” desenvolvida por Foucault, assista às aulas do professor de História da Filosofia Antiga, Mauricio Pagotto Marsola, que abordam a relação entre conhecimento e cuidado de si nos pensamentos de Sócrates, Platão e Foucault. Clique no botão abaixo e veja um trecho da aula gratuitamente:



Quais são as Fases do Pensamento de Foucault?

O trabalho de Foucault pode ser dividido em três fases distintas: a primeira delas é a arqueologia do saber; a segunda, trata do método genealógico, onde ele aborda as formas de poder e a última fase está voltada para suas investigações acerca da sexualidade, com a publicação dos dois últimos volumes da série inacabada História da Sexualidade. Embora frequentemente relacionado ao pós-estruturalismo, Foucault preferia caracterizar seu pensamento como uma investigação crítica da modernidade.

Primeira Fase: A Arqueologia do Saber

Nessa fase, Foucault desenvolve o conceito de arqueologia do conhecimento, focando em como as formas de saber se estruturam ao longo da história e como as ciências humanas surgem e se consolidam. Ele investiga as condições históricas que possibilitam a formação dos saberes, utilizando o seu “método arqueológico”. Também analisou, nesse período, a Filosofia, a Linguística e a Literatura. As principais obras da fase arqueológica são:

  • As Palavras e as Coisas (1966)
  • A Arqueologia do Saber (1969)


Segunda Fase: A Genealogia do Poder

Na segunda fase de sua obra, Foucault passa a entender o poder como algo disseminado por toda a sociedade, em vez de centralizado em uma autoridade estatal, por exemplo. Além disso, ele investiga como as práticas sociais, políticas e morais se formaram a partir de relações de poder, colocando a liberdade em xeque. Influenciado por suas experiências em clínicas e instituições correcionais e pelo método genealógico de Nietzsche, ele examina a evolução das práticas de punição e controle social, além da construção do discurso sobre a sexualidade como forma de controle. Esse período é marcado pela publicação de obras como:

  • Vigiar e Punir (1975)
  • A Vontade de Saber (1976 - primeiro volume de História da Sexualidade)


Terceira Fase: Ética, Moral e Sexualidade

Na terceira fase de sua obra, Foucault se concentra em estudar ética e moralidade, destacando a noção do “cuidado de si", uma prática originada na filosofia grega antiga. Ele investiga como a moralidade e o comportamento sexual foram regulados ao longo da história, vinculando essas questões ao poder e à formação do sujeito ético. Suas principais obras dessa fase incluem:

  • A História da Sexualidade Volume 2: O Uso dos Prazeres (1984)
  • A História da Sexualidade Volume 3: O Cuidado de Si (1984)


Principais Livros de Michel Foucault

Michel Foucault escreveu uma série de obras fundamentais que abordam temas como poder, saber, sexualidade e a formação do sujeito. A seguir, listamos alguns dos principais livros de Michel Foucault:

  • História da Loucura (1961)
  • Doença Mental e Psicologia (1962)
  • O Nascimento da Clínica (1963)
  • As Palavras e as Coisas (1966)
  • A Arqueologia do Saber (1969)
  • Isto Não é um Cachimbo (1973)
  • Vigiar e Punir (1975)
  • História da Sexualidade: Volume 1 - A Vontade de Saber (1976)
  • História da Sexualidade: Volume 2 - O Uso dos Prazeres (1984)
  • História da Sexualidade: Volume 3 - O Cuidado de Si (1984)
  • Microfísica do Poder (1982, coletânea de palestras)
  • A Ordem do Discurso (1971, conferência)
  • Sociedade e Poder (coletânea de palestras de 1977–1978


História da Loucura de Michel Foucault (1961)

capa do livro 'História da Loucura', de Michel Foucault

História da Loucura é considerado o primeiro trabalho significativo de Foucault, no qual ele examina a evolução da concepção de loucura na sociedade ocidental. O filósofo analisa como a loucura foi tratada ao longo da história e como as instituições psiquiátricas desempenharam um papel crucial na marginalização dos indivíduos considerados "loucos".

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Vigiar e Punir (1975)

capa do livro Vigiar e Punir de Michel Foucault

Vigiar e Punir é uma obra que se insere na investigação genealógica de Foucault, que busca entender as origens de certas práticas e discursos, conectando-os com as relações de poder. O filósofo argumenta que as relações de poder geram saberes, e esses saberes, por sua vez, produzem efeitos de poder. No livro, ele analisa a evolução das práticas disciplinares nas sociedades ocidentais, com foco nas prisões, e explora a transição do poder soberano, caracterizado pela violência, para o poder disciplinar, mais sutil e focado na vigilância. O autor revela como esses sistemas de punição passaram a normatizar e controlar os corpos na sociedade moderna.

A Arqueologia do Saber (1969)

capa do livro A Arqueologia do Saber, de Michel Foucault

A Arqueologia do Saber é uma das obras fundamentais de Foucault, onde ele aborda a epistemologia e os métodos utilizados para analisar as disciplinas do conhecimento. O filósofo investiga como as ideias, linguagens e saberes se formam e são legitimados ao longo do tempo dentro das sociedades. O livro se concentra em como as formas de conhecimento são constituídas e como se tornam aceitas e institucionalizadas nas diversas esferas sociais.

História da Sexualidade (1976)

capa do livro História da Sexualidade, de Michel Foucault

Em História da Sexualidade, Foucault analisa como a sexualidade foi moldada como um instrumento de poder nas sociedades ocidentais. No primeiro volume, A Vontade de Saber (1976), argumenta que, em vez de ser silenciada, a sexualidade foi intensamente regulamentada e definida por normas sociais e pelo discurso médico, refletindo relações de poder.

Em 1984, Foucault publicou os volumes O Uso dos Prazeres, que examina a sexualidade na Grécia Antiga, e O Cuidado de Si, que aborda a Roma Antiga. A série de livros sobre a sexualidade permaneceu inacabada, mas os livros que foram publicados analisam a constituição do desejo sexual e como ele foi regulado ao longo do tempo, destacando o papel das instituições sociais nesse processo.

O que é o Biopoder de Michel Foucault?

O conceito de biopoder em Michel Foucault descreve formas de poder que não se manifestam por meio de proibições diretas, mas pelo controle da vida em sociedade. O filósofo introduz o conceito de biopoder no livro História da Sexualidade, relacionando a ideia a uma forma do Estado controlar os indivíduos, através de políticas públicas, coletas de dados e disciplina dos corpos.



A disciplina agiria de forma mais sutil, mas igualmente eficaz na subjugação das pessoas, em comparação com o poder soberano. Foucault descreve assim a microfísica do poder, exercida em instituições como escolas, hospitais, prisões e fábricas, onde técnicas disciplinares adestram os indivíduos. Por outro lado, ele também aborda a macrofísica do poder, controle exercido por uma autoridade central, como um monarca, que usava o medo e punições físicas para dominar a população. Assim, Foucault propõe que o poder não se limita à violência explícita, mas se espalha por formas sutis de controle que influenciam os comportamentos e a subjetividade dos indivíduos.

Mecanismos de Adestramento dos Corpos para Foucault

MECANISMOS DE ADESTRAMENTO RESUMO
Arte da Distribuição Distribuição dos Corpos no Espaço, em Quadriculamentos, em locais como indústrias, hospitais, escolas
Controle das Atividades Controle do Tempo, do horário em que as pessoas entram e saem de determinadas instituições, como escolas, quarteis
Organização das Genesis Como são as técnicas para a evolução da aprendizagem
Composição das Forças Combinações de indivíduos que promovem uma maior docilidade e utilidade. Cada corpo se constitui uma peça numa engrenagem, onde há uma obediência por meio de sinais


O Panóptico e a Vigilância Social em Michel Foucault

Em Vigiar e Punir, Foucault utiliza a metáfora do panóptico – uma estrutura prisional idealizada pelo filósofo Jeremy Bentham – para ilustrar como as instituições modernas utilizam a vigilância constante para disciplinar os corpos e adestrar comportamentos.

O panóptico é uma torre localizada no centro de uma prisão que permite a observação de todos os prisioneiros, criando uma sensação de vigilância permanente. Foucault estende essa metáfora à sociedade contemporânea, sugerindo que estamos constantemente sob observação, com a possibilidade de punição a qualquer momento.

Nesse sistema, cada indivíduo se transforma, potencialmente, em um observador de si mesmo e dos outros. Foucault afirma que a vigilância não se limita a punir, mas também incentiva a auto-monitorização, resultando na internalização das regras e no controle dos comportamentos. Para ele, as prisões não têm o objetivo de reabilitar os indivíduos, mas sim de exercer controle sobre eles. De forma semelhante, instituições como escolas, fábricas, quartéis e hospitais operam como prisões, impondo normas e disciplinando os corpos dos seus membros.

Conclusão

Michel Foucault transformou profundamente a maneira como compreendemos as relações de poder e saber nas sociedades contemporâneas. Sua análise das instituições, da disciplina e da produção do conhecimento continua a ser uma referência essencial para os pensadores atuais. O impacto de suas ideias se reflete na forma como hoje entendemos o controle social, as estruturas de poder e os mecanismos de manipulação social.

Perguntas Frequentes sobre Michel Foucault

O que é a Microfísica do Poder para Foucault?

A microfísica do poder é o conceito de Foucault que descreve o poder como algo disperso e exercido em pequenas interações cotidianas. Ao invés de ser centralizado em um governante ou uma autoridade única, o poder circula por diversos espaços e práticas sociais, como nas escolas, hospitais, fábricas e prisões. Esse poder é mais sutil, mas igualmente eficaz, pois se manifesta em normas e comportamentos que moldam a sociedade.

Qual é a diferença entre o poder soberano e o poder disciplinar segundo Foucault?

Foucault diferencia o poder soberano, caracterizado pela violência direta e pela punição física (como execução e tortura), do poder disciplinar, que age de maneira mais sutil, com o objetivo de normatizar e controlar o comportamento por meio de vigilância e práticas de disciplina. O poder disciplinar, ao contrário do soberano, cria sujeitos "dóceis" por meio de técnicas que regulam os corpos e comportamentos.





Referências

https://colunastortas.com.br/michel-foucault/

https://pt.wikipedia.org/wiki/Michel_Foucault

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