Artes e Literatura

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Cubismo: Obras, Características, Pablo Picasso, Fase Sintética
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Cubismo: Obras, Características, Pablo Picasso, Fase Sintética
Cubismo: Pinturas, Desenho, Arte Moderna, Picasso, Formas cubistas, cubismo sintético, cubismo analítico e colagem, comportamento e personalidade.

O que é Cubismo? Entenda as características desta vanguarda europeia que marcou a Arte Moderna

Nos anos que antecederam a Primeira Guerra Mundial, estava acontecendo uma grande transformação no meio artístico europeu. Os artistas visuais da época passaram a questionar a relevância de retratar a realidade tal como ela é. Nesse sentido, começaram a criar inovações técnicas, iniciadas com o Impressionismo do final do século XIX, que trazia pinturas feitas com contornos imprecisos.

Essa nova perspectiva de elaboração das imagens culminou nas vanguardas artísticas do início do século XX, dentre as quais o Cubismo foi uma das mais significativas. Nascido em Paris, o movimento cubista bebeu nas ideias do expressionismo, outra vanguarda que buscava representar a expressão de sentimentos por meio das cores e linhas, sem dar importância à perspectiva e ao jogo de luz e sombras. Mas, o Cubismo, diferente do expressionismo, trazia uma inovação: os artistas passaram a transformar a representação dos objetos, através de sua fragmentação em formas. Dessa maneira, o movimento fomentou uma nova concepção do que é a arte e iniciou uma mudança radical em relação a toda a tradição da pintura feita no ocidente.

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Arte Cubista: História e Principais Obras

O Cubismo nasceu de uma conexão de artistas no início do século XX. O principal nome deste movimento é o pintor espanhol Pablo Picasso, que era filho de um desenhista e havia estudado desde criança na Escola de Arte de Barcelona. Aos 19 anos, ele foi morar em Paris. Ali, entrou em contato com diversos outros artistas e as ideias do pintor francês Paul Cézanne o influenciaram a mudar a maneira como vinha pintando até então.

Em 1906, um ano após a morte de Cézanne, houve em Paris uma grande exposição retrospectiva com suas obras. Nesse momento, Picasso é impactado pelas ideias de Cézanne, que recomendava a observação da natureza a partir de sólidos geométricos, como cilindros, esferas e cones.

Daí em diante, Picasso começa a “brincar” de desmembrar os objetos e realizar pinturas que os mostravam a partir de suas principais formas geométricas. Em 1907, já imerso nessa nova concepção criativa, ele pinta o quadro Les Demoiselles d'Avignon, um trabalho pré-cubista, mas que, didaticamente, é considerado o marco inicial do cubismo.

A obra traz um grupo de mulheres nuas e deixa claras as intenções do artista ao inovar na técnica: ele criou corpos humanos a partir de formas geométricas, característica que se tornaria uma marca do desenho cubista. Além disso, nessa obra, Picasso também revela a influência da arte africana em seu imaginário, ao incluir duas máscaras africanas na composição. A pintura causou grande impacto ao ser exposta. Para alguns, foi percebida como uma obra prima, mas muitos setores mais conservadores da sociedade a tomaram como obscena e imoral.

Em Les Demoiselles d'Avignon, Picasso rompe com as convenções de perspectiva linear e representação realista que dominaram a pintura ocidental desde o Renascimento. Ele fragmenta as figuras e planos, sugerindo várias perspectivas ao mesmo tempo, o que se tornaria uma característica essencial do cubismo.

Pintura Cubista de Pablo Picasso intitulada Les Desmoiselles D’Avignon. A tela retrata cinco mulheres nuas com corpos e rostos angulosos e distorcidos. As figuras são representadas com características faciais que lembram máscaras africanas. O quadro rompe com a tradição artística ocidental, modificando a representação naturalista da figura humana.
Les Desmoiselles D’Avignon, 1907. Pablo Picasso. Óleo sobre Tela, 244 X 234 cm. O quadro está exposto no MoMa, em Nova York.


O Cubismo é considerado um divisor de águas na arte ocidental, por recusar fazer uma arte que imitasse a natureza. O movimento tornou-se um dos marcos iniciais da Arte Moderna e dava liberdade total à imaginação, sem criar limites acadêmicos para a criação artística.

Quem nomeou o movimento cubista foi o crítico de arte Louis Vauxcelles (1870-1943), após referir-se às composições de outro pintor expoente da nova corrente artística: George Braque. Em 1908, no jornal Gil Blas, o crítico se refere às obras dele como uma realidade construída com cubos. Uma das imagens que representa bem a inovação trazida pelo cubismo é o quadro a seguir, Casas em L´Estaque, de George Braque, feito em 1908.

A pintura Maisons à l'Estaque (1908) de Georges Braque é uma obra cubista que apresenta um grupo de casas em uma colina na vila de L'Estaque, França. As construções são representadas de forma geométrica e angulosa, com planos simplificados e sobrepostos, criando uma sensação de fragmentação espacial. A paleta de cores é dominada por tons terrosos, como verdes, marrons e ocres, que reforçam a atmosfera natural da paisagem. A obra exemplifica a abordagem inovadora de Braque ao cubismo, desafiando a perspectiva tradicional e transformando o espaço em uma composição dinâmica e abstrata.
Georges Braque | Maisons à l'Estaque (Casas em L'Estaque), 1908. Óleo sobre tela, 73×59,5 cm, Kunst Museum Bern.


O cubismo emergiu em um contexto de grandes mudanças, impulsionado pela Segunda Revolução Industrial, que trouxe inovações tecnológicas e transformou a vida urbana na Europa. As cidades estavam crescendo rapidamente e uma nova era chegava com a popularização da eletricidade, do automóvel e da fotografia, sendo esta última de grande impacto para o mundo da arte.

Os pintores cubistas, na sua empreitada de elaborar um novo método de construção de imagens, optaram por motivos familiares. Instrumentos musicais, garrafas, pessoas estão entre os temas escolhidos para o novo jogo estético criado por eles: transmitir a imagem de um objeto palpável a partir de fragmentos geométricos planos na tela.

Além disso, o movimento incorporou o imaginário urbano industrial em suas obras, refletindo as mudanças sociais e culturais da época. Em contraste com os movimentos anteriores, o cubismo optou por uma representação da realidade que priorizava a geometrização das formas e a multiplicidade de perspectivas.

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Cubismo | Características

A ideologia que permeava os artistas do Cubismo era a da não aceitação das técnicas formais acadêmicas. Isso significa que a construção de composições imagéticas com a perspectiva clássica, a proporção realista, o sombreamento e a figuração naturalista estavam sendo destituídas como pilares da pintura. Outras características importantes do cubismo que podemos destacar são:

  • Geometrismo: ênfase na representação da realidade por meio de formas geométricas, como cubos, cilindros e esferas
  • Fundo abstrato: as imagens trazem um fundo sem perspectiva linear, sem profundidade e sem que haja uma identificação do local onde acontece a cena
  • Ruptura com a perspectiva tradicional: abandono das noções convencionais de perspectiva e proporção, criando uma representação plana e escultórica dos objetos
  • Múltiplos pontos de vista: apresentação de um objeto sob várias perspectivas ao mesmo tempo, exibindo suas diferentes dimensões em uma única composição bidimensional
  • Abstração: simplificação da natureza, priorizando formas geométricas e abstraindo detalhes estéticos tradicionais.
  • Temas urbanos e industriais: forte inspiração na vida urbana e nos cenários industriais do início do século XX
  • Paleta de cores sóbrias: predomínio de cores opacas e escuras, como branco, preto, cinza, verde escuro, castanho, ocre, laranja escuro e vermelho escuro
  • Uso de colagem: incorporação de materiais do cotidiano, como recortes de jornal, madeira, vidro e outros objetos, para criar cenas e composições inovadoras
  • Rompimento com conceitos de harmonia e beleza tradicionais: a estética cubista desafiou convenções, criando formas inovadoras que não se encaixavam no conceito tradicional de beleza
  • Representação não convencional de objetos e pessoas: não comprometimento com uma representação exata, priorizando a dissociação das partes de um mesmo objeto e explorando sua totalidade em uma superfície plana, bidimensional



Fases do Cubismo

O cubismo, movimento artístico revolucionário do início do século XX, é frequentemente dividido em três fases principais: a fase cezannista, o cubismo analítico e o cubismo sintético. Cada uma dessas etapas apresenta características distintas que refletem a transformação dos experimentos visuais dos artistas envolvidos, principalmente Pablo Picasso e Georges Braque. Confira a seguir as principais características de cada uma dessas fases:

FASES DO CUBISMO CARACTERÍSTICAS PERÍODO
Fase Cezannista A fase cezannista é marcada pela influência direta do pintor francês Paul Cézanne, que buscou simplificar as formas e a representação da realidade. Os cubistas, inspirados nele, iniciaram uma experimentação que permitia sobrepor diversos ângulos e perspectivas de um objeto em um único plano pictórico. Essa abordagem não apenas inovou a forma como os objetos eram representados, mas também questionou a noção tradicional de espaço e profundidade na pintura. (1907-1909)
Cubismo Analítico
Nesta fase, Picasso e Braque exploram a fragmentação das formas de maneira ainda mais intensa e utilizam uma paleta de cores moderadas, predominantemente composta por tons de marrom, cinza e ocre. As figuras tornam-se cada vez mais difíceis de reconhecer, refletindo um movimento em direção à abstração. A fragmentação dos temas e o foco no plano das figuras caracterizam essa fase, onde as representações visuais se tornam complexas e enigmáticas. (1910-1912)
Cubismo Sintético Na fase sintética, as figuras tornam-se mais reconhecíveis, mas sem retornar ao realismo tradicional. A paleta de cores se torna mais vibrante e diversificada, com tons mais fortes e vivos. Um aspecto inovador dessa fase é o uso da colagem, onde elementos heterogêneos, como recortes de jornais, pedaços de madeira e objetos do cotidiano, são agregados à superfície das obras. (1913-1914)


Veja abaixo obras que representam cada uma das três etapas do cubismo:

Obra da Fase Cezannista (1907-1909)

Fábrica no Horto de Ebro é uma pintura a óleo de 1909 por Pablo Picasso, criada durante sua visita a Horta de Sant Joan, na Catalunha. A obra retrata uma paisagem industrial com uma fábrica e palmeiras, apresentadas em um estilo geométrico simplificado. Considerada uma obra proto cubista, pertence ao Período Cezzanista de Picasso e faz parte da coleção do Museu Estatal Hermitage em São Petersburgo.
Fábrica no Horto de Ebro, 1909, Pablo Picasso. Óleo sobre tela, 50,7 cm × 60,2 cm. Museu Estatal Hermitage , São Petersburgo , Rússia.


Obra da Fase Analítica (1910-1912)

A Guitarra, de Georges Braque, 1911. A obra apresenta uma composição cubista em tons de marrom e cinza, com formas geométricas que representam uma guitarra de forma fragmentada. As partes da guitarra são decompostas em planos sobrepostos e angulares, refletindo a técnica cubista de desdobrar a realidade em múltiplas perspectivas, criando uma sensação de profundidade e movimento. O fundo é abstrato, permitindo que a guitarra seja o foco principal da pintura
A Guitarra, Georges Braque, 1909-10. Tate Modern, Londres, Inglaterra.


Obra da Fase Sintética (1913-1914)

A Mesa do Músico, de Juan Gris, é uma pintura cubista que combina colagem e pintura, retratando instrumentos musicais e objetos cotidianos em um estilo geométrico. Criada em 1914, a obra destaca a sobreposição de formas e perspectivas, incorpora elementos como partituras e uma guitarra, refletindo a estética inovadora de Gris
A Mesa do Músico, Juan Gris, 1914. Colagem feita com lápis de cera conté, lápis de cera, guache, papel de parede impresso recortado e colado, papéis vergê azuis e brancos, papel transparente, jornal e papel de embrulho marrom; envernizado seletivamente sobre tela. The Metropolitan Museum of Art, Nova York.


O Cubismo no Brasil

O cubismo chegou ao Brasil principalmente após a Semana de Arte Moderna de 1922, que inaugurou uma nova fase do modernismo no país. Artistas como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Di Cavalcanti, Cândido Portinari e Lasar Segall adotaram elementos cubistas, mas também buscaram integrar referências nacionais e uma estética mais autoral, bem típica da filosofia antropofágica.

As obras influenciadas pelo movimento causaram polêmica na Semana de Arte Moderna de 1922 e contribuíram para a abertura de novos horizontes na arte brasileira.

Nu Cubista, de Anita Malfatti, retrata uma mulher nua com formas difusas e sobrepostas, onde figura e fundo se fundem em tons similares. A pintura reflete a influência do cubismo, mas é reinterpretada com a visão única de Malfatti, que mistura fragmentação e suavidade em sua representação da figura feminina
Nu Cubista Nº 1, Anita Malfatti, 1915. Óleo sobre tela, 51 cm x 39 cm


Impacto e Legado do Cubismo

O cubismo estabeleceu novas bases para a análise da arte, permitindo que futuras gerações de artistas experimentassem criar a partir de formas e conceitos inovadores. O movimento revolucionou a pintura, mas também influenciou a escultura, a arquitetura e o design gráfico, expandindo o seu legado na cultura visual. Além disso, também repercutiu na poesia e na música, a exemplo da escrita de Guillaume Apollinaire e das composições de Stravinsky.

Museus Dedicados ao Cubismo

Existem vários museus e instituições que celebram o cubismo e suas obras. Um dos mais notáveis é o Museu Picasso em Paris, que abriga uma vasta coleção de obras de Pablo Picasso, incluindo muitos exemplos do cubismo. No Brasil, o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), frequentemente realiza exposições dedicadas ao cubismo e seus desdobramentos.

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Perguntas Frequentes sobre Cubismo

O que é cubismo?

O cubismo é um movimento artístico que começou no início do século XX, caracterizado pela fragmentação das formas e pela apresentação de múltiplas perspectivas em uma tela plana.

Quais são as características do cubismo?

As características do cubismo incluem a decomposição de formas em planos geométricos, a utilização de um fundo abstrato e a exploração de novas formas de representação visual.

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Referências:

https://www.pablopicasso.org/

https://enciclopedia.itaucultural.org.br/

https://www.metmuseum.org/




Impressionismo: Obras, Características, Claude Monet, Pinturas
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Impressionismo: Obras, Características, Claude Monet, Pinturas
Impressionismo: Movimento artístico, obras de Monet, Degas, Renoir, estilo impressionista, pinceladas rápidas e captura de momentos

Impressionismo: O que é, Características, Principais Artistas

O impressionismo foi um divisor de águas na arte do mundo ocidental do final do século XIX. Os artistas que criaram esse movimento na França estavam insatisfeitos com as limitações impostas pela academia, que definia quais deveriam ser os temas das obras de arte, bem como as cores utilizadas e a técnica aplicada. Até mesmo o local onde os artistas produziriam suas telas era imposto: tinha que ser no atelier.

Os impressionistas bateram de frente com esses “dogmas” acadêmicos e foram em busca da liberdade criativa. Nomes como Claude Monet e Pierre-Auguste Renoir estudaram a fundo as cores e a luminosidade, percebendo que os contornos nítidos das pinturas feitas até ali não condiziam com a realidade. Assim, criaram pinturas com pinceladas mais soltas, abandonando a nitidez e criando efeitos visuais inovadores a partir da indefinição dos contornos e do uso de cores variadas, inclusive nas sombras. Inicialmente, o movimento foi depreciado pela crítica, mas logo as pessoas passariam a compreender a proposta impressionista que marcou um ponto de virada na História da Arte.

Como surgiu a Pintura Impressionista?

O impressionismo nasceu na segunda metade do século XIX, na França. O contexto histórico da época foi marcado pelas consequências da Revolução Francesa do final do século XVIII, que tinha promovido uma verdadeira ruptura com a tradição. A quebra de paradigmas sociais abriu espaço para os artistas questionarem também os preceitos das Escolas de Belas Artes.

A primeira metade do século havia sido marcada pela volta ao clássico, com o neoclassicismo. Esse movimento iria conviver com o romantismo, expressão artística que, dentre outras características, se voltou bastante para a natureza, com o desenvolvimento de muitas pinturas de paisagens. É nesse cenário que surge o impressionismo.

Os artistas não estavam mais interessados em pintar temas históricos ou mitológicos. Agora, havia um interesse maior pelas cenas do cotidiano, que não estavam entre os grandes temas acadêmicos. Aliás, chocar a burguesia a partir da escolha de novos temas e do uso de técnicas diferenciadas acabou virando uma espécie de desejo dos jovens artistas da época, que se consideravam uma espécie de classe à parte da sociedade.

É nesse momento que entra em jogo a representação da realidade e os artistas do impressionismo ousaram ao inventar novas soluções criativas que desafiavam as convenções artísticas da época. O maior interesse da pintura impressionista era capturar a luz e o movimento, da maneira como os vemos, com toda a sua fugacidade. Assim, os artistas passaram a pintar ao ar livre e criaram novas imagens, voltadas para temas do cotidiano, onde realizavam seus estudos de cor, luz e movimento. Com suas pinturas, questionam os contornos bem delineados da pintura feita nos ateliês, pois percebem que na natureza, ao ser observada ao ar livre, não existiam essas linhas tão definidas.

As pinceladas desmembradas, a mistura de cores vibrantes e as novas concepções a respeito da representação do mundo fizeram com que o impressionismo influenciasse todas as futuras expressões da arte moderna. A ideia era confiar nos próprios olhos e não mais seguir as receitas prontas dadas pela academia sobre o que é a arte.

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A primeira exposição Impressionista

A Academia de Belas Artes, que organizava a curadoria do tradicional Salão Oficial de Paris, no ano de 1874, recusou obras de diversos artistas. Foi assim que aconteceu o Salão dos Recusados. No dia 15 de abril deste mesmo ano, cerca de 30 artistas que não haviam sido selecionados para a mostra oficial, dentre eles Claude Monet, Edgar Degas, Pierre-Auguste Renoir, Édouard Manet, Berthe Morisot e Paul Cézanne resolvem expor no atelier do fotógrafo Félix Nadar.

É quando Monet expõe o seu quadro Impressão: Nascer do Sol que causa bastante polêmica. Era uma pintura rápida, quase um esboço, cujo objetivo era captar as impressões daquele momento. Tornou-se a pintura mais marcante do impressionismo e foi justamente a ela que um crítico de arte se referiu ao desqualificar as obras da exposição. No livro A História da Arte, do historiador Ernst Gombrich, uma crítica ao movimento foi transcrita:

“A Rua Le Peletier é uma sucessão de desastres. Após o incêndio na Ópera, temos agora uma outra catástrofe. Acaba de ser lançada uma exposição na Durand-Ruel que supostamente contém pinturas.

Entro, e meus olhos horrorizados são assombrados por uma visão terrível. Cinco ou seis lunáticos, entre eles uma mulher, reuniram-se para expor suas obras. Vi gente chorando de rir diante das telas, mas meu coração verteu sangue quando as vi. Esses pretensos artistas autointitulam-se revolucionários, “impressionistas”. Pegam um pedaço de tela, tinta e pincel, besutam-na com manchas aleatórias e assinam seu nome. É uma ilusão como se internos de um hospício pegassem algumas pedras na rua e julgassem ter encontrado diamantes.”

(Nota publicada em uma revista humorística semanal em 1876)

Quadro 'Impressão: Sol Nascente' de Claude Monet, pintado em 1872. Retrata uma cena ao amanhecer, com sol laranja brilhante refletindo na água, cercado por barcos e uma névoa suave, utilizando pinceladas soltas e cores vibrantes.
Impressão: Sol Nascente, Claude Monet. 1872. Óleo sobre tela, 48X63 cm. Museu Marmottan, Paris.


Apesar da crítica pejorativa, os artistas acabam adotando o termo para se autodenominarem. E assim como aconteceu com outros movimentos, como o cubismo e o barroco, o impressionismo foi batizado a partir de um comentário negativo.

A pintura impressionista estava interessada no instante, no momento imediato que pode ser captado pelo olhar sensível. Os artistas deste movimento tinham uma percepção fenomenológica da realidade, eles não estavam preocupados com o que pensamos ser a realidade, mas sim em como ela aparece diante dos nossos olhos.

Por isso, eles são considerados revolucionários na arte. Foram os primeiros a perceber a mistura das cores na natureza e a pintá-las. A questão do movimento também foi essencial para os pintores. Eles mostraram o movimento a partir de uma nova perspectiva: focavam em um único acontecimento da cena e o restante aparecia de forma desfocada, como um amontoado de formas indefinidas. Isso tudo demonstra o interesse desses artistas pelo estudo de óptica. Possivelmente, o surgimento da fotografia no início do século XIX contribuiu para as novas concepções desses artistas a respeito da captação da realidade a partir dos nossos olhos.

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Quais são as características do Impressionismo?

O movimento impressionista ficou marcado por suas inovações técnicas e ideológicas. Os artistas do movimento se inspiraram em cenas do dia a dia, observando paisagens, pessoas e atividades sociais, como danças e festividades.

Ao invés de produzir imagens que traziam os tradicionais temas históricos ou mitológicos, as obras impressionistas mostravam momentos efêmeros, como encontros de pessoas em tardes ensolaradas. Dentre as principais características do movimento, destacam-se:

  • A inovação nas pinceladas: os artistas pintam de uma forma diferente, fazendo pinceladas mais curtas e livres na tela. Assim, criam uma sensação de movimento e uma maior dinâmica de cores, que deixam de ser estáticas e frias.
  • Abandono dos Contornos Nítidos: os contornos das obras impressionistas são propositalmente indefinidos, sugerindo as formas, em vez de criar delineados.
  • Uso de cores vibrantes: as cores dos impressionistas se misturam e são aplicadas muitas vezes diretamente na tela. Isso porque os artistas pintavam o efêmero e não tinham mais tempo para realizar uma minuciosa mistura de cores. A ideia agora era captar o instante.
  • Pintura ao ar livre: influenciados por Monet, que era um grande defensor da pintura ao ar livre, os impressionistas saem dos ateliês para observarem as cenas in loco.
  • Estudo da luz: a luz natural estava entre os temas centrais para os impressionistas. Em todas as composições, o elemento da luminosidade era central. A partir do estudo da luz, os artistas criaram obras com uma nova percepção das cores. Isso se refletiria, inclusive, nas sombras que ganharam nuances e deixaram de ser um reflexo amorfo e uniforme.
  • Momentos Efêmeros: o artista agora estava pela primeira vez tendo a liberdade de escolher os seus temas. Não precisava mais fazer uma pintura oficial. Dessa maneira, tudo poderia ser fonte de inspiração, como o nascer do sol ou um passeio de barco.
  • Representação do Movimento: no impressionismo, o movimento ganha um novo brilho. As cenas não parecem estáticas, pois com o uso das novas técnicas, os artistas conseguem capturar o instante de uma maneira mais dinâmica.

Principais Artistas do Impressionismo

Aqui está uma pequena tabela com os principais pintores do movimento impressionista.

Pintores Impressionistas Características Principais Obras
Claude Monet Foi o primeiro grande nome da pintura impressionista. A partir do quadro dele intitulado Impressão: Nascer do Sol, o movimento foi nomeado. Teve influência da arte japonesa e chegou a cultivar um jardim aquático japonês. - Impressão: Nascer do Sol (1872)

- Mulher com sombrinha (1875)
Pierre-Auguste Renoir Conhecido pelo seu estudo da luz, o pintor ficou famoso por pintar pessoas banhadas em uma luminosidade vibrante, preferencialmente em cenas ao ar livre. - O Baile no Moulin de la Galette (1876)

- O Almoço dos Barqueiros (1881)
Edgar Degas Consagrado por suas pinturas de balé clássico, Degas costumava frequentar os teatros para criar suas composições. - Sala de Ensaio do Balé no Teatro da Ópera (1872)

- Bailarinas no Palco (1879)
Edouard Manet Trouxe cenas do cotidiano para a pintura, abordando a nudez de forma crua e não idealizada. Trabalha muito bem o jogo de luz e sombras. - O Almoço na Relva (1863)

- Claude Monet pintando no seu barco-ateliê (1874)
Camille Pissarro Destaca-se pela captura da vida cotidiana e das paisagens, utilizando uma técnica de pinceladas rápidas e uma paleta rica em luz, que transmite os efeitos das mudanças sazonais e da luz natural. - O Boulevard Montmartre em uma Manhã de Inverno (1897)

- Praça do Teatro Francês (1898)
Berthe Morisot Uma das poucas mulheres do movimento, suas obras exploram a vida privada das mulheres, além de uma abordagem intimista e emocional que captura momentos efêmeros do cotidiano. - O Berço (1872)

- Mulher Jovem Tricotando (1885)


Principais Obras Representativas do Impressionismo

Confira a seguir algumas das principais obras impressionistas, além da já citada Impressão: Nascer do Sol, de Monet.

Mulher com Sombrinha (1875) | Claude Monet

Uma mulher elegante, vestida com um vestido claro é vista ao lado de um menino enquanto segura uma sombrinha em um dia ensolarado. Ela está em um campo florido, cercada por uma paisagem verdejante. A luz suave e difusa cria sombras delicadas e destaca os detalhes do vestido, transmitindo uma sensação de movimento e leveza, típica da estética impressionista.
Mulher com Sombrinha, Claude Monet. 1875. Óleo sobre Tela, 100 x 81cm. National Gallery of Art em Washington, Estados Unidos.


O Almoço dos Remadores (1880) | Pierre-Auguste Renoir

Um grupo de pessoas realiza uma celebração da vida social e o pintor capta a alegria e a luz do verão. As figuras estão em poses descontraídas, conversando e rindo, enquanto bebidas e pratos estão sobre a mesa.
O Almoço dos Remadores, Auguste Renoir, 1880. Óleo sobre tela, 130x173cm. The Phillips Collection, Washington, EUA.


Bailarina Balançando (1879) | Edgar Degas

Retrata uma cena das bailarinas dançando durante um espetáculo, destacando o movimento e o figurino.
Bailarina balançando (bailarina verde), Edgar Degas, 1879. Pastel e guache sobre papel, 64x36cm. Museu Nacional Thyssen-Bornemisza, Madrid.


Boulevard Montmartre, Manhã, Tempo Nublado (1897) | Camille Pissarro

Uma cena urbana retrata o Boulevard Montmartre em um dia nublado, com pessoas caminhando nas calçadas e carruagens na rua. Edifícios históricos cercam a área, e a paleta de cores suaves, com tons de cinza e marrom, reflete a atmosfera melancólica do clima. Pissarro utiliza pinceladas soltas para capturar a vida cotidiana e a luz difusa, criando uma sensação de movimento e dinamismo na cena.
Boulevard Montmartre, Manhã, Tempo Nublado, Camille Pissarro, 1897. Óleo sobre tela, 73 x 92 cm. National Gallery of Victoria, NGV. Melbourne , Victoria , Austrália.



O Berço (1872) | Berthe Morisot

Um delicado retrato da maternidade, com uma mulher diante do berço observando um bebê, refletindo um momento cotidiano da vida feminina.
O Berço, Camille Pissarro, 1872. Óleo sobre tela, 46 x 56 cm. Museu de Orsay, Paris, França.


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Impacto e Legado do Impressionismo

O movimento impressionista revolucionou a arte do final do século XIX, abrindo espaço para uma nova forma de ver e representar o mundo. O pintor Claude Monet, que foi um dos pioneiros do movimento, mostrou a importância da captura da luz in loco. Além disso, a abordagem inovadora da pintura impressionista teve influência das gravuras japonesas. Foi dessa arte oriental que os artistas beberam para elaborar composições sem uma perspectiva central e com enquadramentos diferentes do habitual. Inclusive, o próprio Monet cultivava um jardim aquático de inspiração japonesa, de onde tirou a inspiração para pintar a série de quadros da sua ponte japonesa.

Quadro 'Ponte sobre um lago de nenúfares' de Claude Monet, pintado em 1899. A obra apresenta uma ponte curva sobre um lago repleto de nenúfares, com reflexos vibrantes na água e uma rica paleta de verdes.
Ponte sobre um lago de nenúfares, 1899, Claude Monet. 1872. Óleo sobre tela, 92,7 x 73,7 cm. Coleção HO Havemeyer, legado da Sra. HO Havemeyer, 1929


Monet e seus contemporâneos perceberam que a natureza não era apenas um objeto a ser retratado, mas uma experiência a ser vivida e transmitida. Ao adotar uma abordagem mais subjetiva, os impressionistas estabeleceram as bases para a Arte Moderna, permitindo que os artistas explorassem novas formas e técnicas que ainda não haviam sido concebidas. O uso de pinceladas curtas e rápidas, que parecem caóticas de perto, revela, ao serem observadas à distância, uma harmonia e vitalidade que desafia a percepção tradicional.

A resistência inicial ao Impressionismo foi significativa, com muitos críticos e o público não compreendendo imediatamente a proposta dos artistas. Era necessário um novo olhar, uma nova maneira de ver a arte. Essa necessidade de distância física para que a obra "ganhasse vida" demonstra a ruptura com as expectativas anteriores. Contudo, com o passar do tempo, o Impressionismo foi ganhando espaço e respeito, e artistas como Monet e Renoir alcançaram fama e reconhecimento em vida, consolidando seu legado em importantes coleções públicas.

Além disso, o Impressionismo preparou o terreno para movimentos subsequentes, como o Pós-Impressionismo e o Modernismo. Artistas como Paul Cézanne e Vincent van Gogh, que foram influenciados pelos impressionistas, continuaram a explorar novas formas de expressão, cada um à sua maneira. O pontilhismo, uma técnica desenvolvida no Pós-Impressionismo, exemplifica a evolução da experiência estética proposta pelos impressionistas.

O Impressionismo iniciou uma nova forma de perceber e representar o mundo, mas continuou querendo representá-lo. As transformações estéticas revolucionaram o fazer artístico, mas os artistas continuavam buscando ilustrar a realidade. A arte impressionista abriu caminhos para a inovação criativa que, posteriormente, iria se manifestar nas vanguardas europeias.

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Perguntas Frequentes sobre Impressionismo

O que é Impressionismo?
O Impressionismo é um movimento artístico que surgiu no final do século XIX, na França. É caracterizado pela captura da luz e do movimento através de pinceladas soltas e cores vivas.

Quais são as principais características do Impressionismo?
As características do movimento incluem o abandono dos contornos nítidos e o uso de pinceladas aleatórias, o uso de cores puras, a observação da natureza e a captura da luz do instante observado. Além disso, os artistas buscavam representar cenas simples do cotidiano.

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Referências:

https://www.marmottan.fr/en/

https://mam.org.br/

https://www.musee-orsay.fr/en

GOMBRICH, E.H. A História da Arte